Amauri Nolasco Sanches
Junior
“Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica. ”
(Paulo Freire)
“É por isso que se mandam as crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias. ”
(IMMANUEL KANT)
Primeiro, no Brasil, se confundem escolaridade e a educação.
O termo escola tem a origem desde a Grécia antiga, onde o termo era “SKHOLE”
que evolui no latim “SCHOLA” que tem o mesmo significado, “discussão ou
coerência”. No mesmo modo, tem o significado “folga ou ócio”. Neste último significado,
neste caso, seria um tempo ocioso para ser possível ter uma conversa inteiramente
educativa. Ou seja, hoje se confunde escolaridade, que deveria ser uma
conversa, com doutrinar as crianças para serem o que a ideologia vigente, quer
que seja. Já o termo educação vem do português “educar” (que é um verbo), e tem
a origem latina “EDUCARE” que é uma derivação de “EX”, tem o significado “fora”
ou “exterior” e “DUCERE” que tem o significado “guiar”, “instruir”, “conduzir”.
Para os romanos na antiguidade, ter educação é “guiar para fora” e pode ter o
significado em conduzir as crianças para o mundo exterior (social), ou para
fora de si (o outro). Então, educar não tem muito a ver com escolaridade.
Werner Jaeger (1888 – 1961), dizia que a escolaridade grega
antiga (Paideia) era algo a mais. Ou seja, os gregos tinham a escolaridade como
algo espiritual, mesmo o porquê, eles usavam poesias homéricas e além disso,
coisas básicas de gramática e aritmética. Seria impossível dar esse tipo de
coisa nos dias de hoje. Nesses dias, escrevi no Facebook que a questão da
escolaridade é que tem muitas matérias que são “inúteis” para o dia a dia. Os
gregos e posteriormente, os romanos (de maneira um pouco diferente), entendiam
a escolarização como uma ética que entra dentro dos costumes da sociedade. Os
romanos enfatizaram bem mais isso quando traduziram “ETHOS” para “MOR” ou
“MORES”, pois, a escolarização deveria criar cidadãos hábitos de conviver com o
outro. Davam filosofia, gramática, aritmética, filosofia e algumas noções de história.
Algumas “SKHOLES” davam oratória e as filosóficas, davam noções de ética.
Platão escreveu na entrada da Academia, que quem não soubesse matemática, não
poderia entrar. Cada matéria se compremente uma na outra e nenhuma atrapalha a
outra, que o mundo moderno, destruiu por causa da ganancia. Se escolariza uma
criança não para ser um cidadão, mas, para ser uma pessoa “melhor”.
Tirando as exclusões que gregos e romanos faziam para a
garantia da escolarização do cidadão (que era chamado de politikon), eles
montaram o sistema escolar muito melhor e muitos mais consistente. Porque era o
básico, quem ficava de educar as pessoas eram a família, ou no caso romano, era
os “paidagogós”. Na maioria das vezes, esses sujeitos eram pessoas escravas que
cuidavam das crianças e as levava ao “pedagogium”. Ora, se o básico deve ser
ensinado, como hoje, se colocou tantas coisas para ser ensinadas que nem metade
é usada? Essa política de “pode ser” que ele vai ser engenheiro, “pode ser” que
ele quer ser professor, “pode ser” que ele quer ser isso ou aquilo, começa a
amarrotar as escolas e não dá o que tem que dar – mesmo o porquê, se existem
jovens que queiram ser engenheiro, é a obrigação da UNIVERSIDADE ou FACULDADE
dar esse tipo de matéria – e deveria ser a preocupação maior do MEC (Ministério
da Educação e Cultura) e não, querer trancafiar crianças com deficiência em
entidades para não gastarem dinheiro com inclusão.
Como ouvi Jefinho da Praça é Nossa dizer que acessibilidade não
é só uma rampa e como eu disse no meu livro – vendido em todo Brasil neste site
AQUI – Tratado sobre o Capacitismo, eu digo que inclusão não é só um termo. Ou
seja, inclusão não pode ser encarada só na área de acessibilidade, mesmo o porquê,
não nascemos em uma floresta, nascemos dentro de uma sociedade. Inclusão é
muito mais do que construir uma rampa, colocar piso tátil ou tudo que facilita
nossa saída da cidade, inclusão é uma atitude de respeito com as pessoas com
deficiência. Não adianta ter vagas destinadas em estacionamento ou em ônibus, e,
no entanto, as pessoas não respeitarem o direito de cada um. Rampas podem ser
usadas por mulheres com carrinho de bebe, assim como, idosos que não podem
subir as rampas. As coisas não são tão engessadas como parecem, que rampas são
só para cadeirantes, que as vagas são só para isso ou para aquilo, mas, para
pessoas com mobilidade reduzida. Assim, segundo a nossa “confusa e longa”
Constituição, a escolaridade é para todos e se deve da-la até para as crianças
com deficiência com o convívio com outras crianças.
As classes especiais ensinam? Não. Não há nenhum ensino nas
classes especiais – pelo menos eu não aprendi nada nas classes especiais da
AACD – há apenas, uma alfabetização vagabunda, um aprendizado fraco e acho,
porque faz anos que fiz, não segue a grade de ensino. Portanto, se o MEC quer
facilitar para ele, porque adaptar leva trabalho e o governo não quer ter
trabalho, leva grana (eles vão pegar o que, né?), leva tempo e ninguém quer
pegar o “abacaxi”, no outro, as crianças com deficiência, no outro lado, vai
ficar sem o convívio social. Em muito pouco tempo, os países estrangeiros arrumaram
isso – também não vamos romantizar, os países da linha latina, como Portugal,
Espanha e Itália, ainda tem dificuldade na inclusão de pessoas com deficiência.
Outros países como a Índia e o continente africano, a questão é mais grave – e
por que raios o Brasil não arrumou? Tiveram 20 anos para fazerem isso e não
fizeram nada a respeito. E ainda, há uma pressão muito forte das entidades que
claro, com as classes especiais, terão uma “boquinha” dentro do governo.
Mas vamos ser sinceros, num país que tem um programa que
explora a imagem das pessoas com deficiência para pedir dinheiro para uma
entidade particular (mais ou menos, né? Porque dinheiro público entra na tal
entidade), num país onde existem “exemplos de superação” que só é o estereotipo
do sujeito que superou sua deficiência para mostra que pode (como se isso fosse
fora do comum); onde devemos nos recadastrar para receber uma “merrequinha” e o
governo ainda dizer que isso quebra a previdência (não os bilhões roubados ou
de funcionários públicos que recebem integral); você espera outra coisa? Um
povo que apronta quando é jovem e quando entra na igreja vira santo e passa
sermão nos jovens familiares; quando acham que pessoas com deficiência não
podem namorar, mas, elas namoraram o mundo; quando pessoas acham que somos assexuados
(sim, sentimos desejo); isso não é fruto de um capacitismo velado e a tendência
é sim, o MEC fazer isso?
Na verdade, não há nenhuma inclusão, o que há são resoluções
sociais para conseguirem empréstimos no exterior (foi o que aconteceu para o
Maluf ter inaugurado o ATENDE aqui em São Paulo), que caracteriza uma inclusão bastante
vagabunda. Ponto.
Banda Punk da Finlândia que integrantes são de Síndrome de Down