segunda-feira, 30 de julho de 2018

De Bolsonaro a Lula – e os zumbis acéfalos engolidores de cérebro








Amauri Nolasco Sanches Junior

Uma das coisas que sempre me irritaram é essa mania de fazer o que todo mundo faz. Nessa mania, que a nossa cultura está impregnada, saem coisas bizarras que não entendo como aparecem. Uma dessas coisas é acharem que um texto de noticia é um Twitter, porque detesto ficar lendo linhas soltas. Num livro, pode ser aceitável, mas, num texto de notícia, parece algo realmente, jogado no site de notícia. Não aceito esse papo que se não fizer assim ninguém lê, porque, de qualquer forma, ninguém vai ler nada além daquilo que está na modinha. O povo do Brasil é o único povo que sabe da notícia pelo nome (deve ter superpoderes de ler telepaticamente), o único povo que sabe que o escritor não sabe escrever sem sequer, abrir um livro do próprio escritor (duvido que algum crítico do Paulo Coelho leu um livro dele). Enfim, um povo que tem sempre a formula mágica para todo mundo, mas, não sabem aplicar nem em si mesmo.

Mais uma vez, o povo bolsonaram o meu Twitter com notícias, realmente, idiotas e sem sentido nenhum. Um tempo atrás foi o Doutor Bumbum (vulgo fazedor de bunda), que matou uma mulher que queria levantar a bunda e parecer artista de televisão (como se mulher artificial fosse mulher), agora, temos em alguns noticiários, um youtuber estuprador que nunca estuprou. Futilidades da mídia. Mas, o porquê dessa futilidade dentro da mídia? A lei da demanda e da procura. Se tem procura de tal produto, terá sim, maior demanda desse produto e eu sei disso por ser publicitário (sim, um publicitário). Além, de saber disso, também sei, que as pessoas têm a mania de lerem o que está na modinha, comprarem o que está na modinha e acharem que sabe só porque está na modinha. Minha noiva é evangélica (que deixou de ir por causa da modinha), que me faz viver no meio e afirmo, o número de evangélicos anda crescendo por causa da modinha. Tenho romance escrito (aqui), tenho livro escrito sobre deficiência (aqui), tenho um livro com a minha noiva (aqui) e só porque não sou conhecido – tem um monte de obra de conhecido que é uma bosta – ninguém nem mesmo, olhou os meus livros. Porque, as pessoas querem ler só porque os outros estão lendo, para ficarem por dentro e não serem rejeitados. Nosso povo odeia serem rejeitados.

Isso é ruim? Num dado momento, sim. Porque você acaba não descobrindo coisas novas, outras coisas que podem ser boas. Eu sempre ouço bandas além das conhecidas, para conhecer aquelas bandas. Sempre leio livros de autores desconhecidos, para conhecer aquele autor e se ele é bom. Se a banda ou o autor é bom, eu indico sim. Acontece que as pessoas querem ficar na sua zona de conforto, sempre gostando daquilo, sempre lendo porcaria, sempre fazendo a mesma coisa. Porque é seguro, porque se o outro faz, eu também, vou fazer. Será mesmo que aquela noticia é importante mesmo? Será que realmente interessa ou leram só porque o outro leu? Eu escrevi uma notícia do discurso memorável da professora Janaína Paschoal (aqui) e ninguém leu, escrevi sobre a censura do Facebook cometeu com o MBL (aqui) e ninguém leu; escrevi sobre a menina com Síndrome de Down que foi discriminada numa escola (aqui) e ninguém leu. As pessoas gostam de ler polêmicas para ficarem por dentro de baixarias, como a pensão só Wesley Safadão, como um gay chamar Jesus de travesti (se Jesus fosse Deus e Deus ama a humanidade, acham mesmo que ele iria ficar bravo com isso?), como coisas, realmente, irrelevantes. Tinham que analisar o que é relevante e o que não é relevante.

Na verdade, ninguém se interessa muito em ler sobre deficiência. No subconsciente, moldado por uma cultura de milhares de anos, é uma coisa horrível que pode acontecer com qualquer um. Preferem ler sobre as merdas que o Safadão faz, ou o estupro do youtuber Zóio, ou uma Copa que já era de esperar, que o Brasil iria perder.  Teve até nudes do Felipe Neto, como se eu quisesse ver o youtuber no ato solitário da sua intimidade. Mas, as pessoas querem ler sobre quem falou mal do seu político de estimação. Ou as pessoas ditas de direta (são apenas eleitores frustrados da esquerda de outra hora), defendem o Bolsonaro, ou as pessoas ditas da esquerda (nem sabem um por cento da teoria que se molda a esquerda), defendem o Lula. Começam a ler, títulos que mostram críticas ao seu político favorito, mas, não é qualquer texto. Escrevi sobre o Bolsonaro (aqui) fugindo da bêbada, porém, ninguém leu. Também, escrevi sobre a tentativa ridícula do PT para livrar o Lula da cadeia (aqui), mas, ninguém leu e nem deram a mínima. Por trás disso, existe uma coisa bastante estranha, todo mundo reclama das grandes mídias e jornais, mas, quando aparecem mídias diferentes, ou chamam de “Fakes News” (noticia falsa), ou não repassam, dando mais visualizações ao que há de mais podre na mídia tradicional.

Podem dizer que se trata de ignorância, mas, não é não, porque sabem muito bem o que repassam. São apenas escravos de um Estadão ou uma Folha (que tem o mesmo dono), mesmo sendo contra, são escravos da Globo, mesmo sendo contra, são escravos de toda a mídia. E no mais, a questão de esquerda e direita, dentro da própria mídia, é bastante clara e objetiva. Ou seja, bem e o mal na pauta eterna da humanidade. A questão é: que não existe bem e não existe o mal, existem opiniões antagônicas que fazem parte da política. A energia para se criar pautas desse porte são as mesmas. Quem conhece a franquia Guerra nas Estrelas (Stars Wars), sabem das falas dos jedis, não existe uma força negra e não existe uma força branca, existe a sua escolha. Eu posso descordar de muitas opiniões de diversos youtubers, mas, posso concordar em outras opiniões. Porque não se trata de uma opinião fechada, conceitos você muda e evolui. Porém, esse é o real problema, as pessoas não querem evoluir. A questão dos jedis veio do budismo zen – isso fica bem evidente, quando o mestre Yoda muda a energia de um raio atirado do lorde sith – onde não existe dois lados e sim, o lado que você escolher trilhar durante a vida. Estamos numa sociedade, na verdade, mimada que não pode ser frustrada. Você tem que votar no Bolsonaro, porque o povo tem certeza que vai mudar o Brasil. Temos que votar no PT (porque o Lula não vai ser candidato, aceita que dói menos), porque deram cem reais por mês, para um povo que falta até dignidade de morar em um lugar melhor.

Eu não vou escutar uma música, porque a maioria ouve; eu não vou votar numa pessoa, porque a maioria vai votar; eu não vou ler uma mídia, porque a maioria vai ler. Eu nem gosto de ver seriado que todo mundo está assistindo, não gosto do mesmo ritmo musical da maioria, não gosto nem, do ídolo que todo mundo gosta. Porque, ates de tudo, eu tenho que me respeitar e respeitar quem eu sou de verdade.

5 comentários:

  1. Eu li o seu blog e confesso que seu texto reflete meu pensamento, embora sejamos apenas 10% que realmente pensa.

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  2. Teu texto é cirúrgico. Alguns; quiçá a maioria, são Marias e Joãos que seguem modinhas. São filhos e filhas de uma cultura arraigada na mesmice, no que chamo de individualismo coletivo ( estranho. Sim) Neste País só se da valor ao que está na mídia (mesmo que não valha nada). Só existirá mudanças neste comportamento se as pessoas se unirem e buscarem mudanças efetivas nrdta Sodoma e Gomorra chamado Brasil.

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    1. Isso mesmo. Você entendeu o que eu quis dizer no texto...obrigado por compartilhar a sua analise

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  3. Caríssimo Amauri, belo desabafo! Senti isso no seu texto, até porque vc fez comparações entre vc e a sociedade. Quem está certo? Claro que hoje muito do que circula nas mídias sociais não são informações más distrações. E como vc disse tudo está na capacidade de escolha de cada um, alguns leem seus livros outros Não. Mas escolhas , formação de opinião, além de ser levado em conta a subjetividade existem as influências externas, seja familiar, seja de uma baixa formação educacional, seja no desejo de querer ser alguém é por isso o segmento aos modismo, enfim, várias influências. O atitude a ser feita é entender essas diferenças, essa pluralidade, as pessoas escolhem o que é bom para elas (mesmo não sendo), o que vale é incentivamos, persistirmos na boa informação, naquela que ajudar evoluir, é cabe as pessoas escolherem. Continue persistindo no seu blog de informações, é uma boa ferramenta de formação de opinião, mas não compare a sua com a dos outros .

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