Amauri Nolasco Sanches Junior
Todo mundo sabe, os discursos que
podemos ver nas redes sociais, defendendo ditaduras – que são
erradas, sejam de direita ou esquerda – defendendo ideologias que
já deveriam ter provas suficientes, para ver que não funcionam. A
diferença entre o anarquista e comunista – e são diferenças
significativas – é o socialismo que atrapalha o ser humano
entender a autoconsciência e a ser voluntário, sem que o ESTADO
possa ser o guardião da sua vida. No anarquismo clássico, existiram
a questão parecida com o comunismo, embora, o meio de se chegar a
uma sociedade em comum possa ser diferente. Hoje em dia, podemos
dizer que o anarquismo tem várias alás (embora carregando a pecha
de anarcocapitalismo, o libertarianismo vai bem mais além disso) e
essas alás, são subdivisões de um só conceito. Um deles é o
punk. Na verdade, o punk veio como resposta ao rock progressivo que,
na minha e na visão deles, era chato por ser “burgues”.
A questão burguesa – que eu,
particularmente, não gosto de usar esse termo – é uma questão de
cultura mais sofisticada. Acontece, que acho bastante estranho, que
esse termo venha do século dezenove e para quebrar uma coisa,
se buscou uma outra coisa bem antiga. O progressismo como rock, sempre foi,
pelo menos para mim, uma coisa chata e que não tem o porquê dentro
do rock. Já que o rock sempre foi uma quebra de paradigma daquilo
que sempre dominou a sociedade – não é à toa, que tenha surgido
na comunidade negra. Por outro lado, o punk acabou sendo um movimento
paradoxal, por usar roupas e maquiagens que não são baratos –
aliás, ser metaleiro sai bem mais barato – e ainda, usa chavões e
conceitos antigos, que lhe tornam bastante reacionários (que são
pessoas que acham que deva voltar o passado). Começou com o sucesso
dos Sex Pistols e teve grandes bandas, como por exemplo, Ramones, The
Clash e o polêmico, Dead Kennedys.
A questão do Dead Kennedys sempre
foi seu vocalista original, Jello Biafra. As maiores polêmicas
sempre foram produzidas por ele. As músicas sempre foram dele. Hoje
só temos uma “sombra” de uma banda que não existe mais e
acabou, justamente, que Jello saiu. Portanto, não me espanta ter um
repudio ao cartaz – que não era uma crítica ao governo e sim, um
resumo daquilo que a banda sempre defendeu no começo da sua carreira
– que se fosse o Jello Biafra, que sempre foi a parte politizada da banda, não
teria rejeitado o cartaz.
Mas, podem estar perguntando: o que
tem a ver a esquerda cirandeira (ou festiva) e os punks bundas moles?
A questão é que a nova esquerda tem uma visão de socialismo meia,
ou totalmente, religiosa. Porque quando os grandes pensadores –
como Engels, Marx, Proudhon ou Bakunin – questionaram o capitalismo
(que estava na sua tenra, infância), eles fizeram duras críticas ao
sistema trabalhista do capitalismo, e de forma radical. Até existe
um jargão que diz, quem leu Marx e entendeu, virou capitalista, quem
não entendeu, virou socialista (vulgo: marxista). É evidente que
como anarquista, eu não concordo com a visão de uma revolução
armada possa mudar uma sociedade como defendeu tanto Engels, como e
principalmente, Marx. Porém, tenho que reconhecer a importância e a
grande obra – até mesmo, dentro da sociologia – de Karl Marx. na
verdade, o socialismo mostrou que o poder seduz, e que todo poder,
não pode educar e sim, oprimir.
Não existe só a opressão física
e sim, a opressão dentro do direito legítimo de livre expressão.
Os regimes socialistas nunca deram liberdade para críticas – que
começa a mostrar como o poder nunca vai educar ninguém – porque
não aguenta várias provas que o desejo provem do limite em querer
evoluir (enquanto ser que observa e vai assimilando a sua realidade),
e sempre querer conhecer coisas novas nessa evolução do
conhecimento. Por isso mesmo, Aristóteles – filósofo grego do
terceiro século antes de Cristo – disse que o ser humano sempre
deseja saber. Fulano pode querer um suco de abacaxi e eu posso querer
um suco de uva, porque o desejo não é o mesmo e não pode ser
cerceando o poder da escolha. Por isso mesmo, Sartre – um filósofo
francês do século XX – disse que somos condenados a ser livres.
Ainda não somos livres. A questão
do cartaz do Dead Kennedys mostrou isso. A questão que em troca de
uma proteção, deixamos pra lá a liberdade. Mas, quando analisamos
muito profundamente, a liberdade é um processo dentro de uma
consciência da própria natureza. Eu não preciso defender o
capitalismo, por exemplo, por gostar de escolher de comprar certo
objeto. Assim como, temos que fazer sim uma crítica dentro só
socialismo, principalmente, o venezuelano que oprime o cidadão. O
nazismo chegou ao poder pelo voto. Será que o nazismo é legítimo?
Claro que não. Assim, como o chavismo – com o Nicolás Maduro –
não pode ser considerado um governo legítimo só porque foi votado.
Votos podem ser fraldados. Mesmo o porquê, uma
maioria podem oprimir a vontade de uma minoria.
A vontade como energia propulsora do
ato, sempre foi uma discussão ligada a ontologia (o ser enquanto
ser). Porém, a liberdade é
o extremo de um ato, tanto moral, quanto ético, porque se avalia
aquilo que se quer e aquilo que não se quer. Mas,
depende sempre do interesse e dos valores subjetivos de cada pessoa
em querer uma coisa e a outra, querer outra. Portanto, ninguém é
igual e nunca foi igual, existiram sociedades que tinham instrumentos
de bronze, outras sociedades tiveram de ferro. Algumas fizeram
pirâmides,
outras fizeram preditos. Hoje, existem sociedades que valorizam a
educação, outras sociedades preferem a prática. Assim, nenhuma
sociedade é igual e muito menos, nenhum indivíduo é igual. Cada um
tem seu desejo, seu ideal e tem sua própria consciência. A guerra
de classes só é mais um discurso do poder para dominar a humanidade
e desarmonizar sociedades inteiras. Como aconteceu da União
Soviética e nações socialistas. Só foi obrigar o ser humano a ter
desejos que não quiseram ter.
A esquerda cirandeira sempre vai dar
voltas em um mundo utópico,
um mundo que ninguém é igual em nenhum sentido. Não porque o
capitalismo domina seus desejos – porque nenhum desejo é igual –
mas, porque acredita em um
mundo messiânico. O socialismo sempre vai ser a religião dos ateus,
uma religião da igualdade dos mesmos moldes, que a igreja católica
dominou a idade media e deu o que deu. Eu prefiro acreditar em Papai
Noel. E prefiro ouvir Jello Biafra.
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