Amauri Nolasco Sanches
Junior (aqui)
Umas das coisas que eu não gosto é ter ídolos, e isso é
bastante claro em meus textos que escrevo. Mas – estava demorando – fui chamado
de comunista por causa de dois fatores. Primeiro fator é a dicotomia que
estamos vivendo politicamente, que vem povoando as redes sociais. Segundo,
temos uma herança da guerra fria (que acabou em 1989 com a queda do muro de
Berlim) que o comunismo dominara o mundo, que é um discurso ainda, dito pelo
Olavo de Carvalho. Então, se você faz uma crítica contundente contra candidatos
ditos da direita – não acho que o Bolsonaro é totalmente, de direita,
porque ele tem a pauta de esquerda de não privatização – você começa a ser
chamado de comunista. O problema é que ninguém sabe o que é comunismo e
confunde o petismo – que é um populismo que visa o bem-estar do próprio partido
– com o comunismo que nada tem a ver.
Basicamente, o comunismo não é a mesma coisa que socialismo
e não é a mesma coisa que o anarquismo. Primeiro, vamos falar do socialismo. O conhecido
socialismo, é um sistema governamental transitório entre o capitalismo e o
comunismo. Ou seja, os governos socialistas ou dito socialistas, ainda não são governos
comunistas. Num governo socialista, existe um líder que assume o comando para
socializar os meios de produção – como fabricas, fazendas, vendas e etc – que no
sistema capitalista, são comandados pelos seus donos (burgueses). Para implantar
o socialismo, deve haver uma desapropriação de tudo que produza (bens ou
serviços), pela força, se assim necessitar. Nesse sistema, as pessoas começariam
a aprender a socializar suas produções com toda a comunidade, aonde todos tem
as mesmas coisas, sendo que tudo seria gerido pelo ESTADO, o coordenador dessa divisão.
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O comunismo seria uma etapa depois do socialismo, por isso,
dizemos não ter havido nenhum comunismo no mundo, porque nunca passou do
socialismo. Nesse sistema não há nenhum líder para governar o ESTADO, porque
todos já teriam consciência de socialização dos meios de produção e da produção
em si (tudo que se produz é da comunidade), assim como da divisão igualitária entre
os indivíduos da comunidade. No comunismo, a pessoa trabalha para a sociedade
por um período do dia, em um outro período do dia se dedica ao lazer, assim
todos seriam felizes e teriam tudo que quisessem. Chamaríamos esse sistema de uma sociedade utópica,
mesmo o porquê, nunca existiu uma sociedade sem um governo ou governante. Mesmo
o porquê, o sistema soviético nunca passou do socialismo e se quisermos ter uma
visão muito detalhada disso, podemos assistir “À Revolução dos Bichos” baseada
na obra homônima, de George Orwell.
A diferença no anarquismo é bem evidente. Seria a ausência total
do ESTADO, da hierarquia e da força coerciva. Na teoria, uma liderança pode vir
a existir temporariamente, dentro de algum grupo de operação, por exemplo, se
houver algum incêndio. Mas, o grupo decide quem vai liderar a operação, ou
seja, a liderança poderá variar conforme a operação e o dia. O anarquismo (do
grego ἀναρχος, transl. anarkhos,
que significa “sem governantes”, a partir do prefixo ἀν-,
an-, “sem” + ἄρχή,
arkhê, “soberania, reino,
magistratura + o sufixo -ισμός,
-ismós, da raiz verbal
-ιζειν, -izein), é na
verdade, uma filosofia política que engloba muitas teorias, métodos (caminhos)
e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório.
Em geral, os anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja
livremente aceita e preconizam os tipos de organizações libertarias baseadas na
livre associação.
Mais uma coisa importante, a anarquia não é ausência de
ordem, mas, ausência de coerção (Coerção [coertione] é o ato de induzir,
pressionar ou compelir alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça.).
Essa noção errada, que a anarquia seria a ausência de ordem, foi muito
propagada no finalzinho do século dezenove e no início do século vinte, pelos
meios de comunicação e de propaganda patronais, que são mantidos por instituições
políticas e religiosas. Um outro erro muito comum, é considerar a anarquia como
uma ausência de solidariedade (indiferença) entres os seres humanos, que, na
verdade, um dos laços mais valorizados dentro da anarquia e o voluntarismo
(auxilio mútuo). A ausência de ordem – que é uma ideia externa ao princípio
anarquista – se dará o nome de “anomia”. E o mais importante, os anarquistas se
opõe a todas as formas de agressão, apoiando só a autodefesa ou a não violência
(anarcopacifismo). Mas, outras vertentes, apoiam outros modos, como uma revolução
violenta. Mas, mesmo com ações violentas no passado, hoje se tem a consciência de
diversos tipos de ações não violentas.
Portanto, não há razão nenhuma que possa juntar essas três vertentes.
Mesmo sendo anarquista, não sou idiota e nem eterno adolescente para saber que são
teorias de uma sociedade utópica e que hoje, a implantação, seria um desastre. Uma
das provas disso é a União Soviética que além de ser um novo capitulo do
czarismo russo, ainda foi um desastre que levou milhares de inocentes morrerem.
E foi além, o desastre ainda teve a colaboração de Joseph Stalin (1878-1953),
com sua paranoia de ser perseguido, matou até mesmo, colegas do próprio partido.
Mas, o problema, não é ser chamado de comunista, o problema é ser chamado de
comunista por causa de críticas ao sistema norte-americano. Além, claro, ser
chamado de comunista por causa da dicotomia que atinge as opiniões das redes
sociais. Na verdade, ninguém nem sabe o que está dizendo.
Fonte de pesquisa: Relação entre Anarquismo, Comunismo e Socialismo
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