sexta-feira, 13 de julho de 2018

Um cadeirante rockeiro e a mania social da perfeição






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Eu sou rockeiro desde quando eu comecei a escutar bandas como Bom Jovi, George Michael (que é considerado, pop, mas seu primeiro disco tem sim, um tom de rock). Mas antes mesmo, meu pai já tinha me apresentado os Beatles, Led Zeppellin e outros nomes do rock. Tenho amigos de infância, que já gostava de Elvis Plesley. Como não tínhamos, naquele tempo (anos 80), nem internet e não tinha vindo ainda a MTV (vinda só nos anos 90), não sabíamos muito das bandas. Daí comecei a escutar uma banda que eu gosto até hoje (mesmo achando o Axl Rose um filho da puta), Guns`n Roses, onde eu descobri o rock mais pesado (com mais guitarras). Depois veio Metallica, veio Motorhead entre outros (porque eu comecei a ouvir a 89 que na época, era uma rádio aqui de São Paulo de rock). Com a MTv –Brasil, começamos a descobrir mais das bandas, com as revistas começamos a ter mais informação e eram interessantes essas informações, porém, nada comparado com a era da internet. Hoje sabemos muito mais das bandas do que antigamente. Mas, o rock sempre teve uma atitude contestadora, mesmo, quando se tratava de religiões.

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Claro, que quando você é adolescente, sua contestação era muito mais forte do que, quando somos mais velhos. Mas, uma coisa curiosa que eu vejo dentro do cenário brasileiro do rock (até mesmo do heavy metal), uma tendência conservadora. Não há nada de errado as pessoas gostarem de rock e acreditarem em alguma religião, terem família e acreditarem no núcleo familiar (no qual, eu acredito também), mas, gostar de uma banda porque o vocalista é cristão (como o Megadeth e Slayer), ou desprezar outras, só porque tem letras anticristãs, chega a ser preconceito. Pessoas que se dizem contestadoras (porque roqueiros são sim contestadores), terem esse tipo de preconceito, é de uma burrice sem tamanho. Nem acho que quem acredita na religião cristã não possa gostar de rock, mas, o que não pode é usar isso para disseminar ideias que nada tem a ver com o rock (sabemos quem é, né?). Se isso não bastasse, tem mulheres dentro do rock e do metal (pelo menos aqui no Brasil), que ficam atacando as funkeiras com os argumentos que a atitude rockeira não tem isso, as rockeiras não saem nuas. A gente sabe que dentro da história do rock, que houve muitas artistas e fãs, que transaram exaustivamente, com seus ídolos, também, vimos em vários shows, fãs mulheres tirarem a camiseta (mostrando os peitos), indo no palco e beijando os músicos e por aí vai. Não sabem nem a história do rock e querem argumentar coisas irrelevantes.

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Mas, ao contrário do que muitas pessoas acham, o rock não morreu e não vai morrer, porque o rock é uma atitude antes mesmo de um estilo de música, que sim, mudou muitas coisas. E é bastante engraçado, que depois que comecei a ler, comecei a devorar obras de literatura, outras religiões (li bastante a nova gnose), e até mesmo, obras filosóficas, eu comecei a ver que as músicas saíram das ideias de algumas obras literárias. Mesmo os rockeiros brasileiros (como Raul Seixas, Rita Lee, etc), tinha uma carga literária bastante forte (também vi no mundo dos quadrinhos, mas, é outro texto). Dessa nova safra, destaco a Pitty (no qual, eu gosto bastante). Músicas filosóficas, contestadoras, de cunho bastante poético que tem muito a ver, com a raiz que ela tem com Raul Seixas, que a Pitty mesmo, já disse. E confesso, muitos textos ela e o Raul, me inspiraram e dar margem o que eu próprio pensava. É a alma do rock.

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Mas, o rock me deu uma outra coisa – junto com a filosofia – uma atitude de contestação da ordem vigente dentro da sociedade. Você não pode ser um conservador, por exemplo, e ver várias falhas num sistema corrupto, que fomenta o preconceito e a discriminação. Nunca entendi qual a diferença de mim e de qualquer pessoa, porque eu tinha pensamentos e ideia iguais e até maiores – que muitas pessoas, dentro e fora do mundo online, pensavam que eu tinha doutorado – e não tinha namorada. Na verdade, a grande maioria dos meus amigos, eram e são pessoas sem deficiência e as minhas namoradas efetivas – sem contar os relacionamentos online que eram virtuais apenas e eu não acho, pelo menos hoje, um relacionamento de verdade – foram todas com deficiência. A minha adolescência foi marcada de muitas contestações daquilo que o ser humano chama, esteticamente aceito. Qual menina de seus 14 anos ou menos ou mais, diriam aos seus pais que namoravam uma pessoa com deficiência física? Um país machista, um pais sem cultura nenhuma, um pais que quer um moralismo que não cabe mais nesse século. Então, eu comecei a contestar tudo que eu achava que não cabia no meu contexto e acabei estudando, tirando três diplomas.

Nesses anos todos de contestação sumaria de tudo acabei vendo que nosso povo não é conservador, nosso povo é acomodado, ele não quer que mude aquilo que está bom para ele. Se a nossa cultura fosse conservadora, seriamos um povo que não mudaríamos de nação soberana, e ficaríamos, como colônia. A mudança é importante para o progresso do ser humano e da sociedade num todo, mas, há falhas nesse progresso que dentro desse progresso, há quebras de elementos dentro de um interesse. No caso da deficiência – porque existem milhares – existem interesses de casas de repouso, instituições que ganham com a deficiência e não querem sair disso. As religiões (vou escrever um texto só disso), começa a dizer um monte de coisa por causa de um conformismo e para a pessoa se conformar, ou promete a cura, que quando não acontece, é falta de fé. Jesus não disse que as deficiências poderiam ser revertidas pelos outros, mas, por ele mesmo, mas isso, escreverei outro texto sobre o Doctor Strange.

Não existe esse discurso que a normalidade começa a querer impor de novo, porque todo mundo sabe, que quem tem deficiência é discriminado. Tudo não foi feito para cadeirante, muito menos, emprego. Portanto, o rock e deu mais vontade de contestar e parar de se fazer de vítima e ir a luta. É isso.

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