quinta-feira, 12 de julho de 2018

MC Melody e Nego do Borel – o Brasil que nunca amadureceu




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Vendo um vídeo do chargista, Mauricio Ricardo, ele compara o novo visual da Mc Melody com o Brasil. Por que? Porque, assim como o Brasil, a cantora mirim – já que ela é menor de idade – tem tamanho, mas, não tem um amadurecimento para lhe dar com algumas situações; no mesmo modo, o Brasil se mostrou neste domingo (8), umas imaturas decisões políticas e dentro do judiciário.  Mostrou diante do exterior, as nossas instituições que se “mexem” por causa de interesses, se faz muita coisa por causa de partidos políticos ou ideologias (muitas vezes, também por religiões e exemplos temos, como o prefeito do Rio de Janeiro), que estamos cheios de exemplos. Mas, que acabaram de se embrenhar dentro da nossa cultura.

Essa é a questão: a nossa cultura. A nossa cultura tem uma mistura de iluminismo, romantismo e o cristianismo católico, que muitas vezes, tem atrapalhado algumas análises mais serias das questões que acontecem. Temos uma cultura voltada a moral cristã católica, temos uma visão romântica do que a realidade deve ser, e também, temos o positivismo (vertente filosófica de Comte que veio diretamente, do iluminismo), que vê um lado positivista (leia-se, cientifico) e não, um lado mais cético da coisa. Temos uma cultura que acredita em tudo que é dito. Para temos uma visão política mais madura – no sentido de não ter uma dicotomia – teríamos que desenvolver uma visão mais cética da coisa, sem acreditar muito parcialmente. Se eu apoio o Bolsonaro, por exemplo, eu apoiar tudo que ele fala e “combater” tudo e todos que descordam, assim, que quem apoia o Lula e o seu partido (PT), fazer o mesmo. Porque é uma questão ética saber a hora de falar que sim, tal político errou ou não, que o juiz Sérgio Moro, errou ou não. Isso não é defender o outro lado, é um amadurecimento que começa com o ceticismo e com a crítica ao sistema vigente.

Mesmo eu comprando esse computador (que estou usando para escrever esse texto), mesmo tendo minha cadeira de rodas (que uso para me locomover), mesmo que acho que há uma certa liberdade, o capitalismo criou uma anti-fraternidade dentro de alguns setores. A maioria das pessoas, ficaram bastante individualistas, sem a menor noção que não são beneficiados com a tal liberdade, são apenas, mais um dentro do sistema. E não se enganem, os partidos de esquerda como o Partido dos Trabalhadores (PT), fizeram a mesma coisa transvestidos de “justiceiros sociais”. Existem petistas capacitistas, homofóbicos, misóginos e outros termos que eu me perco – porque para mim, preconceito é preconceito – que não é diferente que é dito de direita ou extrema-direita. Claro, se fomos ver e analisar com bastante critério, o petismo é sim, uma extrema-esquerda. a questão é os extremos dentro de uma política que não deveria ter (mesmo o porquê, sabemos que a democracia não assegura liberdade nenhuma), mais dialogo e menos, pessoas mostrando verdades prontas. Nesse contexto podemos entrar no exemplo do Nego do Borel.

Nego do Borel gravou um clip que chama “Me Larga”, que é um funk carioca sambista, que ele se veste de homossexual e num momento do vídeo, beija outro homem. Até aí, tudo bem. O problema é que, primeiro, ele apoia o Bolsonaro (tem foto e tudo), que queiram ou não, defende a eliminação de pautas da minoria. Outra coisa, o estereotipo básico dos homossexuais, meio, escrachado e meio ironizado. Vamos começar com o apoio do Bolsonaro, porque eu acho que você tem que ser verdadeiro daquilo que acha e pensa. E como o filósofo Paul Ricœur (1913-2005), a ética tem muito mais importância do que a moral, porque Kant, filósofo prussiano do século dezoito, dizia que deveria ter uma moral universal. Ricceur, dizia que o importante é a ética, porque a ética é individual e a moral é coletiva. O próprio termo – ética vem do termo grego “ethika”, que por sua vez, vem do grego “ethos” e moral, é uma tentativa romana de tradução que era “mores”. O termo “ethos” se traduz “caráter” e o termo “mores” que quer dizer, “costumes” – tem uma conotação universal, porque quando os romanos traduziram para o latim “ethos” eles não ligaram muito para o caráter, porque, “ethos” também queria dizer, “meios de costumes”. Então, para o romano, ficou costume e não, caráter. Uma ideia universal, que, após a queda do império romano – entre aspas – a igreja não ensina e ne adota a ética, e sim, a moral.

Portanto, Riccour,  vai dizer que a ética tem que ser a prioridade do pensamento humano. Mas, para ser ético, temos que ter coerência, se eu apoio essa ideia, tenho que seguir essa ideia, não dá para sair dessa análise. Se o Nego apoia o Bolsonaro, primeiro, ele deveria largar o funk, porque, o candidato, declaradamente, é conservador da direita. Ele apoia uma pauta que não cai bem, nem para a música que ele canta, e nem faz jus do que ele é (um artista). Ainda, cai na besteira – com ou sem uma boa intenção – de querer agradar um nicho que começa a ser explorado, a comunidade LGBT. Nos Estados Unidos, isso tem um nome e chama “pink Money” (dinheiro rosa), que seria a grana que muito homossexuais, doavam para campanhas e pagavam os shows (fora, músicas em streaming, cds, dvds, cinemas e etc). Aqui se descobriu esse público, se investe nesse público e essa música, como muitos da comunidade denunciam, começa a quererem explorar esse meio. Como, mais ou menos, a Anitta já descobriu já faz um tempo o dinheiro das minorias (como pessoas com deficiência, como homossexuais, como o pessoal das comunidades e etc). É errado? Não. Porém, é questionável dentro de uma certa ética. Se não, vai ficar com aquele papo furado que a pessoa pode ser liberal na economia, ao mesmo tempo, ser conservador nos costumes e não existe. Scruton, filósofo britânico e conservador, em uma entrevista disse, não existir isso. Ou a pessoa é conservadora, ou a pessoa é liberal.

Isso mostra uma coisa interessante, a imaturidade política, e a falta de critério dentro daquilo que se ouve, aquilo que se assiste e aquilo que se acredita. Um exemplo que eu vi essa semana, que uma mãe viu a filha, de mais ou menos, uns quinze anos, um vídeo que a filha estava rebolando e bateu nela. Ora, vê porcaria na tevê com a filha, ouve porcaria com a filha, dai – pesquisas comprovam que o caráter da criança se constrói até os sete anos de idade – quer educar a filha depois de maior? Minha mãe, até a gente ser adolescente, nunca deixou ver programas de televisão que pudessem ser prejudiciais a educação de cultura. Sempre, eu e meus irmãos, fomos criados em ter uma boa cultura. Meu pai, sempre comprava discos de pop, de rock clássico – ele adora de Elvis até mesmo, clássicos da música brasileira – ali, nunca tivemos uma cultura de baixa estatura, uma cultura de massa. Depois fomos incentivados a ler, a saber sobre política, a saber o que acontecia no mundo. Portanto, quando você vê um vídeo desses que você tem uma mãe, além de achar que está com a razão, ainda, grava a palhaçada e tem gente que apoia. A minha educação toda (seja a escolar ou a familiar), para começar, se recusa até mesmo, compartilhar vídeos desse porte, crianças ou pessoas caindo, brigas, entre outras coisas.

O problema grave, é o grande número de pessoas que não sabem interpretar nada, não estudar ainda de dar a sua opinião e ainda, se acha o especialista. Acho que vivemos um momento da nossa cultura infantilizada e pobre do Brasil.

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