Amauri Nolasco Sanches Júnior
Por que será que meu texto “onde esta dona Beatriz?” teve
mais leitores do que a notícia “Senhora desapareceu em Aparecida no ano de 2012e, desde então, nunca foi encontrada”? Muitas pessoas podem falar que o nome
pode ter colaborado com a questão, mas temos que fazer uma certa investigação como
acontece na nossa cultura. Quando eu era mais novo, uma amiga dizia que ler
comendo fazia mal – depois minha noiva disse que o pai dela dizia a mesma coisa
– e rimos da cara dela, pois não faz nenhum sentido ler comendo faz mal. Mesmo o
porquê, existem pessoas que leem jornais tomando café ou almoçando, nem que
seja um folheto de alguma coisa. Isso nos leva a uma verdade: por que temos
tanta aversão ao conhecimento e a leitura? Isso fica claro quando vimos as
pessoas postarem mais vídeos curtos (os cortes) ou memes, do que ler e analisar
uma matéria e com calma postar sua opinião e isso é um “carimbo de pensamento”.
Ora, o que deveria ser um carimbo de pensamento? Esse termo
foi inventado pelo professor Vitor Lima do canal “Isto não é filosofia”, onde
ele diz que carimbos de pensamento são frases fáceis para as pessoas decorarem
e nem saberem o que isso significa. Muitas frases dos filósofos viram memes,
isso pode ser positivo de um modo, mas de outro mostra uma parte do pensamento
daquele filósofo de uma frase tirada de um contexto. Um exemplo bastante clássico
dentro da filosofia é a frase de Nietzsche “Deus está morto” tirada de um
contexto maior – que ele faz críticas contundentes a cultura alemã da sua época
e o niilismo que iria por vir – onde há um pensamento muito mais abrangente. Alguém
pesquisou sobre essa frase para saber? Alguém comprou ou pegou o livro Gaia Ciência
para procurar essa frase? Não. Como acontece com todo ser humano que vive no Brasil
– não só, mas a maioria é daqui – eles ouvem o galo cantar e não sabem onde o
galo está cantando. Ou seja, as pessoas ouvem coisas e não entendem essas
coisas e saem repetindo sem estudar o entender isso tudo e só analisando a coisa
como título do texto.
Daí dou uma certa razão para a professora Gabriela Prioli
quando, em entrevista ao canal Flow Podcast, indagou o Monark sobre dados
daquilo que ele estava dizendo sobre a educação. Primeiro, eu não acho que números
são confiáveis, mesmo o porquê, números podem ser manipuláveis conforme
interesses. Mas, alguma base sobre o que é a educação (escolarização) tem que
ser mostrada. O que eu vejo pode ser uma realidade, o que o outro vê pode ser
outra realidade. A realidade não existe como um ponto único porque ela é
percebida por muitas mentes, que podem enxergar essa realidade a partir das crenças
ideológicas ou religiosas, regem sua consciência. A prova disso é a recusa do
meu texto “eu vou de Lula?” de um grupo sobre Libertarianismo que não viu que era
uma pergunta e não uma afirmação, porque as pessoas enxergam a realidade que
querem enxergar e não a realidade como ela é. Claro, que nessa resposta da
Prioli, existem valores que ela acredita como: a educação nos governos anteriores
não estavam tão ruim assim, existem valores acadêmicos de probabilidade e comparação
de dados e a questão de que o senso comum não sabe o que esta dizendo. Muitas vezes,
não é verdade.
Do mesmo modo que o moderador do grupo enxergou uma afirmação
e não uma interrogação, a Prioli enxergou a resposta do Monark como uma isenção
do governo Bolsonaro. Que não é verdade. A educação decai quando o regime
militar censura e tira filosofia e sociologia dentro da grade e coloca moral e cívica
– e colocaram a moral que interessava e a cívica que entrasse nos moldes que quisessem
– onde aluno tinham que ser empregados servis e sem indagar nada. Tanto é que,
num dado momento, aparece o carimbo de pensamento “política e religião não se discute”. Será mesmo? Será que as questões políticas e religiosas não podem ser
discutidas? E a educação não melhora, porque temos uma cultura tecnicista e o
que importa e formar mão de obra para o capitalismo atrasado do Brasil. Aliás, o
que não é atrasado aqui no Brasil? Mas o atraso do Brasil – assim como da América
latina inteira – somos o feudo do mundo e a nossa vassalagem é necessária. Onde
o mundo vai plantar ou criar gado? As américas serviram para isso desde a
tomada delas pelos europeus.
A realidade não é feita de dados e sim de fatos, fatos históricos
e que nos remetem até além daquilo que nos querem condicionar. Além disso, a
Prioli deveria saber que existe vida além da academia. E no mais, podemos dizer
que Platão ficaria enfurecido do que fizeram da sua ideia de academia.
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