Amauri Nolasco Sanches
Júnior
Inventaram um “inclusivismo” para explicar uma incompetência
do Ministério da Educação – que hoje virou tudo ideológico – que o seu
ministro, Milton Ribeiro, disse que as crianças com deficiência atrapalham quem
não tem nenhuma deficiência. Sabemos que existem muito lobby das entidades famosinhas
e muitas reclamações de pais que não aguentam ver seus filhos convivendo com o
diferente, porque para eles, o diferente é uma parte anormal da sociedade. Mas
o que seria normal ou anormal? Mesmo o porquê, a questão da deficiência foram
muito bem resolvidos em outros países que enxergaram ser muito mais barato
educar um povo a aceitar o diferente do que sustentar essas minorias para
agradar uma pequena parte dessa sociedade. Não aceitam o que não concordam ser
certo ou errado. A triste notícia é que não existe nada normal ou anormal, nada
certa ou errada, porque o diferente só é a ignorância e o medo de se conviver
com aquilo que é considerado diferente.
Me parece que o ministro Ribeiro usou essa expressão para
mostrar que existe uma ideologização na questão, e até concordo que em certo
sentido, há sim uma certa ideologização dessa questão. Mas o problema começa
quando ao invés de resolver esta questão ficam arrumando culpados e assim,
ficam empurrando com a barriga. Aliás, numa analise muito mais profunda, já
deveriam ter resolvido isso a muito tempo atrás. Os outros países, resolveram
isto nos anos 90, o Brasil não consegue resolver uma coisa simples como esta
porque querem o caminho muito mais cômodo e não querem gastar. O próprio MEC é o
maior orçamento que existe na união, com suas secretarias caras e uma grade
escolar vagabunda e que não educa ninguém (nem quem tem deficiência e nem quem
não tem deficiência).
A questão é que não há nenhum inclusivismo assim como, não há
inclusão, pois, não nascemos no meio do mato, sozinhos e sim, nascemos na
sociedade. Indo muito mais além – porque não dizer ter a ver com a linguagem – me
parece que incluir fica meio uma coisa excluída, e isso, visivelmente, é uma
forma de capacitismo. Você dizer que pessoas com deficiência devem ser incluídas,
pressupõe que não somos pessoas (porque o termo pessoa já carrega um peso de
ser cidadão) e que por conta da deficiência não somos socialmente viáveis. Mesmo
o porquê, não existe uma só deficiência e não existe um padrão (arrisco a dizer
que não existe um só segmento). A esquerda hereditária – do politicamente
correto – transformou tanto o conceito de deficiência em uma classe, que tem gente
que acha que existe uma cultura surda. Não, não existe cultura surda, assim
como não existe uma cultura cadeirante.
Mas, devemos sempre colocar que há discriminação por acharem
que sim, não somos capazes. O termo capacitismo vem da tradução do inglês ableism
e é pautado em uma construção social de se ter um corpo padrão considerado
perfeito colocando como normal e de uma sublimação da capacidade de uma pessoa diante
da sua deficiência. Ou seja, tem a ver com a capacidade e a aptidão – seria a disposição
inata ou adquirida para uma determinada coisa – que as pessoas com deficiência podem
ter. isso não tem nada a ver com ideologias (esquerda ou direita), isso tem a
ver com a visão que o ser humano tem de o corpo ser útil ou ser inútil. Coitado
e não coitado. Dai entramos no pensamento utilitarista que o corpo do meu filho
pode ser útil (perfeito) e pode ser um cidadão, ele tem uma deficiência
(imperfeito) e não tem nenhuma utilidade para a sociedade. Quais atletas trazem
mais medalhas de ouro nas paraolimpíadas? Quem melhor trabalha para mostrar que
é capaz?
Campanhas como o Teleton fomenta a visão capacitista que não
somos capazes de fazer nada, a aptidão daquele cargo não seria para nós que não
somos “independente”. A equipe que tanto o ministro coloca como uma barreira para
a professora educar – que a solução deveria ser dele – é a visão da criança com
deficiência ter que “depender” de alguém e que não sabe fazer nada. Claro, numa
forma bastante profunda, existem deficiências que exige maior atenção e uma
maior atenção. Isso não quer dizer que não tenham capacidade, não tenha um
desempenho bom.
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