segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

MatrixReload – Olavo e seu fetiche por comunistas

 




Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


Há uma discussão (muito tosca, por sinal) o que é o comunismo e porque todo mundo tem medo dele. Porque, assim como o capitalismo liberal, o comunismo é uma ideologia politica que visa a igualdade sem nenhum governo que explore o trabalhador. Isso é um processo, ou seja, a sociedade tem que passar pelo socialismo (como modo de educação) para não ter desejo supérfluos ou desejar aquilo que não vai precisar. Com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), não precisamos dizer, que os anarquistas avisaram que isso ia sair errado. Por quê? Porque o que interessa não é o dinheiro, pois, dinheiro sem um certo nível de poder, não tem importância nenhuma. O problema da ideologia socialista é que o governo nunca vai sair do socialismo, porque o poder seduz, o poder faz com que as pessoas façam coisas que nem estão na sua natureza. Ficam muito mais escravos e submissos do que qualquer infeliz que caia na escravidão.

Mas não é só o socialismo que é uma utopia – mesmo o porquê, nenhum governo tem que regulamentar o que você deseja ou não – o liberalismo, de certa medida, também tem suas utopias. Como a meritocracia. Você trabalhar e conquistar não te faz uma pessoa que tem algum mérito, só te faz um trabalhador que tem uma melhor condição porque, de alguma maneira, foi atrás. Não é mérito ser um “escravo” do sistema com melhores condições. Aliás, onde está o mérito em pagar impostos altos e ter um custo de vida, de gastar tudo, ganho no seu mérito? Outra utopia é a liberdade. Você acha que tem alguma liberdade de dizer o que pensa, de ler o que você gosta ou ver e assistir aquilo que você quer, ou namorar quem você quer e é uma inverdade. A publicidade te conduz para o caminho que o sistema quer, no que comprar, no que vestir, no que ouvir, no que assistir e a mídia faz o seu papel de colocar medo dentro da sociedade, tanto por uma ideologia, quanto por outra ideologia. Por muito tempo – dentro da guerra fria – tanto os Estados Unidos fez isso, quanto a URSS também fez. Ou seja, não importa o governo, sempre seremos escravos desse sistema.

Olavo de Carvalho é fruto desse tempo e fruto de um tempo de guerrilha que ninguém se lembra. Países capitalistas diziam que comunistas eram “maus” e precisavam ser combatidos pela liberdade – num mundo que você trabalhava o dia inteiro para uma outra pessoa e ganhava muito pouco por mês – e no outro lado, os comunistas diziam que os capitalistas exploravam o trabalhador na sua força do trabalho. Vamos lembrar que o esquema sempre é o mesmo, ter um inimigo para melhor dominar pelo medo e pela falsa sensação de união. Será mesmo que existe alguma união pelo medo? Será que existe algum respeito pelo medo? Olavo, mesmo negando, é a voz mais importante do governo atual e é, mesmo que alguns neguem, um filósofo respeitado por muitos e que tem uma grande parcela de colaboração em alimentar que existe um complô comunista para dominar o mundo. Mas, se existem pessoas tão poderosas e tão influentes dentro do capitalismo, como eles vão convencer essas pessoas a serem comunista e virarem a chavinha? Por outro lado, sabemos que as merdas que o PT (Partido dos Trabalhadores) fez, não tem nada de comunistas, são corrupções perfeitamente capitalistas e mais, os antiPTs de hoje, estavam calados no governo petista. Por que será?

Assim, a pergunta do Olavo no Twitter: “Quando vão entender que comunista NUNCA é honesto, PORRA?” não faz nenhum sentido, pois é uma pergunta retórica apelando pelo seu suposto título de autoridade (achando ser um filósofo). Primeiro, que o Olavo de Carvalho não indaga sua própria crença, então, ele não é um filósofo e seu modo operante, se resume em repetir livros que leu. Todo sujeito que repete aquilo que leu para colaborar suas crenças, não passa de um intelectual. Segundo, um filósofo não pode ter crenças onde não indaga suas crenças, pois, se ele não examina sua própria vida e sua própria realidade, não pode ter o título de filósofo. Eu gosto do método socrático de exortação (proteptkós) e a indagação (élenkhos), onde afastamos a mera opinião (doxa) e cada vez mais, vamos ao rumo ao conhecimento (episteme). Ou seja, perguntas devem ser feitas a partir dessa mesma pergunta: por que eu tenho que entender isso? Por que um comunista não pode nunca dizer a verdade? O que é a verdade?

Olavo sabe que essa é uma pergunta retórica que não quer dizer nada e nem diz nada, porque não diz quem e nem o porquê. Pois, ele quer alimentar o inimigo imaginário, ele quer imputar só nos comunistas a imagem de mentirosos, sendo, que o título de mentiroso cabe a todo ser humano que não tenha caráter. Esta além do intuito ideológico, está no intuito educacional. Quantos conservadores mentem toda hora? Quantos religiosos fazem escondido aquilo que condenam? A questão vai muito mais longe, mas, do Olavo, não tenho mais vontade de refutar. É muito fácil.

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