sábado, 18 de maio de 2019

A face da esquerda canalha e a educação que nunca existiu



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Amauri Nolasco Sanches Junior


Nos Estados Unidos, além de serem construídos por pessoas que tinham a linha protestante, ainda muitas escolas e universidades foram, igualmente, construídas. Mas, diferente das universidades e escolas católicas – que tivermos várias no Brasil – que eram mais catequese do que outra coisa, os colonos americanos (da Nova Inglaterra como eram chamados os Estados Unidos na época), fizeram todas laicas (e olha que a maioria era Quacker). Por que fizeram as universidades laicas e sem nenhum viés religioso? Porque não eram só os filhos daquela comunidade que estudariam ali, mas, todos poderiam estudar no mesmo lugar. A questão sempre foi promover e incentivar um ensino de qualidade para formar mais profissionais que poderiam somar para a própria comunidade.
A questão lá já se resolveu no período colonial, aqui só se resolveu com a vinda do principie regente em 1808. Enquanto as universidades americanas já funcionavam no século quinze e dezesseis, as nossas só tomaram corpo no século vinte e muito vagabundadamente. As universidades brasileiras são ideologizadas, porque o governo nunca se preocupou com elas e mais ainda, no regime militar. Por que tirar do currículo escolar francês e outras línguas? Por que tiraram filosofia e sociologia? Para começar, mesmo as comunidades protestantes americanas e países como a Alemanha – que aliás, é o país original de Martinho Lutero – os pilares de uma boa educação é exatamente, a filosofia (como uma visão crítica) e sociologia (que não é diferente da educação cívica que o regime militar colocou nas escolas). Não há razão nenhuma em não financiar uma educação de verdade.
Por que a esquerda é canalha? Há trinta anos, tivemos governos de esquerda de muita radicalidade ou pouca radicalidade, mas, a prova cabal que só tivemos governos e políticos de esquerda é a constituição brasileira. A constituição é completamente, de esquerda e um viés esquerdista. Isso não é ruim, pelo menos para mim, porque a esquerda também tem pontos bastantes positivos. Mas, não melhoraram a educação. Na verdade, a educação nunca foi valorizada pelo Brasil porque se detesta a teoria, porém, países desenvolvidos prezam muito a teoria. Grosso modo, a teoria sempre foi uma importante fronteira daquilo que é teórico e aquilo que é prático (seria uma discussão entre os que apoiam Platão e os que apoiam Aristóteles). Platão achava que a sabedoria – os gregos tinham uma outra ideia de “sophia” que nos remete a felicidade (eidainobua) – só era alcançada, quando sempre buscamos o conhecimento, ou seja, o mundo Inteligível (dai vem o termo intelectual) ou se preferirem, o Mundo das Ideias. Já Aristóteles, divergindo do seu mestre, vai dizer que a felicidade se dará na prática, porque o homem é racional e sempre vai buscar o saber. Nesse saber estará a ética e a ética só vale se for prática. Mais ou menos, o que os gregos, no tempo dos dois filósofos, fizeram na educação (que se chamava Paideia). Mas, além da paideia existe para o grego naquele tempo, o “ethos” que tem uma tradução como caráter. Exatamente isso, Aristóteles diria que existe em cada um caráter e sem esse caráter não existe a felicidade.
Porém, Aristóteles vai muito além, ele vai dizer que graças essa busca ao saber – porque o homem é racional – ele constrói esse caráter (ethos) e é um animal gregário (zoo politikon) e deve usar essa ética para cuidar da polis. No modo de ver aristotélico, o ser humano com o saber, sempre terá um caráter prudente e sempre buscara aquilo que é bom e justo dentro da sociedade. Ou seja, o homem como ser social, deve pôr em prática aquilo que encontrou na procura do saber e buscar sempre o equilíbrio necessário. Acho – porque não sintetizei ainda se é ou não – que o pensamento aristotélico sempre predominou a nossa cultura, graças a colonização e a catequização do catolicismo. A igreja romana usou Aristóteles até o telo para configurar seu poder – além de Platão e o estoicismo – porque você não tem que pensar muito e sim, temos que fazer. Por outro lado, a industrialização seguiu os princípios escravocratas aqui no Brasil.
A grosso modo, seria deixar uma parte da população sem estudo no morro para ter mão de obra. Claro, o pensamento evolui e muitos industriais – principalmente, de empresas internacionais – incentivam o estudo, porque entendem, que um empregado com maior conhecimento, é um empregado versátil. Porém, a grande maioria, ainda acha que é papel do governo dar escolaridade e que ele – o empregador – só vai procurar a mão de obra. Erro crasso. Se um faxineiro não souber ou não ter noção de química, pode usar produtos errados e assim, deteriorar muito mais rápido os utensílios do banheiro. Porém, se teve uma autovalorização do diploma universitário – sempre lembrando, que a burocracia sempre vai incentivar a corrupção – e cursos como filosofia, sociologia e a maioria de humanas, exige-se diploma. Essa é uma contradição da esquerda aguerrida brasileira, porque ao mesmo tempo ela branda aos quatro ventos a luta de classe, ao mesmo tempo, exigem certificados que é o maior símbolo do capitalismo vigente.
Vou usar um exemplo. Para mim, um professor deveria fazer um teste de professor (daquela matéria que ele vai dar), assim, só teria certificado cursos de maior risco, como médico, engenheiro (de todas as áreas) e etc. E vou dar outro exemplo, minha crítica do Olavo de Carvalho nunca foi ele não ter um diploma de filosofia, porque eu sei o que é as pessoas falarem que você não tem diploma (mesmo eu tendo, existem amigos que não incentivam meus livros porque não tem “pares” e não tem relevância acadêmica e são de esquerda) e não pode falar sobre aquilo. Mas, a confusão que ele faz dos filósofos e suas filosofias, que puxa um viés católico (além de embolar Epicuro com PNL no O Jardim das Aflições). Primeiro, Epicuro nunca disse que devemos se entregar ao prazer desmedido e sim, ter prudência dentro dos desejos que temos. Sempre lembrando, que para o grego, a sabedoria (sophia) tinha a ver com a felicidade (eudaimonia).
Hoje a escolarização – pois, a educação vem da família – é voltada para fins econômicos e não para melhorar a polis. Um filósofo trabalha até mesmo, em empresas de software na parte ética, assim, existem palestras que são importantes para reforçar a ética. Mas, na questão da educação, vimos o desastre que é daqui. Mesmo nas passeatas, vimos cartazes com dizeres errados, comunicados – escritos por professores – que não tem uma escrita impecável. Que deveria ser o alicerce mais forte. Mais destacado para exigir uma educação de qualidade. Faz quinze anos que não temos um presidente que pelo menos, saiba falar e tenha uma pronuncia de um presidente da republica. Sem a leitura não há nenhum debate.

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