Vendo um vídeo do chargista, Mauricio Ricardo, ele compara o
novo visual da Mc Melody com o Brasil. Por que? Porque, assim como o Brasil, a
cantora mirim – já que ela é menor de idade – tem tamanho, mas, não tem um
amadurecimento para lhe dar com algumas situações; no mesmo modo, o Brasil se
mostrou neste domingo (8), umas imaturas decisões políticas e dentro do
judiciário. Mostrou diante do exterior,
as nossas instituições que se “mexem” por causa de interesses, se faz muita
coisa por causa de partidos políticos ou ideologias (muitas vezes, também por
religiões e exemplos temos, como o prefeito do Rio de Janeiro), que estamos
cheios de exemplos. Mas, que acabaram de se embrenhar dentro da nossa cultura.
Essa é a questão: a nossa cultura. A nossa cultura tem uma
mistura de iluminismo, romantismo e o cristianismo católico, que muitas vezes,
tem atrapalhado algumas análises mais serias das questões que acontecem. Temos
uma cultura voltada a moral cristã católica, temos uma visão romântica do que a
realidade deve ser, e também, temos o positivismo (vertente filosófica de Comte
que veio diretamente, do iluminismo), que vê um lado positivista (leia-se,
cientifico) e não, um lado mais cético da coisa. Temos uma cultura que acredita
em tudo que é dito. Para temos uma visão política mais madura – no sentido de
não ter uma dicotomia – teríamos que desenvolver uma visão mais cética da
coisa, sem acreditar muito parcialmente. Se eu apoio o Bolsonaro, por exemplo,
eu apoiar tudo que ele fala e “combater” tudo e todos que descordam, assim, que
quem apoia o Lula e o seu partido (PT), fazer o mesmo. Porque é uma questão
ética saber a hora de falar que sim, tal político errou ou não, que o juiz
Sérgio Moro, errou ou não. Isso não é defender o outro lado, é um
amadurecimento que começa com o ceticismo e com a crítica ao sistema vigente.
Mesmo eu comprando esse computador (que estou usando para
escrever esse texto), mesmo tendo minha cadeira de rodas (que uso para me
locomover), mesmo que acho que há uma certa liberdade, o capitalismo criou uma
anti-fraternidade dentro de alguns setores. A maioria das pessoas, ficaram
bastante individualistas, sem a menor noção que não são beneficiados com a tal
liberdade, são apenas, mais um dentro do sistema. E não se enganem, os partidos
de esquerda como o Partido dos Trabalhadores (PT), fizeram a mesma coisa
transvestidos de “justiceiros sociais”. Existem petistas capacitistas,
homofóbicos, misóginos e outros termos que eu me perco – porque para mim,
preconceito é preconceito – que não é diferente que é dito de direita ou
extrema-direita. Claro, se fomos ver e analisar com bastante critério, o
petismo é sim, uma extrema-esquerda. a questão é os extremos dentro de uma
política que não deveria ter (mesmo o porquê, sabemos que a democracia não assegura
liberdade nenhuma), mais dialogo e menos, pessoas mostrando verdades prontas.
Nesse contexto podemos entrar no exemplo do Nego do Borel.
Nego do Borel gravou um clip que chama “Me Larga”, que é um
funk carioca sambista, que ele se veste de homossexual e num momento do vídeo,
beija outro homem. Até aí, tudo bem. O problema é que, primeiro, ele apoia o Bolsonaro
(tem foto e tudo), que queiram ou não, defende a eliminação de pautas da
minoria. Outra coisa, o estereotipo básico dos homossexuais, meio, escrachado e
meio ironizado. Vamos começar com o apoio do Bolsonaro, porque eu acho que você
tem que ser verdadeiro daquilo que acha e pensa. E como o filósofo Paul Ricœur
(1913-2005), a ética tem muito mais importância do que a moral, porque Kant, filósofo
prussiano do século dezoito, dizia que deveria ter uma moral universal. Ricceur,
dizia que o importante é a ética, porque a ética é individual e a moral é
coletiva. O próprio termo – ética vem do termo grego “ethika”, que por sua vez,
vem do grego “ethos” e moral, é uma tentativa romana de tradução que era “mores”.
O termo “ethos” se traduz “caráter” e o termo “mores” que quer dizer, “costumes”
– tem uma conotação universal, porque quando os romanos traduziram para o latim
“ethos” eles não ligaram muito para o caráter, porque, “ethos” também queria
dizer, “meios de costumes”. Então, para o romano, ficou costume e não, caráter.
Uma ideia universal, que, após a queda do império romano – entre aspas – a igreja
não ensina e ne adota a ética, e sim, a moral.
Portanto, Riccour, vai dizer que a ética tem que ser a prioridade
do pensamento humano. Mas, para ser ético, temos que ter coerência, se eu apoio
essa ideia, tenho que seguir essa ideia, não dá para sair dessa análise. Se o
Nego apoia o Bolsonaro, primeiro, ele deveria largar o funk, porque, o
candidato, declaradamente, é conservador da direita. Ele apoia uma pauta que não
cai bem, nem para a música que ele canta, e nem faz jus do que ele é (um
artista). Ainda, cai na besteira – com ou sem uma boa intenção – de querer
agradar um nicho que começa a ser explorado, a comunidade LGBT. Nos Estados
Unidos, isso tem um nome e chama “pink Money” (dinheiro rosa), que seria a
grana que muito homossexuais, doavam para campanhas e pagavam os shows (fora, músicas
em streaming, cds, dvds, cinemas e etc). Aqui se descobriu esse público, se
investe nesse público e essa música, como muitos da comunidade denunciam, começa
a quererem explorar esse meio. Como, mais ou menos, a Anitta já descobriu já faz
um tempo o dinheiro das minorias (como pessoas com deficiência, como homossexuais,
como o pessoal das comunidades e etc). É errado? Não. Porém, é questionável dentro
de uma certa ética. Se não, vai ficar com aquele papo furado que a pessoa pode
ser liberal na economia, ao mesmo tempo, ser conservador nos costumes e não existe.
Scruton, filósofo britânico e conservador, em uma entrevista disse, não existir
isso. Ou a pessoa é conservadora, ou a pessoa é liberal.
Isso mostra uma coisa interessante, a imaturidade política,
e a falta de critério dentro daquilo que se ouve, aquilo que se assiste e
aquilo que se acredita. Um exemplo que eu vi essa semana, que uma mãe viu a
filha, de mais ou menos, uns quinze anos, um vídeo que a filha estava rebolando
e bateu nela. Ora, vê porcaria na tevê com a filha, ouve porcaria com a filha,
dai – pesquisas comprovam que o caráter da criança se constrói até os sete anos
de idade – quer educar a filha depois de maior? Minha mãe, até a gente ser
adolescente, nunca deixou ver programas de televisão que pudessem ser
prejudiciais a educação de cultura. Sempre, eu e meus irmãos, fomos criados em
ter uma boa cultura. Meu pai, sempre comprava discos de pop, de rock clássico –
ele adora de Elvis até mesmo, clássicos da música brasileira – ali, nunca
tivemos uma cultura de baixa estatura, uma cultura de massa. Depois fomos incentivados
a ler, a saber sobre política, a saber o que acontecia no mundo. Portanto, quando
você vê um vídeo desses que você tem uma mãe, além de achar que está com a razão,
ainda, grava a palhaçada e tem gente que apoia. A minha educação toda (seja a
escolar ou a familiar), para começar, se recusa até mesmo, compartilhar vídeos desse
porte, crianças ou pessoas caindo, brigas, entre outras coisas.
O problema grave, é o grande número de pessoas que não sabem
interpretar nada, não estudar ainda de dar a sua opinião e ainda, se acha o
especialista. Acho que vivemos um momento da nossa cultura infantilizada e
pobre do Brasil.
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