segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

As oligarquias brasileiras e o 156 que não funciona aqui em São Paulo




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Platão, filósofo grego da antiguidade, tinha um ciclo bastante interessante. A humanidade começa numa anarquia (que não concordo, logo depois eu falo o porquê), que surge um líder que é o monarca e essa monarquia se desvirtua e começa a ser despótica. Dentro desse exemplo platônico podemos dar o exemplo de Solón, grande tirano grego na antiguidade, que fez grande reformas em Atenas em nome do povo. Assim como os fazendeiros romanos, em nome da grande população, fez a rebelião contra a dominação etrusca. Com o tempo, Roma se desvirtuou do seu propósito e começou a querer cada vez mais o poder. Assim como a democracia ateniense que desvirtuou em nome da vaidade (que Sócrates desmascarou e foi morto por uma taça de cicuta).

O povo brasileiro não tem soberania e não sabe disso, acha que só porque vota, tem alguma parcela de participação. Na verdade, a oligarquias dentro da republica vai muito além, do que a esquerda e a direita. Mas antes de explicar as oligarquias dentro do Brasil, eu vou demostrar que Platão estava errado no caso da anarquia. Anarquia quer dizer “sem governo” e nunca foi testada, é uma utopia (no qual, acho essa ideia interessante). Platão não tinha elementos para saber, que hoje sabemos por hipótese antropológica, que o ser humano sempre teve um líder por ser um animal social. Claro, podemos entrar na epistemologia e dizer que o ser humano é um ser racional e junto do ser racional, está a consciência e a percepção da realidade. Porém, temos essa consciência graças ao aprendizado da educação e essa educação, dará ao ser humano o conhecimento. Os seres humanos primitivos, não tinham consciência de sua autonomia de ir e vir como quisermos dentro do ambiente onde vive. Porque os seres humanos primitivos, não tinham o conhecimento que temos agora. Mesmo assim, países como o nosso, com altos índices de analfabetismo de conhecimento e funcional, são bem estratosféricos, adoram o ESTADO.

Nunca, dentro da humanidade, tivemos uma anarquia. A anarquia pressupõe bagunça, mas, não é nada disso. A anarquia pressupõe uma autoconsciência dentro da própria capacidade, do ser humano cuidar e si mesmo, sendo assim, se pode conviver sem amarras morais ou jurídicas, porque não haveria competição entre seres humanos. O egoísmo humano. Então, seja num governo liberal, num governo monárquico, num governo de qualquer coisa, são formas primitivas de paternalismo e essa procura de um pai eterno, um ser que possa nos carregar por toda vida, nos fez acreditar em governos. Talvez, os agrupamentos dos humanos devem ter criado o ESTADO para melhor administrar todas as pessoas e garantir uma melhor harmonia comunitária. Há explicações cientificas e explicações espirituais que muitas pessoas, devem achar besteira. Mas, acredito que com a vinda de seres humanos mais agressivos, o ESTADO deve ter desvirtuado do seu propósito inicial. Ai sim, entrando no ciclo de Platão, onde a intenção inicial é sempre desvirtuada.

Agora podemos entrar no escopo do Brasil e da soberania que o povo não tem. Porque a oligarquia é muito forte desde a programação da Republica (quem tem cérebro sabe e já entendeu isso), que havia interesses dos escravocratas (ganhavam dinheiro com escravos), a intenção de industrialização do Brasil (que não aconteceu). Por que não teve nenhuma industrialização? Porque se colocaram empresas e não se criaram empresas. Houve uma oligarquia criada para industrias de fora fossem vir para cá. Não se trata de ser de direita ou de esquerda, são coisas que somos levados a pensar graças a fatos. Sempre tivemos dificuldade de empreender, mas, as empresas quem vem de fora sempre tiveram facilidades. Por que? Por que industrias internacionais tem abate nos impostos? Por causa das oligarquias que vendem nosso país dês da programação da republica e a cem anos, temos governos populistas.

Populismo de direita e populismo da esquerda. Mas, investigamos a origem de oligarquia e aristocracia. Oligarquia vem do grego “oligarkhia” que significa “governo de poucos”, enquanto a aristocracia, que quer dizer “o governo dos melhores”. Claro, que algumas pessoas vão dizer que os dois termos são sinônimos, mas, contemporaneamente, pode até ser, mas, na antiguidade, não. O governo do tirano Sólon, lá em Atenas, era uma oligarquia de aristocratas que colocaram Atenas em ordem para o bem popular. No mesmo modo, o governo primitivo romano (que chamaram de res publica), eram de aristocratas que faziam uma oligarquia. Até mesmo, se fomos bastante radicais, os governos revolucionários foram oligarquias intelectuais que dominaram as ações políticas. Na verdade, todos os governos são aristocratas, pessoas que estudam para administrar o país melhor. Por que a aristocracia foi demonizada dentro da política brasileira? Porque se associou a riqueza, mas, ser o “melhor” não quer dizer ser o mais rico – principalmente, nossa elite rastaquera como a nossa – porque existem ricos que não gostam de cultura, não leem (só Olavo de Carvalho para dizer que está atualizado), apenas rosnam aquilo que não sabem.

Por que eu escrevi tudo isso? Para explicar o porquê, quando reclamamos, o poder público não faz absolutamente, nada. A questão vai muito além das questões de aristocracia, porque se trata de oligarquias que se encontram, ainda, aqui no Brasil. Vamos pegar os serviços da prefeitura desde um simples número 156, daqui de São Paulo, até uma fiscalização de vagas para pessoas com deficiência e idosos. Existem grupos de interesse nos três poderes que transcendem essa coisa de direita e esquerda, porque quando há interesses, não há uma boa ética. Aí resgatamos Aristóteles e sua ideia de ética (bastante interessante). Quando estamos convivendo e vivendo com os demais, sempre achamos um motivo para procurar a felicidade e dividir a felicidade com o outro. Porque, se procuramos só a nossa felicidade, entramos num egoísmo narcisista, no qual, pensando só no nosso bem-estar. Mas, a ética por sua natureza racional e natureza social de informação e conhecimento, vai ampliando cada vez mais a discussão em torno de uma harmonia social. É ético sempre olhar o outro através de um olhar se fosse você. Se você fosse pobre? Se você quisesse fazer uma ligação para o 156 e não conseguisse? Se você fosse um idoso ou uma pessoa com deficiência que quisesse parar naquela vaga? As vagas não são privilégios, são vagas para exatamente, não tumultuarem o estacionamento ou mais perto da entrada. Isso requer empatia.

As pessoas deveriam ser civilizadas, mas não são, porque não foram educadas. A ética pressupõe que você viva bem e queira as outras pessoas felizes. Mas o que acontece em países que há um déficit muito grande de escolaridade? Tendem a haver mais conflitos e fanatismo. Civilidade pressupõe conhecimento e o conhecimento lhe dará a ética. Ética veio do grego antigo ou helênico, ETHOS e a tradução moderna seria caráter, porém, o grande estudioso da cultura grega antiga, Werner Jaeger (1888 – 1960), diz que é muito mais do que pensamos hoje. Pois, a ideia de ETHOS para o grego era a sociedade de sua cidade-estado e esse estado de espirito, era a união como um todo. Quando não temos o caráter civilizatório, tendemos ao egoísmo e ao fanatismo ideológico ou religioso. Por que será que há tantas guerras civis no território africano? Por que há tantos conflitos religiosos no oriente médio? Por causa do auto grau de analfabetismo que distorcem e não dão a verdadeira informação para as pessoas, que aquele governo quer, na verdade, dominar todos ou pela fé, ou pela fome. No Brasil não é diferente. Só que a questão do Brasil é curiosa, existem dois analfabetos, os da escrita e os funcionais. Os da escrita são aqueles que não tiveram oportunidade de estudar em uma escola para trabalhar e ajudar no sustento da casa, os funcionais, são aqueles que lê e não entendem nada.

Os emergentes (aqueles que tiveram a sorte de empreender e ficar rico), são, em sua maioria, funcionais. São pessoas que distorcem o que sabem da vida com seus conceitos, que muitas vezes, são preconceitos. Daí se esquecem que empresas tem sim, um papel social muito grande. Sem empresas, no mundo de hoje, não há sustento. Aí entra a civilidade e a ética, e porque não, a etiqueta. Nossos emergentes ainda não entenderam, ou por ignorância ou por má-fé mesmo, que etiqueta seria além de saber onde colocar os talheres ou não arrotar na mesa, e sim, ter uma ética social. Vamos a um exemplo bastante simples. A Lei de Cotas para pessoas com deficiência física que manda as empresas com mais de 100 funcionários terá que contratar 1% de pessoas com deficiência, 200 funcionários terão que contratar 2%, 300 funcionários e mais de 1000 funcionários, terá que contratar 5% de pessoas com alguma deficiência. Ora, como disse em um outro texto, as leis como essa (que os norte-americanos liberais, também fizeram), são leis que reeducam a sociedade a não discriminarem uma parcela da sociedade. Ético não é só não fraudar o imposto, não dar propina para político corrupto, ética é ter o seu bem-estar, e também, a felicidade do outro.

Se temos empresários que para fugir da lei, ficam dizendo que não existe pessoas com deficiência qualificadas, logicamente, se deve mostrar que existe essas pessoas. Ora, como acontece no serviço do número 156, não há uma eficiência dentro do poder público por causa da ética e da etiqueta. Você liga para a SPTrans, tem sempre um funcionário que não sabe o que está acontecendo, não atende como deveria e ainda, você não consegue falar com quem deve falar. Só esclarecendo, o serviço 156 é uma iniciativa da prefeitura do governo João Doria Jr (PSDB) que unificou tudo em um número só. Acontece, que muitas coisas dentro da SPTrans, acontecem a revelia do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, como 3 faltas no ATENDE acarreta o desligamento automático. Não parece de interesses de oligarquias de empresas que o serviço diminua?

Aristóteles falando de ética disse: “A humanidade em massa se assemelha totalmente aos escravos, preferindo uma vida comparável à dos animais”. São os religiosos e os ideológicos, que se escravizam diante de tantas coisas.



sábado, 29 de dezembro de 2018

Frota e o motorista que não explicou nada





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Menino encontrado morto nos trilhos do trem >>>> veja


Amauri Nolasco Sanches Junior

Eu estou igual àquela motoquinha de um desenho antigo chamado, Carangos e Motocas, que dizia: “Eu te disse! Eu te disse! ”. Porque o problema não é ideológico e sim, ético. Em um modo bastante simples, a filosofia trata a ética e a religião trata a moral. Aristóteles já dizia que a ética era uma conduta de seres que tem consciência de suas ações e deu um exemplo bastante simples, dizendo que o cavalo não sabe que se sela ele por causa da arte da equitação. Porém, o cavaleiro sabe por causa da sua consciência daquele ato de selar. Outro exemplo do filósofo, é que os bebês não têm nenhuma consciência da ética, pois, não vai parar de chorar por causa que a mãe estará cansada a noite. Ora, se a ética é uma questão de consciência, por que sabendo que aquilo é errado, insistimos nesse erro ou algumas pessoas, mentem?

Todos nós sabemos que o ser humano é o único animal que mente. Alexandre Frota, que foi ator da Globo e ator pornô, agora se elegeu deputado federal pelo PSL (Partido Social Liberal), que é o mesmo partido do novo presidente Bolsonaro. Polêmicas à parte, devemos seguir duas linhas de raciocínio: uma, que não existe nenhuma ideologia política dentro de nenhum ato público aqui no Brasil. Segundo, que esse negócio de direita e esquerda, muitos dizem, que estão meio em desuso lá fora. Mesmo o porquê, se fomos analisar o que foi a esquerda dentro da revolução francesa, eram burgueses que defendiam uma política mais liberal dentro do governo instaurado. Não há o menor problema que o Frota tenha ido para a direita, o problema – muito nitidamente – ele usar isso como “trampolim” político e pessoal, para ter uma “boquinha”. E antes que qualquer “bolsominion” me encha o saco, eu não sou a favor do Lula livre, não sou a favor da esquerda burra que perdeu pelo “fascismo” do PT de querer só ele ser à esquerda.

Ora, como um deputado agride, como um deputado posta coisas falsas e como um deputado diz: “só podia ser de Pernambuco “? Será que analisando essa pequena frase podemos entender o que ele quis dizer? O termo “só” quer dizer único, o termo “podia” quer dizer poder ou aquele que “poderia ser”. O termo “ser” é o sujeito que é, aquele dentro da filosofia, que é em completude. O “ser” é uma totalidade dentro da própria realidade, portanto, se sou eu me incluo dentro da realidade que eu tenho dentro da realidade. “Ser de” quer demostrar que ele é e é denominado um termo pejorativo. Ele poderia dizer: “só podia der deficiente”, “só podia ser preto”, “só podia ser de Goiás”, que iria caracterizar a mesma coisa, o mesmo preconceito. Um deputado deveria ter duas coisas bem importantes: (1) é sempre saber escrever e construir as frases até mesmo, no Twitter; (2) tem que ter em mente, que muitas pessoas vão fazer críticas da sua gestão e vai governar para todos.

Alexandre Frota – como toda a direita bolsonarista – sempre acredita em perseguições que, muitas vezes, não existem. Mesmo quando avisado que o post que diz, que a atriz Robertha Portella, ser uma ameaça da atriz de linchamento se o casal (ele e sua esposa), se botasse o pé em Pernambuco. A atriz não era na Globo e sim, da Record, ele respondeu ser “a mesma merda”. A mesma excretada é esse monte de post sem sentido nas redes sociais, como se as redes sociais, fossem muros de periferias pichados. Isso vem de antigamente, quando muitos muros romanos preservados – em Pompeia, por exemplo – há várias pichações bem obscenas. Se expressar dentro de qualquer ambiente, requer um pouco de ética e uma coisa que ninguém aprendeu até hoje, a etiqueta que começa com Aristóteles. A etiqueta é bem além de saber onde talheres ficam, onde pode colocar uma taça de vinho, isso é coisa de elite emergente rastaquera do Brasil. A etiqueta vai te ensinar a se portar, não para o outro, mas para você, como devemos até se portar socialmente. Ou seja, a etiqueta vai te dar uma ética social bem além daquilo que o nosso povo faz, num simples, passeio no shopping. Respeitar um ministro do supremo é zelo, você respeitar um cadeirante é ética. Você respeitar um homem mais forte que você é medo, você respeitar um velhinho na rua é ético. Isso vele também, nas discussões políticas nas redes sociais.

Como você vai expor sua opinião, se faz de um partido ou de um político um time de futebol? O problema é que tudo vai virar uma religião e nós sabemos, que hábitos são hábitos, não se muda de uma hora para outra. Quando um ex-assessor de um filho de um presidente eleito, diz que sabe fazer dinheiro, mas, pediu dinheiro emprestado, o que você pensaria? Se ele está disposto em fazer uma entrevista, não está disposto a dar um depoimento? Ninguém está acusando ninguém, todo mundo está cobrando um esclarecimento do caso, senão, fica uma coisa obscura entre o certo ou o duvidoso.

André Comte-Sponville disse, que mentir e faltar com a verdade é uma mentira, mas, se você começa a falar inverdades até para você mesmo, é uma má-fé. Isso mesmo, a má-fé é uma inverdade e é o que pior, a direita herdou da esquerda.



sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

156-SP não funciona e perdi meu Beirute no shopping domingo – educação e competência faltando





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Amauri Nolasco Sanches Junior

Duas coisas faltam nesse país, uma é a educação (aquela de empatia pelo outro) e está faltando, competência e educação. Um exemplo para educação é eu perder meu Beirute no último domingo (23), aqui no shopping Aricanduva. Sempre – eu e minha noiva Marley – saímos e eu, que tive a sorte, de ter uma cadeira motorizada, e eu puxo ela de um jeito que adaptei. Só que no último dia 23, as pessoas ficam muito doidas para comprarem e, num devido corredor, fomos espremidos graças a um quiosque de óculo com uma gaveta. As pessoas não deixaram nós passarmos, as pessoas reclamam até, que estamos passando. Em um outro texto, até mesmo uma pessoa disse, que não entendia porque “essas pessoas” estavam lá, se referindo a nós. No meio do tumulto, perdi a caixinha do Habib´s com meu Beirute que iria comer em casa. Caiu. Alguém pegou. Sei lá, sei que perdi no tumultuo. Esse é um exemplo da educação da empatia e apatia.

 Empatia é quando você se coloca no lugar do outro, se doa para a outra pessoa. A apatia são pessoas, que não sentem nenhum sentimento pelas outras pessoas, se isolam e podem adquirir, uma sociopatia. Uma pessoa apática é uma pessoa que se tranca em seu próprio mundo com seu egoísmo, com sua indiferença. Nos shoppings ou em outros lugares, as pessoas são sempre apáticas e elas sempre acham que as pessoas não podem atravessar o seu caminho, e em alguns casos, as pessoas tem a antipatia. A antipatia é o caso que relatei, da moça que disse não saber o porquê que essa “gente” vem fazer aqui. São pessoas, que diferente do apático, demonstram o seu desprezo pelo outro, aquilo que tanto faz para ele. Mas, o que sinto aqui nesse país é como o Olavo de Carvalho diz, a filosofia do caranguejo no balde. Um está conseguindo sair, vem o outro e puxa a perna desse. A lei da vantagem. A lei daqueles que tem inveja do outro.

Nessa apatia nacional, estará o poder público. Raramente alguns serviços online estará sempre funcionando direitinho. No último dia 21 de dezembro, sai de férias da minha fisioterapia por causa que eles vão ter duas semanas de descanso, mas, eis que o serviço ATENDE tem que cancelar individualmente. Não consigo fazer cadastro no site do serviço da prefeitura de São Paulo – relatado para a gerencia – porque um programador “inteligente”, deve ter colocado um número diferente que está na minha ficha. Eu sei, porque sou TI. Se você programa um CPF errado na credencial que tenho na minha ficha, vai dar erro mesmo e não consigo cadastrar nada. Isso se chama empatia, porque você fara o serviço direito para a outra pessoa ter o acesso ao serviço ATENDE. Pois bem, nem o site e nem o número 156 que agora, consta como número invalido. Isso mesmo, um número essencial para fazer reclamações e outras coisas afins, consta como número invalido. Como o número importante da prefeitura de São Paulo – do tamanho da cidade de São Paulo – consta como número invalido? Se uma árvore cai, se um ônibus não para, se você cai dentro de um bueiro aberto, com quem você fala?

O que essas duas coisas têm a ver? As duas coisas passam pela educação da mais vantagem, o meu primeiro. Mas, o que seria vantagem parar numa vaga de pessoa com deficiência? O que seria vantagem passar primeiro num corredor ou não dá licença numa loja de qualquer coisa? Numa loja chamada Torra Torra no mesmo Shopping, nem ajudaram minha noiva e nem fizeram nenhuma questão se somos bem recebidos ou não. Por que será? Por que somos cadeirantes? A questão é sempre não se colocar no lugar do outro, não na nomenclatura, mas, na atitude, no ajudar e ter educação o bastante de fazer seu trabalho direito – porque se é público é para o povo em geral – é ter senso de pelo menos, de nobreza.




quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Além da direita a esquerda – a modernização de um Brasil feudal

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O fim do Regime Monárquico e a Primeira República






Amauri Nolasco Sanches Junior

Estou lendo o livro do Luiz Philippe de Orleans e Bragança, “Por que o Brasil é um País Atrasado? ” e me fez refletir em um ponto: sejam autores liberais ou comunistas, eles não pensam além dessas ideologias. Assim, concordo com o professor Paulo Ghiraldelli Jr, que deu uma interessante aula sobre isso em um dos seus vídeos. Diz ele que tudo começa com Rousseau (esquecemos as mazelas pessoais do filósofo), quando ele analisa a questão da propriedade privada. O filósofo genovês nos diz que todos eram felizes e contentes até um cercar um determinado território e disse que aquilo era dele, começou a perpetuar o egoísmo e a discórdia. A propriedade privada estava começando. Analisando o que Rousseau disse, poderíamos dizer que a terra para ser sua tem que ser sua, não deveríamos pagar por nada e nem ao governo. Os comunistas vão dizer que é errado ter uma terra só sua e que a terra é de todos, os liberais clássicos, defendem que o mínimo de regulamentação do governo, vai fazer com que a terra seja sua por natureza.

Porém, essa colocação de Rousseau vai fundar várias filosofias que vão até o anarquismo. O anarcocapitalismo e um outro nome para o ultra liberalismo e tem a ver um pouco, com a direita radical, pelo menos, no Brasil. A questão é, que o próprio anarquismo prega uma base de não regulamentação de nada, pois, pressupõem uma autoconsciência do ser humano em se voluntariar socialmente. O interessante que todos os avatares (enviados divino), disseram isso e é a base da filosofia socrática de conhecer nossa própria natureza. Todos têm o direito de fazerem o que desejar e todos convivem em harmonia em sociedade. Embora eu goste e sou propagador dessa ideia, devo confessar que hoje com a consciência de rebanho, as sociedades humanas ou iriam se matar, por motivos óbvios e diversos, ou iriam escolher um novo líder. Até construíram um “deus” rei que manda e desmanda, porque quer se sentir amparado, é inseguro em suas colocações e em pensamentos.

Ora, essa insegurança vem da culpa que a religião traz como base do pecado, porque somos servos do “deus-rei”. O próprio bisavô do Luiz Philippe, Dom Pedro II, por intrigas religiosas com o Barão de Mauá, fizeram o Brasil não construir estradas de ferro. Países liberais tem seu Estado completamente, laico e sem nenhuma interferência religiosa. Sem as estradas de ferro, a escoação da produção dos centros industriais, fizeram do Brasil um pais estagnado em estradas rodoviárias que são limitadas. Nunca houve um plano de modernizar o Brasil. Mesmo no período do império, como defende Luiz Philippe, o Brasil poderia ser liberal na economia, mas, não era liberal no governo e tem uma distorção até hoje defendida pela direita (os evangélicos), que são liberais na economia e conservadores nos costumes. Ainda, quando você vai explica essas “distorções”, eles dizem que o liberalismo de direita brasileiro é diferente. Mas, na essência, tudo que cai dentro do Brasil, é distorcido. O comunismo, o liberalismo, o anarquismo, o nazismo (que tem mestiços sendo nazistas, que é uma incógnita grande), a luta ecológica, o veganismo, o vegetarianismo e outras vertentes, ficaram com cara de adaptação de boteco. Ser liberal é ser liberal, ser conservador é ser conservador.

Outro problema aqui no Brasil é que tudo vira uma grande religião. Proteger animais – como apoio 100% - não quer dizer tratar um cachorro como um ser humano e levar ele num shopping, por exemplo. Ou achar que se deva acolher animais que pessoas largam na rua, ou proteger todos os animais domésticos da cidade. Porém, não acho que se deve matar um cachorro a paulada, como aconteceu no Carrefour, só porque o mercado iria receber figurões da alta cúpula. Essa proteção deveria ser das tartarugas que estão em alto-mar e engolem plástico, que leões são caçados na África, que animais amazônicos são deportados para fora do país. Defender cachorrinho é fácil, encher o saco com poste desnecessário é fácil, defender as baleias que eu quero ver., mas, o que dizer desses jovens que não arrumam nem mesmo, seus quartos e querem arrumar o mundo? A questão é bem simples: a distorção vem sempre da educação e da escolarização do brasileiro.

Para explicar a educação, tenho que explicar uma outra coisa. Quando uma lei aparece, diferente do que prega os liberais como Luiz Philippe, não é um complô contra o mercado, é uma regulamentação imposta porque há uma necessidade social de reeducação de hábitos. Claro, que seria ótimo que pudéssemos ser livres para fazer o que quiséssemos, mas, existem ainda, pessoas que não são virtuosas. Existem empresários que não querem pagar o que é justo. Existem empresários que olham sua aparência, sua cor, como você se veste, se você tem brinco, se você tem tatuagem, se você fala bem. Seria um ideal e não o real. Muitos liberais radicais, como os anarcocapitalistas podem me dizer, que as empresas são deles e eles fazem o que quiserem. Porém, não é bem assim. A pergunta é: você quer idealizar uma empresa transformando ela em um “desfile de moda” ou você quer uma empresa que te dê lucro? Por isso, entrando na minha condição da deficiência para dar um exemplo prático, aparecem leis como das cotas para pessoas com deficiência em empresas. Seria mostrar que a questão da aparência, muitas vezes, não tem a ver com a questão da produtividade e ainda, temos empresários – como a maioria do povo brasileiro – que ainda acha, que a perfeição é uma grande qualidade, uma virtude. Mas, nem sempre é assim.

Mas, por que não temos essa ética de olhar além das aparências? Porque, ainda, somos educados com a ética religiosa. O ideal da perfeição seria o divino e o real, o imperfeito que reduz ao limitado, o tosco. As empresas de tecnologia já contratam pessoas de condições diversas, porque as suas matrizes são de fora. Porque a parte governamental dos outros países sabem, que a educação e a escolarização, são a base de um pais bem mais desenvolvido. Com a escolarização seria – sem ideologias ou coisas afins – uma base para temos uma sociedade diferente, porque formaria pais melhores que iriam educar seus filhos dentro de uma ética bem mais social. Não existe bem ou o mal, mas, existe o conhecimento e a ignorância. O conhecimento te dará a base para esclarecer que o importante é você viver em harmonia, viver sem brigar, sem achar que o outro tem alguma obrigação com as tuas escolhas. Afinal, as escolhas são suas. Você é prisioneiro das suas próprias escolhas, e está fadado a colher seus resultados. Portanto, sem a escolarização de verdade: matemática, português, filosofia e retorica (porque nossos jovens não sabem nem sequer se expressar), dará as bases de uma cidadania solida e concreta, sem idealizações de perfeição e uma sociedade ideal.

Em nenhum momento, pelo menos ainda não li, eu não vi isso no livro do Luiz Philippe de defender a educação. Logo o seu bisavô que adorava a ciência e o positivismo. Sem a escolarização não tem nem o liberalismo, não tem nada de modernização e só vamos ser uma sociedade feudal. Nas sociedades feudais, a questão do estudo era restrita só a igreja, tinham reis que nem sabiam ler e escrever. Um dos maiores, Carlos Magno, não sabia nem assinar seu nome. Porque para a igreja católica, o conhecimento tinha a ver com a vaidade e só os virtuosos – no caso, os párocos – eram dignos disso. No Brasil, há muito disso e nós vimos em memes no Facebook, como o importante não é estudar é ler a bíblia, que quem está filosofando nas redes sociais é porque tomou no cu, entre outras coisas, que refletem o culto a ignorância. Fora, claro, que pagamos impostos igual os vassalos pagavam aos senhores de terras. Como podemos nos modernizar? Como sair de um atraso ainda acreditando em “salvadores”?



quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

As pessoas com deficiência ressentidas e a cultura da segregação do PT




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Em 2008, eu junto com meu pai, fomos para Brasília no encontro da juventude. Tinha a turminha das mulheres, tinha a turminha dos índios, tinha a turminha das pessoas com deficiência, tinha a turminha dos homossexuais e etc. Eu fui com a minha colega e seu pai, num movimento que nos convidou a ir e estávamos lá para representar as pessoas com deficiência. Trouxe o relatório direitinho, mas, como não quis continuar no movimento, eu acabei não entregando. Depois de muitos anos eu fiquei pensando: por que separaram se dentro da turminha das pessoas com deficiência, por exemplo, tinha mulheres, negros e homossexuais (agora tem também transexual)? Se na turminha dos índios, tinha as mulheres? Se na turminha dos negros, tinha as mulheres e as pessoas com deficiência? E claro, a turminha dos homossexuais, tinham todas as que citei. Então, por que segregar as turminhas?

Todos que estudam um pouco como funciona todo o mecanismo do ESTADO (não estou falando do governo, mas, além dele), é fazer essa separação para melhor governar. Mas, somos um povo mestiço, somos um povo que temos deficiências físicas diversas, temos uma etnia cultural muito vasta. Não importa se você é negro ou branco, descendente de oriental, árabe ou turco, a pobreza não se dará dentro da cor ou condição física, e sim, falta de oportunidade. Quando eu escrevi a resposta a Mariana Torquato, eu disse que temos uma luta além de se importar se algum youtuber usou termos pejorativos, ou temas que não em a ver, mas, temos uma inclusão acessível a lutar e se importar muito mais. Descobri recentemente, que existem ônibus aqui em São Paulo, acessíveis para cadeirantes, que não vão para o terminal. Temos que andar bastante para chegar até o terminal. O UBER, que a própria Mariana gravou um vídeo, não respeita a cota de sua frota ser acessível (dos outros aplicativos não sei). O ATENDE+ (são vans acessíveis da prefeitura da cidade de São Paulo), se você faltar três vezes ao longo da sua permanência no serviço, você é desligado automaticamente. Empresários não respeitam a lei de cotas para pessoas com deficiência e o governo, como um regulador social junto com a burocracia, inventou agora de ter que enviar um laudo junto com o currículo. Vocês têm certeza que o problema é alguém te chamar de aleijado, retardado ou coisas afins?

A questão da autoestima é uma questão educacional dentro da realidade onde vive. Você só acha que a deficiência é um empecilho a sua felicidade, só quando fica iludida com a perfeição que a própria igreja prega. Você só vai ser feliz se você andar. Você só vai ser feliz se você tiver dinheiro e coisas. Você só vai ser feliz se acetar Jesus. Acho eu, que se Jesus Cristo vivesse hoje, ele faria com essas igrejas (pseudocristãs), o que ele fez no templo expulsando todos dizendo que a casa de Deus não era comercio. A deficiência está no nosso corpo e ela não vai embora só porque você ficou revoltado, você aceitou Jesus (que na verdade, você tem que aceitar o pastor), você foi no Jão Tarado, ou sei lá onde. A deficiência não vai te largar, não irá embora e nem, vai desaparecer. O mundo é esse e só nos resta mostrar, que podemos e conscientizar. Na minha vida fui chamado de milhares de coisas, mas, nem apelido pegava porque pouco me importa se fulano disse que sou aleijado, ou sou filho da puta. Um bom exemplo. Porque olho para foto de mamãe e vejo uma senhora que sempre foi respeitável, sempre respeitou meu pai, porque vou ficar nervoso? Aleijadinho foi um dos maiores artistas que o Brasil teve, não seria a mesma coisa se chamássemos, “pessoinha com deficienciazinha”, iria ser estranho.

O forte não se importa muito com coisinhas como esta. Eu sou um deficiente ou uma pessoa com deficiência. Sou um aleijado ou um cadeirante. Sempre tratei as pessoas com deficiência intelectual por igual. Tenho um priminho – filho da minha prima – que tem Síndrome de Down que chamo de “alemãozinho” ou “Rei Arthur”. Prefiro ser chamado assim, do que da forma babaca de “exemplo de superação”. Que diferença isso vai fazer? nenhuma.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Resposta a Mariana Torquato e a moral dos fracos




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Amauri Nolasco Sanches Junior

A dona do canal, “Vai uma Mãozinha aí? ”, Mariana Torquato, faz vídeos sobre inclusão de pessoas com deficiência graças a sua deficiência congênita de não ter o braço esquerdo. A bastante tempo venho acompanhado seu canal e a bastante tempo quero escrever um texto sobre isso e o ultimo vídeo dela, “MANU GAVASSI, PRECISAMOS CONVERSAR”, veio a calhar por duas coisas. Uma, graças a um comentário de um grupo de uma pessoa que disse que acompanhava a Mariana e passou a não acompanhar mais, porque ela não entendeu ainda a luta da inclusão e distorce algumas coisas. E um comentário do meu pai, que disse que ao invés do segmento ficar de fofoquinha e de papo furado na internet, deveríamos nos unir para aqueles que nos ferra. Não é segredo nenhum, que o segmento das pessoas com deficiência, é um poço de vaidades e desprezo pelo outro.

O filósofo Nietzsche – que viveu entre a metade do século dezenove e o começo do século vinte – tinha um pensamento interessante para explicar a moral do mais fraco. Eu me identifico com ele por causa que ele não queria seguidores e por ele ter um martelo que destruía todos os ídolos e passei a ter também esse martelo, pois, ter o pensamento positivo não é ser passivo dentro da luta de tirar paradigmas de séculos (porque não, de milênios). a moral do mais fraco tem a ver do bom e com ruim. Nietzsche disse que fraco é aquele que questiona o bom, porque o bom é aquele mais apto da luta, é aquele que tem mais conhecimento e é aquele, que está para lobo. Mas, o problema, que o fraco é um nostálgico da moral e questiona esse ruim e acha que é a verdade, esse lobo perde seus pelos e começa a crescer lã de ovelha e ter um sentimento de rebanho. As ovelhas precisam de um pastor. Pastores são aqueles que impõem leis morais para dominarem o rebanho, sejam elas religiosas, sejam elas ideológicas. Nietzsche achava que sem liberdade de pensamento e escolha, não poderia ter o sujeito. Porque o sujeito pressupõe uma consciência independente e além das forças reacionárias e revolucionarias sociais e figuras metafisicas.

Mas o que isso tem a ver? Tem muito a ver. eu e a Mariana travamos uma discussão sobre os memes que teve do Lula por causa da falta do dedo – que diz ele perdeu numa prensa – e ela disse no vídeo, que isso era uma falta de respeito. Mas, como o vídeo da Manu Gavassi, isso é problematizar algo que não tem a ver com a inclusão. Porque o bom, mesmo que seja chamado de nove dedos, retardado, ou aleijado, não vai se importar. Eu mesmo, dentro da própria internet, sempre fui chamado de burro pelo filósofo Paulo Ghiraldelli Jr, sempre fui chamado de aleijado safado pelo Olavo de Carvalho e estou pouco ligando. O bom é o forte que adquiriu a moral elevada e não se atinge pelas morais pequenas como essa. E outra, retardado sempre foi um sinônimo de zoeira e mesmo que alguns médicos psiquiatras sempre chamaram pessoas com deficiência intelectual de retardado, foi um erro. Mas, o mais forte não deveria se importar.

Estamos numa sociedade que esqueceu o mais forte, sempre teve um pensamento de ovelha que segue o pastor. Se o pastor leva a esquerda, essas ovelhas vão, se levam a direita as ovelhas vão também. O cristianismo, em sua essência, teve uma parcela de culpa. Mas, porém, acho que a própria pessoa se sente uma pessoa fraca, uma pessoa que quer ser igual o bom, um espirito nobre que tem os valores verdadeiros e não tem espirito de rebanho.  Ou seja, a felicidade não estará nas coisas, isso é uma consequência daquilo que você conquistar e daquilo que é ou não verdadeiro. O bom (o forte), não quer o que o outro conquistou e não acha que a culpa é dele, simplesmente, faz do teu mundo um lugar de uma realidade em cima de uma montanha. Ele está acima de leis morais do ressentimento e da moral do mais fraco, que tem que gostar das mesmas músicas, das mesmas series, gostar das mesmas coisas de uma sociedade que nos rejeita e acha que são superiores. O bom não se acha superior, porque sabe da sua natureza, ele cai do abismo dançando. É o lobo e todos que pensam igual, tem a alcateia. O segmento para estabelecer uma inclusão tem que ser uma alcateia e não um rebanho, não aqueles que querem separar, os individuais fracos que só querem o seu e usam de ironia, para chamarem atenção. Sua ironia mostra sua fraqueza de espirito de não ter o que o outro tem.

Respeitar tem a ver com empatia e só os mais fortes tem a educação e tem o respeito nele mesmo, respeita a alcateia, respeita a luta do outro. Quando um lobo luta, outros vão ajudar, mas, sem seguir rebanhos. Sem seguir modinhas desnecessárias. Não acho que o grande problema da inclusão está na linguagem, mas, na união dos que são discriminados de verdade, sem vitimismo e sem essa frescura que não pode ser chamado de retardado, ser chamado de aleijado, ser chamado de coisas que não acrescenta.



segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Eu não quero beber cerveja com os filósofos, quero falar do poder de fala das pessoas com deficiência





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Amauri Nolasco Sanches Junior

Não quero tomar cerveja e não vou tomar cerveja com ninguém. Não tomaria cerveja com nenhum filósofo, mesmo o porquê, duvido que filósofos beberiam cerveja daqui. Como tudo que a milhões de anos existe, o povo daqui subverte. Em que lugar na Itália tem pizza de banana? Em que lugar do mundo, uma cultura milenar – como da cerveja – foi tão vulgarizada como aqui? Mas, vou esperar o que, se esse povo escuta musica porque está na modinha, o nível de intelectualidade é de um “Cinquenta Tons de Cinzas” e que, o nível de socialismo é um PT e que nazismo é de esquerda? Um povo que não sabe andar num shopping, não sabe respeitar vagas de estacionamento destinadas as pessoas com deficiência e idosos, não sabe respeitar o direito da pessoa de estar ali, então, perdemos a civilização e a racionalidade. Voltamos a ser primatas instintivos.

Maduro chama Bolsonaro de "covarde" >>> aqui

Guy Debord no seu livro, Sociedade do Espetáculo, diz que o ser humano perdeu sua identidade  por uma imagem, um sentimento de manada para o consumo. Em partes eu concordo e outras, não. em alguns momentos o ser humano – mais ignorantes – tem sim, um espirito de manada. São os seres humanos ressentidos que quiseram tudo fácil e descobriram, que nem tudo na vida é fácil. As situações são o que são. O erro de todos os marxistas – a maioria não leu Karl Marx ou usaram de má-fé o que ele escreveu – é achar que o ser humano não tem escolhas e não pode fazer essas escolhas.  O próprio Sartre – que foi um marxista – disse que somos prisioneiros da nossa liberdade e que somos condenados a sermos livres. Sartre gostava da liberdade e achava que era prisioneiro dos seus instintos. Tinha um casamento aberto com Simone de Beauvoir e escolheu assim, como sua filosofia existencialista, somos feitos das nossas escolhas. Portanto, se consumimos é porque escolhemos consumir. Se tem pessoas que ficam horas de um sorvete do Mcdonald, é porque escolheram e não tem muito a ver, só, da propaganda do sorvete. Acho que, embora os anúncios em sua maioria estão um lixo e essas universidades estragaram a publicidade, o papel da propaganda não é só instigar o desejo, mas, levar a público aquele novo ou aquele produto. Vender é o atendimento e o marketing. Os marxistas não entenderam nem, a aula que Marx deu sobre o capitalismo e ficam dizendo bobagens sem fim assim como, os anarquistas a favor – quase putas do capitalismo – de um capitalismo, acham que o mesmo sobreviveria sem o ESTADO. Anarquistas não são a favor de um ESTADO e nem um pouco, a favor do capitalismo. Anarquistas que bebem cerveja, fazem tatuagens e votam, são anarquistas nutellas. Mas, vamos para outro ponto.

Keféra apronta mais uma >>>> aqui

Para falar de minorias – como virou modinha no Youtube – tem que falar de duas coisas: educação e empatia. Todos os filósofos de verdade – não esses de mentirinha que uns ficam na resistência e outros ficam falando palavrão – sempre disseram que seres humanos que raciocinam e são calmos, são pessoas que receberam uma educação de verdade. Mas, sempre lembrando, que existe a educação e a escolarização. Não vou me aprofundar tanto nisso, porque o texto não é para isso. Porém, eu posso dizer que educação é um aprendizado de valores ético e escolarização, são aprendizados de valores morais. Enquanto a ética molda o seu caráter, a moral molda a sua noção de convivência cidadã. Ou seja, a questão ética é a questão dos valores verdadeiros de respeito e seriedade daquilo que ele deve ser. não sou aquele anarquista que acha que podemos mudar o mundo subvertendo coisas que muitas vezes, segura um pouco o ego de cada pessoa. É fácil entender: se o superego não controlar o ego nas suas vontades, nossos instintos primitivos vão ganhar e podemos ver, por exemplo, pessoas copulando no meio da rua como casais de cachorrinhos. Temos que ter certas bases morais de respeito ao outro. A cada cultura temos uma moral, e querer a liberdade, também, é respeitar a outra pessoa a não querer ver a sua copula. Ponto. Mas isso se dará com uma educação familiar solida e verdadeira. A escola (que vai moldar a moral pela escolarização), vai dar um suporte dentro do ser cidadão (politikon), e começar a conviver com o diferente. Porque, eu acho, que é muito ridículo brasileiros – que é um povo mestiço – ter preconceito contra negros ou de qualquer outra raça, ter preconceito contra pessoas com deficiência com esse transito violento, ter preconceito contra a pobreza se a maioria não tem nada.  

STF fechado saiba o porquê >>>> aqui

Quando você anda, por exemplo, em um shopping do nível de um Aricanduva, aqui em São Paulo, e anda num corredor estreito, tem que respeitar as outras pessoas. Mas, por que pessoas olham para nós e dizem: “não sei o que essa gente vem aqui? ”? Ou param em vagas para pessoas com deficiência e idosos e acham que mandam no estacionamento? Falta de escolaridade e falta de inclusão da escola de crianças com deficiência, além, claro, da empatia que vem da educação familiar. A empatia é se colocar no lugar do outro, se colocar no lugar das pessoas que não tiveram nenhuma chance por desconhecer ou por não ter a empatia do outro para trabalhar, para estudar ou para dar um simples, passeio. As pessoas com deficiência não recebem nenhuma empatia, porque acham que temos privilégios, temos já muito de querer um lugar ao sol. Somos seres humanos, somos pessoas que temos limitações, mas, somos seres humanos e somos pessoas que recebemos só apatia. Pessoas apáticas, são pessoas que não sabem o que o outro passa, se o outro pensa ou sente igual você. ora, não acho que essas identidades são fruto de uma sociedade do espetáculo, mesmo o porquê, essas imagens do Instragram e do Facebook, são imagens de uma personalidade apática da realidade por uma escolha e essa escolha é o uso de um livre-arbítrio. A falta de uma personificação pela imagem, são os vários memes que são as ideologias de pessoas ressentidas e pobres. São personalidades de muita má-educação e desrespeito.

Os empresários não têm empatia por nós. Funcionários públicos – alguns – não tem empatia por nós. Várias personalidades não têm empatia por nós. Só os tem, muito demagogicamente, no período do Teleton. Cadê o lugar de fala das mulheres com deficiência? Todo mundo vem com esse lugar de fala com pessoas negras, as mulheres e homossexuais, mas, será que as pessoas com deficiência têm seu lugar de fala? Ou o Teleton e outros vão nos representar com assistencialismo ou caridade? Não precisamos disso, precisamos de respeito e empatia. E segue o barco.



quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Já fui aluno virtual de Paulo Ghiraldelli Jr e a filosofia do banal




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Entre 2003 e 2004, eu fui apresentado ao professor Paulo Ghiraldelli Jr por um amigo virtual, que participava de um grupo virtual do Yahoo, que Paulo tinha. Esse grupo, bem a grosso modo, era uma espécie de sala de aula, que Paulo dava suas aulas virtuais. Ele sempre dizia que deveríamos sair do banal para filosofar e não está de todo errado, pois, filosofar é muito mais do que analisar a história da filosofia. Aprendi as duras penas. Aprendi e comecei a entender que a filosofia é muito mais do que repetir – como um papagaio – os filósofos mais famosos e mais clássicos. Será que não tem pontos filosóficos no Simpsons? Será que não tem pontos filosóficos em um personagem de novela? Qual a diferença de uma Capitu, do livro Dom Casmurro de Machado de Assis, com qualquer mulher suspeita de traição? Ou a Madame Bavary, livro de Gustave Flaubert, que traiu o marido e se matou ser comparada a qualquer personagem de novela? Uma era clássica e o outro não? Eu posso muito bem, pegar um personagem de novela e dissertar sobre o mundo de hoje ou posso pegar uma personalidade e fazer como filósofos como Adorno e Horkheimer, ou Guy Debord com sua Sociedade do Espetáculo. Qual o problema?

Paulo foi para a polêmica, começou a mexer com pessoas famosas e começou a fazer o que criticava (na filosofia, crítica quer dizer uma análise do fato), e entrou no banal. Começou a fazer vídeo só de “treta” e eu continuei com a filosofia do banal. Mas o que é o banal? Uma coisa banal é uma coisa sem nenhum valor, uma coisa que não tem originalidade ou é comum. Uma filosofia do banal se tranca dentro do academismo (vou até contra a ideia do Paulo, porque ele defende que filósofo só seria aquele que fez academia), e tirar ela de grandes problemas da humanidade e trazer a filosofia no simples, no cotidiano. No meu texto que analiso o feminismo da Kéfera (aqui), eu trago até a construção social da mulher da Simone de Beauvoir e ninguém entendeu, porque eu peguei o exemplo da Kéfera, eu analisei e trouxe como argumento os argumentos do Luba e todo mundo disse, que era apenas uma guerra de egos. Foi o que aconteceu com o Paulo, ele não largou a filosofia do mesmo, só trouxe para o seu campo da polêmica e não gosta de argumentar. Disseram que a filosofia tem outros fins, mas, quais fins são esses? De negar que o YouTube é a nova mídia? Ou, por ser clássico, só Guy Debord pode analisar a sociedade do espetáculo?

Ora, herdamos dentro da academia – que mais emburrece do que te dará algum conhecimento – a filosofia positivista de Comte, que junta a filosofia com a ciência. Se não for de base cientifica, com pares e essa merda toda, teu livro ou teu artigo, não é de filosofia. Para o acadêmico – o Ghiraldelli se inclui nisso – se eu analisar algo dentro da filosofia, tenho que analisar dentro de bases cientificas, mesmo que você tenha base dos filósofos clássicos.  Mas será que a filosofia tem um padrão a seguir? Será que a questão platônica do senso comum? Porque, por muitos séculos, a igreja dentro da patrística (pais da igreja) e a escolástica (o aprendizado), sempre colocou (usando essa parte da filosofia de Platão), como se o conhecimento só deveria ser do academismo e não do cotidiano. Mas, se analisarmos o “doxa” de Platão, vamos chegar a essência da filosofia, até socrática. O que Sócrates fazia? Ele discutia coisas do cotidiano comum, ou coisas ditas elevadas? Se pode achar que os escritos de Platão, Aristóteles e outros, escritos considerados eruditos, mas no seu tempo, eram escritos sobre o cotidiano e era analise da vida grega da época.

Ora, esse é o problema. O problema é a amarração da filosofia em verdades prontas porque não existem verdades eternas. E se amanhã, se descobre que o Sol não é uma estrela de hélio e sim, de metano, por exemplo?  A verdade que o Sol é uma estrela de hélio, caiu por terra e a verdade mudou. Se pode dizer: “O Amauri gosta de Coca-Cola” e amanhã, eu não gostar mais, a verdade mudou novamente. Nossa realidade é feita de mudanças e as verdades não podem ser absolutas, porque não pensamos matematicamente, 24 horas por dia. E outra, o 1 não fica 1 para sempre, pelo simples fato, que o 1 representa um único objeto. Só no nosso sistema solar são milhares de objetos entre planetas, cometas, asteroides, meteoros, luas entre outras coisas. No tempo de Platão, o cosmos era toda a realidade conhecida, hoje o cosmos, é o infinito universal. Colocar uma só maneira de filosofar, me parece forçado.

Para mim, a leitura de um só meio de literatura ou de filosofia, traz a banalização de uma discussão bem pobre. Não pobreza erudita – porque o brasileiro nunca soube o que é erudição – mas, pobreza de argumento e gosto bastante das ideias do youtubers, da nova mídia e vou continuar analisando.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Kéfera feminista e a resistência de “algodão”. Resistencia tem que ser de #metal





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Amauri Nolasco Sanches Junior


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Havia um filósofo grego que dizia que o dialogo era importante para se chegar ao real conhecimento. Esse filósofo era Platão, que lógico, seguia os passos do seu mestre Sócrates. Por que? Porque com o dialogo sempre iremos descobrir, que o conhecimento é uma construção de informações que começamos, após vários esclarecimentos, a entender o porquê daquilo. Tem a ver com a dialética entre a tese, a antítese e a síntese. A tese é uma parte do assunto ou uma opinião, a antítese é uma ideia oposta e a síntese é uma junção e um acordo em comum. Acontece, que temos dois lados que são, mais ou menos, sem paciência de ouvir opiniões contrarias. Mas, a esquerda lacradora que só enxerga a minoria quando quer ser resgatar eles – nunca vi nenhum deles levarem um dessas minorias para almoçar na sua casa – só enxerga a minorias quando está dentro da agenda do dia e lógico, não consegue dialogar sem antes, acharem que você não é um universitário de humanas que tem que ter um diploma. E, quando interessa, pegam expressões estrangeiras para poderem dialogar, que para mim, é completamente, ridículo.

A atriz Kéfera Buchmann não soube manter um diálogo com um jovem convidado no programa da Fatima Bernardes (volta TV Globinho!!!), que não soube se explicar. Pelo que eu entendi, a questão que ele trouxe é que as mulheres não podem ser tocadas. Bom, eu também não gosto de ser cutucado quando eu estou vendo outra coisa ou que estou conversando. Mas, eu acho que a Kéfera se empolgou um pouco. Pelo que já li e já ouvi várias feministas falarem, o feminismo não é o oposto do machismo, o feminismo quer dialogar e procurar condições de igualdade entre homens e mulheres. Também tem um outro problema, a questão da construção cultural da mulher, hora dentro da religião judaico-cristão do mito de Adão e Eva (que seria apenas uma simbologia), hora pela própria cultura étnicas que foram realizadas por milênios, onde que ela tem que estar submissa ao homem. Mas, existem feministas (as famosas feminazis), que não querem estar em pé de igualdade com os homens e sim, querem ser superiores aos homens. Colocam todos os homens em pé de igualdade e não é bem assim.

Nem todos os homens são estupradores ou canalhas em potencial. Nem todos os homens foram educados para serem “machos” e que, muitos desses homens, respeitam as mulheres. O problema é a generalização, até mesmo, dentro da imprensa. Existem homens que se sentem galos dentro de um galinheiro e a mulher só servem para isso, não tenhamos duvidas que existem homens “cavernosos”. Mas, por outro lado, não são todos. Não teria coragem de machucar ninguém e nem violentar mulheres, porque a minha ética e minha moral, não permite isso. O machismo e a definição das mulheres num modo social, são uma construção a partir da educação que cada mãe dará ao seu filho. Por que eu vejo as mulheres como seres humanos? Porque minha mãe me educou assim, que devo respeitar as mulheres e devo sempre ver elas, não como um objeto, mas, como seres que precisam ser amadas e respeitadas. Lógico, que existem mulheres canalhas, mulheres promiscuas e essas mulheres devem sim ouvir a verdade, elas não devem ser poupadas de receber críticas. Assim como muitos homens recebem.

Eu, pessoalmente, gostei de um vídeo do youtuber Luba, do canal do YouTube, LubaTV, que disse assim: “Se você precisa atacar uma pessoa e não consegue debater contra o argumento dela, talvez você mesmo não entende o que está falando ou tentando defender”. Bingo. Quem precisa atacar a outra pessoa com ataques pessoais, são as pessoas que precisam impor algum argumento e não, entender o argumento em si. Afinal, todo conceito (porque não, preconceito), são construções culturais recebidas pela educação. Um exemplo clássico de “ad homine” são os vídeos do Olavo de Carvalho, ou do seu discípulo, Nando Moura, que ao invés de atacar a essência do argumento, ficam atacando a pessoa. Eu acho, que isso faz parte da nossa cultura. Em um outro momento, Luba disse: “Outro problema que tenho com esse tipo de falácia é que, por mais que você não goste da pessoa, ela pode, sim, falar sobre o que ela quiser”. Que seria o princípio da democracia, certo? Inclusive, a própria Kéfera disse um monte de coisas sem noção no passado, que não faz sentido, nessa fase dela agora.

A Kéfera respondeu assim para o Luba: “Só consigo pensar numa coisa, será que vocês adivinham? Um homossexual branco que não acredita em lugar de fala definitivamente está fazendo um desserviço a todos, uma pena”. Para a Kéfera, o fato do Luba ser um homossexual e branco, não dá o direito dele de criticar suas falas e várias postagens do tipo. “Homossexual branco”, foram ditas no Twitter. Claro, que quem viveu pode ter argumentos mais sólidos, mas, isso não quer dizer que outras pessoas não podem argumentar também? Afinal, temos mãe, temos irmãs, temos esposas e namoradas, temos sogras, temos cunhadas e por aí vai. A questão é: não podemos defender as mulheres por causa que somos homens?

O grande problema é que você não faz resistência com “algodão”. Acham mesmo que vão ter uma resistência com músicas de Caetano Veloso ou Chico Buarque, com aquelas caras que estão com nojo do violão? Claro que não. Resistencia tem que ser “porrete” de metal. Como diria Nietzsche, você só filósofa com o martelo. Mas, não é esse martelinho de “merda” que fazem aqui no Brasil. É um marretão alemão. Martelo que destrói. Que desmonta. Como essa parte da música do Metallica, Master of Puppets:

“Venha rastejando rápido
Obedeça a seu mestre
Sua vida queima rápido
Obedeça a seu mestre
Mestre”


Essa música fala do papel político da religião em todos os séculos. O ser humano que descobriu que poderia manipular as pessoas pela fé – que nada tem a ver com a espiritualidade – dominou melhor seu povo e fez dele o que quis. Porém, também pode mostrar que o ser humano sempre precisa de um mestre, um guru para mostrar o caminho de uma salvação que só você pode encontrar. Conhecer a si mesmo. Ver as suas virtudes para aí sim, governar e não ser governado por nenhum “salvador” da pátria. Essa merda de resistência (que nem de longe, é comparado com meu blog), é muito intelectualzinha de esquerda caviar que quer lacrar para lucrar. Cadê o lugar de fala das pessoas com deficiência? As mulheres com deficiência são ou não, defendidas pela hashtag da vida pela Kéfera ou por outras “feministas” de butique? É fácil ser feminista na Globo, quero só ver ser feminista numa cadeira de rodas, ser feminista numa firma com um macacão e levando cantada todo dia.

Esse é um de vários exemplos que eu poderia dar, para explicar a resistência verdadeira. Mas, por que devemos resistir somente o governo Bolsonaro? Será que a política e o ESTADO brasileiro não estão infestado de atos corruptos e contra a população? A resistência, para ser resistência, tem que ser de tudo.


Resposta dos tweets da Kéfera:

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A goiabeira de Jesus e o abuso infantil além de assédio contra mulheres com deficiência






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Amauri Nolasco Sanches Junior

Estamos num pais machista e isso, gostando você ou não, é fato. Digo isso porque eu tive uma educação (educare), muito diferente do que a maioria dos homens brasileiros. Primeiro lugar, minha mãe dizia que filho dela seria homem e não “macho”, porque “macho” era cachorro e teríamos que respeitar as mulheres. Até mesmo, sempre disse que se eu e meu irmão engravidássemos uma namorada nossa, não iria obrigar a casar, mas, que teríamos que sustentar o filho gerado. Afinal, não era um boneco, dizia ela, mas, um ser humano. Eu e meu irmão tivemos poucas namoradas e não engravidamos ninguém. Minha mãe faleceu sabendo do caráter de cada filho dela em respeitar as mulheres, não trazer nenhuma prostituta em casa, não ficar com puta por aí (meu pai sempre odiou meretrizes por achar que ele não era lixo para transar com elas), porque deveríamos se dar ao respeito. Exato. Pesquisas mostram que não somos como os outros animais, mesmo o porquê, somos animais conscientes do outro e de toda a realidade que nos cerca. Não somos o “macho” da espécie, porque não somos animais instintivos e sim, animais conscientes e racionais, que temos necessidade de inventar morais para regulamentar costumes que rodeiam a sociedade.

A moral em si não é errada ou uma prisão como todo mundo sempre diz, mas, o moralismo. A moral (como costume), traz o limite daquilo que o ser humano pode fazer ou não, o que o ser humano tem como valor verdadeiro daquilo que recebeu dentro de casa. A escolarização te dará matéria cultural para trabalhar e como respeitar a diversidade como convívio – já que o sujeito vai conviver com várias pessoas no período escolar – mas, a educação dará os valores espirituais daquilo que você trará como ética e moral. A escola forma cidadãos que convivem dentro da sociedade respeitando um ao outro, a família te dará o alicerce para ser uma pessoa respeitável dentro da sociedade. Mas, e quando temos uma família doente e que temos um chefe de família que não recebeu valores verdadeiros, ou temos um membro da família que é doente? Nossa sociedade não teve alicerces educacionais verdadeiros, porque temos uma cultura que se baseou numa cultura católica que o conhecimento era pecado, que a sexualidade era suja e pecaminosa, que falar disso trazia o demônio ou trazia coisa ruim. Várias outras religiões absorveram esse tipo de pensamento.

Não se lê nada além do que a bíblia, não temos uma cultura de questionar as coisas (somente algumas vertentes protestantes, espiritas menos fanáticos e filósofos verdadeiros), e sempre se aceita aquilo que nos é dito sem se perguntar se é verdade ou é certo. Acontece, que sempre teremos “salvadores” ou “exemplos de superação”, no meio de sociedades que não tem uma educação com valores verdadeiros e uma escolarização que mostre a verdadeira ética e a verdadeira moral. O caso do médium João Teixeira (conhecido como João de Deus), mostrou como é nossa cultura de fanatizar as coisas e ainda, achar que as mulheres vítimas dos assédios sexuais e estupros, deveriam ficar quietas para elas serem curadas. A cordialidade brasileira sempre – ou as vezes – tem um fundo de interesse. Porém, como temos uma cultura extremamente machista e que não se fala de sexo (por ser pecado), várias crianças e jovens, podem cair nas lábias de idiotas que acham que são o galo e o resto, seu galinheiro. Mas, existem muitas outras coisas além disso, porque quando vivemos em uma sociedade extremamente, repressora e hipócrita, onde valores são ensinados e não são seguidos, temos uma grande confusão mental aos nossos jovens. Já que, a juventude, segue aquilo que lhe dará o exemplo de valores a cumprir dentro de uma sociedade. Exato, você “revolucia” não nasceu no meio do mato, nasceu na sociedade. Você “reaça” também nasceu numa sociedade e tem desejos e anseios como todo mundo que se presa.

Mas, quero falar sobre pedofilia e sobre assédio. Pedofilia vem de dois termos gregos que designavam atos pedófilos – bem diferentes do que hoje, que explicarei mais adiante – uma era “paidos” que significava garotos ou garotas, por não haver ainda o termo criança e o outro termo, “philia” que queria dizer amor. No rigor etimológico o significado é “amor por criança”. Na Grécia antiga (Hellas), esse “amor por crianças” não era por crianças pequenas, mas, por jovens que tinham relacionamento com homens mais velhos. Não havia penetração. Era apenas por toque. Como Roma era a grande herdeira da Grécia helênica, herdou também esse habito e a igreja não seria diferente. Antigamente, as crianças duravam pouco por causa das doenças e a que salvavam, eram coroinhas nas igrejas ou eram adotadas por homens poderosos para serem seus vassalos. Poucos ficavam com a família. É muito recente essa família que tem amor ao filho e é estruturada como somos hoje, porque bem a uns 200 anos atrás, morria o filho e nem e sentido direito. Mas, alguns escritos mostram, que a pedofilia na igreja não é uma coisa recente. O próprio Freud, sempre dizia que ambientes muito repreensivos e de pouco debate sobre a sexualidade – quando aparece a culpa por sentir o desejo pelo outro -  sempre haverá perversão por querer aquele prazer. Na verdade, o cristianismo (que nada tem a ver com Jesus), é uma doutrina muito repreensiva por ser uma doutrina dos ressentidos, aqueles que não conseguiram ter o que o outro, o mais forte e o mais apto a conquista, teve. Muitos aparecem com doenças psicossociais, desejos pervertidos, valores invertidos, culpas atormentadores e o machismo. Afinal, o cristianismo como doutrina criada a partir de um judeu de Tarso, tem que ter o mesmo machismo que colocou Maria de Magdala (que latinamente, ficou Madalena), como uma simples puta. Mas, estudos mostram que ela era herdeira do reino de Magdala e nada tem a ver com a prostituta, que diz uma lenda não confirmada, foi Pedro Simão que semeou isso.

Como disse, ambientes repreensivos levam ao abuso, levam ao abusado um abusador. Existe um outro fator que ninguém diz, que homens podem fazer o que quiserem, mas, as mulheres não podem fazer o que querem. Vimos isso nos últimos tempos, onde o ator Alexandre Frota ter feito filme pornô é apenas uma fase, mas um filme que a Xuxa Meneguel fez numa fase do começo da sua carreira, virou que ela era pedófila (o ator era de maior. Ou, em pleno regime militar, eles iriam deixar um menino fazer um filme daquele?). Isso mostra o machismo. Um outro ponto, ou outros pontos, são a questão que as próprias mulheres ensinam isso aos filhos, incentivados pelo seu marido, que o menino pode tudo e as meninas, não podem nada. Principalmente, antigamente, quando os homens achavam que as mulheres eram vagabundas e os homens eram os certos, os machos da espécie. Por que? Por causa que Eva que seduziu Adão para comer o fruto do pecado. Só que adão comeu porque quis e a história tem a ver com uma ciência muito além do que, só sexo. O sexo em si tem todo uma simbologia – principalmente, nas filosofias orientais – que vai muito além do coito em si. Mas, como toda simbologia espiritual-elevada, foi deturpado dentro da igreja romana, como algo errado, como algo ruim, como algo contra o Eterno. Se fosse, ele permitiria o sexo em si? Ou a religião rivaliza com o sexo? As duas tem o mesmo poder, diz várias pesquisas.

Jesus dizia que aquele que tivesse fé veria a verdade, assim como Buda Gautama, dizia que por meio do equilíbrio, iriamos ver a verdade. Nenhum deles quis fundar uma religião, pelo simples fato, que eles não gostarem de religiões e sim, de pessoas. Não precisamos ser religados a nada, precisamos sentir e sentir é ligado a nada. Portanto, só podemos ter respeito com o outro pela empatia daquilo que a outra pessoa passou. Como o caso da pastora e futura ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves. Tenho a impressão, que antigamente, tinha um sentimento muito forte, de dominação das mulheres da família. Conheço casos desse tipo dentro da família, e também, pessoas que foram alvo de pedofilia.  Não é piada o que ela passou e acho que deveríamos ter um certo respeito, porque eu sei muito bem o que é ter um membro familiar ser vítima disso e ter outras pessoas, serem vítimas de assédio sexual. É uma violência, porque é uma invasão ao corpo da mulher. Ponto.

Só que, se não é fácil para as mulheres sem nenhuma deficiência, imagine as que tem deficiência. Conheço mulheres assediadas que levam a marca desse assédio por toda a vida dela, como se aquilo, fosse já a violência sexual acontecida. Conheço histórias de vizinhos que invadiram a casa e estupraram mulheres com deficiência que não podiam se defender com ferros na vagina, outros relatos de jornais que os estupros eram constantes com meninas com deficiência mental. Tudo isso não é aquele sentimento de ser o macho da espécie? Tudo isso não é o sentimento de achar que o galo estará sempre num grande galinheiro? Ainda, o segmento tem seu lado machista em querer acessibilizar os puteiros. Afinal, o “macho alfa de rodinha” não está satisfeito em encher o saco das moças nos eventos, não está satisfeito em ficar azarando e sendo folgado com a mulher alheira, tem que ter ainda boquinha na zona do meretrício, ué. O “macho alfa de rodinha” é o machão que quer ser o fodão de novo, mas, puro sonho. O assédio também acontece aí. Então, o que fazer se a mulher com deficiência quer sair sozinha ou até mesmo com o namorado, sofre assédio na rua e até mesmo do transporte?

Como disse no meu Facebook, o problema aqui no Brasil é tudo virar uma baita piada. Mas, quando o povo começa a fazer piada com pautas serias, politicamente, essas pautas viram escárnios e não são devidamente analisadas. Posso ter milhares de coisas contra a futura ministra, mas, no momento do suicídio, quando ela viu a imagem de Jesus essa visão mística pode ter sido a única maneira que a espiritualidade ter salvado ela do suicídio. Eu ouvi vários relatos de jovens que sofreram abusos sexuais num grupo de jovens que meu amigo participava e fui para conhecer, assim, vi o quanto essas religiões ficam amarrotadas dessas pessoas que tiveram seu orgulho rasgado por ser mulher. Vi quanto a mulher com deficiência é pressionada por ser mulher e a imagem da deficiência, assexuada, sem direito de ter a sua vida. Vi um país que cobra dos políticos ética, mas, o povo não tem nenhuma.