Ortega y Gasset según Fernando Vicente |
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"Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim."José Ortega y Gasset
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Muitas coisas parecem estranhas nesse cenário político que
estamos passando no Brasil nesses últimos tempos, até uma doença horrível vira
palanque político e alvo de teorias conspiratórias que não são verdade. Segundo
a Folha de S. Paulo, o documento que mostra o resultado do laudo da pericia,
mostra que Regina Hang, mãe do dono das lojas Havan Luciano Hang, além de ter
recebido o tratamento precoce contra a doença, ainda Hang teria dito que não tinha
dado nada a ela que é uma inverdade.
Ainda, dentro do prontuário medido da mulher diz que ela
morreu em consequência de uma pneumonia bacteriana e não tem nenhuma citação de
Covid-19, nesse sentido, ela foi internada na unidade hospitalar Sancta
Maggiore (em São Paulo), como causa da sua morte. Ainda o documento de quase
2000 páginas, foi escrito pela empresa Prevent Senior, que opera e controla o
hospital onde a mãe de Hang faleceu.
Isso nos remetem em duas coisas, a ética como base de uma não
verdade e a verdade como objeto de desejo de saber qual for o seu conteúdo. Primeiro,
a ética não tem a mesma conotação da moral, pois, a ética tem a ver com o caráter
e a moral tem a ver com o costume. O costume tem a ver – dentro de uma
sociedade – um modo de pensar coletivo e sobre o que a sociedade pensa num
geral. Costume – como achei no google – é o mesmo de hábito, uma prática frequente,
regular. Mas, também, é um modo de pensar e de agir que é característico de uma
pessoa ou de um grupo social. Ou seja,
se a moral tem a ver com o costume, então, a moral enquanto alicerce de hábitos
sociais devem seguir o que a grande maioria pensa. Mas, existe a ética, e o caráter
tem a ver com o hábito e valores que recebemos desde nossos berços.
Ortega Y Gasset dizia que “achamos uma verdade quando achamos
certo pensamento que satisfaz um pensamento intelectual”, ou seja, todas as
verdades não existem porque são verdades superficiais. Nesse caso, a questão é
defender a sua verdade e não a verdade maior, a verdade que contrapõem na questão
subjetiva de cada um. Ora defendendo um lado, ora defendendo o outro. Qual narrativa
está com a razão? Estão certos? O bolsonarismo se fez diante de coisas erradas
que o governo petista fez não éticas, por outro lado, se faz diante do anti politicamente
correto e o seu alicerce é a religiosidade cristã moralista e fanática. Já o
lulopetismo se constrói durante o regime militar entre o socialismo
sindicalista – principalmente, o sindicalismo brasileiro que ainda tem um pensamento
do século dezenove – onde o lema era defender o direito dos trabalhadores e que,
ao longo do tempo, se ampliou em defender as minorias. O governo petista teve êxito
no primeiro mandato, mas ao logo da ânsia de se perpetuar ao poder, começaram a
se vender (ou comprar) e tomar medidas populistas que geraram o bolsonarismo.
Ortega diria – em suas aulas de metafisica – que tanto o
bolsonarismo como o lulopetismo não existem pelo fato que são verdades que
confortam o modo intelectual tanto de um lado, quanto do outro. Se isso for
verdade – quem fez o relatório foi a empresa Prevent Senior – há um hábito de
modificar e esconder documentos para dar lugar as suas narrativas, ou seja,
defender as suas verdades e isso é antiético. Tem a ver também com a moral,
pois, se transforma em um hábito, um modo operante e que as verdades têm que
ser defendidas nem que sejam verdades forjadas. Gasset tem razão, as verdades não
existem por si mesmas, são feitas por aqueles que querem elas e assim, defendem
seu ponto de vista.
A questão é: se a mentira o antiético é uma forma de operar
dentro de uma sociedade, esse antiético não está na moral? Numa sociedade que não
tem capacidade de leitura e argumentar o que leu, como queremos construir uma
sociedade justa e honesta com conhecimento?
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