Amauri Nolasco Sanches Junior
A autoconsciência é um lema dentro da filosofia ocidental,
desde quando o filósofo Sócrates (469 a.C. - 399 a.C) disse “sei que nada sei”
em um dos seus discursos. A autoconsciência, também, é muito difundida nas
filosofias orientais de descobertas de si mesmo e da realidade que pensamos ser
verdade, pois, segundo essas filosofias, nossos falsos egos constroem realidades
que não existem. Voltamos ao filósofo grego, Sócrates. O filósofo foi chamado
de sábio pela pitonisa do Oraculo de Delfos (o oraculo mais importante da Grécia
na época), e por não aceitar, começou a procurar um outro que poderia ser mais sábio
do que ele. Mas, o mesmo Sócrates, adotou o lema do oraculo em dizer em conhecer
a nós mesmo, pois, conheceríamos o universo e os deuses. Conhecer sua própria natureza,
poderíamos saber o que somos.
A autoconsciência é uma desconstrução de um ego (eu) construído
em cima, de valores aprendido numa sociedade, praticamente, automática possa
ter criado. Essa desconstrução tem que ser dolorido, deve ser um processo de construção
de uma outra personalidade. Mas, com que valores? Com qual pensamento? Não adiante
tirar valores velhos por valores muito mais, piores. Como saber? Ai que está. Na
anarquia há um dilema interessante, dizendo, que para construir algo melhor,
temos que destruir algo que não serve mais. Se você acha que alguém é “fascista”
(não estou chamando ninguém de fascista), você não pode apoiar alguém que
apoiam regimes iguais ou ainda, piores. Todo “ismo” é o mesmo, tem um viés do
poder e fazer essa análise, tem que ser num modo de reconstrução. Não estou
pregando que devemos deixar alguns valores de lado de repente, porque nossa
psique é muito delicada e pode causar várias neuroses graves nesse processo. Porém,
devemos nos perguntar coisas básicas que pode nos levar a questionar algumas
coisas do nosso cotidiano. Poderíamos questionar se aquilo é certo fazemos, se não
estamos agindo automaticamente, se tal ideia ainda existe e pesquisar sobre as crenças
que se acredita. Quando acordamos e não pensamos
nada além aquilo que eu devo fazer, não estou sendo eu mesmo, estou sendo um
ser automatizado.
Devemos ser assim em tudo dentro do que nos rodeia. Porque a
analise (que na filosofia chamamos de crítica), tem que ser sem paixões, porque
a racionalidade tem que prevalecer. Para a racionalidade prevalecer, temos que
ter em mente que, há um significado em tudo que nos rodeia, porque tudo tem um termo.
Como disse o filósofo contemporâneo austríaco, Wittgenstein, nossa realidade é
os termos que a nossa consciência coloca para construir uma realidade. Porque,
dentro da natureza, um cachorro não é um cachorro, esse é uma definição humana.
Porém, se temos uma imagem dentro do termo, qual poderia ser a importância daquela
imagem significativa? Qual a importância de acreditar num ideal ou uma religião?
Qual a importância de ficar xingando ou ameaçando pessoas por não pensar igual?
Nenhuma. Porque você está coagindo um ser humano só porque não age como você quer,
porque não acredita naquilo que você acredita. Por outro lado, o mundo virtual
tem uma potencialidade de ser verdade, mas, não é verdade, é só um mundo
artificial de comunicação com avatares sem nenhuma importância. A imagem desses
perfis, não tem nenhum significado.
Nós damos o significado de cada coisa. Esse computador que
estou usando para escrever esse texto, por exemplo, tem um significado de
trabalho e de reflexão em escrever textos ou livros. Para outras pessoas, pode
ter outro significado, como outras nem gostam de computadores (os mais jovens,
preferem o celular). Porém, de um modo geral, o computador tem uma importância de
ser uma múltipla ferramenta de uso muito ampla para a humanidade. Meu blog,
dando um outro exemplo, é uma prova disso. Mas também, houve um grande avanço nas
transações financeiras, nas comunicações entre empresas (reuniões sem a presença
do diretor), governos podem emitir o que estão fazendo (nem sempre é verdade), famílias
e amigos podem se comunicar sem sair de casa entre outras coisas, que a
tecnologia nos ajudou. Porém, a tecnologia é uma ferramenta e não tem nenhum
significado, se ninguém tiver usando. O uso dará um significado. E o
significado tem a ver com a ética individual e uma moral coletiva.
Se estamos falando de autoconsciência, estamos falando de ética.
Porque a ética são coisas individuais dentro dos valores aprendido, dentro de
uma subjetividade de mundo que se acredita. Você pode bater, por exemplo, em
outra pessoa por diferenças? Não. Você pode roubar aquilo que não te pertence e
agredir o outro por isso? Não. Isso é ética. Porque a ética vai usar e julgar,
uma moral dentro da sociedade, que nesse caso, bater e roubar é errado. Você pode
dizer: Ah, mas tem a lei para punir aqueles que fazem isso. Porque houve um
entendimento moral que roubar e bater, é uma coisa nociva ao convívio social,
no mesmo modo, fazer discriminação. O princípio da discriminação é o
preconceito e o preconceito é tudo aquilo que se tem medo, ou seja, tudo que se
acha que diferente e não pode acontecer. Crenças. A discriminação é uma violência
antiética psicológica que julga por parâmetros estéticos normativos (isso está além
de esquerda ou direita, porque é um princípio de consciência do convívio social).
Por que vou julgar aquela pessoa por ele ser homossexual? Por que julgar aquela
pessoa por ele ser mulher, ser uma pessoa com deficiência, ser negro ou ser índio
e etc? Não tem o porquê. Sabemos que foram construções do poder de narrativas
para separar povos, determinar questões de dominação e colocar seus reinos como
poderosos e únicos. Mesmo assim, somos todos “homines sapiens”.
A autoconsciência analisa exatamente a questão ética de
saber que somos seres humanos e não há condição física para medir questões de caráter,
porque existem muitas pessoas bem arrumadas, bem afeiçoadas, que tem um mau caráter.
As atitudes valem mais do que as aparências. E mais, caráter é individual. Você
não deveria julgar uma comunidade inteira, por causa de três indivíduos que
cometeram crimes. Como aconteceu no caso dos venezuelanos que tiveram que ir
embora. E tenho uma definição bastante interessante dentro do libertarianismo
(que muitos chamam de anarcocapitalismo, mas, são duas vertentes distintas que
talvez explique num outro texto), que se chama PNA (Princípio da Não Agressão)
que consiste que toda violência contra meu corpo (minha dignidade está incluída),
é uma agressão a minha propriedade. Porque minha única e verdadeira
propriedade, é o meu corpo e minha consciência e quem atenta a isto, é meu
agressor e tenho o direito a defesa. Se há discriminação de qualquer natureza,
é uma agressão e tem que ser defendida e isso é ético e moral (ou deveria ser).
Isso tem que ser analisado pela autoconsciência, uma análise da minha própria natureza
ética em destruir preconceitos e aceitar as pessoas como elas são, não o que
elas deveriam ser.
Assim, podemos construir uma nova ética em saber que aquilo não
é bem-vindo, portanto, não precisa de um governo para dizer isso. Vimos isso
muito no budismo, por exemplo, que se destrói um ego que transforma você em um
ser separado de um TODO e constrói no lugar, algo ligando você no TODO. Uma autoconsciência
abre portas para o anarquismo e para o conhecimento verdadeiro, porque dará o indivíduo
um conhecimento para ir sozinho sem tutores para resolver os problemas.
Continua....