quarta-feira, 15 de maio de 2019

Daenerys Targaryen segundo Maquiavel






Amauri Nolasco Sanches Junior



Para mim – no meu conhecimento da filosofia politica – Game of Thrones explica muito mais a politica do que House of Card. Por quê? House of Card seria uma espécie de Dallas de hoje que mostra uma maneira de fazer politica especificamente, norte-americana. Game of Thrones, explica a politica universalmente dês da sua origem, que exclusive, veio da Idade Media e temos muito, ainda, enraizados a cultura do rei. Mas, além disso, vi que a atitude da Deanarys (a rainha dragão), foi muito criticada como uma atitude cruel. Cabe dar uma “puxadinha” em Maquiavel para explicar tal atitude.
O filósofo Nicolau Maquiavel nasceu em Florença na Itália, quando o território italiano estava fragmentado e arrasado por causa da guerra. Mas, ele nunca disse que os fins justificam os meios e sim, agir segundo a sua moral, sempre que possível sempre quebrando essa regra quando necessário. A regra sempre deve recair no bem, mas, por outro lado, o mal não deve ser descartado. Para o pensamento de Maquiavel, o mau também tem seu uso sempre focando, que deve ser o padrão, a bondade. Porém, o mal não deve ser descartado, porque em alguns momentos ele também tem sua serventia. Ou seja, como o conselho que é atribuído a Tancredo Neves para dar um exemplo, que um politico nunca deve ter um amigo que não possa romper (relação) e um inimigo que não posso reconciliar. Cabe muito bem no pensamento do filósofo italiano. Ou seja, ele estaria geralmente bom e eventualmente mau.
Na verdade, Maquiavel nunca disse que os politicos devessem ser canalhas, e nem que eles devessem ser a todo os momentos bons, justos e que possuíssem virtudes. Mesmo o porquê, os políticos são humanos e podem falhar. Maquiavel queria explicar as atitudes dos governantes e não, fazer um tratado para dizer como um governante deve se comportar. Portanto, a meta do príncipe é manter o seu estado e a condição de ser príncipe. Para tal fim, ele deve sempre empregar o meio justo, mas, ao mesmo tempo, se for preciso empregar o meio injusto e ai sim, só nesse caso específico, os fins podem justificar os meios. Dai vamos a Daenerys.
No último episódio da série, a rainha destruiu toda a cidade matando todos que ali viviam. Mas, quando você lê Maquiavel você entende o que ela teve que fazer para consolidar e manter o respeito, não deixar que as pessoas a sua volta governar e sim, ela. A Daenarys e a rainha e não seus comandados. O amor de Jon Snow foi esfacelado quando souberam que ela era tia de Jon, que não poderiam ficar juntos (não na ordem moral vigente). Daenarys queria mostrar que ela tinha as decisões e não outro governante ou pessoas que estão a sua volta (nem mesmo seu amor). Ela já é rainha dos Dothraki e sabe muito bem, se ela não demostrar força de se impor, ela não conseguira reinar. Mas, também, viu a sua mucama perder a cabeça, viu dois dragões seus morrerem (o último foi covardemente morto pela frota de ferro). O que você faria? Com tanta fúria dentro do seu coração? Fora que a família da Cersei – os Lennisters – mataram seu pai e ainda, puseram um rei bunda mole, para poderem desfrutar do poder (Eddard Stark deixou Robert ser rei pensando ser certo e porque não quis ser rei).
A questão é: o que você faria diante de uma guerra com uma arma mortal (como um dragão)? Se responder que diante de tudo isso, você seria justo está sendo hipócrita. Porque Maquiavel demostrou que há uma politica idealizada (como as milhares de ideologias que existem) e a politica real, sem discursos bonitos de “plástico”. O que a Daenerys fez foi a politica maquiavélica de usar o mal para consolidar e ganhar de uma vez a guerra, afinal, Renato Russo na música O Senhor da Guerra, já dizia que “o senhor da guerra não gosta de crianças” (por isso mesmo, estão retardando o máximo a invasão da Venezuela). Ela consolidou seu poder e demostrou que as decisões são só dela, não está brincando ali de rainha, para ela, ela já é uma rainha. Pronto. Maquiavel diria que ela entendeu muito bem o que ele queria dizer, e no mais, ela não fez nada que outros generais não teriam feito.

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