terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Amor e espiritualidade – porque o amor morre




Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.

Friedrich Nietzsche



Hoje em dia o amor tem várias restrições. Claro, que existem muitas diferenças entre cada amor que vivemos na vida, como amor pela sua mãe, amor pelo pai, amor pelos irmãos...mas estou me referindo, especificamente, o amor eros. Eros era o deus do amor dos gregos antigos, porque era filho de Afrodite com Ares, porém, em algumas versões a do Caos. Nietzsche sintetiza isso com essa frase, tudo que podemos fazer para a pessoa amada está além do bem ou do mal, porque aquilo foi feito pelo amor que você sente. Mas, o mundo não é feito só entre você e seu amor e sim, de outras pessoas. As pessoas sempre acham que você não podem cometer os mesmos erros que elas mesmas cometem, por isso aparecem frases como “todo homem é igual”, “homem não presta” ou “todo homem tem um potencial de ser tarado”. Nem acho que o homem tem que tratar a mulher como uma empregada, mas não vamos lutar por direitos, quando generalizarmos tudo. Nem todo ser humano é igual.

Discordo com o sociólogo Bauman em um ponto, os relacionamentos não ficaram líquidos por causa do valor daquilo que se sente, mas, ficou liquido por causa da narrativa midiática de liberdade, sendo, que é uma liberdade ilusória. Enquanto os jovens estão coitando mais – o sexo ficou mais fácil e mais banal, mesmo em comunidades religiosas – eles ficam com uma sensação de liberdade porque as grandes corporações tanto das redes sociais, como as corporações governamentais, querem que pensamos que temos mais liberdade. Uma sensação ilusória. Porque enquanto se acha isso, você não está fora do sistema ou fora da moral, você faz o que eles querem que você faça. Quem vocês acham que financiam os puteiros? Quem financia a prostituição infantil no nordeste? Quem financia os inúmeros bailes funks? Enquanto o discurso do politicamente correto diz que todo homem, ou até mesmo, toda mulher exige respeito num relacionamento sejam “pessoas tóxicas”, vamos banalizar muito os relacionamentos e até, a discussão entre machismo ou feminismo. Mesmo o porquê, pessoas tóxicas são pessoas que respondem com violência física ou violência psicológica, tem atitudes de loucura e começam torturar o companheiro. Pessoas tóxicas não são pessoas bipolares.

A toxicidade dos sentimentos começa com a questão da posse, o “meu” sempre é corriqueiro: “meu filho”, “minha mulher”, “meu marido”, “minha namorada”, “meu namorado” e etc. Funks proibidões são músicas tóxicas que tratam a mulher como objeto sexual, sem ao menos, ter um momento racional das letras. Ora, a narrativa é sempre que a moral é burguesa, mas a burguesia pós-moderna sempre financiou esse tipo de lixo e nem ao menos tem a menor vergonha disso. Emburrecer sempre foi a ordem. O marxismo simplificou muito o discurso que a moral é burguesa, pois as piores putarias vieram, justamente, dessa burguesia. Aqui no Brasil, a burguesia para se opor ao regime militar – porque os militares não fizeram tudo que eles quiseram – começaram a financiar os filhos a fazerem pornochanchadas, músicas imbecis, começaram a deteriorar a cultura para, talvez, enfraquecer o sistema vigente. O que aconteceu, talvez, também ajudou o regime: emburreceu mais a população e acostumou ela a querer uma cultura fácil sem ao menos, ter a competência de entender letras ou entender a realidade. Professores, em nome de quebrar essa moral burguesa, ensinaram a pensar como seres humanos pré-históricos e não serem racionais. Os marxistas confundiram moral com moralismo (podemos dizer que esse erro veio sim do próprio Marx).

Você não judiar daquele que ama é um tipo de moral. Pois, a moral começa quando você vê o outro como um ser humano e não um objeto, pois, um objeto pode ser usado e logo depois ser descartado. Por que descartamos um objeto? Porque não se tem mais uso. Quando você começa a ver que casamentos, sem nenhuma violência, se separam ou que, até mesmo, amizades são descartadas porque você não concorda com o outro, podemos ver ai uma objetificação do outro. Como se o outro fosse um aplicativo ou um perfil qualquer. Ficamos uma humanidade sem rumo porque deletamos nas nossas vidas valores reais, como respeitar os outros como queremos que nos respeitem. Já o moralismo é, completamente, religioso e é uma imposição daquilo que o religioso acha que é a verdade. Mas, não existem verdades absolutas. Muito porém, sem sombras de dúvidas, não quer dizer que não existam algumas verdades. Não casar virgem não acarreta pecado se você não for daquela religião, ou seja, para aquela pessoa não vai fazer diferença nenhuma. Por outro lado, o homossexualismo ou a emancipação das mulheres, não vai acabar com a família, como querem crer esses religiosos.

O amor morre quando as pessoas, em volta do casal, não tem respeito nenhum e começam a pressionarem. A questão sempre é algo do tipo falar o que eles não gostam, ou fazer algo que não se é aceitável, segundo eles. Por outro lado, sempre existe a questão de achar o que é melhor pra você, sempre será para o outro, é um modo de impor ao outro sua própria visão. Nem sempre a visão que essa pessoa tem, é a visão realista do mundo e da realidade que está em sua volta. Por que uma pessoa com uma deficiência, por exemplo, não pode ser feliz com outra pessoa? Por que pessoas no mesmo sexo, não podem casar ou adotar uma criança? Ou até mesmo, por que mulheres com deficiência podem ficar com amigos e até mesmo, noivos da irmã tóxicos, mas não podem namorar com ninguém? Isso sim, é ser tóxico. A toxidade é sempre impor ao outro a sua opinião e, como diria o velho Platão, opinião não é um conhecimento verdadeiro.

E assim, as narrativas vão ficando mais impositivas e menos discutidas, fazendo que um lado pegue repulsa do outro. Como falas do tipo “comunista” ou “fascista”, “machista” ou “feminista”, “deficiente” ou “normal” e etc, fazendo cada vez mais o ser humano se odiar em vez de amar. E quando a narrativa que “todo homem é tóxico”, não parar, muitas guerras serão travadas em nome da liberdade.


Amauri Nolasco Sanches Jr

44 anos, TI, publicitário, filósofo da educação e estudante de licenciatura de filosofia

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