sábado, 4 de maio de 2019

Nietzschianos nutellas (esquerda cirandeira) não entenderam o humor




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Sim, eu sei de onde venho! Insatisfeito como o fogo, ardo para me consumir. Aquilo que toco torna-se chama, e em carvão aquilo que abandono. Sou fogo, com certeza!” — (Friedrich Nietzsche)

Postei outro dia um meme do ex-presidente Lula, dizendo que a biblioteca particular dele pegou fogo e tinha dois livros, mas, teve um que ele não conseguiu terminar de colorir. Humor. Dar risada e se divertir faz parte da filosofia, que aliás, os filósofos sempre fizeram da ironia seu ponto forte. Demócrito – filósofo pré-socrático – era conhecido como o filósofo risonho (ria muito). O próprio Sócrates, sabia colocar um ponto de ironia nas suas perguntas que levaram uma das alás que vieram da sua filosofia, os cínicos, a fazerem uma ironia mais acirrada e provocativa. E dentro dessa pérola do humor, está e sempre estara, Nietzsche que defendia o deus Dionísio (deus do vinho e da felicidade).
Existe um pequeno poema na abertura do seu livro Gaia Ciência que diz assim:

"Vivo em minha própria casa
Jamais imitei algo de alguém
E sempre ri de todos os mestres
Que nunca se riram de si também"


Nietzsche fala da sua “própria casa” que é, suas próprias ideias e seus próprios conceitos e que não vai na onda dos outros, de ideologias baratas, de religiões que subverteram os seus ensinamentos para dominar pelo medo. Então, Nietzsche, diz que ri de todos os mestres, porque trazem as verdades absolutas e como disse o filósofo no próprio livro, não há fatos eternos e nem verdades absolutas. Por fim, ele diz que esses mesmos mestres nunca ri de si, porque se levam muito a sério. Todo mundo que tem uma verdade se leva a sério demais, se identifica como um guerreiro que está numa missão de igualar a humanidade para viverem felizes. Só que a felicidade é algo subjetivo e que tem um viés no desejo.
A esquerda cirandeira não entendeu que Nietzsche não gostava do socialismo – aliás, ele não gostava de nenhuma cultura moderna – porque ele achava que não tinha muita diferença da religião. Numa parte, ele diz que o socialismo era uma religião da igualdade e que eram coisas de pessoas ressentidas. Ele não estava errado, pois, na essência do socialismo está sempre o amanhã de um mundo melhor, não muito diferente, do cristianismo. A pergunta é: e o hoje? Nesse momento? Nesse exato instante? O agora que existe e não o amanhã, o passado só é mais uma lembrança. Por isso mesmo que não existem verdades absolutas, porque as verdades vão mudando conforme nossos atos do hoje. Nesse momento. O socialismo defende uma igualdade dos ressentidos, aqueles que olham quem rompeu sua realidade para mudá-la.
Na verdade, o ressentido é o cara que não sabe chegar lá, pensam que quem chegou roubou dele. Não. A inveja que subverte o bom para o fraco, aquilo que alastra o que é “rastejante”. Nietzsche vai explicar que bom, na verdade, vem do latim bonnus que eram guerreiros da elite dos centuriões do império. Os mais treinados. Os mais capazes. Os que detinham o melhor conhecimento. O bom da igreja romana, era o rastejante, aqueles que quer ser mais do que o outro, não por capacidade, mas, por vantagem, por sempre achar que vai levar alguma coisa em troca.
Muitas pessoas não ficam atreladas e presas dentro do preconceito, dentro de uma condição diferenciada. Não há diferença para elas o que um cadeirante pode fazer, ou o que um outro indivíduo faz. O socialismo coloca como se o ESTADO só pode promover a igualdade, o sufocamento do desejo, de só usar o essencial. Sufocando assim, a evolução e a ordem natural do homo sapiens de sempre querer conhecer o mundo (realidade) e coisas novas. Por isso mesmo, Nietzsche vai dizer toda moral vinda da modernidade – junto com conceitos cristãos – é antinatural, porque sufocam esse saber esteticamente (pelo gosto). Os gregos só seguiam aquilo que gostavam. As esculturas mostram a estética de modo essencial. Pura. Natural. Sempre respeitando as diferenças individuais, um Zeus não pode ser igual um Apolo. Tinha as questões estéticas de defeitos, traços únicos. Mostrando que a natureza nada é igual e sim, há individualidade.
Portanto, é uma insanidade achar que tanto a esquerda, quanto a direita – o anarquismo também – encontrar meios de encaixar Nietzsche nessas ideologias. Nietzsche era chama que devorava tudo. Não é à toa, que ele filosofava com o martelo.

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