segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Anvisa atrapalhou jogo do Brasil – tive um orgasmo e gozei

 




Amauri Nolasco Sanches Júnior

Confesso que quando eu vi que a Anvisa pediu a PF que deportassem 4 jogadores argentinos – que tinham sim passado pelo território inglês – eu tive um orgasmo e gozei, mas a minha gozada não foi pelo fato em si, foi por ver que nada mudou e eu estava certo. Nada mudou porque estamos vivendo nesses últimos vinte anos, governos populistas que só dão um discurso de mentira e o povo, sempre cai nas lábias deles. Confesso que eu queria muito que esse governo fosse diferente – com honestidade e honra e que eu tivesse enganado – mas constatei, depois dessa “mancada” da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que tudo continua igual e ainda, a fanatização não é diferente do lulopetismo.

A pergunta que fica: o porquê os argentinos mentiram sobre as resoluções sanitárias da Anvisa? Quando pensamos em mentira, sempre nos vem a mente a não verdade, que a verdade é uma realidade dos fatos. Heráclito lá na Grécia antiga iria discordar, porque para ele os fatos mudam durante a vida e o que era no passado, nem sempre será no presente. Então, Nietzsche nessa linha iria dizer, que algumas verdades só existem graças a interesses que essas verdades existam e que o que era verdade no passado, por interesses de quem enxerga essa verdade, pode ser mentira no presente. Mas, nesse caso, estamos falando de medidas de segurança de pessoas que podem estar contaminadas com a nova variante Delta (indiana) e pode contaminar outras pessoas, e talvez, isso seja um problema kantiano e seu imperativo categórico.

Desde Sócrates – lá em trezentos antes de Cristo – a questão da bondade é vista como uma questão de caráter, ou seja, para a filosofia socrática, a bondade da maioria era uma bondade que interessava (mais ou menos, o que Nietzsche dizia). Immanuel Kant – que viveu no século dezoito – dizia que deveríamos agir conforme esse ato fosse imitado por todo mundo eternamente. Mais ou menos, o discurso do gladiador (aliás, é um ótimo filme). Eu desconfio que Kant, como um bom cristão, pegou isso da máxima cristã que diz, não façamos com os outros o que não querem que façam com você. Ligando o imperativo categórico com o que aconteceu, podemos dizer que, se não queremos que mintam para mim ou para as instituições do meu país, não vou fazer com os dos outros. Mas me parece que há um probleminha, para a filosofia kantiana, há leis universais e o direito enquanto aquilo que é justo e correto. Por outro lado, há uma barreira, o interesse.

Acima desse problema sanitário do jogo, havia questões que envolvia o interesse da CBF que o jogo acontecesse por causa do público. Em miúdos: dinheiro. A CBF por muito anos, passou por cima de questões éticas para que jogos – que envolvia milhões de reais – acontecessem e desses as confederações de futebol, a grana que queriam. Isso é fato. O problema aí, é que entre o direito universal que tanto Kant idealizou como algo universal, depende de caráter (ética) e se envolve caráter, envolve a cultura e a educação de um país. Esbarramos em um novo problema (filósofos adoram problemas), há uma diferença entre educação e escolarização. Educação é a família, com seus valores dão, escolarização são matéria que faz ser um cidadão e a cultura do nosso povo. Se há pessoas mentirosas isso tem a ver com os valores que ela carrega e isso tem a ver com a educação. Claro, que a escola pode nos dar uma noção ética de como podemos nos portar diante a sociedade – respeitando as leis – mas, segundo nossos próprios valores, achamos certo ou não mentir.

Para Rousseau – filósofo franco-suíço que viveu no século dezessete – a mentira só antiética quando lesa outra pessoa e se não lesa, só é uma ficção. No caso dos 4 argentinos, poderiam custar a vida de milhares de pessoas no estádio, mais o ato de corrupção que fez o acordo para o jogo acontecer. Por outro lado, Kant – ele de novo – vai dizer que a mentira é algo errado em todos os sentidos, pois, no limiar do ocorrido, vai lesar outros de qualquer modo. Por exemplo, uma traição de um marido pode parecer um ato isolado e não muito público – de um modo social – mas, pode causar males que com o tempo passam a ser sociais a partir dos valores passados para os filhos. Ou seja, começam as mulheres dizerem que todo homem é igual, começam os filhos acharem que o amor só traz sofrimento, começam a achar que todo ser humano mente como os pais deles e não confiam em ninguém. Como a filosofia kantiana, o marido causou um estrago social só pelo ato carnal (de um prazer momentâneo, ou seja, um interesse) e causar um rompimento da universalidade de uma ética-moral social de respeitar o outro ao seu lado.

Esse caso nos mostra como o século vinte – que foi um século científico – foi um século que refutou o iluminismo na questão da razão e colocou em xeque, que se um lado a ciência ajuda (eu sei muito bem como ajuda as deficiências diversas), mas a ciência também destrói, mata, pode ajudar uma dominação de um governo e o governo soviético nos mostrou, que o estado racional-científico, não passa de uma utopia vagabunda que era um sonho. Não muito ao céu, não muito a terra. Somos animais racionais-sentimentais que são apaixonadas por interesses, pessoas, coisas etc., que não enxergam muito além do próprio ego e esse ego é um muro entre a não verdade e a verdade, porque a realidade está muito além de um papel moeda.



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