fonte: Catraca Livre
Meu amigo de muito tempo, levantou uma questão interessante. Nós, pessoas com deficiência, temos que ser vistos como pessoas capazes de fazer as coisas e não é programas como BBB (Big Brother Brasil) que isso vai se dar. A questão do filme pornô – particularmente, eu não gosto – mostra uma coisa simples de ser vistas, o ato de transar é um ato que, em meio de outras coisas, pode ser feito por nós que temos deficiência. Muitos deficientes não querem representatividade em programas bobos que o ganhador já está resolvido, nós queremos uma inclusão efetiva na prática e que tenha visualização o bastante para mostrar que somos pessoas. Enquanto a Globo fazia aquela novela vagabunda – que eu detestei – mostrando uma cadeirante mimada, promiscua, indecisa e infantil, ser aplaudida pelo segmento, eu torcia o nariz dizendo que aquilo só mostraria que somos infantis mimados. Não que a maioria não seja – alguns nem cortaram o cordão umbilical – mas existem outros que fazem o que todo mundo faz e não se sente especial.
Aliás, nas minhas ideias, quando se fala em especial se fala em pastei, porque o especial sempre é o que vem mais. Não somos especiais, somos pessoas e como pessoas não precisamos de representatividade de programas da moda (leia-se, vagabundos) para sentimos que somos comuns. A questão é: será que é muito mais cômodo ficar criando mitos para explicar algo da realidade e assim nos sentimos muito mais confortáveis? O big brother – baseado no livro do escritor George Orwell, 1984 que a maioria nunca leu – representa a narrativa do mito do herói, que chega no final para a conquista e redenção. Ou seja, a questão do BBB, é uma questão muito mais ligadas ao mito da indústria cultural, do que os mitos das tragédias gregas, pois tem um “q” de cristão no meio. O pobre que consegue ficar rico, a redenção por trás da espiação e os humilhados serem exaltados e os exaltados serem humilhados. Só que o orgulho é pecado, demostrar ira ou orgulho é condenável, então, há uma falta modéstia dentro do escolhido, aquele que merece o prêmio.
Já o pornozão mostra o fisiológico, o desejo pelo prazer e o alcance da felicidade. O sexo sempre foi rival do cristianismo – e de outras religiões que hoje povoam nosso mundo – porque sempre deu ao ser humano a felicidade e a satisfação, e com isso, ninguém vai procurar uma redenção. O pornô sempre foi a parte mais nojenta do sexo, porque entre quatro paredes é o que todo mundo faz. Só que o pornozão mostra a realidade na sua cara, uma realidade que você não quer ver. Por quê? Nossa parte moral social, sempre nos ensinou que aquilo era errado e que o ser humano não pode estar satisfeito com o seu prazer, pois, o ser humano satisfeito com a vida é muito pior de ser governado. Claro que, o sexo a meu ver é muito mais sério e deveria ter-se cuidado, mesmo o porquê, a origem do termo pornografia tem a ver com ser prostituta – a prostituição antiga, faziam propagandas em muros atiçando a vontade e isso se chamou de “pornôs(prostitutas)graphôs(escrita/gravar)” - e profiro algo mais erótico, algo mais acima do lado animal.
Erotismo tem a ver com o deus Eros (que a versão latina eternizou com o Cupido), que era filho de Afrodite (a titã do amor) e que flechava aqueles que deveriam se apaixonar. A deusa do amor, da beleza e do sexo, teve Eros com o deus da Guerra Ares na qual, mostra através do mito, que o amor nasce da fúria e da beleza, onde não tem nada de errado. Sendo nós humanos, não somos diferentes em desejo, em querer ser o que todo humano é. A melhor representação é a acessibilidade, o real, o que é de verdade e não um programa de mentirinha.
Amauri Nolasco Sanches Junior
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