Amauri Nolasco Sanches
Junior
Uma das coisas que sempre me irritaram é essa mania de fazer
o que todo mundo faz. Nessa mania, que a nossa cultura está impregnada, saem
coisas bizarras que não entendo como aparecem. Uma dessas coisas é acharem que
um texto de noticia é um Twitter, porque detesto ficar lendo linhas soltas. Num
livro, pode ser aceitável, mas, num texto de notícia, parece algo realmente,
jogado no site de notícia. Não aceito esse papo que se não fizer assim ninguém lê,
porque, de qualquer forma, ninguém vai ler nada além daquilo que está na
modinha. O povo do Brasil é o único povo que sabe da notícia pelo nome (deve
ter superpoderes de ler telepaticamente), o único povo que sabe que o escritor não
sabe escrever sem sequer, abrir um livro do próprio escritor (duvido que algum crítico
do Paulo Coelho leu um livro dele). Enfim, um povo que tem sempre a formula mágica
para todo mundo, mas, não sabem aplicar nem em si mesmo.
Mais uma vez, o povo bolsonaram o meu Twitter com notícias,
realmente, idiotas e sem sentido nenhum. Um tempo atrás foi o Doutor Bumbum
(vulgo fazedor de bunda), que matou uma mulher que queria levantar a bunda e
parecer artista de televisão (como se mulher artificial fosse mulher), agora,
temos em alguns noticiários, um youtuber estuprador que nunca estuprou. Futilidades
da mídia. Mas, o porquê dessa futilidade dentro da mídia? A lei da demanda e da
procura. Se tem procura de tal produto, terá sim, maior demanda desse produto e
eu sei disso por ser publicitário (sim, um publicitário). Além, de saber disso,
também sei, que as pessoas têm a mania de lerem o que está na modinha,
comprarem o que está na modinha e acharem que sabe só porque está na modinha. Minha
noiva é evangélica (que deixou de ir por causa da modinha), que me faz viver no
meio e afirmo, o número de evangélicos anda crescendo por causa da modinha. Tenho
romance escrito (aqui), tenho livro escrito sobre deficiência (aqui), tenho um
livro com a minha noiva (aqui) e só porque não sou conhecido – tem um monte de
obra de conhecido que é uma bosta – ninguém nem mesmo, olhou os meus livros. Porque,
as pessoas querem ler só porque os outros estão lendo, para ficarem por dentro
e não serem rejeitados. Nosso povo odeia serem rejeitados.
Isso é ruim? Num dado momento, sim. Porque você acaba não descobrindo
coisas novas, outras coisas que podem ser boas. Eu sempre ouço bandas além das
conhecidas, para conhecer aquelas bandas. Sempre leio livros de autores
desconhecidos, para conhecer aquele autor e se ele é bom. Se a banda ou o autor
é bom, eu indico sim. Acontece que as pessoas querem ficar na sua zona de
conforto, sempre gostando daquilo, sempre lendo porcaria, sempre fazendo a
mesma coisa. Porque é seguro, porque se o outro faz, eu também, vou fazer. Será
mesmo que aquela noticia é importante mesmo? Será que realmente interessa ou
leram só porque o outro leu? Eu escrevi uma notícia do discurso memorável da professora
Janaína Paschoal (aqui) e ninguém leu, escrevi sobre a censura do Facebook cometeu
com o MBL (aqui) e ninguém leu; escrevi sobre a menina com Síndrome de Down que
foi discriminada numa escola (aqui) e ninguém leu. As pessoas gostam de ler polêmicas
para ficarem por dentro de baixarias, como a pensão só Wesley Safadão, como um
gay chamar Jesus de travesti (se Jesus fosse Deus e Deus ama a humanidade,
acham mesmo que ele iria ficar bravo com isso?), como coisas, realmente, irrelevantes.
Tinham que analisar o que é relevante e o que não é relevante.
Na verdade, ninguém se interessa muito em ler sobre deficiência.
No subconsciente, moldado por uma cultura de milhares de anos, é uma coisa horrível
que pode acontecer com qualquer um. Preferem ler sobre as merdas que o Safadão
faz, ou o estupro do youtuber Zóio, ou uma Copa que já era de esperar, que o Brasil
iria perder. Teve até nudes do Felipe
Neto, como se eu quisesse ver o youtuber no ato solitário da sua intimidade. Mas,
as pessoas querem ler sobre quem falou mal do seu político de estimação. Ou as
pessoas ditas de direta (são apenas eleitores frustrados da esquerda de outra
hora), defendem o Bolsonaro, ou as pessoas ditas da esquerda (nem sabem um por
cento da teoria que se molda a esquerda), defendem o Lula. Começam a ler,
títulos que mostram críticas ao seu político favorito, mas, não é qualquer
texto. Escrevi sobre o Bolsonaro (aqui) fugindo da bêbada, porém, ninguém leu. Também,
escrevi sobre a tentativa ridícula do PT para livrar o Lula da cadeia (aqui),
mas, ninguém leu e nem deram a mínima. Por trás disso, existe uma coisa
bastante estranha, todo mundo reclama das grandes mídias e jornais, mas, quando
aparecem mídias diferentes, ou chamam de “Fakes News” (noticia falsa), ou não repassam,
dando mais visualizações ao que há de mais podre na mídia tradicional.
Podem dizer que se trata de ignorância, mas, não é não,
porque sabem muito bem o que repassam. São apenas escravos de um Estadão ou uma
Folha (que tem o mesmo dono), mesmo sendo contra, são escravos da Globo, mesmo sendo
contra, são escravos de toda a mídia. E no mais, a questão de esquerda e
direita, dentro da própria mídia, é bastante clara e objetiva. Ou seja, bem e o
mal na pauta eterna da humanidade. A questão é: que não existe bem e não existe
o mal, existem opiniões antagônicas que fazem parte da política. A energia para
se criar pautas desse porte são as mesmas. Quem conhece a franquia Guerra nas
Estrelas (Stars Wars), sabem das falas dos jedis, não existe uma força negra e não
existe uma força branca, existe a sua escolha. Eu posso descordar de muitas opiniões
de diversos youtubers, mas, posso concordar em outras opiniões. Porque não se
trata de uma opinião fechada, conceitos você muda e evolui. Porém, esse é o
real problema, as pessoas não querem evoluir. A questão dos jedis veio do
budismo zen – isso fica bem evidente, quando o mestre Yoda muda a energia de um
raio atirado do lorde sith – onde não existe dois lados e sim, o lado que você escolher
trilhar durante a vida. Estamos numa sociedade, na verdade, mimada que não pode
ser frustrada. Você tem que votar no Bolsonaro, porque o povo tem certeza que
vai mudar o Brasil. Temos que votar no PT (porque o Lula não vai ser candidato,
aceita que dói menos), porque deram cem reais por mês, para um povo que falta até
dignidade de morar em um lugar melhor.
Eu não vou escutar uma música, porque a maioria ouve; eu não
vou votar numa pessoa, porque a maioria vai votar; eu não vou ler uma mídia,
porque a maioria vai ler. Eu nem gosto de ver seriado que todo mundo está
assistindo, não gosto do mesmo ritmo musical da maioria, não gosto nem, do ídolo
que todo mundo gosta. Porque, ates de tudo, eu tenho que me respeitar e
respeitar quem eu sou de verdade.