Amauri Nolasco Sanches
Junior
Algumas pessoas gostam da verdade, outras, já gostam daquilo
que lhe agradam e podem, muito bem, distorcer o que é verdade. Hoje, sabemos
que existe a pós-verdade (é um neologismo que descreve a situação na qual, na
hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos
influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais.), existe a
autoverdade, que podemos dizer, que é uma verdade que existe dentro de si
mesmo. No caso do Bolsonaro, existem em seus discursos, muitas autoverdades que
podem ser proclamadas como verdades somente para o conceito dele e de alguns dos
seus seguidores. Aliás, essa questão da autoverdade, vale até defender
torturador e também, repassar milhares de notícias falsas que não tem nenhum
embasamento.
Vejam também: Janaína Paschoal irritou bolsominions
A professora e advogada, Janaina Paschoal, tem um discurso
bastante verdadeiro daquilo que ela acredita. Não é um discurso para garimpar
seguidores, tem muitos embasamentos jurídico bem construído. Ela não agrada
ninguém e assim, gosto do jeito que ela discursa e fala. Porque estamos
acostumados com pessoas com tapinhas nas costas, sorrisinho amarelo só para
agradar, discursos demagogos, e quando aparece alguém que diz a verdade, ela é
considerada maluca, as pessoas querem matar ela e etc. Isso foi o caso de Sócrates, foi o caso de
Jesus, foi o caso de várias pessoas que disseram a verdade e até mesmo, existe
um ditado que diz, só falarmos a verdade e conseguiremos milhares de inimigos. A
realidade é muito dura para quem não sabe ou não quer saber, que ela exista.
Só que estamos entrando numa dicotomia perigosa que pode
causar danos perigosos. Quando se defende que é melhor uma criança segurar uma
arma do que um adulto pelado, devemos prestar bastante atenção aos fatos e não
em autoverdades. Primeiro, o “pelado” ou o “pedofilo” é em referência a
exposição do Santander que o MBL fez todo aquele show, que não era exposição
para as crianças, ponto. Se houve uma mãe que levou sua filha, acho que é
problema dela. A direita sempre fica gritando que o governo deveria deixar cada
um criar o seu filho, e quando uma mãe levou por vontade própria, assistir uma
exposição dessas, ficam com essa “histeria” coletiva sem propósito nenhum.
Outra coisa que criança não tem discernimento para fazer escolhas, ela pode
pegar a arma e dar um tiro no alvo, ou na tua bunda sem ter a intenção. E pior,
ela não tem força o bastante para segurar uma arma. Ou seja, quando ela atirar
na sua bunda com um rifle ou um calibre 12 – que vai fazer você cagar de lado –
a criança vai voar longe e até, se machucar ou morrer. Crianças tem que brincar
e não carregar armas. Minha mãe não gostava que nós tivéssemos nem arma de
brinquedo, portanto, é uma questão de educação.
Pelo que eu entendi da fala da Janaína Paschoal, não se pode
fazer uma política justa e querendo a democracia, se por ventura, se ter uma
visão estreitada de uma só linha. Não se ganha a eleição sem ampliar os
horizontes e sem o debate de ideias, só se, o candidato tiver um viés dentro da
ditadura. E um destaque interessante na fala da advogada, ela disse que vai
virar um petismo inverso, esse petismo inverso pode ser conotado como os
“bolsoinions”. Tem os “luletes” e também tem, os “bolsominios”. Acontece que a
Paschoal queria ir bem mais além do que essa dicotomia de colegial, uma
dicotomia que pode ser resumida em poucas palavras: a direita e a esquerda só
são sombras dentro de uma caverna. O problema, que foi levantado pela jurista é
em questão da “bolha” de sempre querer achar que o mundo deve pensar igual
você, ter os mesmos conceitos do que você, mesmo sentimento do que você. As
sombras são conceitos criados em certos contextos para a dominação, como, por
exemplo, grupo de risco, pessoas com deficiência, pessoas negras, pessoas
brancas, pessoas pobres ou ricas, pessoas heterossexuais ou homossexuais,
pessoas transexuais e etc. mas, na essência, só são pessoas que estão na
condição de serem iguais ou diferentes. Pensam iguais ou diferentes. E ainda
sim, são pessoas.
Nas redes sociais se criou “bolhas” de pessoas ególatras que
só que ler o que lhe interessa, não o que é realmente. A realidade é o que foi
dito, discursos radicais, aqui, nunca ganharam pela maioria não gostar de
autoridade. Mas, aqui a educação e a nossa cultura, a maioria gosta de ficar na
caixinha de conforto. Se num grupo de filosofia, por exemplo, você pergunta
qualquer coisa e quer uma resposta simples, não faz sentido e só mostra como
queremos coisas simples. Caixinha de conforto. Acreditar em frases em memes,
que na maioria das vezes, além de serem fora de contexto, são frases que são
mentirosas. Acumular informação com memes, são caixinhas de conforto. E mais,
estar numa caixinha de conforto é acreditar em heróis, pessoas que vão fazer o
que nós devemos fazer, e jogar essa responsabilidade, numa só pessoa. Quem é fanático
pelo Bolsonaro foi fanático pelo Lula, porque procura, uma espécie de pai, ou herói
mitológico que vai nos salvar dos monstros comunistas. Que, aliás, o comunismo não
existe e nunca vai existir.
O que a professora Paschoal disse, tem uma conotação verdadeira,
porque todo mundo quer ficar no seu quadrado ideológico, seu quadrado religioso
e acha, só porque acredita naquilo, que o mundo ficaria ais bonito assim e não vai.
O deputado Bolsonaro é, até o momento, visto como uma pessoa honesta, mas, que não
tem nenhuma noção de economia, não tem noção histórica (se é a favor do regime
militar, tudo bem, mas assuma e não coloque coronéis torturadores como
inocentes), não vai melhorar o Brasil numa canetada, não vai intimidar o crime
colocando militar, não vai gerir uma nação sozinho. Já vi uma pessoa que vai
votar no Bolsonaro, vai votar nos senadores do PT e deputados de outros
partidos. Como você quer ter coerência na política, se o povo não sabe
escolher? No mesmo modo, uma vez, um pessoal de um grupo de F1 (sai porque só tinha
xarope), quis me convencer que nós não sabemos torcer para a F1 (Formula 0, né?),
que não é o corredor que devemos torcer e sim, a escuderia. Tive que rir. Porque
não dá para dar trela para maluco de rede social que acha, sem tirar méritos de
conhecimento que a outra pessoa pode saber mais do que eu sim, seu conhecimento
como top. A questão é: até que ponto sabemos algo? Se não sabemos, porque não observar
as outras opiniões e fazer uma divergência democrática?
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