terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Cachorrinho Alok – a moral do imperativo categórico

 


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

estamos numa campanha enorme para achar o cachorrinho da minha amiga virtual que desapareceu na cidade litorânea de Marataízes (ES) e eu comecei a fazer a seguinte reflexão: será que as pessoas têm noção da dor da minha amiga de ter perdido um animalzinho de estimação? Imagine você perdendo aquilo que ama, tendo que procurar aquilo por dias afora, sem nenhuma notícia. E o pior, fontes dos próprios moradores dizem – pelo testemunho de motoristas que passavam no local – que uma mulher que passava teria levado o cachorrinho embora, talvez, mesmo com toda essa divulgação não quer devolver (pelo que minha amiga diz, a cidade é bastante pequena). Daí vamos fazer a seguinte reflexão: o porque uma pessoa não poderia ter empatia com outras pessoas? Por que temos que pensar em si mesmo e não no outro como uma dor que não pode ser superada? Porque, queira você ou não, tem a ver com a moral. 

O filósofo André Comte-Sponville – um dos filósofos de cabeceira da minha cama – diz no livro “Apresentação da Filosofia”, que a moral nada tem a ver com o moralismo, pois, a moral é aquilo que você não deseja que façam com você mesmo. Então, um questionamento é preciso para que no modo ético, sejamos capazes de nos colocar no lugar das pessoas. Foi o que Kant fez, quando formou o seu imperativo categórica – claramente inspirado no ensinamento cristão – faça atitudes que refletem na comunidade como você quisessem que façam contigo. Sponville cita o anel de Giges que Platão coloca em um dos seus diálogos, onde um pastor encontra um anel. Quando ele vira a pedra para dentro fica invisível, quando ele vira a mesma pedra, fica visível. E assim, ele comete as mais barbaras coisas. O que você faria se tivesse o poder de ficar invisível? Se disser que não faria nada, talvez, fosse uma pessoa justa. Mas, a maioria esconde a verdadeira intenção da sua atitude. Pois, Shakespeare colocou muito bem na obra Otelo, quando Iago começa atiçar Otelo contra sua amada não pensou na possibilidade de ser ele que a mulher escolhesse. Será que Iago teria uma atitude de acreditar no outro homem? Será que ele gostaria que fizesse o mesmo? 

Se todo mundo roubar, se todo mundo mentir, se todo mundo fazer o que não é, eticamente, certo, ninguém vai confiar um no outro e tem mais, o brasileiro acha que democracia é uma liberdade total. Mas a liberdade total prevê que outra pessoa pode te atacar e aqueles que você ama, pode assediar, pode matar, pode roubar e assim, como se sabe, ninguém vai confiar em ninguém. Você deve está me perguntando: ué, mas um anarquista não defende a liberdade plena? A liberdade sem conhecimento e sem responsabilidade – porque não, empatia – não é liberdade, pois, quanto mais ignorante a pessoa é, mais parecido com o lado animal fica. Não é a toa, que educamos nossas crianças. Elas tem que respeitar o espaço do outro, ao mesmo tempo, se colocando no lugar dele. Você gostaria que alguém pegasse algo seu?


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