Amauri Nolasco Sanches Júnior
Platão – filósofo grego que viveu trezentos anos antes de
Cristo – dizia que nosso mundo é como uma caverna e seres humanos que nascem
nessa caverna e são acorrentados. Virados para uma parede, e nessa parede estão
sombras que poderiam ser a realidade. Existiam intelectuais que discutiam a
natureza dessas sombras, mas nenhum deles sabiam o que eram porque estavam
dentro da caverna. O filósofo então diz – sem dizer como e nem o porquê – um ser
humano se liberta das correntes e consegue, de algum modo, sair dessa caverna e
ao sair seus olhos doem. A luz solar lhe cega porque seus olhos nunca foram usados
e ele, ao melhorar, começa ver o mundo como ele é. E volta para avisar os
outros que nem as sombras e nem a caverna são a realidade, mas o povo não acredita
e ri do pobre homem e ele insiste, ao insistir, ele morre pelas mãos que tentou
ajudar. A questão platônica são duas e importantes: o que será a realidade e o conhecimento
como meio de se libertar e isso tem a ver com o filósofo.
Dois exemplos modernos vão seguir o modelo platônico: um é
Alice no País das Maravilhas e o outro é o filme Matrix. Aliás, o filme Matrix
é uma mistura insana entre o mito da caverna e o da Alice no País das Maravilhas
e o contexto dele é bem o que a história nos mostra. Os seres humanos sempre
foram meios para se alimentar o poder (as máquinas) em energia para funcionarem.
Mas existem outras características, que o filme mostra que é bastante interessante.
No começo do primeiro filme de uma trilogia – nesse momento que estou
escrevendo esse texto, vai sair o 4º filme – Neo é um hacker que trabalha numa
grande companhia de software, mas ele sempre achou que tinha algo de errado na
realidade no geral (o despertar). No seu computador – onde fazia o serviço de
hackeamento – aparece “siga o coelho” em referência ao livro de Alice no País
das Maravilhas. Ora, o livro, segue em resposta – claro que o autor estava ciente
da pergunta cartesiana o que seria sonho e o que seria realidade – o que é um
sonho e o que seria uma realidade.
A questão de toda filosofia é: o que seria a realidade? Podemos
estar seguros que a realidade é tudo que existe, mas nem sempre a realidade é
uma realidade. Todas as sensações que temos quando estamos acordados sentimos
quando estamos dormindo. Então, como saber se estamos na realidade mesmo? Como saber
que aquilo é real ou não e que as pessoas estão mesmo dizendo a verdade? Porque,
a verdade – como algo realizável – é um fenômeno de percepção e expressão o que
entendemos como realidade, pois, tudo aquilo que é real é percebido e tem um termo
para nos referimos a coisa ou o ser (para a filosofia, o ser consiste em todos
os objetos). O objeto, num modo geral, consiste em algo que tem um objetivo e
que não há dúvida. Mas, será mesmo? Será mesmo que percebemos a realidade ou
percebemos aquilo que fomos condicionados a perceber?
Você deve estar me perguntando: o que isso tem a ver com o
Lula ou o Bolsonaro? Será que o discurso de qualquer um dos dois é o verdadeiro
– não só, porém, eu simplifiquei – e sincero? Ora, voltaremos ao filósofo Platão.
No tempo dele, Atenas, estava em processo democrático e seu mestre Sócrates havia
sido condenado por ter corrompido a juventude – que de algum modo, ainda
acontece – e foi condenado a se matar bebendo cicuta (veneno). Então, ele
desenvolveu um conceito que a democracia era um regime teatral, ou seja, é uma
teatrocracia. Isso fica bastante claro quando ele diz no mito da caverna, que
quem produz essas sombras são os governantes dessa caverna e querem dominar a percepção
da realidade. Ninguém, na verdade, sabe qual é a realidade e como acessar ela
em seu poder majoritário. Alguns dizem que é se libertando da caixinha, mas que
caixinha?
A esquerda (caixinha 1) é a ideologia da mudança, não quer
romper o estado e sua dominação (Matrix?) e acabar com a escravidão conceitual onde
o ser humano é escravo, quer só dar um verniz bonitinho social para transvestir
de bondade e justiça social. A direita (caixinha 2) é a ideologia que preza os
costumes antigos e tradicionais (visão conservadora) e defendem a propriedade
privada e uma liberdade na economia (liberalismo). Embora queiram menos estado,
querem que ele exista. Qual caixinha você escolhe? A caixinha 1 que quer mais
estado e quer dominar tudo e a liberdade seja restrita em ter o que o estado quer
que tenhamos ou do lado de uma política que defende os exploradores? De algum
modo, sair dessa caverna é ver que de qualquer forma você estará preso nela e veras
sombras daquilo tudo que é.
Será que vou na caixinha 1 ou vou na caixinha 2? Sempre tem
uma terceira.
Vamos ver a caixinha 3?
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