Amauri Nolasco Sanches Júnior
Schopenhauer tem uma frase – muito usada em memes – que diz
que, quem escreve para os tolos tem um grande público, porque, para ele, existiam
escritores que só escreviam aquilo que a grande maioria gostava de ler. Isso Schopenhauer
não estava errado. A grande mídia sempre escreve o que a grande massa lê –
quando não tem preguiça nenhuma – do que, realmente, tem como verdade dos fatos.
Talvez, ao escrever essa frase, Schopenhauer estava pensando no seu desafeto Hegel.
Mas, a meu ver, a frase fala como as pessoas ainda romantizam a ignorância como
se fosse uma coisa legitima e que as pessoas – por serem pobres e sem estudo – não
precisem estudar e tem mais conhecimento para evitar certas práticas. Práticas sem
teorias são, na maioria das vezes, práticas que dão errado. Ou qualquer um pode
construir um edifício? Qualquer um pode operar uma pessoa? Qualquer um pode escrever
um livro didático sem uma base teórica?
O que seria um tolo? Tolo – além de ser um adjetivo
substantivo masculino – são aqueles que não tem inteligência ou juízo, ou que
ou é tonto, simplório, ingênuo e faz ou diz tolices. Talvez, quando Schopenhauer
disse que “quem escreve para os tolos”, tivesse se referindo aos ingênuos que sonham
com um mundo idealizado e romantizam coisas que não se deveria romantizar. Como
aqueles que acreditam num mundo melhor – esse melhor é subjetivo – ou aqueles
que romantizam a pobreza ou a ignorância. Tanto a pobreza como a ignorância são
coisas ruins e devem ser combatidas sim, isso não tem a ver com ideologias políticas,
mas tem a ver com uma visão humana. Pessoas felizes são pessoas que não gostam
de violência (porque não precisam) e só se combate isso, dando melhores condições
para saírem dessa pobreza e conhecimento o bastante para transformarem vícios linguísticos
e comportamentais, em algo correto e justo. A tolice desse tipo de pessoas são a
tolice de acharem que mudando termos, superficialmente, vão resolver o problema
e vão acabar com tudo isso.
Falo isso com bastante propriedade. Como pessoa com deficiência,
eu estudei tarde porque as escolas não eram acessíveis – como ainda não são –
porque o brasileiro tem essa ideia do servir para a sociedade, pois tudo aquilo
que não serve tem que ser escondido. Ninguém lê nada porque o intelectual não presta,
aquilo que te faz conhecer é ruim e não vai gerar nada. Não trabalhei – mesmo formado
em publicidade e propaganda, TI (Técnico de Informática) e filósofo da educação
– porque as empresas tratam o trabalhador como uma máquina e porque não querem
gastar em acessibilidade. Brasileiro é avesso coisas sociais e a investimento,
porque só quer ganhar dinheiro, não quer investir. Essa aversão a deficiência é
a prática, é a pressa sem o planejamento e sem o que é nobre. Porque a nobreza não
vem do dinheiro, vem das virtudes únicas e justas e isso se adquiri com
conhecimento.
Mas, como Schopenhauer disse, os ingênuos querem as coisas fáceis,
querem memes e vídeos curtinhos sem se ater em uma verdadeira arte do conhecer.
Minha notícia do ministro da educação gastando30 mil reais em uma quarentena nos Estados Unidos só teve 12 leitores, mas por
que isso? Por que uma notícia de uma senhora desapareceu em 2012 não desperta
curiosidade dos leitores? Ou que a Paralimpíadas foram alvo de ataques capacitistas? Porque o grande público quer coisas fáceis, coisas que não percam
tempo lendo ou se informando. Aliás, muitos dizem que essa aversão do
conhecimento da nossa cultura é influência da igreja católica, que via no
conhecimento um pecado, o pecado do orgulho. Claro, pregavam isso porque um povo
ignorante era mais bem dominado. Mas, será que foi só isso mesmo?
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