quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Mutter – e quando bebes com Síndrome de Down são mortos?

 




No falecido Orfut – que tinha mais discussões interessantes – numa comunidade de pessoas com deficiência, minha aliás, estávamos discutindo uma fala de uma juíza famosa na época, que tinha dito numa entrevista, que quando as pessoas veem uma pessoa deformada, ou com amputação, elas sentem asco. Na época, me lembro bem, muitas pessoas foram contra e até disseram que conviviam com pessoas que não tinham asco, que eram amigos de verdade. Eu dizia que todo mundo tinha um pouco dos mesmos preconceitos que motivaram Hitler a fazer o que ele fez, exterminar judeus em nome de uma ideologia (pois, precisava de um inimigo para isso) e exterminar pessoas deficientes em nome de uma perfeição que não existe. Lembrando que o próprio Hitler tinha uma deficiência em um dos joelhos por causa de um tiro na primeira guerra e seu ministro da propaganda, Joseph Goebbels, tivera paralisa infantil (poliomielite) quando era criança e assim, mancava por ter uma perna mais curta do que a outra. 

Como disse acima, a perfeição não existe, a perfeição poderia ser definido como característica de um ser ideal que pode e reúne todas as qualidades e não tem nenhum defeito, e pode designar uma circunstância que não possa ser melhorada. Isso é definição que as religiões têm de Deus ou dos deuses, pois, seres humano não são perfeitos – no sentido de perfeição estética ou moral – e sim, há uma construção moral através da educação e através do melhoramento dos meios para se viver. Daí a ideia de perfeição platônica, que todo mundo distorceu (e por causa dessa distorção, tenham colaborado com o extermínio de um monte de deficientes pelos nazistas), pois, o Bem só pode ser chegado através da educação (paideia) de despertar o ser humano para a realidade. Voltamos na caverna platônica do outro texto, pois, as pessoas ainda estão vendo uma sombra da realidade e não a realidade em si mesma. Ou seja, nosso corpo como toda a realidade, para Platão, era meras cópias e cópias não são perfeitas, e sim, só o original é perfeito e completo. Daí a necessidade de sempre achar que o mundo deveria ser perfeito, a humanidade deveria ser igual, as pessoas não deveriam ser deficientes e etc. O sofrimento é o grande inimigo a ser combatido – segundo os psicólogos – porque através deles o ser humano é mais violento, mais preconceituoso e tal. Mas não é bem assim. Sofrer também faz parte dessa busca platônica, porque ao sair da caverna, os olhos começam a doer. Isso foi muito bem mostrado no filme Matrix, quando Neo sai do casulo e usa os olhos (que nunca usou). 

Então, quando lemos notícias como do site Crescer veiculado com O Globo, que diminuíram 54% de nascimento de bebes com Síndrome de Down (que replica o cromossomo 23) na Inglaterra por causa da autorização do aborto nesses casos, podemos voltar para o caso do nazismo. Isso aponta uma certa hipocrisia. Porque, a meu ver, há um discurso de que temos que ter filhos saudáveis para propagar genes, o problema é que não estamos numa selva e temos tecnologia o bastante para cuidar. Quem está sofrendo? Os nenéns deficientes ou os pais que sentem vergonha por ter esses nenéns? Será que não se tem conhecimento ou se tem uma vaidade de ter um filho saudável? Queiram ou não, todos colaboram com a imagem nazista da perfeição que não faz sentido, pois, o amor quando tem uma idealização estética (sim, existem pessoas assim), não é amor e sim, uma simples vaidade. Algo parecido foi quase feito aqui, quando quiseram flexibilizar as empresas de contratarem pessoas com deficiência (que os donos dessas empresas insistem que não tem pessoas com deficiência qualificado, que é uma grande mentira), e a volta das classes especiais, como se o governo não tivesse nenhuma condição de arrumar as escolas (que aliás, está atrasado uns 30 anos). A ideia da exclusão como acontecia antigamente, não faz nenhum sentido por causa da tecnologia (pessoas com síndrome de Down vivem mais e tem uma vida sociável e feliz), graças ao avanço médico e graças aos vários remédios desenvolvidos ao longo de décadas. E ainda, canalhas como o biólogo Richard Dawkins, a uns cinco anos atrás (só dá uma gogada e você acha), disse no Twitter que é imoral uma mulher tenha um filho com essa síndrome. Ora, ele não viu ainda que existe até banda com pessoas com síndrome de Down? Que existem casais felizes com pessoas com síndrome de Down? 

Imagina, se pessoas que são estudadas pensam assim (lembrando sempre, que ter um diploma não é sinônimo de conhecimento, porque por anos eu tive a quarta série e nem por isso não lia ou pesquisava), as pessoas que não tem nenhuma noção disso, vai pensar muito pior. Dawkins com seu conhecimento biológico – que é muito melhor do que o conhecimento de todas as religiões – poderia ir muito além daquilo do senso comum e dizer que independente de tudo, depende do amor apenas.
 

Amauri Nolasco Sanches Jr 


44 anos, publicitário, TI, Filosofo da Educação e estudante de licenciatura de filosofia


Essa música fala do aborto 






terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Amor e espiritualidade – porque o amor morre




Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.

Friedrich Nietzsche



Hoje em dia o amor tem várias restrições. Claro, que existem muitas diferenças entre cada amor que vivemos na vida, como amor pela sua mãe, amor pelo pai, amor pelos irmãos...mas estou me referindo, especificamente, o amor eros. Eros era o deus do amor dos gregos antigos, porque era filho de Afrodite com Ares, porém, em algumas versões a do Caos. Nietzsche sintetiza isso com essa frase, tudo que podemos fazer para a pessoa amada está além do bem ou do mal, porque aquilo foi feito pelo amor que você sente. Mas, o mundo não é feito só entre você e seu amor e sim, de outras pessoas. As pessoas sempre acham que você não podem cometer os mesmos erros que elas mesmas cometem, por isso aparecem frases como “todo homem é igual”, “homem não presta” ou “todo homem tem um potencial de ser tarado”. Nem acho que o homem tem que tratar a mulher como uma empregada, mas não vamos lutar por direitos, quando generalizarmos tudo. Nem todo ser humano é igual.

Discordo com o sociólogo Bauman em um ponto, os relacionamentos não ficaram líquidos por causa do valor daquilo que se sente, mas, ficou liquido por causa da narrativa midiática de liberdade, sendo, que é uma liberdade ilusória. Enquanto os jovens estão coitando mais – o sexo ficou mais fácil e mais banal, mesmo em comunidades religiosas – eles ficam com uma sensação de liberdade porque as grandes corporações tanto das redes sociais, como as corporações governamentais, querem que pensamos que temos mais liberdade. Uma sensação ilusória. Porque enquanto se acha isso, você não está fora do sistema ou fora da moral, você faz o que eles querem que você faça. Quem vocês acham que financiam os puteiros? Quem financia a prostituição infantil no nordeste? Quem financia os inúmeros bailes funks? Enquanto o discurso do politicamente correto diz que todo homem, ou até mesmo, toda mulher exige respeito num relacionamento sejam “pessoas tóxicas”, vamos banalizar muito os relacionamentos e até, a discussão entre machismo ou feminismo. Mesmo o porquê, pessoas tóxicas são pessoas que respondem com violência física ou violência psicológica, tem atitudes de loucura e começam torturar o companheiro. Pessoas tóxicas não são pessoas bipolares.

A toxicidade dos sentimentos começa com a questão da posse, o “meu” sempre é corriqueiro: “meu filho”, “minha mulher”, “meu marido”, “minha namorada”, “meu namorado” e etc. Funks proibidões são músicas tóxicas que tratam a mulher como objeto sexual, sem ao menos, ter um momento racional das letras. Ora, a narrativa é sempre que a moral é burguesa, mas a burguesia pós-moderna sempre financiou esse tipo de lixo e nem ao menos tem a menor vergonha disso. Emburrecer sempre foi a ordem. O marxismo simplificou muito o discurso que a moral é burguesa, pois as piores putarias vieram, justamente, dessa burguesia. Aqui no Brasil, a burguesia para se opor ao regime militar – porque os militares não fizeram tudo que eles quiseram – começaram a financiar os filhos a fazerem pornochanchadas, músicas imbecis, começaram a deteriorar a cultura para, talvez, enfraquecer o sistema vigente. O que aconteceu, talvez, também ajudou o regime: emburreceu mais a população e acostumou ela a querer uma cultura fácil sem ao menos, ter a competência de entender letras ou entender a realidade. Professores, em nome de quebrar essa moral burguesa, ensinaram a pensar como seres humanos pré-históricos e não serem racionais. Os marxistas confundiram moral com moralismo (podemos dizer que esse erro veio sim do próprio Marx).

Você não judiar daquele que ama é um tipo de moral. Pois, a moral começa quando você vê o outro como um ser humano e não um objeto, pois, um objeto pode ser usado e logo depois ser descartado. Por que descartamos um objeto? Porque não se tem mais uso. Quando você começa a ver que casamentos, sem nenhuma violência, se separam ou que, até mesmo, amizades são descartadas porque você não concorda com o outro, podemos ver ai uma objetificação do outro. Como se o outro fosse um aplicativo ou um perfil qualquer. Ficamos uma humanidade sem rumo porque deletamos nas nossas vidas valores reais, como respeitar os outros como queremos que nos respeitem. Já o moralismo é, completamente, religioso e é uma imposição daquilo que o religioso acha que é a verdade. Mas, não existem verdades absolutas. Muito porém, sem sombras de dúvidas, não quer dizer que não existam algumas verdades. Não casar virgem não acarreta pecado se você não for daquela religião, ou seja, para aquela pessoa não vai fazer diferença nenhuma. Por outro lado, o homossexualismo ou a emancipação das mulheres, não vai acabar com a família, como querem crer esses religiosos.

O amor morre quando as pessoas, em volta do casal, não tem respeito nenhum e começam a pressionarem. A questão sempre é algo do tipo falar o que eles não gostam, ou fazer algo que não se é aceitável, segundo eles. Por outro lado, sempre existe a questão de achar o que é melhor pra você, sempre será para o outro, é um modo de impor ao outro sua própria visão. Nem sempre a visão que essa pessoa tem, é a visão realista do mundo e da realidade que está em sua volta. Por que uma pessoa com uma deficiência, por exemplo, não pode ser feliz com outra pessoa? Por que pessoas no mesmo sexo, não podem casar ou adotar uma criança? Ou até mesmo, por que mulheres com deficiência podem ficar com amigos e até mesmo, noivos da irmã tóxicos, mas não podem namorar com ninguém? Isso sim, é ser tóxico. A toxidade é sempre impor ao outro a sua opinião e, como diria o velho Platão, opinião não é um conhecimento verdadeiro.

E assim, as narrativas vão ficando mais impositivas e menos discutidas, fazendo que um lado pegue repulsa do outro. Como falas do tipo “comunista” ou “fascista”, “machista” ou “feminista”, “deficiente” ou “normal” e etc, fazendo cada vez mais o ser humano se odiar em vez de amar. E quando a narrativa que “todo homem é tóxico”, não parar, muitas guerras serão travadas em nome da liberdade.


Amauri Nolasco Sanches Jr

44 anos, TI, publicitário, filósofo da educação e estudante de licenciatura de filosofia

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

O Mito da Caverna – por que gostamos de ilusões?

 









‪Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade, porque não desejam que as suas ilusões sejam destruídas. 

(Friedrich Nietzsche)‬


Por vezes essa frase é atribuída a Nietzsche, mas não se tem nenhuma referência da onde saiu ela. Mas, a frase mostra como as pessoas não gostam da verdade e como as pessoas gostam de serem iludidas. Elas gostam e por gostar de viverem iludidas, gostam de viver na caverna olhando para as sombras. Platão – dois milênios antes de Nietzsche – vai demonstrar que as pessoas são iludidas graças ao discurso predominante do poder, que são imagens de sombras. As sombras eram metáforas perfeitas para demonstrar, segundo a ideia platônica, que na verdade, os objetos de verdade (podemos demonstrar como a verdadeira essência do objeto) estava nas mãos daqueles que tinham a liberdade de ver o mundo real. Mas, que também, estavam na mesma caverna e não poderiam ver esse mundo real, e também, como o resto acorrentado, viam ali um mundo real. Para todo mundo ali, aquela caverna é a realidade. Existiam, os teóricos das sombras, aqueles que tentam explicar essas sombras. Mas, que diz a verdade? Para Platão, só podemos ver a verdade se sairmos de dentro da caverna por completo, ver o mundo como ele é e não o que ele aparenta. Dizer a verdade é ver esse mundo e esse mundo te espantar.

Talvez, o mundo tenha espantado Tales de Mileto e dai por diante – com vários pensadores da natureza (physis) – se tenha tido, uma verdadeira obsessão para se descobrir a origem de tudo e assim, se descobrir a verdade da vida e de tudo que existe. Sócrates, talvez levado a uma reflexão muito mais profunda, tenha descoberto que não importa descobrimos a origem de tudo e não descobrimos quem somos e o que somos. As pessoas gostam de se iludir, talvez, porque as pessoas gostam de enxergar aquilo que elas querem enxergar e não aquilo que elas são de verdade. Quem será, verdadeiramente, um Elon Musk? Quem será, verdadeiramente, um Bill Gates? Quem será que se mostra, verdadeiramente, no Instagram sem filtro? Ou diz a verdade num Twitter? As pessoas vivem de aparência, porque é um analgésico para elas não sentirem a dor de serem manipuladas ou até mesmo, serem usadas nas mídias sociais. Elas são a nova caverna e está transformando em coisas que importam de verdade, em coisas que se banalizam e ficam coisas corriqueiras. Por exemplo, no passado, xingar as pessoas era tido como uma má-educação, hoje se banalizou.

Lembro que quando eu estudava na entidade AACD (Associação a Assistência das Criança Deficiente), numa dessas unidades quando tinha classes especiais, nos anos 80, um motorista (nós íamos com Kombis sem nenhuma adaptação) que brigou por causa de uma batida. Encrencou porque a mulher – casada com um militar num tempo, ainda, que os militares ainda mandavam – não queria pagar um amassado de uma calota traseira, do lado direito. Quase foi atropelado. E ainda, ele demorou para ir embora, ainda, chegamos tarde em casa (antigamente não tinha celular e redes sociais), sendo que, ele ganhou a causa muito tempo depois. Mas, o porquê que ele fez isso? Mesmo o porquê, a Kombi não era dele, o amassado nem era tanto – na outra batida, o amassado chegou aos pés dele – e a questão se arrastou por muito tempo. Tempos depois, ele se torna o chefe dos motoristas (hoje, ao que parece, não tem mais esse tipo de transporte na entidade), sendo que, a tradição da entidade era de fazer chefe o mais antigo motorista por causa da sua experiência.

Muitas pessoas podem dizer que ele tinha virtude, mas não era bem assim. Uma vez ele deixou meu amigo na porta do cemitério – assim disseram meus amigos depois do fato – e ele chorando deu uma volta ao quarteirão e voltou. Ficava me enchendo o saco e até mijar nas calças (eu tinha 9 anos) por causa que ele achava que minhas casas, tanto uma quanto a outra, eram contramão. Traiu a mulher com a secretaria da unidade tendo um filho com essa secretaria. E ainda, usava nós para expressar uma visão de “bom moço” quando era chefe e assim, achava que tinha o direito legítimo de ser chefe. Como vimos, a imagem virtuosa era apenas um meio para se conseguir aquilo que almejava e assim é tudo, a realidade é apenas uma ilusão a partir que você só vive aquilo. A sensação desse motorista em ser chefe dava para ele, talvez, uma sensação de suma importância. Mas, ele sabia que não era um cargo de importância dentro da entidade.

Do mesmo modo, existem pessoas que acham que existe virtude em ser mãe ou pai de uma pessoa com deficiência. Mera ilusão. Quantas famílias não fazem assédio moral, não deixam os deficientes terem relacionamentos, ou que se negam a aceitar que esse deficiente é um ser humano? Poderia as outras pessoas dizerem que é um tipo de proteção, mas que não passa de um tipo de vaidade social em se pintar de “especial” e parecer “bonzinho” para as outras pessoas. Ou seja, não adianta achar que as pessoas cuidam ou protegem, se no final das contas, elas até pegam o beneficio delas para pagar o aluguel, não compram o que o deficiente precisa e ainda, acham que estão certos em sub proteger. Talvez, cai na visão do motorista em usar pessoas com suas deficiências, para parecerem “especiais”. Porém, a “aretê” grega era muito mais do que uma mera aparência, pois, não adianta parecer virtuoso com atos genéricos e sim, como esses atos são feitos num modo geral. Se não, cai na hipocrisia. E é isso, que a ética socrática vai combater e a caverna platônica vai demonstrar: mesmo que eu diga tudo isso, que não é mentira, o povo vai  duvidar. Como disse meu professor de publicidade, o ser humano não enxerga o obvio.

É obvio que as pessoas usam uma as outras para conseguirem “vantagens” - termo que acabou com o Brasil – e é lógico (da maneira platônica aristotélica) que nem sempre famílias gostam de ter deficientes lá. Se você ficou horrorizado, muito poucos deficientes são criados dentro do amor verdadeiro e liberdade, muitos ou criam porque são obrigados ou para parecerem virtuosos para a sociedade. Nem gostam dos deficientes da família, porque não fariam o que eles fazem. Por outro lado, a virtude platônica nos diz que a verdade esta além da deficiência ou da aparência, mas, a verdade está na essência do ser. Porque ele pode ter virtudes ou não, que nada tem a ver com sua deficiência e sim, no seu caráter. Educação. Nós, brasileiros, temos uma educação vagabunda e que não tem eficácia nenhuma, além de ser uma fazedora de técnicos para a indústria. O problema é que a vida não é só a indústria, é social e se não ensinarmos ética, não ensinarmos virtudes (não essa religião que ensina uma virtude que temos que ter coisas e não ser o que somos), ensinamos a ser hipócritas e sínicos. Tudo acaba no dinheiro. Não que não devemos ter, mas não é só isso.

Amauri Nolasco Sanches Jr

44 anos, TI, publicitário, filósofo da educação e estudante de licenciatura de filosofia



quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

NatalBunda – Como ser um tio educador?

 






Por Amauri Nolasco Sanches Júnior




não. Não quero escrever uma obra sobre educação como Rousseau – embora eu tenha uma tese sobre a educação vagabunda que temos. Mesmo o porquê, não sou e não quero ser exemplo de ninguém, afinal, cada um deve trilhar seu caminho. Mas, nós damos armas para que esse caminho seja do pensamento e essas armas são livros, que na maior sinceridade, vai educar muito melhor do que muito YouTuber. Não que eu ache que não tenha nada educativo na plataforma, se garimparmos, existem muitas coisas que podem ser usadas como educativas. O problema, como todo povo que se divide, é achar que aquilo não vai levar seu filho para o outro lado. Só que um dia, isso vai fugir do controle, e cada um vai trilhar seu caminho. 

Quando a educação sistemática começou, era bastante restrita para aqueles que podiam pagar o valor. Quem não podia, poderia ouvir os poetas e mesmo assim, poetas como Homero, eram a favor da educação da elite ática. Na verdade, a ideia de educação para todos, veio com a modernidade e assim, as sociedades democráticas forneceram educação para a maioria das crianças. Na Grécia (que se chamava Hellas) antiga, era muito difícil você considerar uma criança filho de escravo como um ser humano, mesmo que, a visão de escravidão daquele tempo, não é o mesmo que a visão de agora. Muitos escravos dos gregos helenos, eram porque tinham uma dívida, ou eram prisioneiros de guerra ou até mesmo, poderiam sr tutores dos filhos do dono desse escravo. Epiteto foi um exemplo, muito embora vivesse muito tempo depois, mas era um professor (paidagogo) que poderia educar a crianças. Aqui no Brasil, temos uma herança francesa moldada por um modelo rousseauniano onde há fileiras de alunos e o professor fica na frente. As universidades anglo-saxônicas, usam o modelo de assembleias greco-romanas. 

A questão é: o que aconteceu com a educação de hoje? Ficou defasada. Existem matéria que ficaram sem o porque existir, tem matéria que não tem o porque estar numa escola – sendo a universidade deve ensinar – contendo muita coisa e não tendo tempo de aprofundamento da matéria. E outra, nunca na vida uma criança de 7 anos de idade vai aprender lógica, pois, isso tem que ensinar no ensino médio, quando sua mente está preparada para receber tal coisa. O ensino é uma construção, entre o conhecimento e o entendimento desse conhecimento, pois, cada um é especialista naquilo, sabe aquilo e com isso, só pode dizer aquilo que sabe. A frase: “sei que nada sei” - que não é do Sócrates, mas uma interpretação da sua filosofia – é uma frase que mostra que cada um só pode falar aquilo que sabe, aquilo que se é especialista. Ora, por exemplo, se eu falar de botânica, eu não vou saber explicar nada de botânica, mas, se eu disser algo de filosofia, eu vou saber explicar. 

Educar é você explicar a realidade como um todo – até mesmo na linguagem – sem se apegar nas suas próprias crenças religiosas e ideológicas politicas. O brasileiro tem que aprender que a verdadeira moral se constrói e não se impõem, se não for assim, você deseduca seu filho e ele se torna um moralista que não suporta opiniões alheiras. Porque ele vai, por ventura, para o caminho que você não quer. O que é proibido é sempre mais gostoso. Então, a educação é um ato de liberdade de aprender as coisas boas da vida, sem ao menos, achar que essas coisas boas ou o que é bom e belo, são o que achamos o que é bom e belo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Cachorrinho Alok – a moral do imperativo categórico

 


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

estamos numa campanha enorme para achar o cachorrinho da minha amiga virtual que desapareceu na cidade litorânea de Marataízes (ES) e eu comecei a fazer a seguinte reflexão: será que as pessoas têm noção da dor da minha amiga de ter perdido um animalzinho de estimação? Imagine você perdendo aquilo que ama, tendo que procurar aquilo por dias afora, sem nenhuma notícia. E o pior, fontes dos próprios moradores dizem – pelo testemunho de motoristas que passavam no local – que uma mulher que passava teria levado o cachorrinho embora, talvez, mesmo com toda essa divulgação não quer devolver (pelo que minha amiga diz, a cidade é bastante pequena). Daí vamos fazer a seguinte reflexão: o porque uma pessoa não poderia ter empatia com outras pessoas? Por que temos que pensar em si mesmo e não no outro como uma dor que não pode ser superada? Porque, queira você ou não, tem a ver com a moral. 

O filósofo André Comte-Sponville – um dos filósofos de cabeceira da minha cama – diz no livro “Apresentação da Filosofia”, que a moral nada tem a ver com o moralismo, pois, a moral é aquilo que você não deseja que façam com você mesmo. Então, um questionamento é preciso para que no modo ético, sejamos capazes de nos colocar no lugar das pessoas. Foi o que Kant fez, quando formou o seu imperativo categórica – claramente inspirado no ensinamento cristão – faça atitudes que refletem na comunidade como você quisessem que façam contigo. Sponville cita o anel de Giges que Platão coloca em um dos seus diálogos, onde um pastor encontra um anel. Quando ele vira a pedra para dentro fica invisível, quando ele vira a mesma pedra, fica visível. E assim, ele comete as mais barbaras coisas. O que você faria se tivesse o poder de ficar invisível? Se disser que não faria nada, talvez, fosse uma pessoa justa. Mas, a maioria esconde a verdadeira intenção da sua atitude. Pois, Shakespeare colocou muito bem na obra Otelo, quando Iago começa atiçar Otelo contra sua amada não pensou na possibilidade de ser ele que a mulher escolhesse. Será que Iago teria uma atitude de acreditar no outro homem? Será que ele gostaria que fizesse o mesmo? 

Se todo mundo roubar, se todo mundo mentir, se todo mundo fazer o que não é, eticamente, certo, ninguém vai confiar um no outro e tem mais, o brasileiro acha que democracia é uma liberdade total. Mas a liberdade total prevê que outra pessoa pode te atacar e aqueles que você ama, pode assediar, pode matar, pode roubar e assim, como se sabe, ninguém vai confiar em ninguém. Você deve está me perguntando: ué, mas um anarquista não defende a liberdade plena? A liberdade sem conhecimento e sem responsabilidade – porque não, empatia – não é liberdade, pois, quanto mais ignorante a pessoa é, mais parecido com o lado animal fica. Não é a toa, que educamos nossas crianças. Elas tem que respeitar o espaço do outro, ao mesmo tempo, se colocando no lugar dele. Você gostaria que alguém pegasse algo seu?


segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Educação e machismo – o assédio deu as caras no legislativo

 






Por Amauri Nolasco Sanches Júnior






Quando vimos casos da Isa Penna do PSOL – onde ela sofreu importunação sexual – nos perguntamos onde a esquerda errou em denunciar e proteger minorias das barbaridades de gente ignorante como o deputado. E não estou falando numa conotação ideológica, estou falando de uma conotação humanista. Ideologicamente, a esquerda sempre acreditou na mudança e no processo de inclusão das minorias marginalizadas, que fazia da esquerda um movimento humanitário. A ala mais radical sempre foi a socialista, por ser do movimento sindicalista e vir de um filósofo que estudou o capitalismo em seus primórdios, Karl Marx. Marx nunca concordou com os marxistas, tanto foi assim, que ele escreveu para seu genro que não era um marxista. Também, Lênin planejava matar os marxistas e os esquerdistas, porque na opinião dele, eram infantis e não intendiam a revolução. Quem tiver dúvida, só ler a obra de Lênin. 

Talvez, a esquerda não enxergou que a mudança de paradigma não está numa forma social, porque indivíduos são pessoas autônomas e podem escolher a partir de opções daquilo que se mostra na realidade e assim, nessas escolhas, podem fazer ou não como seres libertos. O discurso predominante é o discurso do poder, o discurso do Estado dizendo a cada um o que fazer, e nisso, tolhendo o individuo de pensar por si mesmo. A teoria de Marx, que a mudança vem pela revolução (que alguns botam no movimento marxista), não pode ser feita em armas e nem através do socialismo, porque isso não é liberdade, mesmo daqueles considerados alienados. A conscientização através da educação – dai a esquerda marxista erra por achar que a educação só é feita através da doutrinação – e a consciência que todos os preconceitos, são formas de não união e alienar a realidade existente. Ou seja, o socialismo é um contraponto do capitalismo sendo seu contrapeso, mas na sua essência, não passa de uma outra forma de dominação social. Pois, qual seria o critério de ser ou não supérfluo? O que seria igualdade sendo cada ser humano o ser individual? E no mais, a experiência sovietica mostrou que os homens revolucionários tinham as mesmas atitudes dos homens burgueses capitalistas, tendo amantes, não colocando mulheres nas altas escalas do poder. Eram no máximo, amantes e secretarias. 

Claro, existem outras esquerdas e outras partes como a progressista, que visa o progresso sem uma mudança drástica, mas, uma mudança social importante para a promoção da igualdade. Só que o progressismo veio do iluminismo (junto com o positivismo), e o mesmo, não era muito favorável a liberdade e no mais, eles achavam que o ser humano iria se libertar pelo conhecimento e pela ciência. As mídias sociais, junto com a internet, vem mostrando que o ser humano vai se emburrecendo cada vez mais porque as teorias inúteis, negaciosismo de coisas sem o menor embasamento, não tem fim. Pois, o problema não é o conhecimento, mas o conhecimento fácil que pode ser chamado de conhecimento vagabundo. E a ciência, se mostrou refém do Estado porque precisa dele para seus financiamentos e no mais, vimos duas guerras, totalmente, científicas. 

Nem a esquerda revolucionaria e nem a progressista, se deu conta, que não resolveu o problema milenar do machismo. Mesmo, que ha um discurso bem construído no movimento feminista, para abordar esse tema, não ha pautas para educar os meninos do amanhã. Porque o movimento feminista – enquanto movimento de esquerda e defensor das causas das mulheres – tentam pautar coisas que não tem o porque pautar, pois, os homens não vão desrespeitar as mulheres verbalmente (que os funkeiros fazem direto e a esquerda fecha os ouvidos) e sim, com gestos. Dai caímos no individuo de novo. Porque cada individuo vai desenvolver seu caráter a partir da educação que recebeu e a instrução escolar necessária, isso sem dúvida. Muitas mulheres criam seus filhos com liberdade, pois, são homens e precisam namorar, enquanto as mulheres, se tiverem liberdade são vagabundas. Isso não adianta, pessoas da esquerda também pensam assim. Minha mãe, por exemplo, criou dois meninos (eu e meu irmão) e uma menina (minha irmã) com igualdade, sem preferências. Eu e meu irmão respeitamos as mulheres. 

Mas tem um outro aspecto que poucos falam, o feminismo herdou da esquerda a confusão entre moral e moralismo, pois, uma coisa não tem a ver com a outra. Uma sociedade deve haver uma moral, porque se todo mundo matar, roubar ou fazer coisas ruins, não vamos ter confiança um nos outros. Isso é básico. A atitude do deputado foi imoralmente reprovável, porque moralmente, você não pode chegar numa mulher por trás e apalpar seus seios, sem a mulher deixar. E toda moral vem da educação, pois a educação dará a pessoa um apoio moral que precisa para fazer o seguinte questionamento: eu gostaria que um homem fizesse isso com minha irmã, minha mãe, minha namorada e etc? Garanto que não. E isso é a moral. 

Já o moralismo é ficar observando o que o vizinho está fazendo. A maioria dos religiosos aqui no Brasil é moralista, por, exatamente, se meter na vida do outro e por se meter, não se respeita a individualidade (que o próprio cristianismo fundou). Mas, o brasileiro em essência, não quer educar seu filho e sim, querem que não mostrem certas coisas que não querem explicar. Não querem explicar dois homens ou duas mulheres se beijando. Não querem explicar o porque pessoas fazem tatuagens. Não querem explicar o porque não se deve ouvir funk pancadão. Eles querem que os filhos aprendam na rua, aprendam sozinhos certas coisas. 

Portanto, a esquerda se contaminou com um esquerdismo infantil e ressentido, que perdeu sua essência libertadora e ficou refém de linguistas, psicólogos e pessoas que acham que dizer a verdade, é traumatizar.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

MadMax1 – O Twitter da Fúria

 





Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos".

João 7:24



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior



Houve muitas criticas no texto onde critico uma postagem do escritor Olavo de Carvalho – que se diz filósofo, mas filósofo não diz certezas – e fiquei refletindo o porquê. Pois, na filosofia uma análise mais apurada acaba sendo uma análise crítica da razão daquilo existir. Então, para mim, eu não tenho que entender nada, ele que tinha que explicar o porquê daquela pergunta, e mais ainda, Olavo esqueceu que a nossa herança filosófica é toda pautada na noção socrática da busca da verdade. Seguidores cegos de Nietzsche podem se espernear a vontade, mas, até ele buscou a verdade através do seu amor ao destino para superar a si mesmo, e assim, remontar o caminho de volta até a filosofia socrática. Então, a resposta para o Olavo não era só a questão de entender que “todo” comunista é um “mentiroso” e sim, o que seria o comunismo. A maioria nem sabe o que é isso. 

Jeager diz que Platão – na boca do seu mestre – coloca a questão da educação (paideia) como um meio de se chegar até a ética (ethos) e assim, contemplar aquilo que é bom e justo. Ou seja, o problema do estadista que não visa a ética, não está na ideologia que segue, mas aquilo que ele recebeu de educação (que tem a ver com a cultura). Segundo Jeager: “A verdadeira missão do estadista não consiste em se adaptar à massa, como o entende a pseudo -paidéia dos retóricos e sofistas, mas, ao contrário, é por sua própria natureza uma missão educacional, pois consiste em tornar os homens melhores.”. Para Platão, um governante não poderia ser mais um na multidão, já que ele foi posto lá como um líder mor, mas se elevar para o campo de uma conduta mais elevada. Dizer que um líder é humano e que erra, para Platão, seria um pensamento errôneo porque um líder deve pensar naqueles que governa. Então, Olavo se esquece que todo ser humano desprovido de ética, pode ser mentiroso e ele concordar com ideologia comunista, não faz dele mais ou menos mentiroso. A politica é cheia de sofismas ou falácias, para eventualmente, convencer o povo. 

Como mostrei no meu texto anterior – que ninguém leu – gosto do modo socrático de fazer filosofia, porque, como Sócrates combateu 2 batalhas importantes para Atenas, ele filosofava sem medo e confrontava de frente a questão. A coragem socrática deve ser seguida a partir do ponto de seguir a ética como modo de elevação espiritual, e não estou preocupado do que o ateuzinho caga regra acha, mas a elevação da alma vai muito além da visão religiosa. O haavy metal faz críticas mais inteligentes do que os ateus caga regras. Mas indo mais além, o educador não pode contaminar sua educação com crenças daquilo que acha, e sim, aquilo que é justo e ético. Num modo bastante simples podemos dizer que: as pessoas não são éticas porque acreditam em ideologias (sejam elas quais forem) ou acreditam em religiões que podem ou não, transformar a vida da pessoa. As pessoas são éticas porque recebem uma educação para serem justas, para trilharem o caminho reto daquilo que é certo. A elevação espiritual tem a ver da percepção que o outro sente, que o outro faz e o outro é. O inimigo é botar a culpa no outro, taxar o outro de culpado quando a culpa é sua. Isso, aqui no Brasil, tem a ver com o “veja bem”. 

O “veja bem” é a solda para fazer híbridos ideológicos e religiosos. Seguir aquilo que te interessa enquanto tem um retorno, nem que seja um like virtual. Todos nós sabemos, as intenções desses intelectuais que se pintam de filósofos, acham que tem o direito de analisar coisas que não sabem. No twitter está cheio de pessoas achando que estão dizendo a verdade, mas, são meras opiniões delas. Um povo que não sabe definir o que é politica, definir o que é comunismo, definir o que é liberalismo, o que é liberdade de expressão, não pode ser levado a achar que está criticando. Critica é muito mais além do que “falar mal”. A meu ver, o Olavo só fala mal, não há uma análise séria nem nos seus tuites, nem nos seus livros.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

MatrixReload – Olavo e seu fetiche por comunistas

 




Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


Há uma discussão (muito tosca, por sinal) o que é o comunismo e porque todo mundo tem medo dele. Porque, assim como o capitalismo liberal, o comunismo é uma ideologia politica que visa a igualdade sem nenhum governo que explore o trabalhador. Isso é um processo, ou seja, a sociedade tem que passar pelo socialismo (como modo de educação) para não ter desejo supérfluos ou desejar aquilo que não vai precisar. Com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), não precisamos dizer, que os anarquistas avisaram que isso ia sair errado. Por quê? Porque o que interessa não é o dinheiro, pois, dinheiro sem um certo nível de poder, não tem importância nenhuma. O problema da ideologia socialista é que o governo nunca vai sair do socialismo, porque o poder seduz, o poder faz com que as pessoas façam coisas que nem estão na sua natureza. Ficam muito mais escravos e submissos do que qualquer infeliz que caia na escravidão.

Mas não é só o socialismo que é uma utopia – mesmo o porquê, nenhum governo tem que regulamentar o que você deseja ou não – o liberalismo, de certa medida, também tem suas utopias. Como a meritocracia. Você trabalhar e conquistar não te faz uma pessoa que tem algum mérito, só te faz um trabalhador que tem uma melhor condição porque, de alguma maneira, foi atrás. Não é mérito ser um “escravo” do sistema com melhores condições. Aliás, onde está o mérito em pagar impostos altos e ter um custo de vida, de gastar tudo, ganho no seu mérito? Outra utopia é a liberdade. Você acha que tem alguma liberdade de dizer o que pensa, de ler o que você gosta ou ver e assistir aquilo que você quer, ou namorar quem você quer e é uma inverdade. A publicidade te conduz para o caminho que o sistema quer, no que comprar, no que vestir, no que ouvir, no que assistir e a mídia faz o seu papel de colocar medo dentro da sociedade, tanto por uma ideologia, quanto por outra ideologia. Por muito tempo – dentro da guerra fria – tanto os Estados Unidos fez isso, quanto a URSS também fez. Ou seja, não importa o governo, sempre seremos escravos desse sistema.

Olavo de Carvalho é fruto desse tempo e fruto de um tempo de guerrilha que ninguém se lembra. Países capitalistas diziam que comunistas eram “maus” e precisavam ser combatidos pela liberdade – num mundo que você trabalhava o dia inteiro para uma outra pessoa e ganhava muito pouco por mês – e no outro lado, os comunistas diziam que os capitalistas exploravam o trabalhador na sua força do trabalho. Vamos lembrar que o esquema sempre é o mesmo, ter um inimigo para melhor dominar pelo medo e pela falsa sensação de união. Será mesmo que existe alguma união pelo medo? Será que existe algum respeito pelo medo? Olavo, mesmo negando, é a voz mais importante do governo atual e é, mesmo que alguns neguem, um filósofo respeitado por muitos e que tem uma grande parcela de colaboração em alimentar que existe um complô comunista para dominar o mundo. Mas, se existem pessoas tão poderosas e tão influentes dentro do capitalismo, como eles vão convencer essas pessoas a serem comunista e virarem a chavinha? Por outro lado, sabemos que as merdas que o PT (Partido dos Trabalhadores) fez, não tem nada de comunistas, são corrupções perfeitamente capitalistas e mais, os antiPTs de hoje, estavam calados no governo petista. Por que será?

Assim, a pergunta do Olavo no Twitter: “Quando vão entender que comunista NUNCA é honesto, PORRA?” não faz nenhum sentido, pois é uma pergunta retórica apelando pelo seu suposto título de autoridade (achando ser um filósofo). Primeiro, que o Olavo de Carvalho não indaga sua própria crença, então, ele não é um filósofo e seu modo operante, se resume em repetir livros que leu. Todo sujeito que repete aquilo que leu para colaborar suas crenças, não passa de um intelectual. Segundo, um filósofo não pode ter crenças onde não indaga suas crenças, pois, se ele não examina sua própria vida e sua própria realidade, não pode ter o título de filósofo. Eu gosto do método socrático de exortação (proteptkós) e a indagação (élenkhos), onde afastamos a mera opinião (doxa) e cada vez mais, vamos ao rumo ao conhecimento (episteme). Ou seja, perguntas devem ser feitas a partir dessa mesma pergunta: por que eu tenho que entender isso? Por que um comunista não pode nunca dizer a verdade? O que é a verdade?

Olavo sabe que essa é uma pergunta retórica que não quer dizer nada e nem diz nada, porque não diz quem e nem o porquê. Pois, ele quer alimentar o inimigo imaginário, ele quer imputar só nos comunistas a imagem de mentirosos, sendo, que o título de mentiroso cabe a todo ser humano que não tenha caráter. Esta além do intuito ideológico, está no intuito educacional. Quantos conservadores mentem toda hora? Quantos religiosos fazem escondido aquilo que condenam? A questão vai muito mais longe, mas, do Olavo, não tenho mais vontade de refutar. É muito fácil.

sábado, 12 de dezembro de 2020

Os moralistas do politicamente correto

 



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


Muitas coisas eu discordo do professor Paulo Ghiraldelli Jr – por razões que expliquei em vários textos – mas seu vídeo sobre o abuso sexual que sofreu Dani Calabresa por parte do Marcius Melhem, foi o resumo que sempre acho que acontece em muitas partes do chamado “politicamente correto”. Há um erro histórico dentro da questão do politicamente correto, porque ele começa não por pautas da esquerda, mas com o moralismo conservador yanque. E por isso mesmo, há uma capa (um tipo de biombo) para se mudar termos e maneiras de falar (semântica), para esconder coisas piores do que dizer. Qual a diferença alguém me chamar de deficiente e de me chamar de pessoa com deficiência? Nenhuma. Porque o biombo é pessoa com deficiência e por baixo ha atitudes capacitistas que ninguém olha, como não aceitar que somos pessoas como outra qualquer, como o movimento feministas não achar que mulheres com deficiência tem sexualidade e sim, são assediadas, trancadas, proibidas de ter um namoro e por ai vai. Além, claro, que empresas exigirem laudos médicos para mandarem seus currículos. 

A questão é: o que mudou no comportamento da sociedade ser chamado de pessoa com deficiência ou deficiente? Empresários passaram a contratar deficientes, ruas estão acessíveis, as pessoas passaram a nos respeitar? Muito pouco ou quase nada. Foi o que aconteceu com Melhem, pois mesmo ele ter reformulado todo o Zorra (que mudou de Zorra Total para só Zorra) tirando piadas ditas ofensivas, machistas, homofóbicas, etc., mas em contrapartida, punha sensualidade nos personagens da Calabresa. Porque estava personificado em sua cabeça a imagem dela “gostosa”, dela daquele jeito, e fazia com que ela encarasse esse tipo de personagem fazendo da vida da humorista, um inferno. E não adiantou nada tirar as piadas, os personagens sensuais, ficaram. E existe um outro fenômeno interessante aqui, a Globo é odiada tanto pela esquerda quanto pela direita, porque tem um conteúdo pasteurizado a muito tempo e tem serias dificuldades de mudar isso. 

Agora temos que fazer uma importante pergunta: o porquê nunca pensaram em modernizar o Brasil e nunca se pensaram fazer uma educação escolar de verdade aqui sem amarras vagabundas e grades infinitas, que no final das contas, nunca vão ensinar nada? Primeiro, a nossa elite gosta de dinheiro, mas detesta cultura porque acha que cultura é perda de tempo, pois não é. E financiam aquilo que dará a eles uma grana em imediato, sem esperar o retorno que poderá demorar, pois, a nossa cultura tem essa característica de querer tudo para amanhã. Segundo, não ha nenhuma modernização do Brasil porque não há interesse nem da elite mercenária e nem do nosso corpo politico, de deixar sermos vassalos comerciais de outros países. Por outro lado, isso demanda uma educação de qualidade, sem nenhuma amarra ideológica e assim, não interessa se a família é cristã, se a família é comunista, se a família é isso ou aquilo, a educação tem que passar valores de respeito e humanização. Não um moralismo que pode esconder psicopatas perigosos (como acontece nos Estados Unidos), e nem um esquerdismo que enxerga um mundo cor-de-rosa e nem liberal que tudo é no modo econômico. 

Uma educação de qualidade incentiva as crianças a aprenderem coisas que agreguem dentro das vidas delas, pois o que vimos, que muitas crianças são ensinadas a serem só profissionais e não cidadãos. Não sou contra se aprender uma profissão e trabalhar na indústria, o que eu questiono é o modo de montar uma educação onde há repreensão e decoração. As crianças devem entender para aprender e não decorar, pois decorando ela não vai questionar outras coisas que ela vai saber que está errado. E a questão dos relacionamentos liquidos tem um pouco a ver com isso. Se uma criança aprender que o outro importa, não vai descartar uma amizade só por causa daquilo que não concorda, ou até mesmo, a imagem que idealiza do outro. Ele vai ver a realidade e isso mesmo que os governantes não querem.



quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Chantagem – a filosofia explica?


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


O que é uma chantagem? Segundo a Wikipédia, uma chantagem é um ato imoral e criminoso que consiste em ameaçar em revelar um ato criminoso ou imoral de outra pessoa a não ser que a outra pessoa ameaçada cumpra as exigências que, geralmente, para proveito próprio. Geralmente, quem faz a chantagem sempre vai exercer um processo de pressão mental sobre a pessoa que eles estão chantageando para receber algo do seu interesse, sendo que quem está sendo chantageado, é obrigado a aceitar para não ser revelado o conteúdo que não pode ser revelado. Ora, e quando o chantageado tem nada a perder e é doidão ao ponto de dizer um não para quem está chantageado e resolve escrever um texto sobre chantagem e a filosofia?

Eu sou um cadeirante aspirante de ser um filósofo profissional, sendo que, estou fazendo minha licenciatura. Vivi anos nas redes sociais e em fóruns e vivi muitas coisas para saber que um se foda resolve muito coisa, principalmente, quando você não fez nada de errado nesses anos todos na internet. E olha que fiz um curso de hacker e técnico de informática, mas nunca tive interesse de invadir sistema de ninguém. Mas, existem pessoas que fazem e ainda usam os arquivos que roubam (hackeando) para fazerem chantagens e existem pessoas que caem nessas chantagens. Eu fui, nesses dias, uma vítima de pessoas que pegaram minhas fotos e começaram a dizer que eu mandei para sua filha, e disseram, que ela ficou traumatizada (eu sou tão feio?) e teriam que internar ela e precisavam de R$ 7600,00 reais e eu teria que pagar. Como não mandei nenhum nudes para ninguém, muito menos para menores, eu não aceitei a chantagem e printei tudo, além claro, fiz um B.O. (Boletim de Ocorrência). Se eu fosse um abusador eu faria um boletim de ocorrência? Claro que não.

Claro que acabou por ai, mas queria dissecar o motivo que as pessoas querem enganar as outras, pois, quando te jogam limões, tem-se de fazer uma limonada. Eu não tenho medo nenhum de chantagem e não aceito chantagem nenhuma, porque quando você aceita, você está sendo escravizado daquilo. Eticamente, uma chantagem é uma tentativa de escravizar o outro usando aquilo que não pode ser revelado, quando você não aceita a chantagem, você não dá ao outro o poder que ele supõe ter. Por outro lado, sabemos muito bem, que a nossa cultura está se degenerando não por causa da falta de moral que os moralistas acham verdadeira, mas, a falta de virtude que falta na contemporaneidade. E lendo o livro de Werner Jeager, Padeia – a construção do homem grego, vi que deveríamos nos voltar na verdadeira educação feita em cima da ética (ethos) e a virtude (aretê). Não, a moral não é o mesmo da ética. A moral foi inventada pelos romanos para ensinar o cidadão do império, que ele era uma parte de um todo e não existia um romano e sim, um costume. Os gregos (helenico) se preocupavam com o caráter do cidadão, mesmo que esse cidadão, tenha que viver para a polis. Sempre digo que entre nós e os gregos, esteve Roma e os romanos, por causa do seu vasto império, degenerou toda uma cultura ética e virtuosa.

Claro que outras culturas degeneraram a virtude e a ética ao ponto, de a virtude só ser concebida para um grupo seleto de pessoas que mereciam o título. Mesmo os gregos, no fim da democracia ateniense e o poderio militar espartano, se degenerou quando se esqueceu do ethos e da aretê, ficando apenas, o pensamento que deveríamos ter a phronesis. Esqueceram da paideia socrática que visava a ética em primeiro lugar, visando sempre a procura do bem. Mesmo que os cristãos inventaram a individualidade para explicar a graça – onde cada um recebe quanto as suas ações – esse bem individual começa a ter uma lógica e um porque temos que fazer uma boa ação. Não faço e nunca fiz uma má ação, eu faço boas ações que podem beneficiar pessoas e essas pessoas poderem agregar mais com meu convívio, sempre visando que, a cada obra evoluímos mais e chegamos cada vez mais da verdade. Chegamos bem pouco perto dela, porque a verdade nunca pode ser medida com a realidade, mesmo o porquê, não sabemos o que é a realidade. E, ainda, muitas pessoas acham, que estou viajando e não estou viajando. O que tem de honrado você ganhar dinheiro na chantagem? As pessoas estão criando os filhos para ganharem dinheiro e que se foda, porque o dinheiro está acima daquilo que é de fato, aquilo que aconteceu. Não estou pregando nenhum socialismo – que para mim, é um capitalismo estatal – mas existem maneiras éticas de se ganhar dinheiro mais honestamente.


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Honra e respeito – a convivência social




 

Para um autêntico samurai não existem as tonalidades cinzas no que se refere a honra e justiça, só existe o certo e o errado. 





Por Amauri Nolasco Sanches Junior 



É sabido, que antigamente se tinha honra e respeito e que a sociedade pensava duas vezes, para desrespeitar alguém dentro de uma comunidade. Eu fui criado sempre honrando a educação, no qual, fui submetido e respeitando os outros e não é só conversa não, é sério. Eu nunca desrespeitei nenhuma mulher ou ninguém, que viesse falar comigo ou até mesmo, quem eu queria namorar ou estava interessado. Isso para mim, não é um homem e sim, um moleque e tenho plena convicção que não sou. Mas, como diz aquele velho ditado, por causa de uns, outros pagam o “pato” e tem sempre aquelas frases do tipo: “todo homem é igual”, “todo homem é um estuprador em potencial”, “todo homem assedia” e por ai vai a lista. Por outro lado, isso é uma jogada politica para obter maior poder por separar a massa (social) em nichos para melhor governarem. 

A questão que perdemos a virtude (aretê) que seria a honra e o respeito de ser o que se é. Pois, quando os gregos educavam seus jovens (homens livres), não eram porque queriam que ele ganhasse dinheiro ou que trabalhassem para alguém (isso também, mas não era o essencial), e sim, era para criar cidadãos melhores dentro da sociedade levando os princípios que sempre fizeram essa sociedade ser o que são. Mas, perdemos isso para ganhar coisas que não tem nada a ver em ser cidadão e só tem a ver para ser um escravo do sistema. Sim, não precisamos de mais stress para ter mais, temos que ter o suficiente para sobreviver e viver confortavelmente. Porém, essa busca do cada vez mais, tem levado o ser humano a deixar a moral e a ética de lado e buscar esse “mais” em situações, que na teoria, eram ilegais. Ai, mora o perigo dessa sociedade estilhaçar e foi o que aconteceu em Atenas e Roma, pois, enquanto havia virtude entre os governantes, havia uma união e quando isso acabou, acabou tudo. 

É o que está acontecendo, ou seja, as pessoas não tem nenhuma honra e não tem nenhum respeito pelo outro, porque se acabou com essa coerção e a empatia de fazer a seguinte pergunta: se fosse comigo, eu gostaria que agissem assim também? Provavelmente, não. Assim, trago comigo vários princípios que não deixo nunca e fazem eu ter honra e respeito. Primeiro, não abro mão da minha liberdade e assim, não aceito que as pessoas achem do direito de me fazerem ameaças ou chantagens, sejam elas quais forem. Quer fazer algo contra mim, faça e não encha meu saco. Não gostou do que eu posto? Me bloqueia. Mas não ache que vou fazer o que você quer, pois, não faço o que ninguém quer e isso vem da minha alma espartana. Segundo, não faço nada ilegal, mesmo que isso eu não concordo, pois, a grande maioria concordou em fazer assim, então, temos que seguir a lei para ter ordem. 

Tudo tem uma ordem. Se o universo não tivesse uma ordem, não teríamos um sistema solar e nem ordem para ter vida no planeta Terra. Então, nossa vida se não tiver ordem e seu caminho reto – mesmo que você faça sua própria moral – ela não tem uma ordem para vivemos. Por que vou fazer alguma coisa que não queremos para nós? Queremos que as pessoas nos matem, nos batam ou que nos chantageia? Claro que não. Queremos que as pessoas nos respeitem e acreditem que nem todo mundo tem a essência má (ignorante) ou que elas são boas (conhecimento), porque depende dos valores que foram ensinados para essas pessoas. Não só pela educação e sim, também, pelo exemplo. Você educa seu filho para ser um cidadão e não só para você mesmo. Você cria seu filho para o mundo e não só para você mesmo. Então, essa cultura reacionaria que acha que no seu tempo não tinha isso ou aquilo, é uma puta mentira. Primeiro, que sempre teve jovens que quiseram mudar o mundo, acontece que a internet potencializou isso e mais, no meu tempo (anos 80/90), tinha a lambada, a boquinha da garrafa, entre outras coisas. Segundo, educação não é uma coisa que você tira dentro do que você acha, educação é um meio de colocar seu filho dentro da sociedade.


domingo, 6 de dezembro de 2020

3 de dezembro – tem algo para comemorar?

 


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

Como estou nas provas do meu curso de Licenciatura de Filosofia, não escrevi no dia internacional das pessoas com deficiência, muito embora, eu tenha escrito um pequeno texto lá no Instagram (vou colocar no final desse). Nesse ínterim, eu vi um vídeo da youtuber Mariana Torquato, dona do canal “Vai uma mãozinha ai” - fazendo um trocadilho quanto a sua deficiência que é não ter um dos braços – gravou um vídeo com várias frases que as pessoas fazem e falam para as pessoas com deficiência, mas, que achei além de generalizado, achei bastante genérico e acho que a discussão linguística, bastante subjetiva e inócua e aprendemos isso na filosofia de linguagem (que usa a lógica pura). Podemos pegar o exemplo de uma fala que diz que não quer falar com o papai noel porque é coisa de criança, adultos não falam com papai noel. Por que eu não posso querer falar com o papai noel por eu ser adulto? Alias, tenho fotos do papai noel do Shopping Aricanduva, que eu e minha ex-noiva, estamos tirando foto com o papai noel. E isso é normal, está tudo bem. O “querer” passa pela vontade e se eu tenho vontade, isso nada tem a ver em ser ou não criança, ser ou não ser uma pessoa.

Lógico, que ser chamado de especial ou as pessoas acharem que nós ficamos o dia inteiro em uma cama, incomoda, mas temos que ter cuidado em achar que ser adulto é ser chato. Eu mesmo, como eu disse lá em cima, tenho foto com o papai noel, assim como, tenho foto com bonecos famosos. O problema é as pessoas acharem que as pessoas com deficiência são crianças, ai é para dizer não, sem ser mal-educado. Pois, a meu ver, dá para ser duro com uma questão sem ser estúpido e até argumentando que não sou criança e não quero fazer tal coisa. O problema que esse tipo de pensamento acaba sendo seletivo, porque ao mesmo tempo tudo isso do vídeo incomoda, outras pautas e outras maneiras de expressar na nossa cultura, são toleradas. Como a música “Cadeira de Rodas” do Fernando Mendes, onde ele diz que tinha uma menina (provavelmente, adolescente) que vivia triste a chorar, sendo, que isso é um estereótipo clássico no capacitismo. Porque – isso eu já escrevi em um outro texto – a imagem da cadeira de rodas foi muito estigmatizada (no sentido de estar ligada) a doença por causa do uso em hospital, mas ela foi idealizada para uso de pessoas que perderam membros em guerra. Há, até mesmos estudiosos, que dizem achar que na Grécia antiga já se usava cadeiras de rodas para veteranos de guerras. Ou seja, a cadeira de rodas sempre foi uma ideia onde havia uma utilização para a locomoção das pessoas com deficiência física. Talvez, essa ideia de sofrimento tenha vindo da igreja católica que estigmatizou as pessoas com deficiência como sofredoras.

Embora eu tenha feito toda essa análise, não acho que ser chamado de deficiente ou pessoa com deficiência, vai fazer diferença na questão do capacitismo. Claro, mudanças linguísticas podem acontecer e acontecem com frequência durante uma construção de cultura de uma nação, mas temos que romar cuidado para não ferir liberdades subjetivas que pode ferir o direito do outro de se expressar ou de pensar. Temos que mostrar que as pessoas com deficiência – e isso é bastante importante – pode ser uma pessoa como outra qualquer e isso, em prática, pode ser cobrado e enfatizado na questão de acessibilidade. Mas, como ter acessibilidade se existem mães que prendem cadeirantes dentro de casa? Como ter acessibilidade se o próprio governo acha que não tem demanda ou grana para fazer? Para ter bons profissionais com deficiência, se tem que ter escolas e essas escolas, pasmem, estão sendo sorteadas para serem adaptadas para receberem crianças com deficiência. Até mesmo, o governo federal tentou voltar as classes especiais para, exatamente, não adaptar essas escolas e jogar, mais uma vez, para debaixo do tapete.

Para as empresas contratarem cadeirantes se deve parar de tratar pessoas com deficiência trabalhando como uma coisa extraordinária, pois, não é. Uma pessoa entregando comida numa cadeira de rodas ou um muletante sem a perna puxando um carrinho, não faz dele uma pessoa especial, e sim, um trabalhador como outro qualquer. Nem acho que quem não trabalha é vagabundo. Porque as pessoas acham que é isso, a imagem da deficiência sempre vai ficar ligada a doença enquanto as pessoas ficarem postando que coisas cotidianas, são coisas especiais. Não estou fazendo Licenciatura de Filosofia para ser exemplo de superação, pois, não quero ser exemplo de porra nenhuma, mas porque eu gosto.