sábado, 7 de agosto de 2021

STF selvagem

 

 

Têmis ou Thémis, é a deusa da justiça na mitologia grega. Filha de Urano e Gaia, em seu histórico, tem o título de uma das esposas de Zeus (o Rico Mansur do Olimpo).


Fux cancela tudo 

Amauri Nolasco Sanches Júnior

 

Estamos vendo um culto a personalidade. Em uma entrevista ao Flow Podcast, o cantor e intelectual Rogerio Skylab disse que, tudo que está acontecendo é culpa do STF (Supremo Tribunal Federal). E eu não descordo. Única coisa que discordo do Skylab é achar que Lula seja inocente e tudo foi feito para tirar ele das eleições de 2018, mas o bolsonarismo nasceu dos erros petistas e ele só vive porque o petismo não foi esquecido. Aliás, muitas coisas que se operam dentro do bolsonarismo, é um aprendizado dentro do próprio modo operandi do PT (Partido dos Trabalhadores). Isso, acho, ninguém discute. Eles se autoalimentam como monstros que querem acabar um com o outro. Como os titãs Godzilla e King Kong. O problema, como no filme, é eles destruírem o Brasil por causa do poder e da hegemonia da sua ideologia ou revolucionária ou reacionária.

Skylab disse que a maior coisa que aconteceu no Brasil nos últimos tempos, foi as manifestações de 2013 que levaram o Brasil a ver uma revolta espontâneas, que esquerda estava com direita e tinha até gente do integralismo lá dentro. Sem dúvida nenhuma, o integralismo é uma vertente fascista brasileira que queria colocar até termos indígenas – como língua mãe do Brasil – como voga, mas falhou e a muito tempo são meia dúzia de gato pingado. Claro, com o bolsonarismo em voga, voltam pautas que eram comuns nos anos que o fascismo – como o socialismo também – estavam em evidência. Concordo com Skylab e digo mais, essa foi a única vez que não vi bandeiras ideológicas no meio. Mas, como dizem vários especialistas, o ser gosta de ser governado. Ou por medo de se autogerir e os problemas sejam só dele mesmo, ou por acomodação de uma situação que lhe coloca como confortável e não responsável. Se ele não der uma vida digna para si e para os seus, a culpa é do governo, do capital, das instituições e até mesmo, de Deus. A meu ver, o ser humano se acomodou por milênios a ficar dentro desse contrato social porque achou melhor assim, porém, a história humana nos joga a verdade sempre.

Gosto da definição de Sartre quando ele diz que, o ser humano é prezo em escolher o que fazer e o que não fazer. Ele tem culpa daquilo que faz. Religiões, ideologias, sistemas de governo etc., a culpa é nossa e deveríamos de assumir isso. Afinal, como o próprio Sartre disse, somos condenados a sermos livres. Essa liberdade ninguém quer. Querem se libertar, mas não querem ter responsabilidade sobre seus atos. Vimos isso todo os dias. Ora, o próprio Sartre disse que, não somos nada e não temos nenhuma essência quando nascemos – essa é uma discussão milenar – pois, vamos construindo essa essência ao longo da nossa existência dentro da cultura que estamos inseridos. Portanto, se você é corrupto é porque você aprendeu com sua cultura, se você quer lhe dar bem, você aprendeu com sua cultura. Muito embora, há uma controvérsia dentro do existencialismo sartreano, pois, se não temos essência isso quer dizer, que somos ruins em potencial? De onde vem a maldade? Porque se for assim, até mesmo a maldade está na nossa cultura.

Uns vão dizer que é culpa do capitalismo, culpa do comunismo, culpa de um monte de instrumentos culturais e sistemáticos, mas, quem escolhe tudo isso – na forma do voto – é você. Não há como escapar das nossas escolhas e então, a questão é quem escolhemos para governar o estado como um todo. Ok, muitas pessoas vão dizer que escolhemos o governo, que o estado como sistema burocrático e administrativo foi contratado. Na verdade, o estado em si, é feito de burocratas atras de uma mesa de escritório achando que o mundo é construído através de todas as porcarias que ele aprendeu nos livros. E não é bem assim. O mundo está sendo administrado com líderes – não chefes – artificiais e que não entendem os reais problemas da humanidade e isso tem levado, durante séculos, a um fracasso ao progresso biológico e espiritual.  Como poderemos evoluir se não temos tempo de estudar e aprender? Como podemos aprender sobre nossa realidade, se temos que gerir mais produtos e serviços? Não estou falando que o socialismo – que, a meu ver, é um capitalismo estatal – seja melhor, afinal, temos liberdade de comprar e contratar o que quisermos (se a maioria vai atras da propaganda por modinha, é uma questão de caráter), a questão é você viver para trabalhar e não trabalhar para sobreviver. Uma auto escravidão.

Sim, somos escravos de um sistema que tem levado ao Brasil a alternância de poder e não digo a ridícula teoria das tesouras, porque vamos ter várias congruências do meio. Falo das famílias que sempre mandaram no Brasil, construíram as bases políticas e territoriais para temos o país como está nesse momento. O bolsonarismo e nem o lulopetismo veio do nada, eles vieram de algo muito mais selvagem e muito mais nocivo, veio da falta de empatia do próprio poder. Das bases jurídicas burocráticas. Do modo que o brasileiro arranja desculpas para seus próprios erros. As questões culturais de falta de amor onde você nasceu e o respeito da sociedade que você está, pois, as pessoas não tem culpa da pobreza que o seu pai te enfiou. As pessoas não podem ser culpadas por leis e sistemas que você não concorda. Ai que o presidente erra, porque ser contra o politicamente correto não é ser mal-educado, mas não ser escravo dessa turva de pessoas que se ofendem fácil.

Então, o que seria a questão? A questão é sempre como vamos ver a realidade que nos rodeia, como enxergamos a política, porque o governo não é nosso pai. O governo não vai decidir por nós. E nem mesmo, o mundo é como queremos ou achamos justo. O mundo foi construído por seres humanos por milhares de anos, com milhões de resoluções e ideários que são bibliotecas com tamanho de uma cidade de São Paulo. Ora, por que não mudar o que não funciona? Por que achar que questões jurídicas são questões políticas? O voto deve ser repensado, mas não de uma forma ou de outra, e sim, democracias mais diretas. Mais conscientes. Saber que a população quer e precisa. Mesmo o porquê, precisamos de líderes e não burocratas.




Um comentário:

  1. Até concordo com a posição "nem direita nem esquerda" e muito menos esse nosso centro ou o nefasto centrão ou ainda uma tal "terceira via".
    No entanto estamos tão distantes do caminho do meio (uma espécie de equilíbrio participativo), que mais parece uma miragem ou utopia, de acordo com o nível de politização e educação de nosso povo. No momento acredito que nos resta dar um apoio com certo distanciamento à nossa esquerda meio capenga apenas como a melhor maneira de não dar uma de isentão, o que me parece bem mais nocivo.

    ResponderExcluir