quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ministério da educação não quer educar as crianças com deficiência










Amauri Nolasco Sanches Junior

“Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica. ”
(Paulo Freire)

“É por isso que se mandam as crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias. ”
(IMMANUEL KANT)

Primeiro, no Brasil, se confundem escolaridade e a educação. O termo escola tem a origem desde a Grécia antiga, onde o termo era “SKHOLE” que evolui no latim “SCHOLA” que tem o mesmo significado, “discussão ou coerência”. No mesmo modo, tem o significado “folga ou ócio”. Neste último significado, neste caso, seria um tempo ocioso para ser possível ter uma conversa inteiramente educativa. Ou seja, hoje se confunde escolaridade, que deveria ser uma conversa, com doutrinar as crianças para serem o que a ideologia vigente, quer que seja. Já o termo educação vem do português “educar” (que é um verbo), e tem a origem latina “EDUCARE” que é uma derivação de “EX”, tem o significado “fora” ou “exterior” e “DUCERE” que tem o significado “guiar”, “instruir”, “conduzir”. Para os romanos na antiguidade, ter educação é “guiar para fora” e pode ter o significado em conduzir as crianças para o mundo exterior (social), ou para fora de si (o outro). Então, educar não tem muito a ver com escolaridade.

Werner Jaeger (1888 – 1961), dizia que a escolaridade grega antiga (Paideia) era algo a mais. Ou seja, os gregos tinham a escolaridade como algo espiritual, mesmo o porquê, eles usavam poesias homéricas e além disso, coisas básicas de gramática e aritmética. Seria impossível dar esse tipo de coisa nos dias de hoje. Nesses dias, escrevi no Facebook que a questão da escolaridade é que tem muitas matérias que são “inúteis” para o dia a dia. Os gregos e posteriormente, os romanos (de maneira um pouco diferente), entendiam a escolarização como uma ética que entra dentro dos costumes da sociedade. Os romanos enfatizaram bem mais isso quando traduziram “ETHOS” para “MOR” ou “MORES”, pois, a escolarização deveria criar cidadãos hábitos de conviver com o outro. Davam filosofia, gramática, aritmética, filosofia e algumas noções de história. Algumas “SKHOLES” davam oratória e as filosóficas, davam noções de ética. Platão escreveu na entrada da Academia, que quem não soubesse matemática, não poderia entrar. Cada matéria se compremente uma na outra e nenhuma atrapalha a outra, que o mundo moderno, destruiu por causa da ganancia. Se escolariza uma criança não para ser um cidadão, mas, para ser uma pessoa “melhor”.

Tirando as exclusões que gregos e romanos faziam para a garantia da escolarização do cidadão (que era chamado de politikon), eles montaram o sistema escolar muito melhor e muitos mais consistente. Porque era o básico, quem ficava de educar as pessoas eram a família, ou no caso romano, era os “paidagogós”. Na maioria das vezes, esses sujeitos eram pessoas escravas que cuidavam das crianças e as levava ao “pedagogium”. Ora, se o básico deve ser ensinado, como hoje, se colocou tantas coisas para ser ensinadas que nem metade é usada? Essa política de “pode ser” que ele vai ser engenheiro, “pode ser” que ele quer ser professor, “pode ser” que ele quer ser isso ou aquilo, começa a amarrotar as escolas e não dá o que tem que dar – mesmo o porquê, se existem jovens que queiram ser engenheiro, é a obrigação da UNIVERSIDADE ou FACULDADE dar esse tipo de matéria – e deveria ser a preocupação maior do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e não, querer trancafiar crianças com deficiência em entidades para não gastarem dinheiro com inclusão.

Como ouvi Jefinho da Praça é Nossa dizer que acessibilidade não é só uma rampa e como eu disse no meu livro – vendido em todo Brasil neste site AQUI – Tratado sobre o Capacitismo, eu digo que inclusão não é só um termo. Ou seja, inclusão não pode ser encarada só na área de acessibilidade, mesmo o porquê, não nascemos em uma floresta, nascemos dentro de uma sociedade. Inclusão é muito mais do que construir uma rampa, colocar piso tátil ou tudo que facilita nossa saída da cidade, inclusão é uma atitude de respeito com as pessoas com deficiência. Não adianta ter vagas destinadas em estacionamento ou em ônibus, e, no entanto, as pessoas não respeitarem o direito de cada um. Rampas podem ser usadas por mulheres com carrinho de bebe, assim como, idosos que não podem subir as rampas. As coisas não são tão engessadas como parecem, que rampas são só para cadeirantes, que as vagas são só para isso ou para aquilo, mas, para pessoas com mobilidade reduzida. Assim, segundo a nossa “confusa e longa” Constituição, a escolaridade é para todos e se deve da-la até para as crianças com deficiência com o convívio com outras crianças.

As classes especiais ensinam? Não. Não há nenhum ensino nas classes especiais – pelo menos eu não aprendi nada nas classes especiais da AACD – há apenas, uma alfabetização vagabunda, um aprendizado fraco e acho, porque faz anos que fiz, não segue a grade de ensino. Portanto, se o MEC quer facilitar para ele, porque adaptar leva trabalho e o governo não quer ter trabalho, leva grana (eles vão pegar o que, né?), leva tempo e ninguém quer pegar o “abacaxi”, no outro, as crianças com deficiência, no outro lado, vai ficar sem o convívio social. Em muito pouco tempo, os países estrangeiros arrumaram isso – também não vamos romantizar, os países da linha latina, como Portugal, Espanha e Itália, ainda tem dificuldade na inclusão de pessoas com deficiência. Outros países como a Índia e o continente africano, a questão é mais grave – e por que raios o Brasil não arrumou? Tiveram 20 anos para fazerem isso e não fizeram nada a respeito. E ainda, há uma pressão muito forte das entidades que claro, com as classes especiais, terão uma “boquinha” dentro do governo.

Mas vamos ser sinceros, num país que tem um programa que explora a imagem das pessoas com deficiência para pedir dinheiro para uma entidade particular (mais ou menos, né? Porque dinheiro público entra na tal entidade), num país onde existem “exemplos de superação” que só é o estereotipo do sujeito que superou sua deficiência para mostra que pode (como se isso fosse fora do comum); onde devemos nos recadastrar para receber uma “merrequinha” e o governo ainda dizer que isso quebra a previdência (não os bilhões roubados ou de funcionários públicos que recebem integral); você espera outra coisa? Um povo que apronta quando é jovem e quando entra na igreja vira santo e passa sermão nos jovens familiares; quando acham que pessoas com deficiência não podem namorar, mas, elas namoraram o mundo; quando pessoas acham que somos assexuados (sim, sentimos desejo); isso não é fruto de um capacitismo velado e a tendência é sim, o MEC fazer isso?  

Na verdade, não há nenhuma inclusão, o que há são resoluções sociais para conseguirem empréstimos no exterior (foi o que aconteceu para o Maluf ter inaugurado o ATENDE aqui em São Paulo), que caracteriza uma inclusão bastante vagabunda. Ponto.

Banda Punk da Finlândia que integrantes são de  Síndrome de Down 



sábado, 24 de novembro de 2018

Seres humanos solitários dentro da multidão





Resultado de imagem para Solidão






Amauri Nolasco Sanches Junior – 42 anos, filósofo/escritor, TI e publicitário

“Nós amamos o amor e não sabemos amar. A moral nasce desse amor e dessa impotência. Existe aí uma imitação das afeições, como poderia dizer Spinoza, mas na qual cada um imita, sobretudo, as que lhe faltam…”
(SPONVILLE André Comte- Pequeno Tratado das Grandes Virtudes)

Sponville tirou a primeira frase de uma outra frase dita por Santo Agostinho em suas Confissões (livro biográfico dele), quando diz: “eu ainda não amava, e amava amar”. Realmente, amamos amar as pessoas e ao mesmo tempo, não sabemos amar, não sabemos o que é o amor verdadeiro dentro do espectro humano. O niilismo chegou porque acabaram com os ideais. Como acabaram com eles? Realizando esses ideais. Acabaram com o socialismo, realizando ele na União das Republicas Socialistas Soviéticas (esse “republica” pode ser encarado como uma ironia maldita), pois, mostrou que o poder e a ganancia humana por ele, era mais importante do que o ideal da igualdade. Quem realmente é igual um do outro? Eu gosto de uvas passas, outras pessoas já não gostam. Não se acreditar em nada (niilismo), é renegar a mudança e não acreditar mais nem mesmo, no amor verdadeiro. Somos (ou nos tornamos), imediatistas. Queremos tudo agora e que nunca se acabe. Um carro leva tempo para montar, assim como, para comprar um (juntando dinheiro).

Ora, amar leva tempo para perceber, ou existem várias formas de amar. Às vezes, mães amam seu filho deixando ele ser o que ele é, outras mães, querem moldar seu filho como deve ser, com a sua religião ou com a sua ideologia. Cada um sabe como é sua moral. Mas, as pessoas também têm a sua ética (caráter), que tem sempre é igual da sua ética. Minha ética é baseada em valores que eu mesmo construí – durante a vida? – em que me baseio minha conduta moral. Se tenho uma moral anarquista de respeitar o outro por saber que o outro tem o direito de ter uma opinião e exercer sua liberdade, devo seguir essa conduta moral. Seria incoerente acreditar nos ideais anarquistas e ter uma conduta imperialista, por exemplo. O problema sempre foi a padronização humana. Devemos ser assim, devemos ser assados. Os cientistas têm muito disso, não deve ter vida sem oxigênio, não existe vida sem água, não existe vida sem gravidade. Mas quem disse que o universo – ou qual força criou tudo isso – pediu alguma opinião para os seres humanos? e se houver seres que bebem amônia e respiram metano? E se houver planetas que se aquecem com a eletricidade e podem gravitacionar em torno de uma estrela anã? Existe padrão dentro do universo ou é o padrão humano?

O ser humano sempre padronizou tudo – ainda, no caso da modernidade, botam a culpa em Descartes – desde a antiguidade quando inventaram a lógica. A lógica é uma maneira de padronizar a verdade pela matemática (como se existisse uma verdade). Eu acho e sempre achei, que a lógica tem falhas de mostrar algo que não pode ser encarado como a verdade, porque a verdade é um objeto, vamos dizer assim por faltar o termo certo, metafisico que não existe de fato. Um bule é uma ideia que virou objeto, mas, esse mesmo metal do bule, poderia ser uma frigideira.  Vamos dizer – ampliando a visão única dentro do aspecto filosófico – que a verdade é quântica, ou seja, depende sempre do observador que o observa. Um objeto ou um sentimento, dentro da realidade, sempre pode ser outra coisa conforme a ideia de quem fez o objeto, ou, quem está sentindo o sentimento naquele momento.

A solidão, mesmo no meio da multidão, é uma padronização do amor e do que seria, companhia. Às vezes, podemos estar felizes de ficar um pouco sozinhos dentro de um determinado momento, não tem nada de errado nisso. Acontece, que a nossa sociedade padronizadora, sempre tem que ter certas certezas. Então, você tem que ser um pai desse jeito, uma mãe daquele outro jeito, você tem que ser um filho de outro jeito. Mas você é o que seus valores fazem de você mesmo. Não existe um padrão.  Não existe padrão de sentimentos e atitudes. Portanto, temos que pensar que uma pessoa estar ou pensar estar, sozinha, é uma questão que sempre achamos que dependemos dos outros. Mas será que existe uma ligação entre a razão (logos), e o sentimento? Sim. O ser humano se for só a razão é um ser frio, só o sentimento, vira ingenuidade. Existe e deve existir uma espécie de equilíbrio entre a razão e a emoção, quando vamos nos relacionar. Seja na amizade, seja num amor a dois, seja em relacionamentos familiares, se não houver equilíbrio, não existe nada. O foco fica cada vez mais em um lado.

As pessoas se sentem sozinhas porque padronizaram relacionamentos. Padronizaram verdades que não são verdades, são apenas ilusões conceituais, ilusões dentro de uma outra ilusão. Poderíamos dizer – viajando bem na maionese – que a solidão é um sentimento de culpa de não ser você mesmo. Tudo existe para o prazer e o sucesso, mas, nada para o espirito e para o amor, porque as pessoas se afastam de ser elas mesmas por um pouco de atenção. Nossa sociedade não larga o antigo, que não serve mais e sempre usam narrativas de vitimismo, narrativas de séculos atrás e não tem mais nenhuma utilidade. Isso não quer dizer que não podemos lutar contra os vários preconceitos da sociedade e das injustiças sociais, mas, devemos mudar a narrativa de nos aceitarmos primeiro antes de lutar para ser aceito. Por incrível que pareça, eu aceito minha deficiência, vou conviver com ela o resto da minha vida. Que minha mãe não está mais aqui (ou, segundo minha crença, mudou de estado do corpo para o espirito), que não tenho mais a companhia da minha ex-noiva e nem por isso, estou sozinho solitário. A questão é que, hoje em dia, as pessoas não aceitam um “não”, não aceitam ser contrariadas. Só que a vida é assim, ou você aceita que nem tudo é para sempre, ou vai sofrer muito.

Temos que aceitar a realidade como ela é e nos aceitar como somos. Se o outro teve sucesso, que bom, ele é um cara que aceitou a realidade e não deixou suas convicções para fingir aquilo que não é. Porque temos que ser aquilo que não somos para agradar outras pessoas? Por que eu tenho que agradar os outros e não conhecer a si mesmo? Jesus disse para conhecermos a verdade. Sócrates disse para nos conhecemos. Buda disse para temos o conhecimento para sair da ignorância, do mesmo modo, Platão dizia que só o conhecimento pode trazer a felicidade. Mas, para os filósofos antigos, havia valores intrínsecos que eram defendidos, tinha um certo “ethos” (caráter) dentro de sua filosofia.

Nietzsche denunciou isso que se estava matando valores que iriam desembocar no niilismo ocidental – as pessoas iriam desacreditar dos valores nobres para acreditar em nada mais – e o século vinte, mostraram que, realmente, foi o que aconteceu. Mataram a metafisica como conceito e puseram a ciência – não que a ciência fosse errada, mas, o uso dela como um substituto da metafisica da igreja – como a solução e duas guerras mundiais com milhões de mortos (contando com as duas bombas atômicas que usaram os japoneses de cobaia), aconteceram com a ajuda da ciência. Porém, a ciência empírica não é a única culpada, a morte de conceitos como o bom (como cavalheiro), o honesto, o nobre por respeitar o outro como educação, acabaram desembocando em um abismo do nada. Não é à toa, que Nietzsche vai dizer que o homem nobre sempre olha dentro do abismo, ou cai no abismo dançando, porque ele olha para o niilismo mais não o aceita como um valor porque ele transcende todos os valores e acredita no limiar da vida por excelência. O ser humano solitário, briga contra a vida por estar ressentido contra ele e seu destino, mas, temos que aceitar o “amor fati” (amor ao seu destino), a realidade como ela se encontra e como ele é.

Será que Nietzsche voltou aos estoicos? Acho que talvez, porque o filósofo nunca tem certeza. Mas tem características bastante solidas de ser um pensamento estoico, porque os estoicos defendiam a aceitação da realidade como ela é. Um budista também pensa assim e concordaria num texto estoico. Os budistas, assim como os estoicos, entendem que você deve, na verdade, devemos sempre focar no agora e assim, não esperamos um futuro que não existe. A ansiedade é uma espera de um futuro que não chegou ainda e se imagina que será aquilo, como se diz que sofremos antes da hora. Sempre se sofre antes da hora. Sempre esperamos um futuro que não existe ainda. Nietzsche dizia que devemos nutrir vários valores que são nobres, que nutrem a verdadeira alma humana, porém, a nobreza nietzschiana é a nobreza do espirito e não dos bens materiais. Essa nobreza existe, mas, esquecemos graças a moral imediatista que temos agora.

Na filosofia hindu existe o Dharma (Lei Natural ou Realidade), Artha (desenvolvimento econômico ou prosperidade material) e o Kharma (Ação). Dharma ou darma, é uma missão de vida ou papel que você tem no mundo no seu papel sócio existencial. O darma é uma realização dentro da sociedade e anda bastante ligado com o karma. No budismo, o darma é uma lei natural das coisas, ou seja, para o budismo, o darma é a realidade que existe e você não controla. O karma não é um pecado – como é ensinado no ocidente – mas, uma ação para chegar ao darma de aceitação da realidade (o verdadeiro conhecimento). Já o artha é um termo em sânscrito que tem o significado de causa, motivo, desenvolvimento econômico ou propriedade material. Na filosofia hindu (dentro do hinduísmo), é uma das tri-varga (ou as três metas), que são metas mundanas (do mundo material), junto com o karma e o darma. O artha é considerado um ato virtuoso se for seguido com o dharma ou o código moral, ético e religioso. O na-artha é o artha contrário ao tri-varga (três metas) que não vau satisfazer o propósito da existência mundana, como as atividades criminosas, os vários vícios e outras transgressões morais e religiosas. Na sua essência, o artha tem o significado da conquista da matéria.

Ora, o artha, não é a conquista da matéria apenas no sentido material da conquista de bens, mas sim, no sentido de usar essa matéria (o bem que você conquistou) como uma espécie de instrumento da evolução espiritual. Ou seja, se utiliza as posses sem ser esses bens, assim, desta forma, vamos valorizar o trabalho e compreender os ganhos que inerentes a vida. Para essa filosofia (junto com o budismo com algumas variações), existe o darma que é a realidade que existe, o karma que são as ações que tomamos durante a vida nessa realidade e o artha que é a conquista dos bens materiais sem se apegar a eles. A realidade que existe por ela mesma, as nossas ações e o resultado de nosso verdadeiro trabalho (evolução do nosso espirito). Ou seja, essa ideia de não ter bens materiais não é muito importante quando você não se torna esse bem, esse status. Porque, no final das contas, o bem material se dissolve no tempo e no espaço. Mas, entender as leis que regem a realidade e compreender que nem tudo você pode mudar e o mais importante – tanto para o hinduísmo quanto para o budismo – as ações que fazemos durante a vida, trará o que você fez. Se bato em alguém, o alguém pode bater em mim ou posso perder a sua amizade ou o seu amor e a culpa é minha, é uma reação da minha ação. Nada tem como castigo, pecado ou coisa desse tipo. As filosofias orientais, visam muito a evolução do ser e não condutas morais que só visam algo externo. O espirito é interno.

O cristianismo tem um pouco desse ensinamento – que lógico, o império romano distorceu para alimentar o seu poder – quando Jesus disse dos lírios do campo (o apego ao material), que quem embainhar a espada e usar a espada, pela espada vão morrer (ação e reação) e o caminho da tentação é largo, estreito é o caminho reto (a realidade que vivemos). A solidão hoje, é a perca desses valores que se perderam no meio de tantas condutas morais, tantas coisas que se esquecemos do nosso ser. nos apegamos muito na filosofia existencialista que não existe uma essência que nos define, mas, uma existência que nos torna um ser existente. A existência sem nenhuma essência seria uma existência vazia, uma existência quase automática. Talvez, Sartre queria refutar a ideia que já temos algo definido dentro de nós que se vai construindo ao longo da vida com os valores. Mas, uma das coisas que ele não analisou (porque pensou em uma essência, talvez, teológica), existem valores que são iguais pilastras de um prédio, se forem derrubadas, o prédio cairá por inteiro. La aonde existia o prédio, se tornou um lugar vazio. A sociedade da solidão e de uma vida liquida, são apenas existência vazias de um mundo escravo de conceitos errôneos. Sexo sem amor. Trabalho sem o entendimento. Estudo para ganhar status. A política pelo poder. E muito mais.

O vazio existencial é um vazio clássico de valores reais (analíticos) e não artificiais (sintéticos). Portanto, nossa sociedade liquida e niilista é uma sociedade vazia que precisa de algo com que acreditar.


quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Fernando Fernandes acertou – não somos exemplo de superação






Resultado de imagem para preconceito deficiencia



Amauri Nolasco Sanches Junior
(42 anos, formado em filosofia da educação na FGV e também, formado em publicidade pelo IPED e técnico de informática pela ETEC Parque Santo Antônio)

Num quatro do programa Fantástico – na qual, eu não sei o nome – se encontraram a ex-atleta, Laís Souza e o paratleta, Fernando Fernandes, para bater um papo. Laís Souza é uma pessoa difícil de entender se ela quer dizer isso ou aquilo, de certos assuntos que no fundo, ela ainda não aceita (mesmo que Laís jura aceitar). Fernando Fernandes foi ex-participante do BBB, foi modelo, foi garoto propaganda e hoje, é um paratleta de nome que representa o Brasil nos jogos paralímpicos. Ele sabe o quer e sabe o que diz, ouve a maioria das pessoas com deficiência e sei muito bem, que antes de dizer a frase única e importante do papo, é a frase que milhões de brasileiros deveriam mesmo ouvir: nós não somos exemplo de superação. Pois é. Não somos exemplo de nada, queremos apenas ter uma vida normal como todo mundo tem.

Primeiro, vou analisar o vídeo que é importante analisar. O que eu vi foi o Fernando Fernandes ser mais seguro daquilo que ele pensa e quer falar e falou tudo aquilo que ele pensa hoje, porque mudou seu discurso, talvez, por conviver mais com as pessoas com deficiência, falou o que queríamos dizer. Que as pessoas com deficiência são discriminadas e não querem ser exemplos de superação. Essa fala escoou por milhares de lares e não repercutiu por exatamente, ele dizer isso, as pessoas não gostam que as pessoas com deficiência sejam seguras. E ele disse uma semana depois do Teleton. O Teleton é o avesso do que ele disse, por alimentar essa imagem de superação, essa imagem que as pessoas com deficiência precisam superar suas deficiências. Só nos resta perguntar: por que temos que superar nossa deficiência? Por que temos que ser um trampolim motivacional para a sociedade? Essa é a questão, não temos porra nenhuma! Precisamos nos adaptar a ele e conviver na melhor maneira possível e isso, que devemos fazer. Ponto.

Laís Souza gosta de ser exemplo de superação. Só concordou com o Fernando, por estar num canal de tevê. Sempre perdida, ela não sabe se vai ou se fica, se ama ou se odeia, isso não é se descobrir é ir onde agrada mais. Laís não mudou, aprendeu a ser política com a mídia e com as pessoas para parecer “bonitinha”. Não que eu ache que o Fernando Fernandes não queira a mesma coisa, mas, ele já decidiu que caminho deve seguir e o porquê desse caminho. Laís Souza não decidiu. Ainda está perdida dentro daquele sonho de poder andar de novo, de levantar da cadeira e consertar o seu corpo. Só que já era. Ficara assim pelo resto da vida e não vai ter jeito. É o que os estoicos diziam em não querer modificar aquilo que não está no nosso poder, aceitar as imperfeições e o que a realidade nos traz. Ela ainda não aceita e não sabe o que quer da vida.

Esse conceito de “exemplo de superação” tem a ver com o capacitismo. O capacitismo – que vem do termo “capaz” – é o nome que se deu para o preconceito contra as pessoas com deficiência. Existem várias interpretações e definições para o preconceito, porque o termo é bastante abrangente e interessante. Segundo o filósofo e jurista italianos Norberto Bobbio, que suas afirmações éticas e políticas são aceitas por diferentes posições e grupos, sejam de direita e de esquerda, analisa o termo como uma opinião errônea ou um conjunto delas. Essas opiniões erras são aceitas passivamente, sem passar pelo crivo do raciocínio ou da razão. Seria, mais ou menos, como um achismo mais conceitual. São estereótipos que se agregam em uma moral ou uma ética, dentro de uma cultura, que tem certas crenças ou práticas de eliminação. Existem tribos indígenas que ainda enterras suas crianças com deficiência ou na Índia, as pessoas enterram as pessoas com deficiência por causa de crenças. Cidades-estados gregas na antiguidade, matavam as pessoas com alguma deficiência ao nascer, a mais famosa foi Esparta. Na idade média, muitas foram queimadas ou abandonadas por não poder andar ou ter o corpo retorcido – que muitos achavam ser um demônio. E faz muito pouco tempo que conquistamos espaços no mundo, pois, até os anos 80, as pessoas com deficiência não podiam frequentar restaurantes nos Estados Unidos.

Aqui no Brasil, como é um pais que despreza completamente a escolarização, o preconceito é mais frequente. O preconceito sempre é uma mera opinião dentro dos valores éticos (caráter), que se recebe dentro da sua casa, ou seja, pela educação. A educação é o pilar para uma pessoa ser ética ou antiética. Porque o bem e o mal não existem, mas, o conhecimento e a ignorância. Com o conhecimento, você sabe que as deficiências não são contagiosas, que elas não são limitadoras, que aquela pessoa numa cadeira de rodas, é apenas uma pessoa. Isso elimina o conceito limitador do “exemplo de superação”, do conceito limitado que somos incapazes de estudar, que somos incapazes de sair, de trabalhar, de namorar e casar (isso também tem a ver com fazer amor). Qualquer preconceito – seja qual for – limitam a pessoa a ficar numa bolha de conceito que não existe, existe a partir de um conceito aprendido erradamente.

Quando um adolescente escreve um bilhete – no caso da menina com Síndrome de Down – “negros na senzala, gay no armário, retardado é na apae”, podemos dizer que foi aprendido dentro da sua casa. Porque as pessoas são muito nostálgicas e querem sempre achar que o seu mundinho está certo e tudo que visa mudança é comunismo, pois, o comunismo soviético nos mostrou um czarismo com uma bandeira vermelha. Mudanças são a evolução do mundo e de você mesmo. O mundo, queiram ou não, se moderniza com a tecnologia e com as pessoas convivendo cada vez mais e isso é fato. Aceita que dói menos. A nossa nação passa por uma crise e crises visam mudanças e uma delas é ter que conviver com o diferente. Outros países tiveram que se adaptar a isso, por que o Brasil não pode? Por que o nosso povo gosta da sua zona de conforto?

Não querer ser “exemplo de superação” não é renegar o reconhecimento, mas, ter o reconhecimento igual as outras pessoas têm no mesmo trabalho, no mesmo esporte e por aí vai. Eu, por exemplo, sou um mal exemplo de qualquer coisa e antes que me esqueça, meus ídolos morreram sim de overdose por fazerem o que quiseram. Então, acho que quando temos a vontade de não fazer igual e uma boa educação, ídolos morrerem de overdose ou não, não fazem diferença. No mesmo modo, posso dizer que não quero ser exemplo de nada. Fernando Fernandes acertou dessa vez, isso que importa.



terça-feira, 20 de novembro de 2018

Vida solitária de um cadeirante e vencendo o medo



Foto do Vader daqui (risos)



Amauri Nolasco Sanches Junior
(42 anos, formado em filosofia da educação na FGV e também, formado em publicidade pelo IPED e técnico de informática pela ETEC Parque Santo Antônio)

Quando a vida nos desafia, temos que encarar esses desafios e dizer para vida que você aceita o desafio. O medo existe, esse medo é normal para temos mais cuidado com certas situações. Mas, o medo em excesso vira fobia e as fobias não são tão boas. Porém, o medo gera uma certa raiva que você queria fazer e não consegue ou não pode fazer, por causa dela e não sabe que é uma questão dela mesma e não dos outros. Conhecendo a si mesmo e suas limitações e o que seu poder – mesmo que esse poder seja apenas poder sair – pode fazer, você conquista uma galáxia. Parece uma coisa contraditória, mas, vendo meu boneco (adquiri recentemente) do Darth Vader não é não. Aliás, sai sozinho, pela primeira vez em 42 anos de vida.

Quem lê meus textos sabe que eu sou uma pessoa com deficiência física e sou cadeirante, mas, por incrível que pareça, mesmo com minha cadeira motorizada. Eu sempre saio com as pessoas e não tinha o habito de sai sozinho, mesmo o porquê, minha deficiência não me dá forças nos braços para sair com a cadeira manual. Neste domingo, com o transporte já marcado, mas, com o rompimento do meu noivado, eu decidi encarar o desafio de sai sozinho e encarar o medo de ficar lá sem ninguém conhecido (como sempre estou lá, os seguranças sempre me conhecem do shopping). Gostei de encarar esse desafio e prestei mais atenção em mim, nas minhas vontades, naquilo que eu quero comer, daquilo que eu quero vestir, aquilo que eu preciso. Prestei atenção em mim mesmo e prestei atenção naquilo que eu posso fazer. Mesmo com o pneu dianteiro murcho, mesmo com as dificuldades, eu voltei para casa com o desafio feito e encarado. Talvez, esse papo de que a vida te coloca desafio para você evoluir seja verdade, e é o que acredito como um bom espiritualista que sou.

Mas, podem me perguntar: o que tem a ver Darth Vader com isso? Bom, eu vou explicar da maneira que sei explicar, controverso e filosófico. A maioria do nerds e geeks (como eu), sabem, que toda a saga do Guerra das Estrelas (Star Wars) tem dois pilares, a filosofia zen e a segunda guerra mundial. Os Jedis, nitidamente, têm raízes no zen budismo por ser algo que o criador, George Lucas, segue e a segunda guerra, por ele (Lucas) ter ascendência judia. O maior templo budista que se tem notícia foi o templo Shaolin na China, onde eram feitos treinamentos espirituais severos a partir do zen e se tinha os monges da linha clara e os monges da linha escura, como os Jedis e os Siths. Só que para os budistas – pegando a raiz de Buda Gautama – não existe o bem ou o mal, existe o conhecimento e a ignorância. Pessoas ignorantes podem fazer o mal para outras pessoas, podem ter ódio de coisas que não entendem ou não podem entender. Os que tem o conhecimento, não podem fazer isso porque sabem como funciona as leis universais: se você fizer algo esse algo molda toda a sua realidade e essa realidade fica boa ou má, conforme suas atitudes.

Anakin Skaywaker era o jedi mais poderoso que se tinha noticia, tinha componentes da FORÇA fora do normal. Foi resgatado de um planeta remoto como escravo junto com sua mãe pelos jedis Qui-Gon Jinn e Obi-Wan Kenobi. Qui-Gon sempre acreditou que Anakin era o escolhido para equilibrar a FORÇA novamente e trazer paz ao universo, como estava na profecia dos jedis. A mãe de Anakin jurava que ele foi gerado sem um pai e então, isso faz dele, muito mais especial (e dará um ar maior de escolhido da Força). Muitas pessoas vão ligar Anakin a Jesus numa análise superficial, mas, são analises muito pobres da questão. Todo relato de escolhidos são assim, deuses e anjos avisam e eles são concebidos sem pai para mostrar o lado imaculado do útero que gerou a criança mostrando assim, que o sexo é pecado ou é sujo. O lado do prazer que as religiões desprezam e condenam, porque são concorrentes muito perigosos. Já pensaram se o ser humano sentisse prazer e não se ligasse dos problemas da vida? O que seria das religiões que darão sempre um caminho? Estou falando da verdadeira espiritualidade que só é aprendida no esoterismo de cada uma dessas religiões que existem. Todas. Mas, voltamos a Anakin.

Foi treinado. Não por Qui-Gon que morreu salvando Kinobi e Anakin, mas, pelo próprio Kinobi na qual, quando se tornou Lord Sith, Anakin o matou. Não faço uma análise rasteira como fazem vários esotéricos que não entendem a mensagem filosófica dentro da saga. Primeiro, os sabres de luz mostram muito dentro de quem é quem, porque os mestres jedis tem os sabres azuis (que mostram a espiritualidade) e os mestres siths tem sabres vermelhos (mostrando o poder). Alguns colocam como os nazistas e os aliados, que também é uma visão bastante válida, mas, estou analisando por outro viés. Outras características interessantes podem ser mostradas, como a obsessão sith de colocar androides, componentes eletrônicos, e até mesmo, modificar o corpo. O próprio Anakin, por ter sido queimado por larva vulcânica após um duelo com seu mestre, foi modificado com componentes eletrônicos. Mostrando o lado materialista.

Anakin não conseguiu desapegar da mãe e quando foi buscar ela, viu ela morrer nos seus braços. O problema do desapego é muito retratado na saga, porque tem a ver com a questão do sentimento, aquilo que temos medo de perder. E quando temos medo de qualquer coisa, sempre tudo que temos medo aparece para trabalharmos esse medo, e o desapego é o medo da perca do amor, do desaparecimento daquilo ou de quem, amamos. Quando desapegamos, deixamos esse alguém ir e não sofremos, ficando só o amor. Anakin não fez isso e viu a mãe morrer. Não se desapegou de Padmé e viu, também, ela morrer (ele mesmo tentou enforca-la), e por medo de perde-la, se associou ao senador Palpatine e que foi, o imperador sith da republica galáctica. Mas, o amor não é tão maléfico, não pode ser tão nocivo ao mundo espiritual ao ponto de ser proibido dois seres ficar juntos. Um mestre da arte jedi, não pode se casar (não pode na velha ordem, depois, seu filho Luke modificou isso).

Vou chegar numa outra questão que todo mundo concordará. Por que, com tantos heróis, ainda Darth Vader é o personagem mais interessante da saga? Porque, se queira ou não, Anakin era o mais poderoso jedi e o escolhido, mas, não nos moldes de uma moral jedi já ultrapassada que não enxergou o obvio. O sentimento fez Anakin ser o lord sith mais poderoso da galáxia conhecida e deixava cada planeta ter sua própria cultura. Porém, foi o sentimento dele que salvou seu filho do imperador e morreu. Ele equilibrou a FORÇA e livrou a ordem republicana do império. O desapego, muitas vezes, pode ser encarado como uma indiferença com quem amamos, pode sim fazer sofrer se amamos com força, mas, todas as forças podem anular a FORÇA maior, como diz a teoria newtoniana. Mesmo sendo escravo, mesmo sendo um jedi incompreendido, mesmo sendo um lord sith, ela supera sua dor e seu medo, e traz de volta o equilíbrio e fez o que quis fazer. Conquistou vários planetas com o corpo queimado, sem um braço, sem uma perna e o corpo robótico. Sem contar, que sem a roupa com a máquina, ele não respira. Quantas pessoas com deficiência, mesmo com tantos aparatos, nem saem de casa?

Na essência, a saga é uma saga psicológica entre o que você é e o medo daquilo que esconde o que você é. A saga do herói de Campbell (que ajudou Luccas a escrever toda a saga por ser um mitólogo de renome), é a essência do Star Wars como uma saga psicológica da renegação do herói em fazer a aventura. No Ilíada, Aquiles se recusa no primeiro momento de obedecer a Agamenon e ir para Troia, até a mãe dele dizer que ou ele fica e é esquecido, ou ele vai e seu nome escoara por toda a eternidade. No mesmo modo acontece com Anakin que a mãe lhe convence a ir cruzar novas aventuras e ser um mestre jedi livre. A mãe representa a segurança, o útero que lhe gerou e lhe deu a vida, a segurando do “quentinho” de não enfrentar o mundo. Mas o mundo deve ser enfrentado. O mundo é onde vivemos e aprendemos a ser seres humanos. Com a doença da minha mãe e ela ir para o mundo espiritual, aprendi que é muito fácil você ser corajoso com ela por perto, mas, é extremamente, difícil, ser corajoso longe dela. A vida nos ensina com a solidão. Quando o útero que lhe deu segurança e conforto, não está lá para te dar segurança, se deve andar com as próprias pernas. Anakin não viu, ele deixou esvair na culpa, temos também um sentimento de culpa, mas, passa. Mesmo ele sendo lord sith por esse ódio, ele aos poucos, se deu conta que ele se tornou de novo um escravo do imperador e já queria derruba-lo.

O imperador é a ignorância do falso EGO, aquele que nutre somente a si mesmo. O filho (Luke) é o seu alter ego (outro eu) querendo te curar da ilusão (sabe de luz verde) e a filha (Leia), é a retomada do controle da liberdade. Mas, você salva seu alter ego e seu lado sombra morre para renascer seu lado espirito, a sombra é a meteria. Transcender seus medos é um pouco enfrentar o instinto de preservação do corpo, porque o corpo é comandado pela alma e não ao contrário. A questão é: que para deixar nossa caixa de conforto, a dor é imensa, você tem que deixar o útero uma hora e seguir em frente. Desculpe, mas, Star Wars é a saga dos Skywakers e ensina sim, transcender o nosso medo, transcender o nosso lado material, transcender a existência de algo maior e nos ensina que o que nos move é a FORÇA. Sai no domingo (18) e venci meu medo de deixar a casa (útero) sem ninguém por perto, venci meu medo de não saber fazer, vi que eu sou capaz e fiz o que era para fazer. Como Anakin (de maneira um pouco diferente), perdi duas pessoas que me davam segurança, tive meu momento de Darth Vader em ter ódio, mas, consegui ver além do ódio e não acho que devemos renegar ele, pois, muitas vezes, é esse ódio que nos faz sair da caixinha confortável. Estou redescobrindo minha vida e vou ter que me readaptar. Quem sabe, ter mais controle comigo e como dizem, vida que se segue.



sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Entre a prudência e a imprudência – ‘nunca foi tão fácil ser ladrão nesse país’






Resultado de imagem para corrupto




Amauri Nolasco Sanches Junior
(42 anos, formado em filosofia da educação na FGV e também, formado em publicidade pelo IPED e técnico de informática pela ETEC Parque Santo Antônio)

O filósofo André Comte-Sponville, no livro Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, diz que a prudência é uma virtude menor dentro de um mundo contemporâneo cheio de tecnologia. Porém, na antiguidade grega – principalmente, Aristóteles e Epicuro – a prudência tem um significado bastante importante, porque tratara de um modo de viver bem melhor. No mundo moderno (contemporâneo), prudência se tornou uma virtude de se evitar alguma coisa. Mas, prudência, também, é uma virtude cardinal (dos cardeais da igreja), para não se afastar das suas obrigações. Acho eu, que o ex-presidente Lula, como bom católico que é (ou diz ser), deve saber disso. André Comte-Sponville, diz ainda, usando o “phronésis” grego, que a prudência tem um lado mais profundo.

Aristóteles dizia que a prudência (phronésis), era uma virtude intelectual. Para Aristóteles, tem a ver com o verdadeiro, com o conhecimento, com a razão. Seria a disposição que permite decidir corretamente sobre o que é bom ou mau para o homem e agir em consequência como o que convier.  O que poderíamos chamar de bom senso, mas que estaria a serviço de uma boa vontade. Ou da inteligência, mas que seria virtuosa. Para Santo Tomás de Aquino dizia que, das quatro virtudes cardeais, a prudência é a que deve reger as outras três virtudes que seriam: a temperança, a coragem e a justiça. Sem a prudência, os cardeais não saberiam o que deveriam fazer, nem como fazer. Seriam virtudes cegas ou virtudes intermediarias, como, por exemplo, o justo amar a justiça sem saber praticar ela, ou o corajoso amar a coragem sem saber fazer a sua coragem. Assim, como a prudência sem as outras três, seria vazia ou não seria mais que uma mera habilidade. Porém, segundo Sponville, a prudência decide e a coragem provê.

O significado dito por Epicuro seria a essência, a prudência, que escolhe, os desejos, que convém satisfazer e os meios para satisfazê-los. Ou seja, na visão de Epicuro, nos ocorre recusar numerosos prazeres, quando devem acarretar a um maior desprazer, ou buscar determinada dor, se ela permitir evitar dores piores ou obter certo prazer mais imediatos ou muito mais duradouro. Sempre vamos ao dentista para não sentir dor. Então, a prudência, é algo que você tem que ter antes de escolher um ato. Mas, escolher requer uma ciência (conhecimento), requer uma racionalidade daquilo que você quer fazer. Não podemos tocar o corpo do outro sem permissão, por causa da violação do direito de preservar sua individualidade, portanto, tem que ter uma prudência dentro de um desejo. No mesmo modo, tem que ter uma certa prudência de não roubar, de não fazer nada que vai negar ao outro uma dignidade e o direito de individualidade.

O Lula esqueceu da prudência. Fez um governo onde, segundo denúncias, aceitou propinas e aceitou todo o esquema de corrupção que se instalou na Petrobras. A corrupção é uma escolha de aceitar e não aceitar, é uma escolha que deveria ter uma certa, racionalidade de pensar o que vai vir no futuro e ter um ato de ter ética. A ética é construída dentro de certos valores que são passados dentro da sociedade, dentro de uma história de vida (uma egrégora?), que se manifesta na construção daquilo que você pensa e aquilo que você é. Muitas vezes, com as dificuldades e com o querer ser aceito dentro de um certo grupo, nós podemos esquecer quem somos, aquilo que acreditamos e até mesmo, os valores em que nós apoiamos. Muitas pessoas acham que nós libertários anarquistas, não podemos ou não temos valores para seguir, que é uma tremenda bobagem. Todo ser humano tem valores no qual segue, até mesmo, valores volúveis dentro daquilo que você é de fato, sua natureza. Só de não atacar o outro fisicamente ou moralmente, é um valor que você segue e para um anarquista de verdade, a honestidade de ser você mesmo sem radicalizar – porque é uma doutrina humanitária – é ser liberto de amarras ideológicas de uma liberdade guiada a não dignidade de si mesmo. A liberdade desmedida é uma carência e não uma libertação de si mesmo. A pessoa segura de si, não vai ficar bebendo ou fazendo sexo adoidado, para se sentir liberto do mundo. Assim, você continua prisioneiro da liberdade mediática hollywoodiana.

Do mesmo modo, podemos dizer de um corrupto. Um corrupto entra no esquema, geralmente, porque o outro entrou. Porque ele quer superar aquilo que ele viveu no passado e não foi trabalhado nele. Mas isso, não é nenhum álibi para serem corruptos, só é um sintoma da cultura no qual o indivíduo viveu. Não podemos justificar alguém como o Lula, por exemplo, pelo que é mostrada em sua biografia – que muitos alegam ser suspeita de ter vários fatos inverídicos – pelos atos que cometeu, porque muitos na mesma situação, não fez nada que possamos chamar, atos antiéticos. Todo corrupto, na sua essência, é um ser humano egoísta que pensa só no seu bem-estar. Mesmo assim, o corrupto graças a sua avareza, esquece da sua prudência e comete vários atos sem raciocinar o que pode acontecer no futuro. Um ladrão (alguns, pelo menos), tem uma certa prudência de não se deixar ser pego (hoje, com uma certa impunidade, eles não tomam esse cuidado), um corrupto, sempre acha que a lei não vai pegar ele. Muitas vezes é verdade. Mas, o ESTADO pode punir aqueles que não reprogramam o sistema – usando a expressão da Pitty – como ele quer, como se deve ser o “esquema”. Um sempre entrega o esquema todo.

Lula foi pego pelo vislumbre do poder – não que antes não era assim -  por achar que seria o “rei” de um país, de tamanhos continentais e de riquezas grandes. Achou que quem era oposição no passado, era seu amigo naquele momento. Lula sabia falar como sabe até hoje (com uma certa parresia), mas, diante de todo marketing, diante de todo o apoio popular e das instituições, esqueceu da prudência. Esqueceu que não há amizade na política e tem que agir conforme a ética e a moral, manda e eles são “majestades” bem exigentes. Mas, antes de tudo, Lula esqueceu de cumprir o que ele prometeu, que em toda vida discursiva, prometeu e colocou como sua pauta e pauta do PT (Partido dos Trabalhadores). Afinal, o PT é seu. Ele reina no PT. E por último, ele esqueceu que não é um “deus”, mas um misero ser humano. Humanos são, demasiadamente, apenas humanos.


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Paixão e amor – será que estamos confundindo?






Resultado de imagem para paixão e amor







Amauri Nolasco Sanches Junior

Acho que há uma confusão entre paixão e amor. Paixão, etimologicamente, vem do latim “passio – onis”, que deriva de “passus” que é princípio passado de “patī” que tem o significado, sofrer. É um termo usado para um sentimento muito forte em relação a uma pessoa, objeto ou tema. A paixão é uma emoção intensa convincente, um entusiasmo ou um desejo sobre qualquer coisa. Mas, vem do latim já, como sofrer e o sofrimento é dor, você não pode amar quando está doendo alguma coisa. Já amor, vem do latim amor que tem o mesmo significado com o português, que é um sentimento muito nobre e sem sofrer. Muitos estudiosos dizem que o termo amor que é derivado da base AM, de uma língua indo-europeia e essa mesma base, deu origem do termo mãe. Ora, qual amor maior a não ser da mãe? Nenhum.

A questão gira em torno do amor que não tem sofrimento, não sente dor ou qualquer desejo destrutivo ou egoísta, que talvez, vem confundindo até mesmo os filósofos. Platão, por exemplo, dizia que o amor é aquilo que falta em você. Ora, tudo aquilo que te falta é sofrer aquilo que você não tem, e isso, queiramos ou não, traz um sofrimento naquilo que não temos. Mas, podemos ter outras coisas que fazem de você alguém diferente e a humanidade precisa ter uma pluralidade, porque tem a ver com liberdade. Amor tem a ver com liberdade. Se você já tem uma essência definida, se você tem uma personalidade já construída, você já é um ser humano definido. Só que não é bem assim, os gregos antigos (ou helênicos), estavam errados enquanto a isso. Além de sermos seres em construção constante, somos seres que temos liberdade de escolha. Os pensamentos mais modernos e contemporâneos – mais no existencialismo – o ser humano se constrói a partir dos valores sociais que estão inseridos dentro da educação familiar e na educação escolar (que muitas vezes, é exigida pelos próprios pais na escola). Daí, quando você se apaixona – alguns pesquisadores dizem, que a paixão tem dois anos de validade – você tem seus valores que vão ou já formaram, seu caráter e sua subjetividade.

O interessante, voltando aos gregos helênicos, que eles tinham um termo que era “pathos” que significava, paixão. Mas, também, existem outros significados como excesso, catástrofe, passagem, passividade, sofrimento, assupeitamento, sentimento e doença. Ou seja, tudo que gera sofrimento e o apego a alguma coisa. Agora, porque tem um outro lado, sem uma certa paixão (como um tipo de tesão), não podemos amar e continuar amando um outro sujeito. Tem que ter uma certa atração para o amor romântico prevalecer. Porém, há de ter um certo equilíbrio dentro do amor romântico. O problema é o apego. O apego começa a se apegar como o outro é e começa a se espelhar no outro e esquece, muitas vezes, de si mesmo e começa a esquecer de quem você é. Quem somos, verdadeiramente? Será que não é um convite filosófico desde Sócrates e Platão? Entre conhecer a si mesmo, até mesmo, sair da “caverna” da ignorância e sair para o conhecimento e com o conhecimento, ver a realidade de fato. Chegar a verdade (alethéia) é só, segundo Platão, pelo conhecimento. Mas, como dizem, o amor é para ser sentido e não para ser racionalizado.

Só que há um outro problema – filósofo é a mosca varejeira da sociedade – somos seres sentimentais, mas, também, somos seres racionais. Chegamos ao aluno de Platão, Aristóteles, que dizia, que somos racionais e por isso, somos animais políticos. Por outro lado, Aristóteles dizia que o amor verdadeiro é o amor de amizade. Aí chegamos num ponto interessante: o amor não pode nascer numa amizade? Eu já expliquei antes que os gregos viam o ser humano, como um ser definido e já construído em seu caráter (ethos), então, se ele fosse um ferreiro, por exemplo, ele não seria outra coisa a não ser um ferreiro. E para os contemporâneos – que começa com os modernos – o ser humano não tem nenhuma definição, portanto, o amor romântico (que é bastante recente) é uma construção. A família como conhecemos – mesmo a direita se espernear – é uma invenção capitalista contemporânea que inventou a imagem de uma família “perfeita”.

O amor tem que ser perfeito? Não sei. Talvez, nenhum filósofo tenha conseguido chegar na essência da questão. Platão confundiu com paixão (por causa, da sua época). Nietzsche, pulando para a contemporaneidade, confundiu com “putaria”. A liberdade tem que transcender ao senso comum, que acha que ter liberdade é fazer o que queira, mas, nem sempre podemos fazer o que queremos. Se eu não tiver a quantia certa, eu não posso tomar um sorvete. No mesmo modo, se a pessoa não me ama – colocando a questão do amor romântico – por questões de até respeito consigo, eu não poderia amar a pessoa.  Então, pensando assim, não é aquilo que te falta que faria você se apaixonar pela pessoa e sim, aquilo que é correspondido como um “gostoso” bem-estar. Aliás, gostoso é aquilo que te dará prazer, mas, não é qualquer prazer, é o prazer de sentir confortável com a situação ou com que está sentindo. O que é agradável? Entramos na subjetividade.

Para Sartre, o amor entre casais é uma alienação mútua para se entregar um ao outro, assim, se esquecer o que é. A subjetividade tem a ver com isso. Por que eu tenho que me esquecer de si mesmo, para amar alguém? Lógico que a sua vida não vai ser igual, mas, não pode ser um esquecido de si para o outro te aceitar. Sartre está errado em parte. Porque existem casais que sabem quem são e nem por isso, não se amam. Mais uma vez, se confundiu paixão (egoísmo) e amor (gostoso), porque o amor não pode ser alienado, senão, vira paixão. Se há alienação é apenas uma atração, porque não se tem um sentimento, mas, só corpo, só o material. Aí entra a paixão pelo material e a sociedade e suas convenções, porque essas convenções são morais de anos ou séculos, que funcionaram só naquele momento e agora, pode ser que não funciona mais. Por que as pessoas colocam os bens materiais? Por que o amor tem que ter certas responsabilidades? Ninguém sabe. Porque todos repetem convenções sem saber o porquê daquilo tudo. Só que há uma diferença entre romper as convenções e fazer um bacanal, por exemplo, porque nos dois dos casos, você não está sendo você mesmo e está sendo um gorila.

Ora, gorilas podem amar de outra forma. As linguagens animais são pouco estudadas, são pouco analisadas e não se sabe, se eles têm sentimentos. Eu estou dizendo que os seres humanos se entregam ao instinto, porém, somos seres racionais e sentimentais. A consciência. A consciência é um fenômeno de perceber o outro ou outra coisa, como algo fora de nós mesmos. Num modo cartesiano, a consciência é a percepção de si mesmo, porque o outro começa a ser uma dúvida, uma realidade que pode não existir.  A consciência, também, pode desenvolver um senso de capacidade de avaliar se aquilo é ou não é, prazeroso para nós. Por isso dizemos que eu tenho a consciência que o refrigerante é gostoso, como, que jiló é amargo. A questão é que, quando nós amamos, nós temos a consciência que a pessoa nos agrada e essa consciência, depende muito daquilo que nos atrai. Sartre erra na alienação, porque a alienação é o esquecimento de si mesmo, mas, se esquecemos de si mesmo não podemos amar. Temos que perceber o outro e seus atributos corporais (sexuais), seus atributos sentimentais (amor) e os atributos espirituais (as virtudes), que muitas vezes, são confundidas como morais. Porém, entendo como uma lei moral, uma lei social para a harmonia e não para a individualidade do ser humano.

 Então, acho eu, sou um spinoziano. Para Spinoza, nós temos o “conatus” (esforço; impulso, inclinação, tendência; cometimento), que seria um impulso da vida, como se acordássemos de manhã e a nossa energia tivesse fraca (tristeza) e durante o dia, e essa energia vai nos afastando daquilo que vai te entristecendo. Claro. Tudo que te traz prazer vai te trazer alegria, mas, o conatus de Spinoza também faz parte de uma outra coisa. Para o filósofo, os sentimentos podem diminuir ou aumentar, a energia do conatus e essa energia pode te entristecer ou te alegrar. Mas, depende de nós mesmos se alegrar ou se entristecer e o amor, como tantos sentimentos, pode aumentar o impulso e esse impulso te alegra e te mostra o quanto você pode compartilhar essa alegria com o outro, com a capacidade de compartilhamento. Porque, afinal, o amor entre duas pessoas é compartilhar sentimentos e momentos a toda hora. Mesmo se estiverem em silencio, com as mãos dadas e juntinhos, aquele momento é único e é um compartilhamento daquilo, daquele agora.

E é isso, o amor não é uma prisão, não precisa ser. não é algo que te falta, não é algo que precisa ser uma eterna “putaria”. Existem momentos para a sexualidade e momentos para o carinho, não se precisa separar as duas condições, mas, sempre equilibrar elas.  O equilíbrio mutuo. O equilíbrio que pode levar ao sublime. Os sertanejos (se poderíamos chamar isso de sertanejos), erram em dizer que amor é sofrer, quem sofre não é o amor de se alegrar, de se sentir o gostoso da companhia, no afeto verdadeiro, é apenas acasalamento. O prazer por prazer. Isso nada tem a ver com a moral religiosa – que seria um radical ao contrário – mesmo o porquê, não precisamos ir a um outro extremo. Mas, valores que respeitam a si mesmo como um ser humano, valores que podem conter a verdadeira liberdade de não se importar com os outros. Afinal, é mais liberto aquele que beija mil bocas, ou aquele que beija uma e bem beijada? Precisamos dessa liberdade? Nos encontramos no lixo? Não. Precisamos de uma certa dignidade, um certo respeito consigo. O amor é único, o resto, é só modinha.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Vamos parar de chamar o Teleton de ajudador de pessoas com deficiência? É apenas, assistencialismo





Resultado de imagem para assistencialismo




Amauri Nolasco Sanches Junior

Quem me conhece, sabe que eu tenho um restrito relacionamento com a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), por ser um ex-paciente deles. Entre 1983 até 1990, eu fiquei na antiga unidade da Paulista na escola Rodrigues Alves e de 1991 a 2000, na Oficina Abrigada de Trabalho na unidade da Mooca fazendo, trabalhinhos. Então, eu sei muito bem, que a avaliação de se pagar (porque a entidade se paga sim), é por renda familiar – que as vezes, não bate – e avaliação por tratamento, é se eles conseguem enrolar as pessoas. Como fazem 18 anos que não ponho os pés na entidade, eu não sei como está. Mas, o texto é sobre o programa Teleton.

Primeiro erro é dizer que o Teleton vai ajudar as pessoas com deficiência, porque o programa ajuda a AACD que é uma entidade particular. Não importa se é uma associação, é uma entidade que é privada e tem uma diretoria empresarial que transformaram a entidade de reabilitação, em uma empresa e ponto. O resto é papo furado. Você paga – pouco, mas, paga – e o SUS paga quem não pode (pelo menos, antigamente era assim). Existem pessoas com deficiência que conseguem tratamento lá por critérios misteriosos, porque existem outras pessoas com a mesma deficiência, muitas vezes, não são aceitas. Assim, nem todas as pessoas com deficiência, são aceitas e fazem tratamento na AACD e nesse interim, o Teleton não ajudam todas as pessoas, mas, só a entidade em si. Eles estão certos? Sim. Se pensarmos num modo bastante liberal, como uma entidade privada, eles têm o direito de ter critérios e trabalhar com esses critérios. Só que existe um grande problema, a AACD também recebe dinheiro público de quem paga imposto. Recebem doações. Portanto, a AACD não é tão particular assim, porque a sociedade paga pelo imposto, ainda, dá uma graninha no Teleton para ter o bonequinho.

As outras unidades – pelo que eu sei, o terreno da central (Vila Mariana) é ainda da prefeitura – foram construídas com dinheiro de doações, dinheiro social. Tendo em vista que esse dinheiro social é pouco, precisam de mais, de mais, porque não tem o que sustentar a entidade e os encargos dos funcionários. Por isso mesmo, é uma associação. Empresários dão uma mensalidade todo mês – como todo associado – para sustentar tudo isso que você vê no Teleton. Na pratica, bem radicalmente mesmo, não é tão privada assim. Assim ó...tudo que é privada tem que ser sustentada por eles mesmo, quando é algo sustentadas pela sociedade, acho eu, é público.

Segundo erro é mostrar pessoas com deficiência para arrecadar mais doação como um apelo sentimental, induzindo as pessoas, a acharem que estão ajudando as pessoas com deficiência. Pode ajudar algumas, mas, não todas. Todas as pessoas com deficiência ou a grande maioria, é atendida pelo SUS ou quem pode pagar um convenio pelas restrições da própria entidade. Ora, a entidade e o caso que eu trago aqui, é um caso clássico de restrições de classes (mesmo eu não sendo marxista), porque envolve quem pode ou não, pagar um tratamento decente. Mesmo que você não concorde com isso, tem que enxergar que no Brasil, existem milhares de famílias que não pode cuidar de seus deficientes. Segundo pesquisa de um tempo atrás, uma pessoa com deficiência em média gasta R$ 5 mil reais por mês em remédios, cadeiras de rodas ou outros aparelhos, fora a comida e o vestuário. Quem pode pagar nesse país esse dinheiro todo?

Isso transcende e muito a discussão política de ser esquerda e direita, tem a ver com dignidade humana. A dignidade humana vai muito além de esquerda e direita, de entidades caça niqueis ou algo parecido, dignidade humana é ter um tratamento decente, é poder ter acessibilidade, é poder ser educado e trabalhar. E vamos combinar, todos tem um pouco de hipocrisia, porque reclama que está atrasado no ônibus quando um cadeirante vai subir, para na vaga das pessoas com deficiência no estacionamento, fica olhando feio quando casais com deficiência ficam se beijando e tudo mais. Depois doa no Teleton. Será que é encargo de consciência? Não sei. Mas a maioria, sim.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O verdadeiro cristianismo espiritual e a essência dos ensinamentos de Jesus – Felipe Neto e desenho satânicos





Resultado de imagem para jesus e buda





Amauri Nolasco Sanches Junior

Santo Agostinho dizia: “É preciso compreender aquilo em que cremos”. A questão é: será que os religiosos sabem o que creem? Será que um cristão sabe dos princípios da sua própria religião? A maioria, não. Santo Agostinho, sem exagero, é o pilar principal da teologia cristã dentro dos dois ramos do cristianismo: católico e protestante. A Igreja Apostólica Católica Romana, por estar começando na época e ter na figura de Agostinho de Hipona (que era bispo), um dos pilares da construção de uma teologia mais solida (que pertenceu a patrística, que quer dizer, o pais da igreja). No protestantismo, Martin Lutero era monge agostiniano que voltou aos princípios do cristianismo primitivo, onde se preocupavam menos com imagens e mais com o conhecimento das pregações do mestre Jesus.

As palavras de Santo Agostinho são palavras interessantes, pois, nos remetem ao conhecimento daquilo que você segue como crença. Antes de tudo, compreender e achar respostas daquilo que cremos como uma verdade – que dentro da própria filosofia, estamos sempre a busca da verdade. Ora, o próprio Jesus disse que devemos conhecer a verdade, porque ela vai nos libertar. Porém, só nos resta perguntar: libertar do que? Segundo o evangelho de João, Jesus estava falando com seus discípulos e ele dizia da palavra dele, em acreditar, verdadeiramente, de tudo que ele tinha dito e se isso acontecesse, eles e todos, iriam ser verdadeiramente, seus discípulos. Mas como acreditar? Fazendo um exame dentro de si mesmo. Vários pensadores e mestres espirituais, disseram a mesma coisa com palavras diferentes. Sócrates, por exemplo, dizia que deveríamos conhecer a si mesmo, assim como na Índia, Buda Gautama dizia que tudo que pensarmos se realiza. A religião, quando examinamos etimologicamente, é uma religação como o divino. O que a espiritualidade verdadeiramente, não concordaria, porque em essência, nós já estamos ligados com a divindade.

No evangelho está que Jesus disse que a primeira pedra da sua igreja seria em Pedro. Ora, igreja vem do grego “ekklesia” que quer dizer, comunidade. Antigamente, no cristianismo primitivo, não ficava em prédios fechados e sim, em comunidades abertos com estudos dos evangelhos. Hoje – que começou na idade média com a igreja como teologia fechada – são prédios fechados com suas particularidades teológicas de cada vertente cristã. O que essas vertentes pregam? O materialismo. Não se tem mais a religação com o divino, um estudo dos evangelhos e nem a pregação aos ensinamentos (verdadeiros) de Jesus, mas, pregação sobre política, o que é ou não do demônio, e o mais trágico, pregação do que a sociedade ou não, deve assistir. Não lembro, nos quatro evangelhos, nenhuma fala de Jesus sobre esse moralismo todo. Nem que se tem que dar dinheiro para a igreja (dizimo), e nem que se você orar ou rezar, o Eterno vai te dar objetos ou interferir em situações. Acho eu, que ainda estamos num país laico.

Primeiro, implicaram com um desenho que ia estrear na Netflix chamado “Super Drags” (que está na parte adulta). Estreou, não vi nada. Pessoalmente, eu não gostei, mas, não por causa das drags, e sim, que é mal produzido e as pautas do roteiro, são confusas. Mudam muito rápido. Porém, eu vi o grande problema, colocar um vilão pastor com uma medalha nazista. E quando falamos para um filósofo que há um problema, a probabilidade de uma ou muitas possibilidades possíveis, então, a tentação é grande. Esse problema pode ser que é um desenho para entreter que nem para crianças é, porque começa a ser uma visão fanática de uma coisa que nem interessa para a maioria. Temos uma religiosidade, hoje em dia, de feed food (comida rápida ou algo rápido), que você passa uma hora ou duas horas de igreja. Será que isso ajudará a espiritualidade do sujeito?

Segundo, um pastor – não sei que cargas d`água – viu o vídeo do Felipe Neto jogando um jogo thrash de deuses lutando entre si, e um desses deuses, aparece Jesus Cristo. Felipe Neto mata Jesus no jogo e mata o último, que seria o Eterno. Minha visão é o mesmo do primeiro problema, porque ele não está ensinando, é um entretenimento com um vídeo, ele não está doutrinando ninguém. Em um outro vídeo ou no mesmo, não me lembro, ele explica como ele vê o Eterno e é a mesma que a minha, senão, não haveria livre-arbítrio. E daí? Não estamos num país laico (que aceita todas as religiões)? A questão não é diferente daqueles sujeitos fundamentalistas dentro do islã, que doutrina seus fiéis para morrerem em bombas explodindo a si mesmo. Você inventa uma situação e acaba com o trabalho de alguém, só porque a sua crença tem que ser a verdade absoluta.

O que podemos tirar disso, espiritualmente? Nada. Porque não tem nada de espiritual ficar perseguindo, usando suas crenças, por uma moral totalmente, humana. Muito pelo contrário, Jesus defendeu sempre os pecadores e o mais notável dos relatos, é da mulher adultera. Acho que hoje, há uma adesão muito mais de uma “moda” do que, realmente, seguir algo que se acredita de verdade. Mas, isso não é o problema, o problema é a tentativa de querer impor a sua crença para os outros, que não quer esse tipo de crença e pelo que li de Lutero, que mesmo não sendo protestante eu leio e admiro, não gostaria também. Porque qualquer religião desse porte, é um chamado em acreditar naquilo, um chamado em achar algo que toque dentro do seu coração. Como tenho as minhas convicções espirituais. E por que não tenho convicções religiosas?

Não tenho convicções religiosas por entender que além de limitar em uma só visão, a religião não tem mais a religação com o Eterno, como era antigamente. Ainda eu uso o termo “eterno” para ter uma referência só – como não uso o termo “deus”, por terem deturbado o termo e por ter usado para outros fins a não ser, a procura espiritual – porque para mim, tudo se refere ao divino. Porém, a minha espiritualidade não pode ser uma procura externa e sim, interna. Como dois grandes mestres que sigo e respeito muito, Buda Gautama e Cristo Jesus. O material não importa, o conhecimento te levara a verdade e a verdade, seja ela qual for, sempre vai te libertar. O agora que importa.

sábado, 10 de novembro de 2018

Fui expulso de um grupo de filosofia por filosofar – tratado da liberdade




Resultado de imagem para filosofar


Amauri Nolasco Sanches Junior

Na cidade-estado de Atenas (hoje capital da Grécia), mais ou menos, trezentos anos antes de Cristo, existia um homem careca, com o nariz achatado e barbudo, chamado Sócrates. Sócrates foi chamado de sábio pelo oraculo de Delfos, que era o oraculo do deus Apolo, e não se conformou, porque achava que existiria um homem mais sábio do que ele em Atenas. Filho de uma parteira, achava que as ideias eram como o trabalho da sua mãe, que deveria fazer o parto delas nos outros e demos o nome de maiêutica, que quer dizer, parto. Eram perguntas que deveriam conter respostas, mas, que incomodou muitas pessoas e essas pessoas condenaram Sócrates por esse ato infame. Como ele ousa desmascarar aqueles que se mostravam conhecedores de tudo? Como um misero cidadão do baixo “clero”, tem a audácia de desmascarar os grandes guardiões da democracia ateniense? Foi condenado por algo que não fez a morte. Foi condenado a beber cicuta e morreu assim. Sócrates nos mostra que nem sempre as pessoas que se acham amantes da liberdade, do conhecimento ou até mesmo, se acham humanistas, são tolerantes com as ideias alheias.

Num grupo de filosofia, eu vi uma pergunta que me chamou a atenção e sempre me chamava a atenção, que o dono do grupo – num sentimento de paternidade, tipo xuxando – sempre colocava a pergunta: “Vamos filosofar? ” e aquilo me intrigava (como intrigaria qualquer filósofo). Se estamos num grupo de filosofia, nós vamos ou não filosofar? Lógico que a resposta é óbvia, mas, quem fez a pergunta pode responder que é uma figura de linguagem para chamar atenção. Mas, a pergunta vinha num fundo alaranjado, já poderia chamar muita atenção. Se estamos num grupo de filosofia, claro, que vamos filosofar e esse filosofar faz parte da pergunta que veio depois. A pergunta era:

Vamos filosofar? Existe consciência sem materialismo? Justifique:

A resposta foi simples e objetiva. Sempre estamos a filosofar, mas, remete a algo que está sempre nos intrigando. A consciência, por exemplo, pode chegar, nesse caso, com a pergunta: “vamos filosofar? ”. Porque se estamos num grupo de filosofia, nós vamos filosofar e, portanto, temos consciência disso. Ora, a consciência é a construção de um fenômeno de um objeto que não é o eu e sim, o outro. Mas, eu sei que aquilo te a sua imagem é um termo que podemos chamar aquele objeto. No caso, filosofar. Porém – continuando porque fui expulso antes de continuar – o filosofar passa a ser objeto de minha atenção, materializando um objetivo, porque minha realidade agora é filosofar e estou livre em aceitar essa realidade, ou não aceitar essa realidade. A consciência não pode existir sem a ideia do objeto e o objeto nos faz pensar. Mas, para filosofar, tem que ter uma certa liberdade e se não tivermos liberdade, não podemos dar respostas e nem perceber nossa realidade.

Muitos estudantes de filosofia ou professores, ficam amarrados em uma ideia e não enxergam o TODO. Porque você começa a perguntar coisas obvias e essas coisas começam a ser banalizadas, como, graças a esses grupos que ficam xuxando (expressão minha), que ficam com perguntas de ensino médio. Muitas pessoas que estão ali, são professores ou estudantes, não são alunos da moderação. Por outro lado, por que não posso filosofar a pergunta “vamos filosofar? “?  Ele (o moderador), como tantos outros, não entendem que todo filósofo escolhe um problema para resolver e esses problemas ele mesmo escolhe. Se não se tem liberdade de escolha, não se tem o filosofar e se não tem filosofar, nós não podemos filosofar. O mais engraçado é que sujeitos assim, ficam gritando nas universidades ou na internet, contra o fascismo. Quer coisa mais fascista do que obrigar a pessoa a responder o que você quer ou não deixar a pessoa explicar o porquê da resposta e expulsar ela?

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Você não sabia que Freddie Mercury era gay? Faça o ENEM



Resultado de imagem para freddie mercury


Amauri Nolasco Sanches Junior

Existia um filósofo chamado Rene Descartes (1596-1650), que começou a duvidar de tudo que o ser humano produziu dentro de uma cultura e dentro de todo o pensamento. No fundo, as coisas humanas são falhas e podem, muito bem, errar. Mas, será que aquela moral é certa? Será que ser contra algo, devo apoiar a outra? Ser de uma religião, não quer dizer aceitar cegamente, ao longo da vida. Descartes disse no Discurso ao Método, que a consciência é construída como um prédio, que comece nas bases. Porém, qual é a base de consciência? A educação. O termo educação vem de educar e a origem desta, vem do termo “educare” que é um derivado de “ex”, tem o significado “fora” ou “exterior” e “ducere”, que significa, de “guiar”, “conduzir” e “instruir”. Em latim, o significado é, literalmente, “guiar para fora”. Se educar é instruir, podemos pensar, isso quer dizer a moral. A moral pode ser indagada? Sim.

 Quando Descartes disse “Penso logo existo” (cogito ergo sun), quis dizer que a única certeza que temos é a nossa existência, pois, todo o resto pode ser uma ilusão que um “gênio do mal” pode induzir. Mas, vou pular para o século XIX, com Nietzsche (1844-1900) que criticou a moral. Para o filósofo alemão, a moral é um ressentimento dos fracos para barrar os fortes e os fortes na mostrarem que são fortes. Só observar quando a moral é usada para atacar uma parcela de cidadãos só porque, é contra uma ideologia ou uma posição política. Os fortes não precisam vaiar algo, eles são fortes para aceitar a vida como ela é, sem idealizações ou sem nenhuma moral, que tranca qualquer possibilidade de viver por viver.

Quem gosta de rock – tem muito picareta que cai de paraquedas – gosta e já ouviu a banda Queen e o seu vocalista, Freddie Mercury, que era gay. Não adianta achar que não era, ele era e isso não vai mudar. Então, por que você vai ao cinema – pagando R$ 24,00 – e fica vaiando, quando mostra quando ele se relaciona com outros homens? Essa vaia vai mudar a realidade que o filme mostra? Não. As realidades não mudam só porque você quer, porque você acha que o mundo tem que ser como você quer, como você idealizou, é uma ilusão. Nietzsche diria que o mundo é o que é e não vai mudar. Só resta uma questão: se você é contra, por que assistir ao filme? Ser contra um lado ideológico é ser contra uma realidade que não vai mudar? Claro que não. As realidades não vão mudar. A realidade mostrada no filme – eu não vi ainda – não vai mudar. A questão aqui no Brasil, é não aceitar que o mundo está mudando e é melhor aceitar, senão, vai doer e muito. Ser conservador, não é sinônimo de não querer mudança, mas, querer que as mudanças sejam melhor examinadas e melhor implantadas para serem a harmonia social. Simples. Ter moral não é ser moralista.

Descartes diria que essa coisa de ficar contra gays deveria ser duvidada, porque é um valor anti-humano e antipatia com pessoas que não tem a mesma orientação sexual do que você. Por que devemos ser contra? O que eles prejudicam nossas vidas? Esse é a síntese do liberalismo, respeitar todas as pessoas sejam o que for que pensem, que escutem, que façam e é um direito humano. É um direto ser o que você é e ninguém pode desrespeitar nada. E por que essas coisas são ensinadas ainda no Brasil? Qual o interesse das religiões em alimentar o preconceito, uma moral que não cabe mais nesse mundo que está mudando? Ser cristão é ser preconceituoso? Eu nunca li nada no evangelho, que Jesus disse ser contra gays ou ser contra qualquer coisa, muito pelo contrário.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O bilhete da menina com Síndrome de Down e o preconceito explicito






IMAGEM 01: Menina de 8 anos que tem síndrome de Down recebe bilhete anônimo com frases preconceituosas e a sigla 'B17'. Família acionou a polícia. Descrição #pracegover: Pedaço de papel parcialmente amassado com linhas onde estão escritas as frases 'negro na senzala, gay no armário, retardado na apae', além da sigla B17. Crédito: Reprodução.

Pedaço de papel parcialmente amassado com linhas onde estão escritas as frases ‘negro na senzala, gay no armário, retardado na apae’, além da sigla B17





Amauri Nolasco Sanches Junior

O preconceito está começando a ganhar “corpo” com a eleição desse ano e a polarização. Agora imagina você ter uma filha com Síndrome de Down e você mexendo na mochila e pegando um bilhete dizendo: “negro na senzala, gay no armário, retardado na apae”. O que você sentiria? Você iria gostar desses dizeres? Isso se chama, empatia. Você pode se colocar no lugar do outro e se vê um mundo muito mais evoluídos. Quando você vê um bilhete como esse, com dizeres nazistas (sim, extrapolou o nível do preconceito e chegou ao nível nazista), ou essas pessoas gostam de morar nas cavernas, ou essa gente tem que ser preza para ter uma empatia social. Por que negros incomodam? A mim acho que não incomodam e são cidadãos como outro qualquer. Por que gays incomodam tanto? A mim não incomodam e tenho amigos gays e nunca virei gay, porque quem quer “gay no armário”, não se definiu sexualmente. Por que pessoas com deficiência, seja a deficiência que for, incomoda tanto? Empatia.

Só para começar, “apae” é uma sigla e siglas são de letras maiúsculas como “APAE”, só para corrigir o bolsominion. Outra coisa, se você é contra o PT não deveria ser sinônimo de ser preconceituoso, e ninguém entendeu. Acho isso, além de ser cafona, ainda pessoas ignorantes que não sabem que no mundo todo tem inclusão. Pessoas com deficiência tem uma visibilidade muito mais lá fora, porque lá fora existe muito mais cultura e menos fanatismo. Porque ao mesmo tempo que as pessoas votam em algum candidato, se ele não fizer ou não ser o que apareceu na campanha, também criticam o candidato e cobram eles daquilo que prometeram. Preconceito contra negros, contra homossexual e contra pessoas com deficiência é crime, leis não tem ideologias. Será que essas pessoas não sabem que essas coisas são crime? Será que eles não sabem que o mundo evoluiu e tudo gira em torno dos direitos dos homens? O ser humano é uma espécie só, todos são homo sapiens e ponto.

Preconceitos tem a ver com a ética, por ser tratar de valores aprendido. Etimologicamente, vem de “pré”, que dará uma visão de uma ideia de algo anterior, antecedente, que existe de forma primária. Com o “conceito”, que é aquilo que se entende ou compreende em respeito de algo, derivado do latim “conseptus”, o significado se refere a construção ideal do ser ou de objetos apreensíveis cognitivamente. O preconceito é um conceito formato de forma anterior ou antecedente a constatação dos fatos. Portanto, um sujeito que tem preconceito é um sujeito que tem uma ignorância que se prendeu em ideias pré-concebidas, que despreza um outro ponto de vista.  Um outro ponto de vista é ter empatia com o outro, ver o outro como um ser humano, como um igual. Se um adolescente repete essas coisas num bilhete, ele ouviu e aprendeu em algum lugar e esse lugar, é na sua casa.

Você cria seu filho dentro de sua casa, sem conviver com o diferente, sem amigos e assim, você não convive com o diferente. O outro se torna uma “coisa”, um “objeto” que não pode estar ali e esse filho, vai ressonar aquilo que os pais dizem. Então, talvez, a ideia essencial do bilhete seja exatamente a ideia central de uma educação errada, uma educação que por séculos, olha as minorias como se fosse algo que se deveria varrer “de baixo do tapete”. Isso é um atraso cultural. Temos uma elite ignorante que acha que essas políticas são comunistas, sendo, que o comunismo era um governo que eliminava 10% da população, por causa da comida. Não tinha homossexuais. Não tinha negros. Não tinha pessoas com deficiência. Aliás, na Rússia, até hoje, é proibido se assumir homossexual. Se temos uma elite ignorante – que teoricamente, tem possibilidade de ler e se informar – imagina, um povo que não sabe nem o que gastou naquele mês.

Não vou me aprofundar sobre inclusão, porque todas as vezes que eu escrevi sobre as pessoas com deficiência eu expliquei sobre. Só vou dizer, para terminar, que inclusão não é uma pauta só de esquerda, porque essa pauta é uma pauta mundial. O próprio Aristóteles dizia que é mais barato as pessoas com deficiência trabalharem, do que serem sustentadas pelo governo. Ele disse isso em dois mil anos atrás. Então, o mundo educa as pessoas com deficiência para ter uma inclusão e colocar essas pessoas para trabalharem, produzirem, para ele mesmo pagar tratamento e pagar suas coisas, até, escolher o que quer usar. Inclusão, não é um luxo, mas, um direito.