„Quem escreve para os tolos encontra sempre um grande público. “ — Arthur Schopenhauer
Amauri Nolasco Sanches Júnior
A professora tutora da universidade, onde estou cursando
bacharelado de filosofia, postou o seguinte texto do filósofo francês Jean-Paul
Sartre (1905-1980) em um fórum da matéria metafisica:
“Nosso planeta é habitado hoje pelos pobres, de um lado – os extremamente pobres, que morrem de fome – e uma pequena porção de ricos, do outro – ricos que começam a se tornar menos ricos, mas que, ainda assim vivem muitíssimo bem.
Com essa terceira guerra mundial, que pode estourar quaisquer dias desses, com esse conjunto miserável que é o nosso planeta, o desespero recomeça a me tentar: a idéia que não acabaremos jamais com isso, que não há finalidade, mas apenas pequenos fins pelos quais combatemos... Fazemos pequenas revoluções, mas não existe um fim humano, não há algo que interesse ao homem, só há desordem. Pode-se chegar a pensar assim. É uma ideia que volta a nos tentar incessantemente, sobretudo quando já estamos velhos e podemos pensar: pois é, em cinco anos, no máximo estarei morto. Na verdade, penso dez, mas poderão ser cinco. Em todo o caso, o mundo parece feio, mal e sem esperança. Esse seria o desespero de um velho que já morreu por dentro. Mas eu resisto, e sei que morrerei na esperança, dentro da esperança – mas essa esperança teremos de fundá-la. É preciso tentar explicar por que é que o mundo de agora, que é horrível, não passa de um momento no longo desenvolvimento histórico, e que a esperança sempre foi uma das forças dominantes das revoluções e das insurreições – e como sinto ainda, a esperança como minha concepção de futuro “
(SARTRE, J. P. O Testamento de Sartre.” Porto Alegre: L&P
Editores, 1986, p. 63).
E depois duas questões para respondemos. A primeira dizia: “O
que Sartre aponta no ano de 1980 é ainda atual? O que é e o que não é mais?” e
dei uma resposta técnica, mas vou dar um outro tipo de resposta.
Na primeira parte, Sartre disse: “Nosso planeta é habitado
hoje pelos pobres, de um lado – os extremamente pobres, que morrem de fome – e
uma pequena porção de ricos, do outro – ricos que começam a se tornar menos
ricos, mas que, ainda assim vivem muitíssimo bem.”.
Primeiro, quando Sartre escreveu esse texto não tinha
terminado a Guerra Fria e nem tinham grandes corporações tecnológicas (hoje as
empresas do chamado e-comerce estão dominando o mercado) dominando o
capitalismo. Então, com crises extensas de um lado (capitalismo) ou do outro
(socialismo), o mundo se dividiria em dois e fariam um palco de massacres
inteiros de civis, pessoas na pobreza extrema (por causa do socialismo extremo também)
que fariam os ricos serem menos ricos, pois vendiam muito pouco. Por outro lado,
também tinham países que as inflações eram enormes – como no Brasil – onde muito
pouco poder de compra e era um caldeirão de pobrezas extremas. Mas, o mundo
mudou e outros paradigmas são construídos e uma nova capitalização de se fez através
da internet. Não há mais a guerra fria – embora que ainda tenha seus efeitos
ainda, como o Talibã no Afeganistão – e não estamos numa hiperinflação e nosso
poder de compra é maior (pelo menos na época).
A questão é: existem pessoas passando fome? Sim. Outros que
querem trabalhar e não podem.
A segunda questão que a professora fez foi: “Você concorda
com Sartre quando ele afirma que “[...] o mundo parece feio, mau e sem
esperança”.
A questão de Sartre fica subjetiva – interpretação do próprio
leitor – quando ele diz que “o mundo parece”, pois é uma visão do autor em
achar o mundo feio, mau e sem esperança. A meu ver, “o mundo” que Sartre fala é
a realidade onde a humanidade se construiu como sociedade e suas boas ou más
condutas (que tem a ver com a moral e a ética). Se o mundo é feio, mau e sem esperança,
é porque nos colocamos neste estado para ver que só há feiura, maldade e não há
esperança. O niilismo filosófico não criou uma visão crítica, criou um vácuo filosófico
do nada dentro de uma realidade que não vai mudar porque se criou esse vácuo. A
questão nunca vai ser o outro e sim, a si mesmo.
No final das contas, o que seria feio? O que seria mau? Pois,
Sócrates dizia que todo ser humano era bom por interesse de ser bom não ser bom
por ser bom. Mas, como chegamos a bondade? O conhecimento. Desde Sócrates –
depois Aristóteles colocou em sua metafisica – que o homem só se torna bom com
o conhecimento. Aliás, Aristóteles disse que o homem (ser humano) tinha sede do
saber, mas e aqueles que não tem? Esta é a duvida e talvez é a questão de se
ter ou não fome, a falta de conhecimento verdadeiro.
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