Amauri Nolasco Sanches Junior
Já disse que o Olavo de Carvalho não é filósofo. No máximo é
um intelectual e por ele dá curso, não quer dizer, que ele é um filósofo. Não avalio
ele por causa de ter ou não um diploma – mesmo o porquê, existem filósofos de
diploma que não filosofam e ainda acreditam demais em ideologias políticas
nocivas – mas, a maneira que ele avalia as questões importantes e o quanto isso
é nocivo. O Olavo de Carvalho e o Paulo Ghiraldelli, são, muito parciais e não usam
tanto a racionalidade quanto parece. Analises politicas não podem ser parciais.
Aliás, analises de filósofos não poderiam ser parciais. Claro, que a filosofia não
dá margem ao que é verdade fechada dentro de um quadrado com um padrão de
qualidade dizendo que isso realmente é filosofia. Por isso, não concordo quando
alguns filósofos atacam livros ditos de autoajuda, porque fica como se uma imposição
a verdades prontas, que isso ou aquilo é filosofia, e, muitas vezes, até nesses
livros podemos fazer algumas reflexões interessantes.
Tudo que eu achei no discurso da professora Janaína Paschoal
eu coloquei no artigo anterior “Janaína Paschoal falou a verdade e ninguém gostou”, onde achei bem oportuno a sua avaliação. Olavo de Carvalho twittou
assim: “Janaina Paschoal NÃO PODE ser
vice-presidente nem de clube de futebol. ”, que mostra desconhecer até mesmo,
times de futebol. Para o “professor”, o que seria um vice na altura do Bolsonaro?
Quem quer ser vice do Bolsonaro depois de uma foto com uma criança fazendo gesto
de arma com o dedo? Quem quer ser vice do Bolsonaro depois de todo o discurso
que ele fez durante a sua carreira parlamentar? Ninguém, presumo. Ninguém quer
que seu nome seja ligado a uma pessoa que discursa contra pilares básicos da ética,
como não estuprar (seja a mulher do PT, PSDB, PDT e etc), como dizer que o Brasil
é um pais cristão (fomentando o fanatismo religioso), como fazer crianças fazerem
gesto de armas e outras coisas que estão cheios os jornais. Então, acho eu, que
o discurso da Paschoal foi bem pertinente.
Agora, não vou dizer que o Olavo de Carvalho, como disse o Saindo
da Matrix (esqueci o nome dele), é um velhinho qualquer que cismou fazer vídeo no
YouTube. Não. Não é um velhinho do YouTube, porque faz anos que está em
evidencia e escrevia artigo de jornal, escreveu livros e fica propagando
teorias maluca da direita americana (a gente sempre importa merda de fora, única
coisa boa, foi o rock). Uma prova dessa insanidade do “velhinho” é, querer
estuprar minha inteligência, dizendo que o movimento hippie é um movimento
comunista e que o rock é comunista. Nós sabemos muito bem, que a direita (que
nunca pegou uma obra marxista e de Karl Marx), confunde socialismo com
comunismo faz tempo. O gozado disso tudo – se não for, deprimente – é que o próprio
Olavo disse em um vídeo que os regimes socialistas não quiseram levar adiante o
comunismo, porque estatizar a economia era e é, uma coisa impossível. Se o próprio
Olavo disse que o comunismo nunca existiu e não tem possibilidade de existir,
esses caras da direita, falam tantas asneiras que ainda existe comunismo no
mundo? A Guerra Fria termina com a queda do muro de Berlim, ponto.
Sou contra, também, filósofos acadêmicos por achar eles
amarrados num modo, quase fanático, cientifico. Para mim, o modo cientifico não
tem nenhuma diferença do modo religioso, não temos a capacidade empírica de
dizer se aquilo é ou não, verdade. Você pode perguntar: mas, existem
evidencias? Ok. Mas, não há diferença nenhuma de uma foto de um OVINI e uma
foto de um foguete subindo aos céus, provas podem ser forjadas. O que podemos fazer
é crer que aquilo seja verdade. No mesmo modo, ser um ateu e ser um religioso,
é uma questão de crença. Sempre vi a filosofia muito além do que todo mundo vê,
e não costumo a me prender a formas cientificas. O filosofar é dissertar ou
fazer uma meditação a respeito das coisas e questões que estão dentro da
filosofia, mas, também, é dissertar ou fazer uma reflexão em qualquer assunto.
Filosofar é ativar a criatividade por meio de abstrações sobre
alguma coisa. Além de fazer longas reflexões, o filosofar é uma maneira de
argumentar sutilezas. Por exemplo, a fala do Olavo de Carvalho, que falou que a
professora não servia nem para ser vice de time de futebol. Quem é corinthiano
(para evitar críticas mais acaloradas, sou um), sabe que isso não é verdade. Aliás,
ditos filósofos que ditam verdades não são filósofos, porque querem impor
verdades que só são autoverdades. Se Sócrates tivesse vivo – estou falando o filósofo
grego, tá? – chamaria o Olavo de sofista, além, de outros. Sócrates não teve
diploma, mas, não tinha preferencias nem na política, nem na religião, nem em
nada. Ele questionava tudo. Os únicos que levaram ele e seu ensinamento a sério,
foram os cínicos (apesar de Platão ficar famoso, a essência socrática ficou com
os cínicos), porque ao fazerem o que queriam, questionavam a moral da época. Coisa
que o Olavo não faz por questões religiosas, questões de achar que a moral cristã
é a única (já vi ele falar muita merda da filosofia oriental), ele se fecha e não
sabe expandir o debate. Não que eu discorde de tudo, mas, não acho que uma pessoa
falar mal do que é obvio, seja declarada como “gurus”.
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