Por Amauri Nolasco Sanches Júnior
Quando vimos casos da Isa Penna do PSOL – onde ela sofreu importunação sexual – nos perguntamos onde a esquerda errou em denunciar e proteger minorias das barbaridades de gente ignorante como o deputado. E não estou falando numa conotação ideológica, estou falando de uma conotação humanista. Ideologicamente, a esquerda sempre acreditou na mudança e no processo de inclusão das minorias marginalizadas, que fazia da esquerda um movimento humanitário. A ala mais radical sempre foi a socialista, por ser do movimento sindicalista e vir de um filósofo que estudou o capitalismo em seus primórdios, Karl Marx. Marx nunca concordou com os marxistas, tanto foi assim, que ele escreveu para seu genro que não era um marxista. Também, Lênin planejava matar os marxistas e os esquerdistas, porque na opinião dele, eram infantis e não intendiam a revolução. Quem tiver dúvida, só ler a obra de Lênin.
Talvez, a esquerda não enxergou que a mudança de paradigma não está numa forma social, porque indivíduos são pessoas autônomas e podem escolher a partir de opções daquilo que se mostra na realidade e assim, nessas escolhas, podem fazer ou não como seres libertos. O discurso predominante é o discurso do poder, o discurso do Estado dizendo a cada um o que fazer, e nisso, tolhendo o individuo de pensar por si mesmo. A teoria de Marx, que a mudança vem pela revolução (que alguns botam no movimento marxista), não pode ser feita em armas e nem através do socialismo, porque isso não é liberdade, mesmo daqueles considerados alienados. A conscientização através da educação – dai a esquerda marxista erra por achar que a educação só é feita através da doutrinação – e a consciência que todos os preconceitos, são formas de não união e alienar a realidade existente. Ou seja, o socialismo é um contraponto do capitalismo sendo seu contrapeso, mas na sua essência, não passa de uma outra forma de dominação social. Pois, qual seria o critério de ser ou não supérfluo? O que seria igualdade sendo cada ser humano o ser individual? E no mais, a experiência sovietica mostrou que os homens revolucionários tinham as mesmas atitudes dos homens burgueses capitalistas, tendo amantes, não colocando mulheres nas altas escalas do poder. Eram no máximo, amantes e secretarias.
Claro, existem outras esquerdas e outras partes como a progressista, que visa o progresso sem uma mudança drástica, mas, uma mudança social importante para a promoção da igualdade. Só que o progressismo veio do iluminismo (junto com o positivismo), e o mesmo, não era muito favorável a liberdade e no mais, eles achavam que o ser humano iria se libertar pelo conhecimento e pela ciência. As mídias sociais, junto com a internet, vem mostrando que o ser humano vai se emburrecendo cada vez mais porque as teorias inúteis, negaciosismo de coisas sem o menor embasamento, não tem fim. Pois, o problema não é o conhecimento, mas o conhecimento fácil que pode ser chamado de conhecimento vagabundo. E a ciência, se mostrou refém do Estado porque precisa dele para seus financiamentos e no mais, vimos duas guerras, totalmente, científicas.
Nem a esquerda revolucionaria e nem a progressista, se deu conta, que não resolveu o problema milenar do machismo. Mesmo, que ha um discurso bem construído no movimento feminista, para abordar esse tema, não ha pautas para educar os meninos do amanhã. Porque o movimento feminista – enquanto movimento de esquerda e defensor das causas das mulheres – tentam pautar coisas que não tem o porque pautar, pois, os homens não vão desrespeitar as mulheres verbalmente (que os funkeiros fazem direto e a esquerda fecha os ouvidos) e sim, com gestos. Dai caímos no individuo de novo. Porque cada individuo vai desenvolver seu caráter a partir da educação que recebeu e a instrução escolar necessária, isso sem dúvida. Muitas mulheres criam seus filhos com liberdade, pois, são homens e precisam namorar, enquanto as mulheres, se tiverem liberdade são vagabundas. Isso não adianta, pessoas da esquerda também pensam assim. Minha mãe, por exemplo, criou dois meninos (eu e meu irmão) e uma menina (minha irmã) com igualdade, sem preferências. Eu e meu irmão respeitamos as mulheres.
Mas tem um outro aspecto que poucos falam, o feminismo herdou da esquerda a confusão entre moral e moralismo, pois, uma coisa não tem a ver com a outra. Uma sociedade deve haver uma moral, porque se todo mundo matar, roubar ou fazer coisas ruins, não vamos ter confiança um nos outros. Isso é básico. A atitude do deputado foi imoralmente reprovável, porque moralmente, você não pode chegar numa mulher por trás e apalpar seus seios, sem a mulher deixar. E toda moral vem da educação, pois a educação dará a pessoa um apoio moral que precisa para fazer o seguinte questionamento: eu gostaria que um homem fizesse isso com minha irmã, minha mãe, minha namorada e etc? Garanto que não. E isso é a moral.
Já o moralismo é ficar observando o que o vizinho está fazendo. A maioria dos religiosos aqui no Brasil é moralista, por, exatamente, se meter na vida do outro e por se meter, não se respeita a individualidade (que o próprio cristianismo fundou). Mas, o brasileiro em essência, não quer educar seu filho e sim, querem que não mostrem certas coisas que não querem explicar. Não querem explicar dois homens ou duas mulheres se beijando. Não querem explicar o porque pessoas fazem tatuagens. Não querem explicar o porque não se deve ouvir funk pancadão. Eles querem que os filhos aprendam na rua, aprendam sozinhos certas coisas.
Portanto, a esquerda se contaminou com um esquerdismo infantil e ressentido, que perdeu sua essência libertadora e ficou refém de linguistas, psicólogos e pessoas que acham que dizer a verdade, é traumatizar.
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