sábado, 30 de março de 2019

Uma reflexão sobre Bolsonaro e a imprensa




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Amauri Nolasco Sanches Junior



Eu estava lendo um texto (aqui) – ou melhor, um comentário – do jornalista e comentarista politico, Carlos Andreazza, e fiquei refletindo (eu reflito até nas minhas sessões de fisioterapia). 

Todo mundo sabe todo “furo” de noticia da jornalista da GloboNews, Eliane Catanhêde, que o ministro da educação, Ricardo Vélez, teria sido exonerado. Horas depois o governo – leia-se Bolsonaro – disse que estava sendo alvo de Fake News (noticia falsa). O que podemos concluir disso? Podemos concluir que o governo ou iria mesmo exonerar o ministro da educação – depois daquele “papelão” que tomou um “pito” da deputada Tabata Amaral (PDT-SP) – ou, alguém fez todo uma informação para desviar o foco e jogar todo mundo contra a imprensa. Porém, dentro de uma análise bem profunda, acho que é um caso de contra informação. É facil explicar e tem a ver com o norte-americanos. 

O que fez os aliados ganharem a Segunda Grande Guerra? A contra informação. Não tinha como o Eixo saber com precisão – claro que eles achavam que sabiam – quando os aliados iriam atacar e muitos ataques eram uma supresa. Claro, que nem a Itália e nem o Japão, seguiam o plano original da Alemanha. Porque, enquanto tinha um canal aberto para os nazistas pensarem estarem espionando – estamos falando um canal, se não me engano, entre Estamos Unidos e Grã-Bretanha – existia um outro canal que não estava e nem podia ser escutado. Até mesmo, Alan Turing – que depois se matou por ser homossexual, pois, nessa época o homossexualismo era proibido na Inglaterra – decifrou os códigos que os nazistas mandavam. Graças a ele, nós podemos acessar a internet e ter nosso computador. Mas, na verdade, há uma briga entre o governo e a imprensa, mas, há a importância de exisitir a imprensa. Ora, nossa cultura – estou falando da ocidental – foi construída dentro da dialética que busca o conhecimento graças ao diálogo.

Esse termo dialética vem do grego “dialetiké” e é um método de discussão de ideias opostas com o objetivo de encontrar a verdade. Seria uma forma de argumentação lógica, exigindo um debate para uma avaliação sistemática das relações entre os conceitos específicos gerais. Assim como toda a filosofia – leia-se, philosophia – começou com a morte de Sócrates e tudo que ele representa para o pensamento grego, e com a filosofia, começa também a dialética. Sócrates dialogava na Àgora – eram praças que os cidadaos livres dialogavam sobre a cidade – com irônia que chamou de maiêutica (dar a luz), porque sua máe era parteira e ele dava a luz as ideias. Depos de dois mil anos, mais ou menos, a dialética foi muito discutida, mas, o modelo é sempre – de um modo bastante lógico – de tese, antitese e sintese. A titulo de exemplo, para entender, que o governo é a tese, a imprensa é a antitese e a sintese é toda a politica. Afinal, Aristóteles disse que por sermos animais sociais (cidadãos) somos animais politicos. 

Ou seja, sem a imprensa não há uma crítica, porque raramente, salvo raras excessões, não adimitimos nossos próprios erros. A crítica dentro da filosofia, não é só julgar de forma do senso comum, mas, uma análise mais profunda e apontar aquilo que não está bem claro. Ou, apontar um problema. Como a crítica, problema dentro da filosofia é algo que tem muitas soluções. Ou seja, o apontamento de um problema (soluções) é uma crítica (análise) para um outro caminho (método) e acertar. Mas, qual é o problema? O problema que não há nenhuma clareza dentro do Ministério da Educação e Cultura (MEC), se o ministro vai gerir ou não, a pasta que foi colocado. Mesmo o porquê, a educação é muito importante para uma sociedade é importante para perpetuar a cultura e os valores que todos concordam que são importantes. Mas, tem várias questões que se deve pensar: como esses valores devem ser universais, valores que são respeitaveis (não matar, por exemplo, é um valor univel e respeitável). Porém, há coisas na escola e coisas que há na família, valores são da família e matérias são de escolas. Temos que separar escolaridade (matérias para a vida profissional) e a ética e moral, é uma construção familiar. 

Educação, aliás, vem do latim “educare” que os romanos diziam que era mostrar a verdade para as crianças para torna-las cidadãos romanos. Assim como, os gregos faziam com as suas crianças quando educavam elas – os espartanos eram mais duros por causa da sua cultura militar – para serem cidadãos de polis (politikon). Aristóteles disse (zoo politikon) porque ele queria explicar a sociabilidade humana na construção cultural, que é ser racional. Somos animais que raciocinamos. Se somos animais racionais sempre vamos construir valores importantes para uma sociedade, sempre vamos ir conforme entendemos como importante. E um país democrático, temos que respeitar os valores que a maioria não concorda, mas, temos que ter essa “antitese”, vamos dizer, para não cairmos no totalitarismo de ideias. Ora, o modo ideológiico importa só quando esse valores familiares enfraquecem e você não tem um campo sólido dentro de uma educação familiar. A intelectualidade e o pensamento – talvez, até mesmo a filosofia – não seja uma inimiga, porém, deve ser tratada como uma aliada. Países que deram certo são países que leram bastante, estudaram bastante, que investem grandes quantias em educação de qualidade e conscientização de todos seus cidadãos. Um povo que até mesmo são letrados – vi muita matéria jornalistica com graves erros de português – não sabem nem escrever, é uma coisa preocupante. Esses países, nem discutem mais essa balela de esquerda e direita e nem estão preocupados com o comunismo. Há sim, uma alternância saudável dentro de qualquer regime democrático.




quinta-feira, 28 de março de 2019

Estudos mostram que sim, pessoas com paralisia cerebral tem sexualidade



Vickie e Thomas têm paralisia cerebral. 

Amauri Nolasco Sanches Junior




Em um post de um grupo específico para as pessoas com paralisia cerebral, que era de uma série de uma pessoa com deficiência com paralisia cerebral que é homossexual, gerou uma discussão interessante. A Netflix sempre fez série de pessoas com deficiência e sempre colocou, em seu catálogo, séries que mostram o cotidiano. E isso não podemos negar. A plataforma de videos, tem se mostrado muito versificada nessa área. Mas, eu acho que há dois problemas a ser analisado além da Netflix, a questão cultural da nossa sociedade de ainda achar que as pessoas com deficiência são assexuadas. 




Na discussão apareceu a tão famoso versículo de Paulo de Tarso que condena o homossexualismo. Para uma análise mais profunda da questão, temos que ver quem era Saulo (depois mudou o nome de Paulo) e o contexto desse versículo, para ir mais além da discussão. Antes de se converter, Paulo era um centurião de origem judaica e que estudou na Grécia e que sabia dos muitos pensamentos. Portanto, estamos falando de um homem letrado e que conhecia tanto as leis mosaicas, quanto as inúmeras filosofias gregas. Quando ele escreve nas epístolas os versículos: “O homem que se deitar com outro homem como se fosse uma mulher, ambos cometeram uma abominação, deverão morrer, e seu sangue cairá sobre eles.”, mostra quanto ele era muito apegado as leis mosaicas, que o próprio Jesus, quis “endireitar”. Não esquecemos também, que houve muita briga entre Paulo e Pedro (Simão), por conta das suas ideias muito fora daquilo que Jesus havia pregado. Outra coisa, é querer levar o que um homem, com uma outra cultura e uma outra realidade, escreveu a quase dois mil anos ao pé da letra, é uma insensatez. Em inúmeros textos, já disse que as pessoas deveriam seguir o que Jesus disse, o resto é judaísmo e você tem que escolher, ou você segue o judaísmo ou você segue o cristianismo. 




Deixando teologias de lado, vamos falar de sexualidade e capacitismo. A sexualidade é a grande rival da religião – pelos menos, a religião Institucionalizada – porque tem a ver com o prazer e um povo com prazer, porque o prazer gera feromônios que dá uma sensação de alegria, não pensará em uma redenção e outra coisa, a religião – dita cristã – se porta com uma moral de séculos atrás. Como o prazer é atrelado a tudo que não pode (que vem de poder, o poder de mudar algo, por exemplo), nós pessoas com deficiência, que somos “imaculados”, somos protegidos dessa “tentação”. O prazer, verdadeiro claro, é um dissolvente da culpa e do medo. Todas as suas energias e pensamentes estão naquele ato. Portanto, depos de ir muito além da sua realidade medíocre, você se encontra até mesmo, com as energias criadoras divinas e você começa se conhecer e sentir a criação dentro de você. Na verdade, a mesma energia da oração é a energia do ato sexual. 


O capacitismo (o preconceito com as pessoas com deficiência), começa quando mães – quando eu namorava no shopping, as caras feias sempre vinham de pais de crianças ou pessoas com deficiência – acham que seus filhos não podem ter uma sexualidade como qualquer ser humano. Quando o sexo em si – não estou dizendo perversão que é uma outra discussão – fica parecendo uma coisa suja, sem propósito e ainda, achando que seu filho não pode reproduzir (crescei e multiplicai) por ter deficiência, a questão é bem mais complexa. Porque tem a ver com posturas que até mesmo a Jesus era contra, pois, todos nós temos nossas limitações e todos nós somos seres que viemos do divino. Ou vamos ser diferente dos outros seres humanos? Não, não somos diferentes de outros seres humanos. 


Lógico que tem pessoas que tem mais limitação, não estou dizendo que há só um padrão. No meu livro sobre o capacitismo (vou deixar linkado aqui), eu abordo a questão bem ampla, que mostra que o capacitismo tem linguagem e tem uma linha tênue entre as outras maneiras de discriminação. Por que? Pessoas podem ter uma limitação física, mas, podem não ter uma limitação intelectual. Você pode estar tratando seu filho como se fosse uma criança, mas, ele pode ter jaculações involuntárias, ou você pode ter um susto quando trocar ele ou fazer qualquer coisa. Ter um diagnóstico preciso (sempre com uma segunda opinião), deve esclarecer sobre esse assunto e vamos sempre incentivar a inclusão. 


E sobre a homossexualidade, poderá chocar algumas mães que por ventura lerem esse texto, porém, há muitas pessoas com paralisia cerebral que fazem sexo e são homossexuais. Tem pessoas com deficiência com essa deficiência que casam e moram junto com ou o sexo oposto, ou do mesmo sexo. Tem filhos e cuidam desse filho. Que fazem comida, lavam a roupa, limpam a casa e até trabalham. E outra coisa, existem pessoas com paralisia cerebral que lutam pelos direitos de todas as pessoas com deficiência. Portanto, isso que ele não é capaz (da onde vem o termo capacitismo que é um derivado do espanhol “capaz”), é uma tremenda e ridícula bobagem.



quarta-feira, 27 de março de 2019

A Geração Flocos de Neve – A Origem da Critica Vagabunda


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Amauri Nolasco Sanches Junior 

Estava vendo uma entrevista com o Dee Snider – que era vocalista do Twisted Sister – e um dado momento, o Danilo Gentilli perguntou o que aconteceu com o rock que ficou assim. Dee disse que ficou muito sério. Ou seja, dos anos 90 em diante as pessoas se levaram muito a sério e isso começou com o grunge. Mesmo gostando de algumas bandas da “onda” grunge, eu tenho que concordar que, realmente, porque quase todos morreram com depressão ou overdose (ou quase morreram). O rock, o heavy metal (e seus derivados) são marcados pela maneira cínica – na concepção grega mesmo – de comportamento que não aceita o mundo como ele é e começam a fazer criticas a moda Diógenes mesmo (o que morava num pote de barro). Se levar muito a sério é uma maneira muito do subconsciente de orgulho, pois, você não admite que a sua realidade não é a realidade do outro. 

Ora, como isso aconteceu dos anos 90 em diante? Dai me deparei com um texto que saiu no site Pensador Anonimo com o Titulo: “A geração “Floco De Neve”: Pessoas sensíveis que se ofendem por tudo”, que achei interessante. Fiz uma pesquisa e encontrei uma explicação no Wikipédia dizendo que o neologismo foi cunhado no inglês (Generation Snowflake) para designar a geração que ficou adulta a partir de 2010 (embora, algumas pessoas que ficaram adultas um pouco antes, também contém essas características). É uma geração que tem pouca resistência a gerações anteriores a sua, ou seja, são bastante vulneráveis para encarar alguns pontos de vista que não são da sua. Mas o texto também – da Wikipédia – diz que muitas pessoas lá não concordam e até o termo é considerado depreciativo. Porque, mesmo sendo bastante difundido, não tem nenhuma base cientifica para provar tal tese. 

Voltamos ao texto. O autor começa com a explicação o porquê essa geração foi chamada de “flocos de neve” e se é verdade ou não, deveriamos ler para, pelo menos, fazer uma reflexão. Diz no texto do site, que o alerta foi dado graças alguns professores da universidades de Yale, Oxford e Cambradge, que notaram alguns dos seus alunos que iam as suas aulas, eram em sua maioria, pessoas sucetivel, não toleravam nenhuma frustração e eram inclinados a sempre – qualquer coisinha – a fazer uma “tempestade num copo d`água”. Assim, segue o texto, dizendo que essas crianças saem muito mais ao padrão da sua geração do que seus pais (ou seja, segundo a tese, essa geração é muito mais padronizada do que as anteriores). O autor ainda diz que isso não significa, como um boa caracteristica do ser humano, há caracteristicas e comportamentos diferentes da geração que nasce e não respondem a isso. No entanto, não negamos que a cada geração tem varias metas, sonhos e formas de comportamento caracteristico que resultam das circunstâncias que tiveram que viver (a vivência). 

O diagnóstico e a origem faz todo o sentido. Para começar – segundo o texto – essa gração tem superproteção demais e começa a extrema vulnerabilidade e escassa resiliência desta geração têm suas origens na educação. Esses indivíduos, que, geralmente, são crianças que foram criadas por pais que subprotegem demais, que são sispostos a pavimentar o caminho e resolver os menores problemas. Como resultado, essas crianças não teve a oportunidade de enfrentar as dificuldades e conflitos do mundo e desenvolver à frustração, ou resiliência (capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças). Não se deve esquecer que uma dose de proteção é necessária para que as crianças cresçam em um ambiente seguro, mas quando impede que nós explorarem o mundo e os limites seu potencial, essa proteção se torna prejudicial. 

 Exagerado sentido do “eu”. Outra característica que define a educação recebida pelas pessoas da geração “floco de neve” é seus pais os fizeram sentir muito especiais e únicos. Somos únicos, isso não é ruim ter consciência disso, mas, também devemos lembrar que essa singularmente não nos dá direitos especiais sobre as outras pessoas, pois somos todos tão únicos quanto os outros. Esse sentido muito exagerado do “eu” pode gerar uma origem ao egocentrismo e uma crença de que não é necessário tentar muito, porque, afinal, somos especiais e é garantido o sucesso. Quando vamos percebemos que este não é o caso e temos que trabalhar muito para conseguir tudo aquilo que queremos, perdemos os pontos de referência que nos guiaram até agora. Então, começamos a ver o mundo hostil e ameaçador, assumindo uma atitude de vitimização. 

Outra – terceira característica – que gera a geração “floco de neve” é a insegurança e a catástrofe. Porque, umas das características  que mais definem essa geração é sempre exigir uma espaço seguro. Porém, a titulo de curiosidade, essas mesmas pessoas tenham crescido em um ambiente social, que particularmente, estável e bem seguro, em comparação os seus avós ou seus pais, mas ao invés de serem pessoas mais confiantes, eles tem medo. Esse mesmo medo é causado pela falta de habilidades para enfrentar o mundo, pela educação excessivamente superprotetiva que receberam e que os ensinou a ver possíveis abusos em qualquer ação e a superestimar eventos negativos os transformando em catástrofes. Isso os levam a desejarem se bloquear em uma bolha de vidro, para criar uma zona de conforto limitado onde eles se sintam seguros. 

O que eu acho? Nós estamos vivendo um clima estranho, porque dês do fim dos anos 80 e começo dos anos 90, você já via coisas bizarras. Mas, essas três características são até certo ponto, bem fiéis ao que está hoje. Como disse no começo do texto, Dee Snider está certo, essa juventude tem sérios problemas em se levar a sério e não relaxar e se divertir. Eu acho uma delicia escrever, acho muito gostoso você pesquisar e descobrir coisas novas, para mim, além de um trabalho, é uma diversão. Eu não me levo a sério porque eu erro, não sou senhor da razão, não faço o que as outras pessoas fazem e começo a ver, que querem me obrigar a ser o que eu não quero ser e se eu não sou, sou excluído das amizades e coisas do tipo. 

O verdadeiro rebelde é não fazer da sua vida algo padrão, mas, essa geração tem a horrível mania de padronizar tudo. Para falar de filhos, você tem que ser pai (eu fiz muitas sobrinhas minhas dormirem   e etc), para falar de pessoas com deficiência eu tenho que sair com todos os movimentos se não sair, estou desqualificado. Eu tenho que participar de todas as plenárias para falar de politicas públicas para pessoas com deficiência, tenho que participar de algum lado, porque ser “isentão” é errado. Tudo se deve seguir algum padrão. Tudo tem que ser um drama. Rockeiros dos anos 90 para cá, simplesmente, a grande maioria, se mataram porque não aguentaram a frustração de não cantar num festival, por exemplo. Ou porque a mulher confessou que iria trair ele, mas, lembrou dele e não traiu. Tudo é uma dramatização anormal, doente e até – saindo um pouco da cena americana – começa com as bandas de black metal lá nos países nóricos (sobre isso, vou escrever um texto mais espiritual). As gerações depois da minha, não podem se sentirem frustradas e ai que começa a minha tese da critica vagabunda. 

Viemos construindo uma cultura – imaginem um prédio – onde as vigas sustentadoras é a cultura grega (os romanos beberam dessa fonte). E qual é uma característica importante para os gregos helênicos? A harmonia. Toda a mitologia grega clássica, veio da noção entre os caos e a harmonia e nisso, tendia sempre em procurar sempre a harmonia. Isso se refletiu tanto nas esferas da religião grega, como na própria filosofia começando em Heráclito de Éfeso. Para o grego tudo antes da realidade era o caos e esse caos não era uma bagunça generalizada, era simplesmente, como se fosse um abismo eterno. Veio a realidade e houve a harmonia. Mas, eram características de quase todo o pensamento daquela época, porque o caos era a ignorância, aquilo que não sabemos e a harmonia é aquilo que sabemos, que Platão, chamará de suma bem. Sempre quando o mundo grego sentia esse caos, ele harmonizava de alguma maneira com outro pensamento que não gerasse esse caos. Depois dos deuses homéricos, vieram a filosofia e a filosofia – que ao meu ver, começa com a morte de Sócrates – consegue harmonizar um pouco a cultura. 

Nós viemos desse mundo e mesmo a religião cristã, colocou em muitas explicações teológicas, tem filosofias platônica-aristotélicas. Porém, herdamos muito a filosofia estoica que os romanos adotaram e construíram a sua cultura. Então, a questão da verdadeira cultura é a cultura grega entre o caos e a harmonia, nessa vertente, há o conhecimento e a ignorância (sim, tem isso no budismo e a maioria das religiões orientais). A ignorância sera o caos (aquilo que não tem forma) e o conhecimento é a harmonia (aquilo que tem forma). Você só enxerga as formas dos objetos – como percebemos a realidade – e toda essa realidade, se harmoniza daquilo que você conhece. Mesmo que muitos especialistas neguem que não há causa e efeito, há sim uma efeito que vem numa causa e se você não perceber a causa, as coisas vem do nada. Ai chegamos o que Nietzsche chamou de niilismo. 

O niilismo (vem do lattim nihil que traduz, nada), que é uma redução ao nada, o aniquilamento e a não existência. É um ponto de vista que se considera que as crenças e os valores tradicionais são coisas infundadas e não há qualquer sentido ou utilidade na existência. Ai chegamos ao niilismo de Nietzsche, pois, tem a ver com a não existência. Para Nietzsche, o niilismo é uma negação da vida por ter a questão da moral cristã. Porque para ele, todos os valores gregos clássicos – na qual, eu já disse – foram aniquilados por causa de um amanhã e a negação do hoje. Para o grego helênico – assim como algumas religiões orientais – o importante não é o amanhã e sim, o agora e quando se rompe isso e se quer impor um pensamento moral racional (a igreja usa muito Platão e Aristóteles para isso), se nega o vincula da realidade. Daí vamos ter, na filosofia nietzschiana, o amor fati, o amor a realidade como ela é e não um ideal. Para Nietzsche – tanto que ele vai elogiar o budismo por se apegar no agora – o importante é ter o agora e não o amanhã, mesmo o porquê, você vive agora. Ai que está, a geração floquinhos de neve pegou o niilismo do modo clássico e não vê nada de essencial dentro da existência. 

Outras características – e o próprio Nietzsche faz parte nisso – que  criação foi feita no viés protestante. Não que eu acho que a ordem moral cristã não gera nada, porém, essa imposição dessa moral se concretiza com a implantação da ignorância. Não foi culpa nem dos reis – que na verdade eram senhores governantes de feudos – e nem da igreja romana, mas, estamos num mundo com varias guerras. Não existiam mais as cidades, o que existiam eram feudos – alguns eram propriedade rurais romanas – e não tinham tempo e nem o porquê escolarizar. O maior monarca medieval franco – o reino Franco era da Alemanha até a França – Carlos Magnos, era analfabeto e nem assinava o nome. Portanto, o protestantismo pega e faz o contrário, letras todas as pessoas que queiram, fazem das pessoas letradas um canal da sua doutrina. Mas, veio a revolução burguesa da França e colocou fim as monarquias – restaurando as democracias, e o protestantismo teve um papel importante nesse vinculo – e se começa a separar as universidades, que antes eram da igreja, e colocar elas no ensino laico. Dai vamos chegar até o século dezenove onde Nietzsche dizia que íamos entrar num baita niilismo (o mundo ideal), onde viu que a ciência botava a regra, quando nem tinha acabado a discussão sobre a moral. 

Ao mesmo tempo que o protestantismo tira o povo da ignorância total, eles colocam ele num mundo ideal e romantizado que só o amanhã pode ter um mundo melhor. Por que amanhã se vivemos hoje? Por que eu tenho que esperar um paraíso? Nietzsche diz, que o grego não esperava o amanhã e fazia hoje. Quem não sabe a história dos 300 espartanos, que sem fraquejar, segurou as tropas por dois dias? Claro, que no filme foi tudo romanceado, porque é baseado num quadrinho homônimo de Frank Miller que só mostra o lado espartano, embora, no segundo filme, mostra a parte ateniense. A questão foi muito mais sangrenta do que aquilo – se você achou que o filme foi sangrento, a historia contada é muito pior – mas, fizeram o que tinham que fazer, no agora. O grego amava o seu destino, ele não se preocupava com o amanha porque acreditava na morte heroica. Hoje, nada temos para acreditar, porque o século vinte mergulhou no niilismo cultural, e quando houve uma reação nos anos sessenta, o poder “demonizou” esse movimento e as religiões chamaram de um movimento degenerado. Claro, que alguns exageraram. Porém, outros viveram a liberdade. 

No Brasil a coisa se degenera porque há vários interesses de deixar o povo ignorante. Foram seculos de alienação desaviadas que culminaram em 15 anos de presidentes ignorantes, deputados artistas e por ai vai. Nunca tivemos um plano de modernizar o Brasil. Porém, com essa “onda” niilista mundial, o Brasil não fica atrás. Jovens que não tem nenhuma noção da harmonia – até mesmo os rockeiros e metaleiros tem noção de harmonia – sem nenhuma noção daquilo que é bom e os valores nobres (até mesmo, um ideal verdadeiro) somos uma sociedade com uma juventude liquida. Uma juventude que faz drama por tudo. Quer ter razão em tudo. Não gosta de ser frustrado em nenhum momento.


terça-feira, 19 de março de 2019

Terça Livre e a mídia canalha que deseduca e colabora com a ignorância






Amauri Nolasco Sanches Junior

Lendo a última postagem do Terça Livre – um site “jornalístico” olavista – no Twitter, monstra como as pessoas ainda acreditam que toda a esquerda do mundo é comunista. Claro, que em resposta ao post do Alan dos Santos – aquele que disse que a masturbação mata neurônios – o jornalista e editor, Carlos Andreazza, foi irônico em dizer “Fox News Comunista”. Por que? Porque todo mundo sabe que a Fox é de direita e nem toda a esquerda é comunista, porque nem toda a esquerda é comunista e não temos nenhuma conspiração comunista em curso. Se teve alguma conspiração comunista algum dia, ficou nos escombros do Muro de Berlim que está numa sala de algum colecionador.

Em primeiro lugar, quem faz criticas a alguma coisa nem sempre quer destruir aquilo. A crítica jornalística não é uma crítica do senso comum (vulgo achismo), que é só falar mal e quer destruir, não se quer destruir. Em qualquer trabalho tem que ter um contraponto, porque é assim que tudo é e sem crítica, as pessoas acham que estão certas. Isso vale para o presidente Bolsonaro, sem a crítica ele não tem um contraponto, não terá uma boa governança. Já na filosofia – mesmo eu sendo formado em publicidade e TI, eu também sou filósofo e é minha área – a crítica vai muito além do apenas falar mal (juízo de valor), de uma pessoa ou de um governo e sim, uma análise mais profunda. Mas, como podemos cobrar profundidade se nem o mestre do Allan dos Santos e do Terça Livre, Olavo de Carvalho, tem essa profundidade? Há algumas nuances na arte filosófica que o Olavo não entendeu e nunca vai entender, porque ele odeia que critiquem ele e seus discípulos mais fieis – devo confessar que aprendi muitas coisas lendo os textos dele – também odeiam que o critiquem.

A questão do Olavo de Carvalho não é tanto ele achar que Descartes foi um filósofo subjetivo e não era um filósofo digno da igreja católica ou que Epicuro era um filósofo hedonista (todas lendas criadas pela igreja católica até mesmo, a masturbação mata neurônios do Allan dos Santos), nas, ele se apegar a pratica do Troll clássico. Um troll clássico (o hater é uma evolução desse troll), é na verdade, é uma gíria virtual e é designado a pessoas cujo o comportamento ou comentário desestabiliza uma única discussão. No mundo virtual, o troll é sempre aquele usuário que vai provocar e enfurecer as outras pessoas evolvidas em uma discussão sobre determinado assunto, com comentários bastante injustos e ignorantes. Já o hater, é um termo usado para descrever aqueles que não apoiam os outros e sim, tem inveja ou até mesmo, torcem contra para dar tudo errado o sucesso dos outros. Por isso, o Olavo de Carvalho adota como uma defesa, uma linha de trollagem, para atacar a pessoa e não as ideias, porque ele quer irritar e dizer: “está vendo? Ele perdeu a razão e fugiu do debate”. Ou, ele adota a linha, se a pessoa não sabe nada de mim, eu não vou debater.

A questão é: a imprensa não explica essas coisinhas básicas, elas ficam alimentando preconceitos ideológicos que a grande maioria – o senso comum – fica repetindo nas redes sociais. A verdade é uma só, Olavo de Carvalho (assim como seu arqui-inimigo, Paulo Ghiraldelli Jr) tratam suas redes sociais e suas plataformas de estudo, como uma imensa sala de aula e ponto. Descordo dele ou deles, ou você é chamado de burro (conheço o Olavo a bastante tempo), ou você é bloqueado. Os filósofos que estão na grande mídia, que realmente debatem, conversam com pessoas que tem o que debater e não tentar doutrinar as pessoas e eles (Olavo e o Ghiraldelli), não entenderam a filosofia (nem mesmo, a grande imprensa). Porque filosofia, no básico, é confrontar aquilo que é contrário e assim, fazemos a dialética (tese, antítese e síntese), que leva a ideia central daquele debate. Não existe debate filosófico sem ao menos, um confronto de ideias, senão, se torna verdades absolutas. Dentro do meio filosófico – desde Tales de Mileto, falando em um modo bem daqui do ocidente – a questão do contraponto é necessária, mas, não neutraliza a ideia contraria. Tales ao questionar a mitologia grega e dizer que a origem de tudo é o húmido, não eliminou o mito de Zeus e todo seu panteão. Olavo de Carvalho ataca o cartesianismo sem saber que o próprio Rene Descartes era católico devoto e cunhou o pensamento: “eu penso, logo existo”, por, exatamente, defender a existência de Deus. Isso mostra a sua ignorância.

Sites como da Terça Livre mostram uma tática rasteira de trollagem e exagerar para, exatamente, chamar atenção e polemizar. O olavismo cultural se instala dentro dessa tática e no pensamento de hoje.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Bettina e a filosofia – uma análise da imagem e da linguagem







Amauri Nolasco Sanches Junior

Quem é essa tal de Bettina? Só é uma mulher que investiu um dinheiro que ganhou do pai ou é mais uma invenção de uma empresa financeira? Uns falam que ela é uma herdeira de um patrimônio milionário de uma família rica, outros desconfiam e acham que é apenas uma atriz que se faz de uma garota rica herdeira. A pergunta é: qual a importância de fazer um meme (ironia com a vida cotidiana), de uma propaganda e não vai a fundo na analise dessa propaganda? Será que as pessoas já estão se perguntando se esse mundo do “capitalândia” não é toda essa fantasia de ter liberdade e fazer tudo que quiser? Não que eu seja favorável ao socialismo – que era outro parque temático social – mas, temos que analisar o que deu errado no capitalismo. Um sonho vendido de liberdade e não é a verdade. O capital aqui no Brasil, com altos tributos que as empresas têm que pagar, demoram muito para chegarem num capital tipo Amazon, tipo um Facebook e até mesmo, um Google. Muitas empresas de internet brasileiras, aliás, tiveram que ser vendidas.

As investigações da Operação Lava-Jato, mostra que as empresas mais bem-sucedidas são, exatamente, ou empresas que tem uma tradição de serem empresas mais velhas, ou empresas que tem um capital duvidoso. Não que isso acontece com todas as empresas. Existem empresas que vivem do varejo – como empresas de moveis ou de necessidades básicas – que tiveram bastante sucesso, como, por exemplo, uma Casas Bahia ou Magazine Luiza. No Brasil, só quando você vai fazer um passeio básico, você gasta R$ 200,00 brincando, vê o quanto é gritante os preços por causa da carga tributária. Eu sou autor independente e sei, que mesmo vendendo o livro em gráficas por tiragem – que aliás, é bem melhor do que pagar para editar um livro que é um absurdo – eu fico com 5% da autoria do livro, 20% a 30%, fica com a gráfica e os outros 40% a 50% fica de imposto. Se mostra que o Brasil não é um país pobre, mas, o Brasil mostra um auto teor de desigualdade. Porque, a partir do momento que você começa a dar preferência em uma determinada empresa, ou determinado produto, para talvez, dar uma valorizada, como acontece no mundo mobiliário, você começa a quebrar as demais. O mercado brasileiro – e isso reflete no governo – foca muito em uma determinada demanda, muito, imediatista e não enxerga uma outra demanda não tão imediatista assim. Empreiteiras são necessárias para obras (aliás, o esquema começa justamente, com a construção de Brasília), mas, uma livraria não é necessária por causa do conhecimento que ela produz. O poder aqui no Brasil – pelo menos, a sua tradição – remete as cortes que vieram de um legado latino (logo, romano), misturado de um teor da igreja cristã católica, que o conhecimento não é para todo mundo e aí que eu quero chegar.

Por que, por exemplo, uma Empiricus tem mais destaque numa plataforma de vídeo (no caso, o YouTube), do que uma Saraiva ou Cultura? Pela nossa cultura. Os brasileiros, num modo geral, não gostam de estudar os assuntos porque ele não sabe interpretar aquilo e nós não tivermos um incentivo cultural. Toda a quinquilharia ideológica dentro das músicas, os incentivos do senso comum, que saem um funk ou um axé, é um reflexo claro disso. Dentro de uma perspectiva cultural, você tem que elevar o conhecimento, para elevar a produção e elevar as maneiras de evolução e redimensionar as obras culturais, num nível que mais gente possa ir além daquilo que podemos se ater em analises e gostos muito elevados. Esses níveis baixos do ensino refletem nas redes sociais em produção de memes (que são analises rasas do assunto), produção de notícias falsas (fake news), músicas que degeneram a cultura do ser humano racional (não num aspecto moral, mas por ser músicas fáceis de se decorar como se fosse a literatura de autoajuda), todo um aparato de coisas para “atrofiar” o cérebro e os donos do poder acharem e empurrarem coisas desnecessárias. Como as tomadas com três pinos, como o kit dos primeiros socorros, como inúmeras empresas que usam pirâmides como base de negócio e agora, a modinha do coaching.

Se as pessoas daqui tiveram uma escolaridade meio “porca”, claro, que a interpretação daquilo que elas estão vendo fica difícil. Para uma análise bem mais profunda devemos perguntar: será que as empresas e o governo preferem cidadãos com boa instrução ou com má instrução para não questionarem certas coisas? Será que esse questionamento é uma tiração de sarro da Bettina ou é um despertar da consciência? Meu modo de ver o mundo é bastante cético, as pessoas sempre vão se revoltar quando estiverem com necessidades, e toda essa revolta de 2013, foi a necessidade de lutar por uma causa (20 centavos). Todas as revoluções dentro da história humana, ou tiveram motivações da classe burguesa (como foi na revolução francesa que terminou em ditadura e o termino com Napoleão), ou vão usar isso para a renovada do poder. Resumindo: a sopa é a mesma, o que muda é sempre a mosca. Não há sexo, não há dinheiro, mas, só há uma questão de poder. Bettina é tão escrava quanto o gari que limpa nossas ruas, porque ela acha que pode te ensinar a investir em uma fórmula quase mágica. A pergunta que eu faço vendo o comercial da Empiricus é: para que eu quero ter um milhão de reais se para ter esse um milhão eu tenho que pagar? Então, espera aí, para ficar rico eu tenho que deixar outra pessoa rica e isso parece muito o esquema de pirâmides. No mesmo modo, quando eu vendo produtos de alguma loja ou de cosméticos, eu tenho que comprar aqueles produtos. Só que eu ganho muito pouco e não terei lucro. E por outro lado, o esquema de pirâmide é crime.

Eu vejo no Instagram as pessoas gastando dinheiro em viagens (como se eu quisesse ver essas viagens), pessoas que querem gastar em baladas (como se eu quisesse ver essas baladas ou shows sertanejos), e não se perguntam o porquê disso tudo.  No mesmo modo, quem quer os cursos para se chegar a um milhão. Por outro lado, Bettina no vídeo não dá formulas milagrosas, ela diz que transformou o dinheiro que ela ganhou em uma quantia mais alta. Para mim, isso não é o problema. a questão da empresa é usar um marketing agressivo e exagerado (que torna esse tipo de propaganda, rejeitada). Não, as pessoas não leem artigos com nomes de filósofos fazendo coisas cotidianas. Não, as pessoas não querem ver vídeos toda hora no YouTube. Elas querem ler e ver vídeos que confirmem a suas crenças, religiosas e ideológicas, como se fossem bolhas. Talvez, a Empiricus tenha exagerado para exatamente sair dessa bolha que os algoritmos têm transformado o debate público. A questão é: qual o preço dessa bolha? O governo Bolsonaro pagou o preço alto nesta questão, preço esse de ser escravo de uma ideologia fanática e de pouca eficiência dentro do marco civil brasileiro. Talvez, a Bettina só seja um começo da nova era chata e que não tem nada de bom para deixar para o futuro.

sexta-feira, 15 de março de 2019

O problema da religião dos Chans e a solidão juvenil







Amauri Nolasco Sanches Junior

Eu tinha acabado de assistir ao filme Coração Valente – onde Mel Gibson dirigia a atuava – e queria saber o que vinha antes da idade média. Porque eu, nessa época, só tinha a quarta série e ia numa oficina abrigada numa entidade famosa aqui em São Paulo. Descobri que antes da idade média veio a idade clássica, onde se começa com os gregos e termina com os romanos. Eu tinha acabado de ganhar uma coleção de livros Os Pensadores – que vinham com o jornal Folha – do meu pai e lia muito entretido aquilo e comecei a pesquisar sobre o assunto na internet. Filósofos que interligavam tudo que eu ouvia falar e comecei a ter acesso a textos. Isso era internet discada e eram limitadas as minhas entradas na internet, ou eram nas madrugadas solitárias ou eram nos finais de semana.

Lógico, com a banda larga que chegou em 2002, o acesso à internet ficou mais livre e o conteúdo amentou monstruosamente. Com a internet irrestrita, com vários conteúdos variados, o sonho de liberação do conhecimento ficou muito mais restrito. Educamos os jovens a ter uma rapidez das suas vontades. Ninguém quer mais esperar. Aliás, construímos um mundo liquido que não tem mais uma solidez de valores sérios e de um olhar crítico dentro das informações que estamos recebendo. Eu passava horas lendo um texto em websites, porque eu fui educado a ler, incentivado a procurar o conhecimento. Não coisas fúteis. Mas, não sou santo não, vi muitas mulheres na internet, vi muito vídeo pornográfico e essas coisas, mas, não coisas destrutivas. A internet é uma coisa vasta que merece nossa atenção mais plena.

Vamos falar do conhecimento – num modo até mesmo, espiritualista – porque acho que não ficou tão claro. O que faz uma informação virar um conhecimento? O entendimento. Não adianta você vê uma rosa vermelha sem entender o que é uma rosa e o que é ser vermelha, além disso, nós aprendemos na escola, que na biologia a rosa é uma flor e a flor é o órgão reprodutivo dessa flor, ou se for uma árvore, além da flor tem um fruto. Na gramatica, rosa é um substantivo que dá nome em uma espécie de flor, e vermelho é um adjetivo, porque cor é uma qualidade. Eu sei disso porque eu li e entendi. Entendi lendo com atenção, saber ouvi os outros, porque a maioria não dá atenção para o outro. Eu quero ter aminha opinião, não tenho tempo de pesquisar e ponto. Posso ser mal-entendido, mas, eu vou escrever mesmo assim.  Se você não incentiva seu filho da leitura e se ele não se interessa por nada, ele não está preparado para ir na escola porque escola é para estudar. No mesmo modo, podemos dizer, numa universidade. Numa universidade você vai ter um ensino superior, porque não é só restrito em uma sala de aula, é amplo. Não podemos achar que se eu faço publicidade, eu só vou ler sobre publicidade. E se você não ler, pior ainda, porque você sempre vai ser um publicitário menor. Se você chega ouvindo funk, ou só falando de banalidades na TV, você não é um universitário.

Um engenheiro, por exemplo, tem que saber que pedra, areia e cimento, faz o concreto e sem o concreto, as estruturas de um prédio não se sustentam. Como já aconteceu de um prédio cair, porque as estruturas foram feitas de areia e pior, areia de praia que corrói os ferros do alicerce da viga (por causa do sal do mar, que é rico de sódio). Na publicidade – que é uma das minhas áreas – se você não tiver uma vasta leitura de onde vão tirar inspiração para as peças (chamamos as propagandas de peças)? Na engenharia urbana, se sabe (ou podemos achar, que se presume), que para recapar um asfalto tem que quebrar toda a rua e manter o nível (nivelação, na verdade), da via para não causar um acidente. Acontece, que a juventude está sendo educada – muitas vezes, pela internet e pela TV – a terem tudo na mão, não ler nada e tudo é copiado e colado. Muitas vezes, até mesmo por causa da grade escolar e universitária (eu sei, porque dormíamos 3 horas da manhã para entregar um trabalho), incentivam a serem copiadores de outros trabalhos. Afinal, em um trabalho escolar não se pode ter a opinião do aluno, não se pode comentar de forma crítica, atuações e não se pode ir a fundo. E o mais importante, não temos aula de ética, nem nas universidades e nem nas escolas. Daí vem o meu lado espiritualista – para mim, há um lado espiritualista critico que não se amarra na religião.

Nem todo mundo tem uma evolução espiritual para certas matérias. Existem pessoas que aprendem rápido e estão a frente daquelas que estão aprendendo mais lentas, então, elas têm mais tendência de desenvolver uma solidão. Vamos imaginar que você está numa sala de 30 pessoas e só você gosta do Metallica (presumindo que a maioria conhece a banda de trashmetal), por exemplo, e você comenta para um seu gosto e esse um não curti, o outro diz que você enche o saco e o funk é o melhor e mostra a realidade da vida. Você se sente sozinho. Porque o Metallica, na verdade, é algo subjetivo de quatro homens que são seus ídolos (até mesmo, a imagem do James, o vocalista, ajuda um pouco), e você queria ser poderoso e todo “foda” igual eles. Todas as pessoas tiram um barato de você que gosta de Metallica e diz que os outros gêneros são os melhores, sem namoradas, porque você é estigmatizado como satanista (o rock e mais o heavy metal, tem essa imagem no Brasil). As meninas preferem os caras que usam chapéu de Cowboy e vão nos rodeios (em grande maioria).

Espiritualmente, esse problema é analisado desta forma. Você já é mandado para um planeta primitivo para ajudar eles a desenvolver a tecnologia e a forma biológica. Porque, nem todos os espíritos podem habitar o corpo de um ser humano, eles devem ser modificados geneticamente para isso. E tem um outro porém, com esse conhecimento todo, podem ter uma tendência assassina e de má índole para cometer atos brutais. Lógico, isso não é uma “desculpa” para essa juventude sair atirando em todo mundo, que deve ser corrigida com educação, mas, devemos ter um olhar muito mais amplo das tendências humanas que são, também, tendências espirituais. Como pode ser almas daqui mesmo e que, poderiam ser generais genocidas, guerreiros bárbaros e outros tipos de coisas desse gênero.

Continuando. Você encontra um fórum que gosta e que incentiva que todo mundo que não gosta do Metallica é o inimigo, que você deve eliminar e quando isso acontece, eles te veneram. a questão é muito mais ampla até para o aparecimento desses fóruns chamados chans, porque tem a ver na educação do NÃO e a narrativa do vitimismo. Tudo é culpa do outro quando não limitamos a nossa vontade. Todo mundo, pelo menos no ocidente, é assim. Podemos ver em simples frases. Todo homem é igual, por exemplo, que remete em generalizar uma escolha sua e que é incentivada na escola. Porque a menina quer o cara fodão que tem várias meninas e é conhecido, ela não quer o estudioso, o chato que só fala de games ou coisas desse tipo. Depois, ela começa com esse tipo de narrativa. Claro, eu acho traição abominável seja por mulher ou por homem. A questão sempre gira em torno da educação, porque na educação, se ensina limites e regras para a vida.

O melhor terapeuta que temos é o NÃO. Para mim, o NÃO lhe dará limite dentro das coisas e dentro da vida. Afinal, nem tudo na vida você terá, você não vai ser cuidado por alguém a vida inteira e não pode certas práticas. Outra coisa, eu defendo um ensino que é cético e laico, que não tenha religião ou nenhuma ideologia, assim, saber questionar. Porque, a nossa sociedade é tão fanática, que ensina as crianças sempre não questionar. Será que se as crianças questionassem ou criticassem, haveriam esses gurus nesses fóruns? Será que se houvesse um ensino ético, houvesse alguma coisa desse tipo?  

terça-feira, 12 de março de 2019

O Estadão não mentiu e a “punheta” intelectual do Terça Livre




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Amauri Nolasco Sanches Junior 

Alguém um dia disse que os ingênuos acham que o mundo é comandado por sexo, outros menos ingênuos acham que é o dinheiro. Aqueles que são conscientes sabem que é o poder. Vimos milhares de vezes na história humana, que pessoas morreram lutando por poder. A guerra de Tróia não era sobre o amor que Menelau tinha por Helena – que foi um casamento arranjado e por outro lado, Helena não era de Tróia e sim de Esparta e era ela herdeira do trono do pai – mas, foi um pretexto, para seu irmão, Agamenon, ir atacar Tróia. A parte menos importante desta história é Helena. Mas existem outras histórias que nos remetem ao mesmo dilema. O poder. Nossa parte primitiva de querer ser o macho alfa, ser o reprodutor que dará uma prole mais viril para continuar nossa espécie, levar tudo que nós construirmos a diante. E não importa. Seja os trezentos espartanos do rei Leônidas I, da cicuta que matou Sócrates, da crucificação de Jesus, tudo tem a ver com o poder. O poder te dará status e privilégios. 

O mais engraçado é que o próprio poder moveu tanto o sexo, como o dinheiro. Na área evolutiva, estamos bem perto dos bonobos (espécie de chipanzés mais mansos), que temos uma hipótese. Viveríamos em um paraíso cheios de comida, então, houve alguns fatos genealógico que separou a espécie humana – ainda macacóide – com nossos primos evolutivos, bonobos. Eles ficaram com a parte da fartura e nós ficamos com a parte que existia menos fartura, assim, eles ficaram pacíficos e ficamos agressivos. O poder tem a ver com isso. Porque os mais fortes tinham que levar os mais fracos para onde tinham farturas, onde conseguiriam comer e sobreviver. Mas, é só uma hipótese. A questão do ser humano sempre foi complexa, sempre foi alvo de vários estudos que mostram que o ESTADO foi criado por causa do cultivo. Os clãs nômades nunca ou bem pouco, se encontravam. Quando houve o assentamento, houve uma grande concentração de pessoas e assim, teriam que ter regras de convívio e uma renovação de poder. Porque o chefe do clã era ineficaz. 

Hoje escolhemos a democracia. Só que a nossa democracia é muito mais ampla do que a democracia ateniense antiga (grega), que tinha restrito um número de quem poderia votar e ser votado e ainda, nem todo mundo votava. A grega clássica é direta, a nossa, é representativa. Acontece, que nosso instinto de poder não mudou. Alguns antropólogos até dizem, que os seres humanos não puderam evoluir completamente. Ou seja, somos os mesmos caçadores e coletores que tinham clãs e tinham uma relação de poder mais direta, não tivemos tempo de assimilar nossa consciência mais ampla. É fácil analisar em fatos históricos. A maioria das condutas morais que o ser humano vem construindo dentro das inúmeras sociedades – que podemos colocar como um conjunto de clãs – são instintos primitivos de um medo que não existe, a capacidade de invenção de pensamentos, não foi, totalmente, assimilada. Se você não der carinho para a outra pessoa, não haverá família (porque somos animais que sentimos prazer). Se você é criticado, essa crítica, muitas vezes, não é a crítica do senso comum e sim, uma análise de fora das paixões. Paixões essas, que podem cegar várias analises importantes. 

O poder é uma grande defesa do orgulho que temos de estar no comando e que somos humanos e não, deuses. Mas, sendo nas famílias ou sendo na política, ninguém está fadado ao fracasso de ter errado e acertado. Ninguém é infalível. Existe pai que bate em nenéns e matam. Tem mães que acham que a filha tem que casar com homens que ganham mais – numa forma de prostituição – e tirar essas mulheres do atoleiro que se encontram. Existem pai que ainda acha que a sua religião é a certa e os filhos devem segui-las. Talvez, por sermos símios, temos a tendência sempre de achar que podemos bajular o mais forte (por obter vantagens) e atacar o mais fraco. Isso, foram estudados e é tema de doutorado, que chefes e governantes, matavam populações inteiras por causa do grande crescimento populacional e não haveria comida (falácia, porque jogos do tema mostram que quanto mais a população cresce, a produção fica maior). Mas, por outro lado, governantes sempre quiseram impor essas leis morais por causa do controle dessa população. Moises foi muito competente quanto a isso, quando fez todas aquelas leis que até hoje, o judaísmo – uma parte do cristianismo – ainda seguem. Seja Moises ou seja o presidente dos Estados Unidos, o que faz essas leis morais tão poderosas? A informação. Reis tinham o decreto. Os profetas e líderes espirituais, tinham seus discípulos. Hoje, o poder conta com a ajuda da mídia (audiovisual e escrita), para passar o que querem passar. Ainda, existem as mídias sociais. 

A internet possibilitou você informações inúmeras, ainda possibilitou você em dar opiniões. O site do Terça Livre é um site de opiniões. Acreditar em um site que diz que masturbação – que não tem base nenhuma cientifica – mata neurônio, é perigoso. Seria o mesmo que falar que as mãos ficam peludas. Mas é fácil detectas pessoas frustradas que foram criadas dentro de uma redoma, dentro de uma moral religiosa, ficarem propagando suas ideias distorcidas. O grande guru dessa direita, Olavo de Carvalho, sempre fez essas afirmações e sempre comprou o discurso conspiracionista da direita norte-americana. Não há e nunca haverá uma conspiração comunista, porque, em primeiro lugar, os petistas nunca souberam o que é um comunismo. Lula nunca leu um livro. Deputados do PT, recentemente, declararam que nunca pegaram um livro na vida. E em segundo, isso cheira moral de comunidades medievais que seguiam a igreja de modo doentio. Claro, não temos fogueira nenhuma (mas temos os inquisidores de reputação). Aliás, existem padres dentro da igreja católica, que defende que as missas fossem em latim e o padre ficasse de costas, como na idade média. Acreditar em pessoas desse tipo, beira a esquizofrenia. 

A relação que temos do poder é uma relação de informação e assimilação. Como disse, reis e governante, sempre impuseram leis morais através dessa informação. E como disse inúmeras vezes nas minhas discussões, eu não confio em números estatísticos, não confio em afirmações entre aspas de falas que não estão lá. Por outro lado, o povo reclama, mas, acaba sempre compartilhando do mesmo e sempre num viés bem ideológico.



sábado, 9 de março de 2019

O mijo do Twitter e o mundo que não pensa






Amauri Nolasco Sanches Junior

Estou lendo o livro O Mundo que Não Pensa de Franklin Foer – que trabalhou vários anos no site de notícia da Microsoft – e achei a visão dele bem interessante. Estou no terceiro capitulo que ele está falando do algoritmo e do Facebook – achei interessante a parte que ele desmistifica os hackers e esclarece que quem invade não são os hackers e sim, os crackers – onde, segundo ele, os algoritmos fazem as pessoas lerem ou comprarem conforme as tendências de procura. Isso não é mentira. Várias vezes eu procurei rodas para a minha cadeira de rodas, e apareceram no meu Facebook várias propagandas de rodas. No mesmo modo, eu procurei o nome de livros e apareceram no meu e-mail os mesmos nomes dos livros da Saraiva e da Cultura (falidas por incompetência). Só que Foer não enxerga uma coisa: antes mesmo de toda as bugigangas criadas pelo Vale do Silício, incluindo as redes sociais, como uma ideologia dos anos 60 para facilitar a humanidade, existe a vontade e o NÃO.

Eu fui criado na filosofia do NÃO. Não é tudo que você vai ter quando você quiser. Nem todas as pessoas vão concordar com você. Você não vai ser unanimidade. Nem todo mundo vai ser teu amigo. Nem tudo você vai poder fazer. Nem todas as coisas são importantes. Você não pode deixar que as pessoas te humilhem. Você não é obrigado a concordar.  Assim, entre um sim eu lavava dois não do meu pai e da minha mãe para me educar. Portanto, eu não compro se recebo esse tipo de anuncio. Aliás, eu compro tudo aquilo que eu tenho vontade de comprar e não aquilo que me enviam como imposição consumista. Eu leio o que eu quero ler. Eu falo o que eu quero dizer e ouço o que eu quero ouvir. Eu ouço metal desde meus 12 anos de idade e nunca deixei de ouvir por causa de amigos ou parentes. Daí entramos em uma outra filosofia, a do NÃO.

Eu acho que quando você diz NÃO – seja daquilo que você não gosta ou daquilo que você não sente vontade – você constrói uma narrativa solida dentro de uma consistência de caráter. Eu não gostar de funk, por exemplo, isso não quer dizer que não vou ser um amigo que não vai ajudar ou não vai conversar com uma pessoa que gosta. Eu tive amigos que adoravam futebol e nem por isso – por não gostar de futebol – eu assistia jogos porque ele gostava e não sabia de assunto nenhum. Por que? Porque o meu caráter foi construído dentro daquilo que é verdadeiro, daquilo que eu sou de verdade. Eu nunca gostei de me construir a partir do ambiente no que eu vivo. Mesmo em ambientes que a maioria gostava do Roberto Carlos, eu ouvi o Roberto Carlos.  Mesmo em ambientes que as pessoas gostavam de sertanejo, eu comecei a gostar de sertanejo (que eu acho muito pop para ser o sertanejo raiz). Assim a construção de nosso caráter, vai se tornando cada vez mais, a partir do que a massa acha que eu devo gostar.

O problema de teses como de Foer, além de serem românticas (que não tem nada a ver com o amor de duas pessoas, mas, um medo quase irracional com a tecnologia e os avanços científicos. Começa com romances como Frankstein), são teses que esquecem que o ser humano é um ser racional. O que acontece que somos educados, tanto pela nossa cultura ocidental, quanto pela escola (as universidades, principalmente), a não ter uma visão crítica de perguntar o “porque” daquilo e o “porque” eu devo fazer isso ou aquilo. O porque eu devo seguir tal religião que a minha mãe segue? O porque eu devo ler esse livro que estão me mostrando no e-mail? Será que isso é importante ou é prioridade? Porque não devo comer aquilo que eu tenho vontade? Porque a ciência diz que devo vacinar? Afinal, Aristóteles disse a mais de dois mil anos, que os homens tendem a ter o conhecimento, procura o saber. As redes sociais só são ferramentas, os algoritmos só são ferramentas. A tendência de massificação começa com as nossas atitudes de ir na onda para ser aceito. Se eu não tenho vontade, não posto no Instagram. Se eu não tenho vontade de postar no Facebook, eu não posto. O NÃO é bastante libertador.


sexta-feira, 8 de março de 2019

#SerMulherComDeficiênciaé







Amauri Nolasco Sanches Junior

Eu acho que nesse Dia das Mulheres veio a calhar um tema bastante complexo que é ter deficiência. Há negros com deficiência. Há homossexuais com deficiência. Até mesmo hoje, há transexuais com deficiência que querem o mesmo respeito que as pessoas transexuais sem deficiência. Mas, há também as mulheres com deficiência que querem respeito e não são anjos e sim, seres humanos que tem seus desejos e seus sonhos. Não é que uma pessoa tem deficiência que ela não vai ser um ser humano e não vai ter seus desejos e sonhos. Afinal, todos os seres humanos tendem a felicidade, nós pessoas com deficiência, mesmo com nossos limites, tendemos a essa felicidade.

Eu nada tenho contra o cristianismo, até gosto de muitos ensinamentos de Jesus e acho os Dez Mandamentos de Moisés, um ponto chave para o êxito ético (não essas interpretações vagabundas), mas, sejamos verdadeiros, a maioria dos preconceitos tiveram o aval da igreja cristã. Contra negros inventaram que a África era o território do filho de Noé amaldiçoado. Contra os homossexuais começaram a ler as epistolas de Paulo de Tarso literalmente – ainda, eram machistas porque achavam que só os homens eram gays. Começaram a pegar a filosofia de Platão e Aristóteles sobre perfeição, e começaram a catalogar o que era perfeito e aquilo que não era perfeito. Além disse, já havia rejeição das pessoas com deficiência. Os espartanos matavam os meninos com deficiência. Os atenienses deixavam ao relento para animais comerem os bebes com deficiência. Até a idade média – já que os germânicos também tinham esse tipo de pratica – muitas crianças com alguma deficiência, eram recolhidas pela igreja (aquelas que não eram queimadas como demônios), muitas eram usadas como pedinte de esmolas por outras pessoas. Sempre fomos explorados, porque as outras pessoas sempre nos colocaram como paias do mundo.

Há vários relatos de pessoas com deficiência, dentro da história humana, que foram sim importantes. Como Claudio I – padastro de Nero – que, além de ter uma habilidade militar muito boa, também foi imperador e indícios mostram que ele tinha paralisia cerebral. O filho de um dos reis Vikings, Ragnar Calças Peludas (por causa das calças que usava de pele de animal), Ivar o Desossado, que era pessoa com deficiência e invadiu a Inglaterra. Temos, como mulher, Helen Keler, que era cega e surda e fazia poesias e escreveu vários livros. Essa visão, meio vagabunda, de pessoas com deficiência que são diferentes das outras pessoas, sempre fomos estigmatizados como assexuados e pessoas sem alma. Não andamos, porque não temos fé. Não podemos namorar porque não podemos prover. Não podemos andar por aí porque não podemos atrapalhar. Não podemos nem sentir desejo, porque as pessoas acham que nós não desejamos nada.

Acontece, que hoje em dia, sabemos que as mulheres com deficiência são assediadas, são estupradas, recebem vários assédios psicológicos da família, dos homens. Existem violência sim, contra todo tipo de mulheres com deficiência que as feministas não falam – existe um texto chamado “Feministas comdeficiência: onde estão? ” – e ainda, são dominadas por causa da sua dependência. Será mesmo que essas mulheres não merecem respeito?

quinta-feira, 7 de março de 2019

Da lava jato do MEC ao vídeo pornográfico do Twitter presidencial



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Amauri Nolasco Sanches Junior


A educação sempre teve uma ligação com a política. No ocidente, se começa a ter uma educação a partir das polis gregas que, em pontos específicos, se construíam uma maneira de ensinar suas crianças. As maiores potencias gregas na antiguidade eram Esparta e Atenas, que disputavam a liderança das polis politicamente e economicamente. Na verdade, a Grécia antiga (Hellás), eram um conjunto de cidades-estados que falavam a mesma língua e, mais ou menos, tinha a mesma cultura (com diferenças pequenas). A cidade-estado de Esparta, por exemplo, toda a educação e o bem-estar do cidadão ficava a cargo do Estado (o governo e as instituições que fazem parte, como o judiciário e o legislativo, como já existia na Grécia), onde ao nascer, o menino passava por um exame no alto de um abismo. Se ele fosse fraco ou tivesse qualquer indicio de deficiência, era jogado sem pena nenhuma no abismo. Aos 7 anos de idade era largado nas florestas, tinha que apanhar sem reclamar e assim, nasciam guerreiros. Essa educação se chamava agogê. Já em Atenas, existia um sistema de educação chamado de Paideia, onde só os meninos eram alfabetizados e a elite dominante, tinha o direito.

 Desde muito tempo, a educação sempre procurou perpetuar uma cultura social as crianças. No mundo grego – principalmente, em Atenas – esses valores eram valorizados dentro do Ethos, que seria a alma e a essência do que era ser grego. Porém, a morte de Sócrates por envenenamento por cicuta – mesmo Alberto Camus dizer que a filosofia começa ali – mostra que o Ethos grego, já estava perdendo seu significado. A estagnação do Ethos ateniense – que dominava a maioria das cidades-estados da época – é um reflexo daquilo que se acostumou como educação. Mas, também somos herdeiros da cultura romana, pois, a cultura latina dominou vários séculos uma boa parte da Europa e por isso mesmo, deveria educar suas crianças para serem cidadãos (herança mais que direta da cultura grega). Só que o Educare romano era muito mais universal dentro do império, pois, os cidadãos romanos herdariam a honra de serem romanos, os civilizados (mesmo tendo lutas de homens até a morte como entretenimento e cristão, mais tarde, serem comidos por animais). Mais tarde, eles vão ter o mesmo orgulho como cristãos e acharem que eram mais civilizados, porém, queimavam pessoas só por causa de ataques epilépticos.

Os gregos nos deram a filosofia, a política (a democracia e o termo político que veio do politikon que significava cidadão da Polis, por isso mesmo, a expressão de Aristóteles), os romanos nos deram o direito que, até hoje, usamos. Os latinos nunca foram bons em inventar, sempre pegaram as filosofias ou as religiões que gostavam – tanto que pegaram várias coisas da cultura etrusca ou grega, como a filosofia estoica – e empregavam como meio de vida. Isso se pode ver, também, quando eles se apropriaram da religião cristã, para tentarem sustentar seu império que não deu muito certo. O caso tem várias controvérsias. Mas, a questão, que antes da idade média – no meio das inúmeras invasões dos povos germânicos, dos hunos (mongóis), dos povos escandinavos (viking) – a política vinha num viés bastante ligado a educação. Ainda hoje, a questão educacional em muitos países, elas se tornam prioridade por casa da cidadania popular. Não se pode discutir qualquer pauta se você não tiver o mínimo de instrução para poder discuti, se não, fica uma pauta dos problemas seus e não da maioria.

Hoje, com os governos contemporâneos, a educação tem uma grade analisada (que há uma suspeita de manipulação desse conteúdo) por comissões governamentais, que por vários momentos, muda ou renova aquilo. A pergunta é: para que, por exemplo, se ensina o teorema cartesiano? Ou porque ensinar matérias que só vão fazer gastar tempo e dinheiro de análise? Acho, que as pessoas aprendem a Fórmula de Bhaskara (quando se aprende), e não aprendem noções básicas de ética, noções básicas de comportamento (talvez, uma noção da etiqueta verdadeira), noções básicas de convívio social. Se você tiver um convívio com pessoas diferentes do padrão – imposto pela tradição e pela mídia a anos – você vai aprender que ela é assim, mas, ela pode ter a mesma opinião que você, ela pode pensar igual você. Os governantes do PSDB, são cheios de implantar cursos técnicos de capacitação tecnológica ou de outra aérea, mas, se você não ter noção de ética dentro de um curso de Técnico de Informática ou Administração, isso tira a importância do curso. Porque a ética vai te dar o limite necessário de respeito do outro, sendo da tecnologia, ou sendo da administração, que está fazendo falta.

O que está acontecendo é que o conhecimento está sendo uma mercadoria – não sou a favor do socialismo e suas nuances pejorativas – e as universidade (aprende na pratica) e as faculdades (aprendem na teoria), perderam a sua essência. Porque o sujeito não vai lá aprender aquilo porque gosta ou porque quer o conhecimento, ele vai lá aprender apenas porque tem que ter uma profissão. Eu, quando fiz meus supletivos e depois, fiz um ano e meio de universidade, eu ia nas bibliotecas ler livros (mesmo não sendo da matéria). Meus colegas liam o básico e ainda, ficavam ouvindo funk, comentando Big Brother Brasil, conversando de carros e outras coisas. Na verdade, não é a escola que deve ser boa ou ruim, mas, as pessoas deveriam ser educadas a serem dedicados aos estudos. Outras pessoas só veem e ensinam para o filho, que ele deve ter uma profissão para ganhar dinheiro, para ser bem-sucedido. As grandes companhias de informática do Vale do Silício, não terminaram a universidade. Porque é o dom, é a maneira de fazer aquilo que gosta e sente prazer e não um escravo das empresas.

Nesse processo tem sim gastos desnecessário de educação, gastos que poderiam ser menores se a grade fosse básica. Uma das mais mitológicas academias do mundo, que é a Academia de Platão, só fazia uma exigência: "Que ninguém exceto os geômetras entrem aqui". A geometria era a matemática da época (já que a álgebra, entrou no ocidente por causa dos islâmicos durante a idade média e até mesmo, obras do Aristóteles e Platão) e era importante como um pensamento lógico (será que Aristóteles sabia geometria?). O mundo ficou burocrático e complicado porque se institucionou o conhecimento, para a quantidade ser mais importante do que a qualidade. Hoje o jovem começa uma universidade não tendo a consciência que aquilo é um ensino superior, não dá mais para ouvir um funk ou ficar vendo porcaria na TV, porque o conhecimento te dá, naturalmente, uma noção dentro da ética. Você não é mais adolescente. Você não tem mais a visão do que você tinha. Eu, por exemplo, depois que eu fiz o curso de técnico de informática, vejo os softwares de outro modo, eu já entendo seu funcionamento.

Por outro lado, as pessoas jogam para a escola o que é responsabilidade da família. Um menino encouchar uma menina da escola, não é A Lava Jato da Educação que vai resolver, a investigação vai investigar a parte dos gastos. Existe a ordem moral, que é familiar, e existe a ética, social. Existe a escolaridade que dará uma visão ética social (que os gregos clássicos chamaram de ETHOS), porque há um convívio social muito maior. A educação é moral, porque tem a ver com os valores que a sociedade valoriza. A educação sempre foi uma continuação de valores que a sociedade tem como prioridade. Claro, que existe valores que não cabem mais dentro do momento que se vive.


Quais nossos valores? Será que no Brasil temos mesmo valores ou são tudo maria-vai-com-as-outras?


segunda-feira, 4 de março de 2019

Golfinhos ateus e a sociedade com críticas vagabundas




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Amauri Nolasco Sanches Junior


“Considero ateísmo a posição filosófica mais simples. Um golfinho pode ser um ateu. Já um conceito de Deus exige músculos conceitual”
Luiz Felipe Pondé

As pessoas estão cada vez mais limitadas em seu próprio “mundinho” e mais focadas em ideias limitadas em uma só visão. Não entender uma frase elementar como está do Pondé, é além de uma limitação férrea de pensamento, ainda uma constatação de canalhice intelectual. Porque é muito mais fácil você dizer que aquilo não existe do que analisar o fenômeno religioso – todas as religiões – numa analise muito mais profunda e lendo os vários livros sagrados e todas as Gêneses.  Por isso, não consigo ler livros do biólogo Richard Dawkins, porque ele faz uma crítica vagabunda de um só viés de religiosidade mostrando uma verdade cientifica que não existe. Ontem, pesquisas cientificas levavam a um caminho, hoje elas levam em outro. Não existem verdades cientificas como as pessoas pregam, existem pesquisas que levam algumas hipóteses que vão ainda ser testadas. Mas isso não dá certeza nenhuma. Não temos certeza de nada.

Mas, essa frase do Pondé – que na verdade, é um conjunto de frases do artigo de 2009 da Folha “Budista light” – mostra um outro aspecto da nossa era, a dificuldade de entender uma simples frase. Por que? Porque são construções de um pensamento e um pensamento se constrói com conceitos (dentro da consciência) e se você não analisar um conceito (compreensão que alguém tem de uma palavra; noção, concepção, ideia.), então, fica uma crítica vazia. Muitas vezes, ou quase sempre, as críticas do senso comum são críticas vagabundas, porque são simplistas demais. Dentro da filosofia – pelo menos, a filosofia séria – uma crítica não é um julgamento de valor ou apenas um julgamento, mas, uma análise muito mais profunda sobre aquilo que as críticas devem ser analisadas. Ou seja, numa análise muito mais profunda. Sempre se quer simplificar aquilo que não se pode simplificar. Mas vamos a frase do Pondé.

Em muitas palestras, ele vem repetindo esse pensamento e é muito interessante. Qual a ideia central dele? É o modo vagabundo que as pessoas seguem algo. Alguns séculos atrás – na verdade, até os anos 80, mais ou menos, do século vinte – era impensável evangélicos não saberem o que estão seguindo, budistas tinham que seguir rituais, espiritas tinham que ler a obra cânone de Allan Kardec e etc. Hoje, como Pondé quis dizer no texto (que presumo que você leu), as pessoas não querem mais se aprofundarem nessas coisas e começam a seguir uma versão mais “light”. Assim, as pessoas não abrem mão daquilo que sempre fizeram. E por outro lado, as religiões estão muito mais preocupadas em número de seguidores, não existe uma ordem espiritual, mas, a religião virou um grande negócio. Porém, o ateísmo “toddynho”, é um fenômeno para as massas e fica repetindo uma coisa milhares de vezes até achar que vai te convencer, ou te encher o saco. Um outro fenômeno dentro desse tipo de ateísmo, é achar que é muito mais inteligente do que a maioria das pessoas. Para mim, só simplificou e inverteu o que os religiosos sempre disseram e tem um paradoxo semântico. Se você disser que “Deus não existe”, ele passa a existir porque você tem um substantivo próprio que chama uma consciência que não se sabe se existe ou não.

Segundo pesquisei no Google, o termo “deus” é um substantivo masculino e numa definição teológica, é um ente masculino, eterno, sobrenatural e existente por si só, e também, é a causa necessária e o fim ultimo de tudo que existe. Segundo as religiões primitivas designavam o termo como forças ocultas ou aos espíritos que eram, mais ou menos, personalizados (como nas inúmeras mitologias). Ou seja, quando damos a algo uma definição, estamos dando já com uma certa referência aquilo. Se temos uma definição do Papai Noel, por exemplo, é porque temos uma referência de São Nicolau que entregava presentes com o trenó. Por isso mesmo, Pondé nos alerta que “um conceito de Deus exige músculos conceitual”, porque temos que passar até mesmo, pela definição do caso.

Não é só a definição de “deus”, mas, a definição de todas as descobertas que foram feitas. O mapeamento genético nos mostra, que cada cromossomo tem uma definição como uma característica do corpo, assim, há uma seria semelhança entre o código genético e um algoritmo de um software. Cada linha do algoritmo é lida pelo computador como uma tarefa a ser cumprida, o mesmo com o código genético com suas definições corporais. A pergunta é: qual consciência pode ter definido esse código? Por que componentes inanimados de uma Terra, mais ou menos, primitiva se juntaram e deram células vivas? Por que galáxias com milhões de estrelas contem milhares de planetas que podem ter vida? Acho que a definição que “deus não existe”, é uma definição muito mais simplista, do que fazer uma definição simples como essa. Assim, o Pondé tem razão quando diz, que uma análise tão rasa dessa, até mesmo, golfinhos seriam ateus. E não me venham com essa de “teoria alienatória” que poderia ter construído tudo por mera sorte, porque tem uma definição vagabunda tanto quanto, da afirmação que “deus não existe”.

E outro, o aspecto espiritual ainda vai muito longe. Porque, se as religiões querem muito mais seguidores do que ela deseja religar ao divino (num modo bastante espiritual), deveriam voltar a base, como disse o Mano Brown aos petistas. Por uma razão bem simples: a espiritualidade vai muito além do que a moral social e as suas bugigangas sociais capitalistas que desejamos. Essa coisa de que “Deus te dá aquilo” é pura balela, mesmo o porquê, o próprio Jesus disse que era para darmos o que é de Cesar para Cesar e o que é de Deus para Deus, ou seja, para a espiritualidade não interessa dinheiro e ouro e sim, as condutas éticas de cada um. Assim, como as condutas a espiritualidade deve ser feita com uma certa concentração, rituais sem climas de festa, apenas, uma conexão com a consciência divina. Para mim, você passar uma hora ou duas horas, em um templo não te faz um sujeito espiritualizado, porque, isso são religiões que estão dando um fest-food espiritual. Isso são religiões dos medrosos que não querem descobrir uma espiritualidade muito além dessas igrejas materialistas pentecostais e neopetencostais. Essa falta de profundidade, tem o preço da burrice plena.



Mais uma crítica vagabunda: 3 homens tiram ‘barato’ de uma cadeirante



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no video abaixo 



Amauri Nolasco Sanches Junior

Um amigo fez um post no Facebook que dizia de comentários de um vídeo sobre uma cadeirante beijar um cara no carnaval. Depois de escrever uma matéria, eu resolvi pesquisar e descobrir o vídeo que tanto algumas pessoas vêm comentando. Três caras apostando o beijo de uma moça cadeirante, e dizendo que o cara que beijou essa cadeirante, é um herói, que deveria pegar carona na cadeira de rodas motorizadas, que chamam de cadeira elétrica. Primeiro, há um grande erro de chamar pessoas com deficiência por pessoas com necessidades especiais ou portadoras de deficiência – que até mesmo, o comentarista Caio Copolla erra – porque sempre vi isso dentro da imprensa escrita ou falada, que deveriam dar uma pesquisada no Google. Segundo, não é cadeira elétrica, cadeira elétrica é um instrumento norte-americano de pena de morte (morte por choque elétrico com milhões de volts), mas, cadeira motorizada. A questão é fácil de entender até mesmo, das mentes que estão encravadas com a crítica vagabunda, cadeiras com motor são motorizadas e só tem baterias elétricas, para fazerem funcionar os motores.

A questão do vídeo é muito mais do que termos no que somos chamados ou as explicações como chamar as cadeiras motorizadas, tem a ver com o momento que estamos vivendo. A moda agora é ter ideias fáceis e rápidas, se perdeu o respeito, se perdeu a empatia e se perdeu a capacidade de pensar. Como você fica dando pontos para mulher feia, bonita ou sei lá o que? essa tabelinha entra sua irmã ou sua mãe? Mas a questão da moça cadeirante foi muito além, pois, os 3 homens que acham que estão julgando uma conduta, estão violando o princípio de privacidade. Só porque uma pessoa está numa cadeira de rodas, ela não pode ter sua individualidade em querer beijar ou transar com uma pessoa. Por que não? Porque raios, só porque estão numa cadeira de rodas ou com uma deficiência, temos que dar satisfação do que pode e não pode?

Eu não falo sem experiência própria, eu falo porque eu e minha noiva vivemos isso, sabemos como é chato você ficar vendo o celular e as pessoas olhando o que você está olhando, ou que você não pode beijar ou ficar abraçado e não venham com essa de “onda conservadora”. Sabemos muito bem qual o conservadorismo rege nosso povo e sabemos muito bem o porquê essa “curiosidade”. Xeretice mudou de nome. Falta de educação agora virou conservadorismo. Você acha que um povo, que mesmo casado, fica em puteiro, fica arranjando amante, fica criando desculpa para ficar na putaria, é um povo conservador? Um povo que fica viajando, fica gastando dinheiro à toa, fica amarrotando estabelecimentos com tumulto e filas, é um povo conservador? É mal-educado mesmo. Param na vaga destinadas as pessoas com deficiência e olham com maior cara feia para você, porque você não deixou ele parar ali.

Aonde vamos parar?